quinta-feira, 31 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Aécio Neves: programa de Estado

Mais que uma homenagem aos beneficiários do Bolsa Família, esses projetos vão tirar o tormento e a angústia dessas famílias a cada eleição, acabar com a leviandade dos que fazem terrorismo dizendo que a oposição vai acabar com o programa. Vamos aprovar, com a ajuda do PT, e tirar o Bolsa Família da agenda eleitoral, acabando com o uso eleitoreiro e criminoso do programa, para dar tranquilidade às famílias. O programa deixa de ser do governo e de um partido, para ser do Estado.

Aécio Neves, “Até oposição quer blindar Bolsa Família”. O Globo, 31 de outubro de 2013.

STF decide em novembro se prende mensaleiros

Dos 25 réus condenados, 13 poderão cumprir sentença logo por não terem direito a embargos infringentes

Carolina Brígido

BRASÍLIA- Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem decidir em plenário ainda na primeira quinzena de novembro se mandam prender réus condenados no processo do mensalão. Na segunda-feira, o presidente da Corte e relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, vai disponibilizar aos colegas o relatório sobre os segundos embargos de declaração, Os próximos recursos a serem julgados. A expectativa é de que os recursos sejam incluídos na pauta até o dia 14. Em outros processos, como o do deputado Natan Donadon (sem partido-RR), concluído em junho, a prisão do réu foi decretada depois do julgamento dos segundos embargos de declaração.

Dos 25 réus condenados, dez entraram com segundos embargos de declaração. Esse recurso não tem poder para reverter condenações, mas apenas para esclarecer pontos dúbios de outras fases do julgamento. O prazo para entrar com esse recurso venceu no dia 21. Depois de analisado esse recurso, réus que não têm direito a outro tipo de apelação podem ter a prisão decretada. Entre os condenados nessa situação estão o delator do esquema, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Há também a possibilidade de embargos infringentes, um recurso que pode dar um novo julgamento a doze condenados. Segundo o Regimento Interno do STF, têm direito ao benefício réus que, embora condenados, obtiveram ao menos quatro votos pela absolvição. Estão no grupo o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o operador do mensalão, Marcos Valério. Até agora, seis réus ajuizaram infringentes. O prazo vence em 11 de novembro.

Alguns ministros admitem inclusive a possibilidade de decretar logo na primeira quizena de novembro a execução de todas as penas, mesmo que o réu ainda tenha o direito a embargos infringentes. Isso porque, se os réus saírem vitoriosos do julgamento do último recurso, a maioria deles ainda terá vários anos de prisão para cumprir. A tese também será discutida em plenário.

Dirceu, por exemplo, tem direito aos embargos infringentes para contestar a condenação por formação de quadrilha, mas não por corrupção ativa. Se ele sair vitorioso, poderá cumprir pena de prisão em regime semiaberto, em vez do fechado, como determinou o STF no ano passado. Hoje, ele está condenado a dez anos e dez meses de prisão, o que o leva automaticamente para o regime fechado. Com a absolvição em quadrilha, a pena dele cairá para sete anos e 11 meses, dando a ele a chance de trabalhar fora da prisão durante o dia e voltar apenas à noite.

Fonte: O Globo

João Paulo tenta mudar julgamento e manter cargo

Defesa do deputado entrou ontem com recurso no STF

BRASÍLIA - A defesa do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) entregou ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedido de análise de embargo infringente, recurso que pode modificar o resultado do julgamento. O pedido, assinado pelo advogado Alberto Toron, é para que seja revista a condenação de Cunha por crime de lavagem de dinheiro. No julgamento, o deputado e ex-presidente da Câmara foi condenado por seis votos contra cinco. A defesa também pede que seja rediscutida a decisão de perda de mandato imediata de Cunha. Nessa votação, foram cinco ministros a favor da cassação contra quatro.

Para embasar seu pedido de revisão da decisão por cassação de mandato imediata ao fim do julgamento, a defesa de Cunha afirma que, no julgamento de outra ação penal, que tinha o senador Ivo Cassol como réu, o plenário do STF entendeu, por seis votos a quatro, que a perda do mandato dependeria de decisão da Casa Legislativa.

O advogado também citou no pedido o julgamento do caso do deputado Natan Donadon, que foi condenado pelo STF e agora está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Alberto Toron apontou que, na decisão do ministro Roberto Barroso, para que fosse suspensa a decisão do plenário da Câmara pela manutenção do mandato de Donadon, o ministro considerou o fato de o deputado estar cumprindo pena em regime fechado por prazo maior que o remanescente do mandato.

No pedido, a defesa de Cunha alegou que "a conclusão não pode ser outra senão a de que a Constituição prevê que a decisão final sobre a perda do mandato eletivo, nos casos de condenação criminal transitada em julgado, caberá à Casa respectiva". O prazo para a entrega de pedidos de embargos infringentes vai até 11 de novembro. O prazo para a entrega de segundos embargos terminou no dia 21 de outubro, e dez dos 25 condenados ajuizaram esse recurso. O recurso não tem poder para reverter condenação, mas apenas para esclarecer pontos obscuros do julgamento.

Fonte: O Globo

Lula trata Marina como rival do PT e blinda Dilma

Na tentativa de neutralizar os ataques de Marina Silva à política econômica, o ex-presidente Lula criticou a ex-petista e afirmou que “ela deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando”. Para desconstruir a dobradinha Campos-Marina, o plano petista, agora, é reforçar a imagem de Lula como avalista da presidente Dilma e a marca da continuidade

Lula trata Marina e Campos como rivais do PT, ataca ex-ministra e blinda Dilma

Sucessão de 2014. Estratégia do ex-presidente de entrar na linha de frente do confronto eleitoral foi combinada com a petista; Planalto considera o governador de Pernambuco, presidente do PSB, um adversário que ganhou fôlego e, por isso, precisa ser abatido

Vera Rosa

BRASÍLIA - Em estratégia combinada com o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a ex-senadora Marina Silva, que ficará ha oposição ao governo Dilma Rousseff na eleição de 2014, Na tentativa de neutralizar os ataques de Marina à política econômica e blindar Dilma, Lula provocou a ex-petista e afirmou que "ela deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando". Marina Silva tem atualmente um elo com ex-tucanos como o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real.

Após participar do ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família, ao lado de Dilma, o ex-presidente defendeu a gestão da economia, alvo de críticas de Marina, e mostrou irritação com comentários feitos por ela de que a marca do governo atual é o "retrocesso", seja na agenda de desenvolvimento sustentável ou na política.

Para desconstruir a dobradinha Campos-Marina, o plano petista, agora, é reforçar a imagem de Lula como avalista de Dilma e a marca da continuidade (mais informações na pág. A5). O ex-presidente disse que Marina, ex-ministra do Meio Ambiente de seu governo até 2008, parece ter problema de. memória ao apontar falhas na administração da economia. "Ela deve estar apenas lembrando o período de 1994 a 1998, esquecendo-se de que, em 1998, a política cambial fez esse País quebrar três vezes", disse Lula, numa referência ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Mais tarde, em almoço com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, Lula prometeu desmontar as críticas nas viagens pelo País. "Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco!", anunciou ele.

O ex-presidente afirmou que não subiu ao palanque no Recite, na eleição do ano passado, para não constranger o então aliado Campos, provável candidato à sucessão clc Dilma em 2014. Na época, Campos e o PT se desentenderam e ele lançou candidato próprio à Prefeitura, que venceu disputa. "Mas agora eu vou fazer campanha lá. Não tem nada que me segure", avisou Lula. No dia anterior ele chamara Marina de "sombra" do governador e disse que poderia voltar a concorrer, em 2018, se enchessem o seu "saco".

Temor. Pesquisas em poder do PT indicam que Campos, embora desconhecido nacionalmente, ganhou fôlego para entrar em cena na disputa pelo Planalto ao juntar sua imagem à de Marina. No Planalto, o comentário é que o governador de Pernambuco "está na cabeceira da pista" e pode ficar na frente do senador Aécio Neves (MG),candidato do PSDB à Presidência.

Cotada para vice na chapa de Campos, a ex-senadora bate na tecia de que o governo Dilma não tem marca e elogia a estabilidade econômica do governo FHC, o que deixa o PT furioso.

"A Marina só precisa compreender o seguinte: ela entrou no governo junto comigo em 2003 e sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade em todos os níveis do que a gente tinha quando entramos", rebateu Lula.

"Nós herdamos do Fernando Henrique Cardoso um País muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade. A gente ti mia R$ 37 bilhões de reserva, dos quais R$ 20 bilhões eram do FMI e hoje temos R$ 376 bilhões de reserva e R$ 14 bilhões emprestados do FMI."

Nos dois dias que passou em. Brasília, Lula cortejou partidos aliados, pediu ao PT que defendam Dilma e afagou o PMDB. Em 11 dos 27 Estados, como São Paulo, Rio, Minas e Bahia, o PT e o PMDB serão rivais.

Pão pão, queijo queijo. A estratégia de comparar os oito anos de FHC aos 12 do período petista também será posta cm prática com mais ênfase. Para Lula, "o confronto direto" de Dilma com um adversário seria melhor do que a pulverização de candidatos.

"Seria mais pão pão, queijo queijo. É importante lembrar que a gente tinha uma inflação de 12% quando cheguei à Presidência e hoje a inflação está em 5,8%. Nós nunca tivemos tanto tempo de estabilidade econômica quanto agora. Em que momo rito da história esse País teve dez anos de inflação dentro da meta?", perguntou o petista. Antes de se despedir, voltou a falar de economia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tamanho é documento

Malu Delgado

Quando Luiz Inácio Lula da Silva entra em campo lembrando que já foi um "adversário pequenininho" no passado, as regras de 2014 estão postas. Lula tem hoje plena consciência de seu tamanho - deixou o governo, após oito anos de mandato, com aprovação de 80% da população e elegeu a sucessora - e está chamando a ex-ministra Marina Silva, que conhece muito bem, para a arena política.

Há algumas semanas o entorno de Marina e do governador Eduardo Campos, o provável candidato do PSB à Presidência, comemorava o fato de a presidente Dilma Rousseff ter perdido o prumo e mordido a isca. A cada provocação de Marina (estrategicamente combinada), apetista passava o recibo - um desgaste absolutamente desnecessário para quem comanda o País e não pode admitir, de forma tão desabrida, que está em campanha pela reeleição. Campos, o candidato desconhecido, ficava desta forma preservado. Marina, com recall e uma pauta pop, mantinha a dupla em evidência, ajudava o colega de chapa e aproveitava, para firagilizar o atual governo.

Nenhum dos dois cogitava - e provavelmente não cogita - trombar com Lula. O ex-presidente avisa: é o anteparo de Dilma e partiu para o "ataque a Marina e ao ex-pupilo Campos. A dupla não é tão pequenininha como Lula quer pintar (e ele sabe disso), mas certamente terá de repensar a tática.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Relação com ex-presidente 'vai além da eleição', diz Campos

Angela Lacerda

RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou ontem que "questões eleitorais" não vão afetar a sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Foi assim em 2012, vai ser assim em 2014", disse Campos, ao lembrar que nas eleições municipais o PT de Lula e o seu PSB estiveram em palanques diferentes na disputa pela prefeitura do Recife.

"Tenho uma relação com o presidente Lula que vai além. das questões conjunturais e eleitorais", afirmou Campos, que foi ministro de Ciência e Tecnologia do governo do ex-presidente. "Esta relação ficou inteiramente preservada quando tivemos situação de palanques que não eram os mesmos e nem por isso deixamos de ter relação de grande respeito, que continua viva", completou.

Ao ser questionado sobre o fato de Lula ter dito anteontem a líderes do Congresso que Marina Silva representará uma "encrenca" para o seu projeto presidencial, Campos reagiu bem humorado: "Vaai dar tudo certo".

Ele destacou que a própria Marina, no encontro PSB-Rede, na segunda-feira, em São Paulo, deixou clara a necessidade de se guardar as relações de respeito e poder olhar o interesse do País. "Temos 20 anos de janela demográfica para organizar as coisas no Brasil se não quisermos perder este século. E isto exige de cada um de nós um debate muito mais profundo do que o debate das brigas eleitorais". Campos disse ainda que o mundo está mudando, que os paradigmas estão mudando e que ainda há o rescaldo da maior crise do capitalismo em curso na vida dos grandes blocos econômicos. "Não podemos mergulhar o País em um debate medíocre, de ódio, de raiva de pessoas, de disputas que não sejam disputas de visão."

Viagem. A viagem de nove dias que inicia hoje para Inglaterra e Alemanha é, segundo ele, "agenda de trabalho de governo", sem conotação política. O governador explicou ter recebido autoridades dos dois países em Pernambuco, tanto corpo diplomático como empreendedores, o que demandou "esta agenda para que a gente possa ter novidades nesse próximo encontro de trabalho". Elevai acompanhado dos secretários de Desenvolvimento Econômico, Márcio Stefanni, e de Recursos Hídricos e Energéticos, Almir Cirilo. "Será uma programação intensa."

O governador falou coma imprensa depois de assinar ordem de serviço de requalificação da BR-101 em um trecho de 30,7 kids e implantação de corredor exclusivo para ônibus.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A "escolhida" para manter o projeto

Caio Junqueira

A celebração, ontem, dos dez anos do Bolsa Família revela a crescente dependência de Dilma Rousseff em se apegar ao legado de Lula

A possibilidade de a presidente fechar seu governo com crescimento baixo, inflação pressionada e nada mais do que a continuidade em programas sociais já estabelecidos é bem alta. Por isso, Bilma precisa, nesta etapa da pré-campanha, mostrar ao eleitorado de baixa renda que desde 2003 sustenta o PT no poder que, se não avançou nas promessas no campo social feitas na campanha -como a ampla entrega de creches e a redução do uso do crack - pelo menos as vitrines sociais de Lula herdadas por ela só terão seu padrão de abrangência mantido se ela estiver à frente deles no próximo mandato presidencial.

A necessidade de passar esse recado se faz ainda mais presente quando do outro lado do ringue estão, juntos, tal como Dilma, dois ex-ministros de Lula: Eduardo Campos e Marina Silva, do PSB. Ambos tentam se distanciar dos fracassos da era Lula. Mas, ao mesmo tempo, querem se apresentar ao eleitorado como coautores desse período. No que ele teve de positivo, evidentemente. Aí, querem avocar para si as posições de pretensos herdeiros do lulismo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Lula queria estar no lugar de Dilma, diz Perillo

Débora Álvares e Eric Decat

O governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, classificou como "mentira" a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o País quebrou na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Perillo participou, ao lado do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, de evento realizado em Brasília pelo PSDB local. "Não será uma mentira como essa que vai colar na história do presidente Fernando Henrique Cardoso", disse. "O maior problema dele (Lula) é querer estar no lugar da presidente Dilma e não pode", complementou.

Na quarta-feira, 31, depois de participar de comemoração aos dez anos do Programa Bolsa Família realizado em Brasília, Lula disse a jornalistas que tinha herdado de Fernando Henrique Cardoso um país muito "inseguro" e com nenhuma estabilidade na área econômica.

Já o senador Aécio Neves procurou exaltar o PSDB, dizendo que seu partido tem a responsabilidade de "encerrar esse ciclo do PT que tão mal tem feito ao País". "Acredito que o Brasil precisa ver iniciado um novo ciclo, onde ética e eficiência possam ser a base de construção", destacou em seu discurso para um auditório lotado em Brasília.

O senador classificou o PSDB como a sigla capaz de "construir novas páginas". "É esse o PSDB que deve se apresentar renovado. Renovado na disposição, de não permitirmos que conquistas iniciadas no nosso governo sejam colocadas em risco."

Em mais da metade de seu discurso, Aécio exaltou seus feitos quando foi governador de Minas Gerais como um exemplo de gestão pública eficiente. Ele também deu as "boas-vindas" ao deputado federal Luiz Pitiman, que trocou o PMDB pelo PSDB para disputar o governo do DF, e elogiou a gestão do governador de Goiás, Marconi Perillo, que chegou no fim do evento.

O encontro com as lideranças do DF e Entorno reuniu cerca de 300 pessoas, entre simpatizantes da legenda e pré-candidatos. No DF, o PSDB tem 222 pré-candidatos. Pelo menos 15 deles tiveram um minuto e meio cada para expor suas ideias. Nesses discursos as críticas ao PT estiveram mais presentes. Embora a cúpula tucana diga que a sigla ainda não tem candidato, todos que falaram antes de Aécio o destacaram como o nome do partido para disputar o Palácio do Planalto.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio quer ampliar o Bolsa-Família

Senador e presidenciável tucano apresenta proposta que transforma o programa em uma política de Estado

Paulo de Tarso Lyra

BRASÍLIA – Sob a justificativa de que o PT usa o Bolsa-Família como programa eleitoreiro e sempre que uma eleição se aproxima os petistas lançam boatos de que a oposição colocará em risco a continuidade do programa, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), protocolou ontem um projeto de lei integrando a iniciativa à Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Na Loas já estão, por exemplo, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria dos trabalhadores rurais. "O Bolsa- Família passará a ser um programa de Estado, não de governo ou de um único partido", afirmou Aécio.

Aécio também vai apresentar outros dois projetos nos próximos dias, todos ligados ao Bolsa-Família. Um deles mantém o benefício, mesmo que o chefe de família consiga um emprego, por um período de até seis meses. "Esse é um prazo de segurança, já que muitas pessoas temem abrir mão do Bolsa-Família sem a certeza de que permanecerão no emprego encontrado", completou o tucano.

O outro projeto sugere que o programa seja acompanhado pelo Conselho Nacional de Assistência Social. A ideia é que assistentes sociais possam ser enviados às diversas regiões do país para acompanhar os beneficiários, bem como examinar as diversas condicionantes do Bolsa-Família. "O próprio governo admite que existem 2 milhões de crianças beneficiadas que não têm qualquer acompanhamento do Ministério do Desenvolvimento Social e 1,5 milhão com frequência escolar abaixo da necessária", completou.

Aécio assegura que não haverá, do ponto de vista legal, nenhuma mudança com a inclusão do Bolsa-Família na Loas. "A distribuição dos recursos continuará sendo feita da mesma maneira e o custo total continuará sendo de 0,5% do PIB. A única alteração é que o programa se tornará permanente, sem tornar-se mero produto de manipulação eleitoral", criticou o senador.

Ponto de partida O tucano ainda criticou o governo federal, afirmando que o PT acostumou-se apenas a administrar a pobreza. "Os petistas tratam o Bolsa-Família como um ponto de chegada no combate à pobreza. Nós queremos tratar o programa como um ponto de partida para um outro patamar, para a transformação social que todos buscamos para o país", acrescentou, afirmando que outros programas de qualificação de mão de obra devem estar atrelados ao benefício.

Como em outras ocasiões, o senador mineiro defendeu a tese de que os programas de transferência de renda tiveram início na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Quem deveria, na minha avaliação, ser homenageado era o ex-presidente, que iniciou os programas de transferência de renda." Segundo ele, FHC deixou 6,9 milhões de famílias cadastradas e beneficiadas por programas que significam o embrião do Bolsa-Família.

(Colaborou Maria Clara Prates)

Fonte: Correio Braziliense

Aécio propõe que programa social seja permanente

BRASÍLIA - Possível adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) apresentou ontem um projeto de lei que transforma o Bolsa Família em um programa de Estado.

Pela proposta, o benefício --que é a principal bandeira eleitoral da presidente-- seria incorporado à Loas (Lei Orgânica de Assistência Social) para se tornar permanente, atrelado às políticas públicas de assistência social e erradicação da pobreza no país.

Segundo Aécio, com isso, as famílias cadastradas no programa deixariam de conviver com o "terrorismo" de sua extinção, com ameaças feitas por aliados da presidente que desejam se "perpetuar no poder".

"Toda véspera de eleição, há sempre a tentativa de colocar o Bolsa Família como patrimônio de um partido ou de um governo. Não é.", afirmou.

O projeto foi apresentado no mesmo dia em que o governo realizou cerimônia para festejar dez anos do programa, com a presença de Dilma e do ex-presidente Lula, que reclamou de críticas feitas por adversários políticos ao Bolsa Família.

O líder do Democratas na Câmara e membro da oposição, deputado Ronaldo Caiado (GO), reagiu. "A tensão pré-eleitoral toma conta do governo do PT. Hoje, [foi dita] uma mentira atrás da outra", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo

Para Aécio, programa não é “ patrimônio de partido”

Poucas horas após o evento petista, o provável candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), apresentou projeto de lei que transforma o Bolsa Família em um programa de Estado. Pela proposta, o benefício – bandeira eleitoral do PT – seria incorporado à Lei Orgânica de Assistência Social (Loas).

A iniciativa é uma reação às declarações de Lula de que, se a oposição assumir o comando do país, poderá extinguir o programa. Aécio disse que as famílias cadastradas não podem conviver com o "terrorismo" de sua extinção e com ameaças de quem deseja se "perpetuar no poder":

–Toda véspera de eleição, há sempre a tentativa de colocar o Bolsa Família como patrimônio de um partido ou de um governo. Não é. A partir da aprovação desse projeto, que espero que ocorra com apoio do PT, queremos transformá-lo em uma política de Estado. Não há mais espaço para manipulação eleitoral.

Aécio negou que seu objetivo seja apropriar-se do carro-chefe da reeleição de Dilma e prometeu mais dois projetos que asseguram aos chefes de família receberem o benefício seis meses depois de conseguirem emprego com carteira assinada e outro que garanta acompanhamento das famílias

Fonte: Zero Hora (RS)

De olho em 2014: Lula ataca Marina por elogio a FH

O ex-presidente Lula reagiu ao elogio de sua ex-ministra e presidenciável Marina Silva (PSB) à política econômica de Fernando Henrique. Lula disse que o Brasil quebrou três vezes com FH e sugeriu que Marina se informe melhor

Lula ironiza elogio de Marina ao governo de Fernando Henrique

Ex-presidente disse que antiga aliada precisa de lições de economia

Chico de Gois e Luiza Damé

BRASÍLIA- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem que a sua ex-ministra Marina Silva (PSB-AC) tome lição de economia antes de elogiar a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente do país de 1995 a 2002. No início do mês, Marina afirmou que Fernando Henrique tinha dado uma contribuição importante para o país na área econômica e Lula havia marcado sua gestão pela inclusão social, mas que Dilma não tinha uma marca própria. Ontem, Lula mostrou o tamanho de sua irritação com as afirmações da ex-aliada, e disse que ela precisava se lembrar que o Brasil quebrou três vezes durante o governo do PSDB.

— A Marina precisava compreender o seguinte: ela entrou comigo no governo em 2003 e sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade, em todos os níveis, do que a gente tinha quando entramos. Nós herdamos do Fernando Henrique Cardoso um país muito inseguro. Aliás, não tínhamos dinheiro para pagar nossas exportações — disse o ex-presidente, desfiando ainda uma série de números sobre os dois governos.

Lula disse ainda que Marina, que deve formar uma chapa com o governador Eduardo Campos (PSB) para concorrer à Presidência ano que vem, deve procurar melhores fontes de informação na área econômica antes de falar:

— Marina precisa não aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando. Precisa acompanhar com mais gente o que era o Brasil antes de nós chegarmos. Ela deve se esquecer que em 1998 a política cambial fez esse país quebrar três vezes. Acho que é importante perguntar para ver se ela se lembra.

Lula também contradisse sua ex-ministra sobre a afirmação de que falta a Dilma uma marca própria:

— O governo da presidente Dilma teve uma marca durante a campanha muito forte, que foi a razão da sua eleição: dar continuidade ao programa de inclusão social e de s envolvimento que a gente vinha fazendo. Foi isso.

Após participar do evento festivo dos 10 anos do Bolsa Família, o ex-presidente negou que Dilma esteja em campanha contínua, como acusa o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).

— A melhor campanha dela é cumprir com as obrigações e continuar governando o país. Ela já é muito conhecida e aparece com bom destaque em todas as pesquisas. Quanto mais ela cuidar do país, melhor para ela. Os adversários é que precisam ficar conhecidos, têm de gravar programa de TV, de dar entrevista, viajar.

Perguntado se considerava mais fácil ou mais difícil uma campanha com três candidatos competitivos, afirmou:

— Se fosse o enfrentamento direto, seria melhor porque aí era um confronto de ideias direto. Pão pão, queijo queijo.

Fonte: O Globo

Lula promete fazer campanha em Pernambuco

Lula pronto para confronto

Em vídeo gravado em ato no Senado, ex-presidente assegura vinda a Pernambuco. Eduardo Campos minimiza possível passagem

Bruna Serra

A disposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reforçar o palanque da presidente Dilma Rousseff (PT) - candidata à reeleição em 2014 - em Pernambuco é total. Para isso, ele promete deixar no passado todas as demonstrações públicas de afeto que fez ao governador Eduardo Campos (PSB), tratado agora como adversário.

Em vídeo publicado ontem pelo Blog de Jamildo, o ex-presidente promete vir a Pernambuco para fazer campanha para sua candidata, o que deve tornar complicada a vida eleitoral de Campos.

"Meus companheiros de Pernambuco podem me esperar!", promete Lula, no vídeo feito na última terça-feira (29), após a sessão solene que comemorou os 25 anos da Constituição, no Senado Federal.

A recente pesquisa realizada pelo IPMN/JC apontou que o ex-presidente está nas cabeças dos eleitores quando o assunto é eleição. Ele é o preferido dos pernambucanos, vencendo o próprio governador.

Ontem, Lula atacou a principal aliada de Campos, a ex-senadora Marina Silva, afirmando que ela precisa receber lições de Economia.

Minimizando as declarações do ex-presidente, Eduardo Campos negou que estivesse preocupado com as investidas do ex-padrinho. Dizendo-se tranquilo, o governador assegurou que a relação com Lula permanece inabalável.

"Estou tranquilo. Tenho uma relação com o presidente Lula que vai além das relações políticas, conjunturais e eleitorais. Essa relação ficou inteiramente preservada quando vivemos a situação de palanques que não eram os mesmos e nem por isso nós deixamos de ter uma relação de grande respeito que continua viva", disse Campos, referindo-se à campanha de 2012, quando ele bancou a eleição do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e o PT teve como candidato o senador Humberto Costa.

Lula e Eduardo foram parceiros nas eleições de 2006 e 2010 em Pernambuco, quando o socialista foi eleito e reeleito. Em 2012, o ex-presidente não veio ao Estado reforçar o palanque de Humberto para evitar atritos com Campos.

Na época, a Executiva nacional do PT avaliou que seria melhor que Lula não viesse ao Estado para evitar "melindrar" Eduardo e garantir apoio à reeleição da presidente Dilma.

Vencer o século
O governador Eduardo Campos também afirmou ontem que o Brasil precisa aproveitar o momento atual, propício ao crescimento, para não perder esse século. "O Brasil vive um momento importante da sua história. Nós temos 20 anos de janela demográfica para organizar as coisas no Brasil se a gente não quiser perder esse século", disse.

Ao citar a "janela demográfica", Campos fez referência ao período em que a população economicamente ativa do País supera a população dependente, fase considerada propícia ao crescimento econômico.

O governador disse ainda que não se pode mergulhar o País num debate "medíocre de ódios", em referência às discussões políticas que deverão ocorrer até as eleições do próximo ano.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

“Máquina de reescrever a História”

Luiz Inácio Lula da Silva não é apenas uma metamorfose ambulante, como ele vira e mexe diz. O ex-presidente também se dedica, operosa e sistematicamente, a tentar reescrever a história. Trata-se de método cuidadosamente planejado, nunca caso fortuito. Ele e o PT não se contentam em administrar o presente. Querem também reinventar o passado.

O que interessa aos petistas é dar a sua versão particular dos acontecimentos e, acionando sua gigantesca máquina de guerra e propaganda, transformá-los em fatos. Assim, ações de outros governos são apropriadas, biografias são revisitadas e revisadas, interpretações do presente são enviesadas. Pelo poder, vale tudo.

Ontem, durante comemoração do Congresso pelos 25 anos de promulgação da Constituição Federal, Lula exercitou sua verve de historiador. Comparou a importância de Ulysses Guimarães – o principal protagonista, junto com Tancredo Neves, do movimento pela reconquista da democracia brasileira e, depois, pela realização da Constituinte – à de José Sarney, que assumiu a presidência da República com a morte de Tancredo.

“Quero colocar a sua presença na Presidência no período da Constituinte em igualdade de condições com Ulysses Guimarães”, discursou Lula no Senado. A comparação é descabida,como a História, com H maiúsculo, devidamente registra.

Ulysses teve uma vida inteira dedicada à luta pela democracia, aos direitos constitucionais e à defesa dos cidadãos. Enquanto isso, Sarney governava com os militares. Sua conversão à causa democrática foi tardia. Só a triste fatalidade da morte de Tancredo às vésperas da posse o fez agente direto do processo de redemocratização do país.

Mas a capacidade de Lula de metamorfosear-se e distorcer os fatos não para aí. Ainda ontem, numa outra solenidade em Brasília, o ex-presidente disse que os manifestantes que foram as ruas em junho – e depois foram sendo paulatinamente afastados pela ação destrutiva de vândalos – queriam “mais Estado”. Provavelmente a verdade está no oposto disso.

Os manifestantes foram às ruas, isso sim, para cobrar do Estado que lhe devolva em forma de serviços prestados com qualidade o muito que a sociedade deposita diariamente nos cofres públicos em forma de tributos. Foram cobrar que o Estado lhes atenda com mais eficiência e proveja saúde, educação, transportes e segurança com a qualidade que cidadãos de bem merecem.

Talvez o mais adequado seja dizer que elas pedem um Estado melhor e não maior, como apregoa e pratica o PT. Vá perguntar à população – e aos manifestantes, em particular – se concordam com o inchaço da máquina pública empreendido pelos governos Lula e Dilma nos últimos 11 anos, sintetizada na criação de 4 mil cargos de confiança desde 2003. A resposta, certamente, será não.

A máquina de reescrever a história do PT deverá ser mais uma vez acionada hoje, em sua potência máxima, na comemoração dos dez anos de criação do Bolsa Família, promovida pelo governo em Brasília. Como nenhum outro, este é um assunto que os petistas manipulam com imenso prazer – e, sobretudo, método.

É quase certo que o PT passará longe de reconhecer que as origens da rede de proteção social que desembocou no Bolsa Família datam do governo Fernando Henrique. Também jamais admitirá que a correta unificação de programas como Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Auxílio-Gás num único benefício, feita na gestão Lula, só foi possível graças ao cadastro único dos programas sociais criado em 2001, portanto no governo tucano.

Os antecedentes do Bolsa Família foram, aliás, reconhecidos, com coragem e honestidade, pela própria professora Ana Fonseca, formuladora da unificação do Bolsa Família em 2003, em recente artigo publicado na Folha de S.Paulo. O programa, escreveu ela, é “fruto de um processo histórico”. “Pessoas e instituições que se arvoram como protagonistas de uma construção que foi coletiva estão equivocadas.”

Mas Lula não ficou ontem apenas no papel de pseudo-historiador. Como se fosse senhor absoluto dos destinos do país, também se arvorou dono do nosso futuro. Em tom de ameaça, disse que pode voltar à presidência da República em 2018 se lhe “encherem muito o saco”. Quem sabe até lá os atos e fatos de seu período de governo não tenham sido adequadamente contados e ele não consiga mais se eleger nem síndico de condomínio, muito menos ser o operador-mor de uma máquina de distorcer a História.

Fonte: ITV

Gramsci nos anos de cárcere - José Antonio Segatto

Vacca, Giuseppe. Vida e pensamento de Antonio Gramsci (1926-1937). Prefácio de Maria Alice Rezende de Carvalho. Brasília/ Rio de Janeiro: Fundação Astrojildo Pereira/Contraponto, 2012. 507p.

A obra de Antonio Gramsci, mais de três quartos de século após sua morte, continua a inspirar e exercer influência em intelectuais e políticos, movimentos e partidos, instituições e organizações dos mais diversos tipos e concepções. Seu legado teórico-político — desde a “edição temática” dos anos cinquenta, organizada por Palmiro Togliatti e Felice Platone, à “edição crítica” dos Cadernos (1975), realizada por Valentino Gerratana — foi e prosseguiu sendo avaliado e recepcionado por vertentes político-ideológicas as mais variadas (comunistas, socialistas e até liberais-democratas). Traduzida em muitas línguas e com inúmeras edições, a fortuna crítico-analítica de sua obra é constituída, provavelmente, de alguns milhares de estudos, ensaios, artigos, livros, teses acadêmicas etc., em todo o mundo. É reconhecidamente um dos maiores e mais importantes teóricos da política dos séculos XX e XXI. Pode-se dizer, sem exageros, que Gramsci é, indubitavelmente, um clássico da teoria política. Sua obra excede em muito o momento em que foi produzida e insiste em conservar-se admiravelmente contemporânea — “é um autor que vive além do próprio tempo e também fala aos pósteros” (p. 38).

O reconhecimento e a apropriação de seu patrimônio teórico-político por múltiplas correntes e tendências (ou facções delas), cada qual à sua maneira — em alguns casos de forma instrumental ou segundo conveniências momentâneas —, na intervenção política ou nos embates ideológicos não são, porém, um fato sem implicações e consequências. Isso reflete-se nas leituras e interpretações que têm sido feitas dos escritos de Gramsci, gerando, inclusive, um embate histórico-teórico em torno de sua herança. E é nesta controvérsia que se inscreve o novo livro de Giuseppe Vacca, Vida e pensamento de Antonio Gramsci (1926-1937).

Fruto de décadas de investigação, Giuseppe Vacca realiza uma releitura da obra de Antonio Gramsci, especialmente dos Cadernos do cárcere, seguindo a melhor tradição do Partido Comunista Italiano — PCI, expressa em Palmiro Togliatti e Enrico Berlinguer. Faz uma exaustiva análise dos anos em que Gramsci esteve nos cárceres fascistas (1926, p. 37), utilizando-se da correspondência (em parte inédita) que manteve com a mulher (Giulia), a cunhada (Tania Schucht) e Piero Sraffa; efetua um minucioso trabalho de reconstituição histórica, cotejando a correspondência com as notas do cárcere; entende que “o epistolário é uma chave privilegiada de acesso à leitura dos Cadernos: em alguns casos, sintetiza seu conteúdo, em outros, acompanha sua evolução ou antecipa as linhas de pesquisa” (p. 34-5). Concomitante a isso, vale-se de depoimentos de contemporâneos e documentos da Internacional Comunista — IC, checando as várias fontes com a bibliografia e inserindo-os no complexo período da “grande guerra civil europeia” (1914-1945). Observe-se que Vacca não analisa os escritos de Gramsci anteriores à prisão, com poucas exceções, como é o caso das “Teses de Lyon” e do famoso texto “Alguns temas da questão meridional”, ambos de 1926.

A biografia reconstruída por Vacca faz convergir os dramas pessoais/íntimos com as reflexões políticas; ou melhor, realiza uma releitura dos Cadernos juntamente com “a reconstrução das vicissitudes políticas e humanas de Gramsci na prisão”, unindo “teoria e biografia” (p. 29) — é, de fato, uma biografia, a um só tempo, intelectual, política e pessoal. Há, no livro, alguns capítulos exemplares desse recurso totalizante utilizado por Vacca. Sobretudo os capítulos X e XI, nos quais analisa as cartas para a mulher sobre a psicanálise e a questão hebraica, envolvendo temas e indagações do universo familiar que o angustiavam. Imbricado com as inquietudes dos problemas familiares (em especial da mulher e dos filhos), a biografia aborda de maneira sóbria a condição humana do prisioneiro do fascismo, seus incômodos com a saúde precarizada pela difícil situação das prisões, além de afligido pelas suspeitas em relação ao Partido e sua direção (em especial Togliatti), que desconfiava terem prejudicado sua libertação. Aliás, sobre isso Vacca faz uma longa e documentada reconstituição das fracassadas tentativas de libertação de Gramsci e conclui:

Togliatti não precisava sabotar tentativas de libertação que, na realidade, jamais foram realizadas seriamente pelo único ator que poderia empreendê-las, vale dizer, o governo soviético. Empregando uma linguagem mais “familiar”, Mussolini já cuidava de manter Gramsci no cárcere, e sua libertação jamais configurou objeto de interesse estatal soviético (p. 494).

Não obstante todos os infortúnios do prisioneiro, Gramsci em momento algum deixou de proceder como dirigente político do PCI — por meio de uma linguagem cifrada fazia chegar a Togliatti, por meio de Sraffa, suas avaliações sobre a situação política italiana e internacional e, claro, suas discordâncias com as orientações da IC e do PCI. Gramsci se oporia frontalmente à tese da IC do “social-fascismo”, segundo a qual a social-democracia era caracterizada como inimiga principal e identificada com o fascismo. Isso implicava que o PCI deveria abandonar a política de frente única e “adequar-se a nova estratégia do Komintern, que considerava iminente uma nova onda revolucionária e indicava como objetivo imediato a insurreição” (p. 142). É contra essa orientação, da “tática de classe contra classe” e da “estratégia insurrecional” (1929-34) da IC que Gramsci iria se opor e que o levaria a repensar e reelaborar a teoria política do socialismo ou a “filosofia da práxis”.

Para Vacca, “a discordância de Gramsci estava condensada na proposta política de Constituinte” (p. 197). A palavra de ordem Constituinte implicava não só o descarte da “estratégia da revolução proletária”, mas também ia além da tática da frente única. Ela seria um meio — não um fim — para a instauração da democracia; “é concebida como certidão de nascimento da nação democrática” (p. 246). Corresponderia “ao objetivo de refundar as bases da vida nacional de modo reformista” (p. 244). Isso pressupunha superar a noção de revolução permanente — originária do Manifesto do Partido Comunista em 1848 e bem sucedida na Rússia de 1917 — de transformação da revolução democrática em revolução proletária; ou seja, a luta pela democracia não podia ser pensada como uma fase de transição para o socialismo. E vai além ao afirmar que a proposta política de Constituinte de Gramsci só pode ser entendida no interior do “sistema teórico dos Cadernos (p. 207) e que o ponto de partida para sua compreensão é a análise do fascismo.

O fascismo, para Gramsci, seria uma modalidade de revolução passiva — e mesmo desdobramento histórico do Risorgimento — que estaria procurando efetuar, dentro das condições do atraso e no contexto da crise, a modernização e/ou americanização da Itália. Para tanto, conferia ao Estado o papel de agente primordial de transformação e conservação concomitantemente, que a classe dominante ou qualquer força política seria incapaz de executar. Ou seja: o fascismo como agente europeu da “revolução passiva” que se segue à derrota da revolução proletária, mas também como variante italiana daquele processo de adaptação da Europa ao “americanismo”, que, em resposta à crise de 1929, parece destinado a impor-se também no velho continente (p. 208).

Com esse entendimento, ressalta G. Vacca, da reestruturação do capitalismo a partir dos Estados Unidos e seu potencial de universalização, Gramsci considera ser necessário repensar a ação política e os modos e formas de conceber as transformações sociopolíticas e impulsioná-las. Tornara-se premente a superação dos paradigmas da revolução de Outubro de 1917 — derivados do modelo francês de julho de 1789 —, da revolução como ruptura súbita e convulsiva, como assalto ao poder (Estado) e sua instrumentalização para operar mudanças “desde cima”, por meios e modos ditatoriais.

Nas novas condições do desenvolvimento do capitalismo e com o “Estado ampliado”, segundo Gramsci, a passagem da guerra de movimento para a guerra de posição seria a questão fundamental da teoria política do pós-Primeira Guerra Mundial. E “o objeto da guerra de posição é a obtenção da hegemonia política antes da chegada ao poder; seu teatro é a sociedade civil, e o epicentro, a luta política nacional” (p. 213). Vacca nota também que Gramsci vai superar a noção de hegemonia do proletariado e elaborar a de hegemonia política e que essa só se constrói na competição permanente pela direção política. Assim, o “horizonte dos Cadernos não é mais a ‘hegemonia do proletariado’, mas a teoria da política como luta pela hegemonia, que pressupõe uma revisão geral do marxismo em termos de filosofia da práxis” (p. 89). Nesse sentido, revolução passiva, guerra de posição, hegemonia, Estado ampliado não podem ser dissociados — “o conceito de guerra de posição conjuga-se com o de revolução passiva e, juntos, articulam o dispositivo analítico da teoria da hegemonia” (p. 207).

Por conseguinte, ainda segundo Vacca, as asserções gramscinianas superariam o velho paradigma da revolução permanente e a fórmula terceiro-internacionalista, e lançariam os fundamentos da política dos comunistas italianos no pós-guerra. Segundo elas, “a luta política é a luta pela hegemonia” e o âmbito “no qual esta pode se explicitar como luta pela hegemonia é o terreno de um Estado democrático que não antecipa finalisticamente o advento da ‘ditadura do proletariado’” (p. 246).

Da leitura que Giuseppe Vacca faz das formulações de Gramsci, é possível sintetizá-las na sentença, segundo a qual seu projeto de hegemonia está expresso em uma política para a democracia na perspectiva do socialismo. Uma política capaz de efetivar transformações que garantam a realização do ser social em condições de equidade e democracia — ampliação das liberdades, socialização da política, expansão dos direitos de cidadania, publicização do Estado, criação de mecanismos e pressupostos capazes de induzir a superação da clássica contradição entre o caráter social da produção e a apropriação privada do excedente gerado.

Não por acaso setores sociais os mais conservadores e empedernidos da(s) classe(s) dominantes — aferrados e habituados, secularmente, ao uso instrumental e patrimonial do poder — temerem tanto o campo democrático como espaço antagônico e de disputa da hegemonia. Exemplar desse pavor foi expresso, recentemente no Brasil, por uma importante representante do tradicionalismo antidemocrático, a presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) ao afirmar que estava em andamento no país uma revolução comunista tendo por base a teoria política de Gramsci. Diz que o dirigente comunista italiano “ensinava que o teatro de operações da revolução comunista não era o campo de batalha, mas o ambiente cultural” e, mais, diz que Gramsci insistia “que o novo homem, anunciado por Marx, emergiria não do terror revolucionário, mas da transformação das mentes” (Folha de S. Paulo, 16/03/2013, p. A3).

É óbvio que há uma evidente exorbitância e uma certa dose de rudeza nos enunciados dessa senhora. Também é compreensível esse tipo de postura em se tratando, sobretudo, de uma representante das classes dominantes tradicionais que temem projetos de transformação de natureza democrática que lhes subtraiam poder de mando e que criem possibilidades de redenção sociopolítica dos subalternos. Mas, por outro lado, atesta a extraordinária atualidade do legado teórico-histórico de Antonio Gramsci, agora reposto com muita propriedade e fundamento no livro de Giuseppe Vacca.

José Antonio Segatto é Professor Titular do Departamento de Sociologia da FCL/UNESP/CAr.

Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

Venezuela, Argentina... Economia mostra erosão e limite do populismo - Jarbas de Holanda

O intenso uso dos recursos do petróleo para assistencialismo interno e, externamente, para a montagem de um antiimperialismo radical (com generosos subsídios à Cuba, à Bolívia, à Nicarágua, à Argentina dos Kirchners, ao Paraguai de Fernando Lugo). Uso combinado com o progressivo controle do Judiciário, do rádio e da televisão e o cerco à imprensa escrita, de par com a depuração das Forças Armadas e a montagem de “brigadas populares” semelhantes aos ‘conselhos de moradores’ das cidades cubanas. Além da cooptação de parte do empresariado por meio de negócios rentáveis para os chamados “boliburgueses”. Tal receita do “Socialismo do século 21”, posta em prática a partir do primeiro dos três mandatos presidenciais de Hugo Chá-vez, pareceu tão poderosa e duradoura à oposição que a maioria dos seus dirigentes decidiu, anos atrás, não participar de eleições para o Legislativo. O que facilitou a plena subordinação do Congresso ao chavismo.

 Esse “irresistível” sistema “revolucionário”, porém, começou a ser erodido ainda com Hugo Chávez vivo, e no comando, por crescente descontrole da inflação, pela escassez da oferta de alimentos e bens de consumo essenciais (inclusive papel higiênico), por um salto da criminalidade, pela sucessão de apagões elétricos. Distorções em boa parte geradas e agravadas pela queda da produção e da receita do petróleo, decorrente da defasagem tecnológica e do mau gerenciamento da PDVSA, após a depuração dos seus quadros. Queda articulada com a fragilização da agricultura, da indústria e do comércio, submetidos ao intervencionismo estatal.

Os reflexos políticos dessa erosão já se manifestaram na recomposição das forças oposicionistas em torno da campanha de Enrique Capriles, no início deste ano. Cuja candidatura – mesmo enfrentando todo tipo de ameaças e restrições, entre as quais a de quase nenhum espaço na mídia – suplantou a de Nicolás Maduro nos grandes centros urbanos, numa disputa apertadíssima decidida em favor do governista por uma justiça eleitoral dominada pelo chavismo, que rejeitou uma verdadeira recontagem dos votos. Manipulação que será mais difícil de repetir-se nas eleições legislativas do primeiro trimestre de 2014. Num contexto de piora das condições da economia, na qual se insere reportagem da Folha de S. Paulo, de anteontem, com o titulo “Brasil agora cobra “calotes” da Venezuela”. Em sequência a anúncio feito na semana passada pela direção da Petrobras do cancelamento, enfim, da parceria firmada por Lula e Chávez em 2008 para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujas obras não contaram com nenhum aporte da estatal ou do governo venezuelanos.

E o respaldo externo a esse populismo radical– por parte de outro aliado importante, a Argentina – recebeu um forte sinal de esgotamento nas eleições legislativas lá realizadas no último domingo. Também refletindo uma péssima gestão da economia (com manipulações grosseiras dos índices de inflação e do desempenho do PIB, controle arbitrário das exportações e importações, aguda crise cambial, queda dos investimentos privados e aumento do assistencialismo). O kirchnerismo sofreu forte derrota no pleito, projetando-se agora um final in-certo do mandato da presidente Cristina e insucesso do seu candidato na disputa presidencial de 2015.

Tal sinal pode ser indicativo, também, de limitações ao populismo pragmático, mas igualmente de forte teor estatizante, praticado no Brasil. Que se manifestam em restrições crescentes ao progressivo abandono dos fundamentos da estabilidade da economia; ao descarte de reformas essenciais; ao descompasso entre elevados gastos de custeio e assistencialistas e os investimentos produtivos; à abusiva carga tributária; à deterioração das contas externas; ao isolamento do país em relação às novas e decisivas cadeias produtivas globais; à herança de problemas que um novo governo receberá em 2015, agravada pelos custos da gastança eleitoral neste ano e no próximo. Estes são fatores que estão dividindo e estreitando o amplo apoio partidário e social – construído pelo ex-presidente Lula – a esse tipo de populismo. E que poderão interromper sua reprodução na disputa eleitoral de 2014.

Jarbas de Holanda é jornalista

Uma aliança crimino-estudantil? - Eugênio Bucci*

Em 1917 os bolcheviques forjaram o pacto entre operários e camponeses. Nascia ali a aliança que mudou a face do mundo e inaugurou o comunismo. Uma aliança cujo símbolo - o martelo e a foice, dispostos em forma de cruz - percorreu o século 20 como o selo maior da causa revolucionária. Em 1968 Paris foi o epicentro de outra aliança, esta entre os estudantes e os operários, numa vaga que fez a delícia dos intelectuais e ergueu barricadas de puro desejo. Agora, nas cidades brasileiras, vai se desenhando uma terceira aliança, esta um tanto estabanada, entre jovens estudantes em euforia voluntarista - que se veem como anarquistas e herdeiros do legado teórico das duas alianças anteriores - e serviçais do crime organizado, uns com um pé na banda podre da polícia, outros com as mãos na franja do tráfico, sem falar dos que dizem amém para as milícias, para botar fogo em ônibus na estrada, amedrontar os bairros pobres e, no fim das contas, esvaziar de vez as manifestações de rua, transformando-as em arruaça em que cidadãos de cara limpa não têm mais lugar.

Da aliança operário-camponesa de 1971 não sobrou quase nada além de um logotipo, ora empunhado por aposentados em Moscou, ora patrocinado por autoridades em Havana ou Pequim para atos oficiais e enfadonhos. Da aliança entre universitários e operários de Paris ficaram apenas fragmentos de narrativas mais ou menos filosóficas, além de uma nostalgia romântica e quase charmosa na fala de sobreviventes saudosos. Quanto à recente aliança crimino-estudantil, que promove festivais de pernadas em agências bancárias e em agentes da lei, dessa aí não se conhece bem o saldo. O que já se sabe é que, seja qual for, será um saldo completamente melancólico. A terceira aliança prestou seus serviços não às pessoas que protestavam nas ruas, mas à repressão, que queria bater nelas e não conseguia. Realizou a tarefa que a Polícia Militar, com seu despreparo bruto e chucro, jamais foi capaz de realizar: acabar com o sentido cívico e transformador dos protestos de rua, arrancando-lhes a graça, a criatividade e a força social.

Pôr fogo em viatura não muda nada em lugar nenhum, apenas reforça o apego à ordem (daí as especulações, fundamentadas, de que o quebra-quebra generalizado serve para angariar apoio para a tropa de choque). Espatifar vitrines a esmo não promove nenhuma boa causa, apenas desperta a antipatia popular. A estultice estratégica embutida na tática supostamente anarquista de partir para a ignorância beira o inacreditável. Parece ação de inimigo infiltrado. Aliás, em parte, é isso mesmo. A máscara, essa fantasia de Durango Kid, de Zorro, de Tartaruga Ninja de esquerda, virou um passe livre não para andar de graça no circular, mas para qualquer um que queira instaurar a violência no meio da rua. Era tudo o que a criminalidade queria. A propósito, as notícias de que existem entre os mascarados dos quebra-quebras delinquentes já conhecidos nas delegacias não deveriam surpreender ninguém. Fantasiado de black bloc, o assaltante pode roubar o que bem quiser e disseminar o pânico. Foi assim que o crime sequestrou os protestos da cidadania.

A aliança crimino-estudantil não nasceu de um programa revolucionário, de uma inteligência, mas de uma política sem programa e sem pensamento, que resultou na antipolítica. Ela surgiu como um efeito colateral provocado pela pancadaria festiva, que fugiu ao controle dos que, dizendo não acreditar em controle, se imaginavam no controle da confusão. Alguns deles gostavam de falar que a tal da "mídia" promovia a "criminalização dos movimentos sociais". Pois bem, agora eles criminalizaram estupidamente um dos mais significativos movimentos de inconformismo que tivemos no Brasil. Criminalização dos movimentos sociais é isso aí, o resto é teoria da conspiração (que tem 0,1% de teoria e 99,9% de conspiração).

Sabemos todos que um toque de vandalismo sempre escapa a qualquer episódio em que as multidões se exaltam. É da natureza da coisa. Há brigas em estádios de futebol, assim como há socos no vizinho em shows de heavy metal e xingamento entre motoristas nos engarrafamentos. Até aí, nenhuma novidade. As manifestações de rua não são - nunca foram - celebrações de boas maneiras e de congraçamentos em câmera lenta, com as pessoas de olhos lânguidos, semicerrados, dando sorrisinhos zen umas para as outras. O problema, agora, é que o toque de vandalismo - que era absolutamente previsível e, por isso mesmo, um tanto inevitável - acabou virando a regra e tornando o todo inviável. Exatamente por isso é que podemos dizer que os entusiastas das máscaras como salvo-conduto para depredar todo o cenário acabaram fazendo o trabalho da repressão mais primitiva. Mandaram os manifestantes pacíficos de volta para casa e fizeram propaganda da polícia, da pior polícia que pode existir, aquela que se vale da força bruta para impor a ordem dos de cima contra a vontade dos de baixo.

Se fenecerem nesse esvaziamento patético, as manifestações de junho terão sido um malogro. Que grande pena. Sem gente na rua, gente de cara limpa, não será possível mudar o Brasil. Vivemos ainda num país que trata como se fosse rotina o fato de um tiro de policial, no exercício de sua função pública, matar um adolescente desarmado. Isso não escandaliza ninguém (escândalo é quando o cidadão desarmado bate no policial). Vivemos num país em que as autoridades estão aí, perdidas, atarantadas, sem saber como conter o caos das ruas. Um país em que a tropa de choque é treinada para ver no manifestante um inimigo - e onde os policiais se omitem criminosamente diante de tantos atos de vandalismo escancarado. Vivemos, enfim, num país que precisa mudar. Aí vêm os black blocs e expulsam das ruas os manifestantes pacíficos. Mesmo que involuntariamente, eles agem como os coveiros de uma esperança.

*Eugênio Bucci é jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Lula hoje, Lula antes - Eliane Cantanhêde

Os marqueteiros decidiram lustrar Lula e o Bolsa Família para 2014. Um ainda está em muito boa forma e será de grande utilidade. O outro anda meio gasto.

Daí por que a semana virou um grande palanque para Lula em Brasília, com medalha da Constituinte no Senado, medalha da "Suprema Distinção" na Câmara e festança pelos dez anos do Bolsa Família.

Lula, claro, deitou falação, mas não custa avivar a memória e o senso crítico. Vamos lá.

Se ele agora recebe a medalha da Constituinte, há 25 anos o PT votava contra a "Constituição Cidadã", um pacto nacional histórico. Em discurso de 1988, Lula criticava: "Ainda não foi dessa vez que a classe trabalhadora pôde ter uma Constituição efetivamente voltada para os seus interesses. Ainda não foi dessa vez que a sociedade brasileira, a maioria dos marginalizados, vai ter uma Constituição em seu benefício".

Se agora Lula enaltece José Sarney, a ponto de equiparar sua importância na Constituinte à de Ulysses Guimarães, o PT não apoiava o governo Sarney e o próprio Lula se referia indiretamente ao então presidente como "o maior ladrão" da Nova República. Naquele mesmo discurso, queixou-se dos "setores conservadores ligados ao Planalto".

Se agora critica duramente quem "avacalha" a política, Lula era quem denunciava a existência de "300 picaretas" no Congresso Nacional. Ou não?

Se agora defende vigorosamente a reforma política, Lula teve oito anos de mandato e uma popularidade estrondosa, mas nunca mexeu um dedo pela reforma. Ou não?

Se agora se volta raivosamente contra a mídia e contra jornalistas, Lula foi aquele líder sindical mítico do ABC embalado pela mídia nacional e endeusado por repórteres desde os anos 1970. Ou não?

Há o Lula pré-governo e o Lula pós-governo. Entre o que ele era e dizia e o que ele é e diz, passa aquele rio que inebria e deforma: o poder.

Fonte: Folha de S. Paulo

E assim que começa - Dora Kramer

"No meu governo policia não sobe morro", anunciou na campanha de 1982 o então candidato Leonel Brízola.

Uma vez eleito governador do Rio de Janeiro, cumpriu à risca a promessa, muito provavelmente sem saber que plantava ali a semente do terror que viria a ser imposto, ao longo das três décadas seguintes, àqueles que pretendia proteger da violência policial: os moradores das favelas na época ainda não denominadas "comunidades".

A decisão de Brizola teve respaldo na sociedade. A ditadura ainda existia, a polícia não defendia, atacava. Era agente da repressão que, embora já com menos ênfase, atuava, sob a lógica do combate ao inimigo interno. Quanto mais fraco o grupo social, maior e mais truculenta a opressão.

Em linhas gerais, assim se desenhava o quadro, O problema era grave e para enfrentá-lo o governo adotou uma solução simples. E equivocada. À retirada da polícia correspondeu a ocupação gradativa dos morros pela bandidagem.

Nas favelas os criminosos atuavam como benfeitores, supriam as carências da população, que passou a vê-los como agentes da proteção. No "asfalto" também eram saudados como tal. Vistos como heróis, cobertos de glamour. Inesquecível a fuga do traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, resgatado do presídio da Ilha Grande por comparsas de helicóptero no dia 1.° de janeiro de 1986. Guardo na memória, sobretudo, a reação de júbilo de certa esquerda com o drible que a criminalidade havia dado na legalidade.

Claro que essas pessoas não pensavam no dano ao Estado de Direito naquela ocasião, mera abstração). Achavam que estavam impondo uma derrota ao Estado autoritário, sem se dar conta da parceria nefasta que faziam.

Pois bem. Daí em diante o que se viu foi a consolidação do poder paralelo do crime nos territórios dominados pelo tráfico, com a passividade da sociedade - era uma época em que traficante convocava entrevista coletiva e merecia foto em primeira página de jornal -, leniência (muitas vezes também criminosa) da polícia e a conivência de determinados políticos que passaram a ver nos bandidos eficientes cabos eleitorais. Em pouco tempo eles eram a lei.

E o que tem a ver essa história toda com o momento atual? Descontado o fato de que o Estado não é um ente em regime de exceção, o que temos de semelhante é a condescendência no trato desses vândalos que aterrorizam as cidades sob o olhar catatônico dos governos.

Acuados que estão pela visão torta de que são heróis da resistência à ineficiência do poder público que sabe de sua culpa no cartório, mas não tem coragem nem sabedoria para distinguir direitos de deveres.

O ovo da serpente está ai. É assim que começa. Um episódio típico ocorreu nesta semana no bairro do Jaçanã, em São Paulo. O comércio fechou. Segundo moradores, depois que dois homens numa moto deram a ordem para ninguém sair na rua depois de uma hora da tarde. Toque de recolher, Sem tirar nem pôr, o mesmo "modus operandi" dos traficantes nos territórios dominados do Rio. Exagero? Pois era assim que há alguns anos reagia boa parte dos cariocas e a quase totalidade das autoridades sempre se recusando a aceitar o que se passava debaixo de seus narizes. Por motivações variadas.

Para além de declarações formais, de reuniões e de intenções de agir conjuntamente, conviria aos governos federal e estaduais prestarem a devida atenção aos primeiros acordes e reconhecer a sinfonia.

Está em jogo o Estado de Direito. E isso requer mais que a "análise do diagnóstico" proposta pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para quem , não se pode "criminalizar" as manifestações sociais.

Ora, vamos dar o nome certo às coisas: depredar, roubar, atear fogo, surrar, pôr em risco o patrimônio e a vida não são atos sociais, são crimes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

No centro da pauta - Tereza Cruvinel

O grito de guerra amplificou-se ontem com a festa do governo pelos 10 anos do Bolsa Família. E o tom dos discursos foi de desforra contra todos aqueles que atacaram o programa nos primeiro tempos, chamando-o, inclusive, de bolsa esmola. Quem tem memória sabe que houve mesmo uma estigmatização para desacreditá-lo. Nas falas de Lula e Dilma, sobrou para a imprensa, adversários políticos e cientistas sociais. Entende-se a mágoa, mas também a aposta de um governo com magros resultados econômicos no indiscutível saldo social. Um outro discurso também parece estar sendo gestado para deixar em segundo plano o debate econômico: “Temos que debater a política. A campanha não pode ficar só no economês”, disse Lula anteontem no almoço com senadores.

A oposição já entendeu que, lá adiante, PT, Dilma e Lula denunciarão o risco de o programa ser extinto ou reduzido por outros governos. No segundo turno de 2006, o que ajudou Lula a virar o jogo foi uma feroz advertência sobre a volta das privatizações tucanas se Alckmin ganhasse. Mas agora, depois do leilão de Libra, vai aposentar o tema. O presidenciável e presidente do PSDB, Aécio Neves, reagiu com a proposta de incluir o Bolsa Família na Lei Orgânica da Assistência Social, a Loas, “para acabar de uma vez por todas com a utilização eleitoreira e criminosa do programa em determinados momentos”. Isso significaria, porém, perenizá-lo, embora diga que ele “hoje é necessário, mas deve ser transitório”. A Loas banca os benefícios de prestação continuada (BPC), como o salário-mínimo vitalício para idosos e deficientes sem renda. Com a alta exclusão previdenciária, a Loas um dia talvez nem mais possa pagar o BPC a tantos idosos sem aposentadoria. Se o que o governo quer é colocar o tema no centro da agenda, a oposição está ajudando.

É verdade que hoje, passados os tempos críticos, é fácil defender o Bolsa Família, como disse a ministra Tereza Campello. Há estudos e estatísticas — que ela fez jorrar aos borbotões — comprovando sua eficácia do programa que alcança 50 milhões de pessoas, transferindo em média R$ 152 a 13,8 milhões de famílias a um custo anual de R$ 24 bilhões. Não faltou sequer, na festa, a presença de uma autoridade estrangeira: Errol Frank, presidente da Associação Internacional de Seguridade Social, a ISSA, que há 15 dias concedeu ao programa o seu grande prêmio, algo como um Nobel das políticas sociais. Discursando em inglês, ele enalteceu a contribuição do programa para a redução da desigualdade brasileira e a inspiração para outros países. Não faltaram também quatro mulheres do povo, que deixaram de receber a Bolsa depois que encontraram a famosa porta de saída em cursos de profissionalização. Pelo visto, foram garimpadas com peneira fina.

Os resultados e o reconhecimento fazem reféns os candidatos de oposição. Eduardo Campos defende sua continuidade (com mais educação, mais isso e aquilo), e Aécio Neves reivindica o DNA tucano das atual rede de proteção social, tecida inicialmente no governo FHC. Dilma tratou ontem de refutá-lo: “Mudamos não só a política (social), mas a forma de fazer a política. Passamos a fazer transferência de renda direta, bem na veia dos mais pobres, varrendo as políticas clientelistas centenárias”. Para ela, o cartão magnético suprimiu o assistencialismo anterior, que aparecia perto das eleições. Mas foi Lula o mais incisivo na “revanche verbal”, lendo manchetes e citando artigos contra o programa, quando começou a ser implantado, em seu governo. Tudo na linha “Lula fez, Dilma manteve e precisa ser reeleita para manter”.

Esse discurso pega. Hoje, nenhum governo conseguiria acabar com o programa. Bem mais complicado será impor à campanha o “debate da política”, bandeira que a dupla Campos-Marina levantou primeiro, embora sem dizer exatamente como funcionaria a tal “nova política” dentro do “velho sistema”. Lula prega a reforma política, mas não explica como é que um Congresso em que o governo tem ampla maioria sepultou todas as propostas, nos 10 anos de PT no poder, inclusive o plebiscito proposto por Dilma.

Biografias: palavra de além-mar
Não vi recuo, apenas maior clareza, no vídeo dos artistas do Procure Saber sobre o que aspiram em relação às biografias. Essencialmente, preservar o recôndito, o íntimo, em alguns casos a dor.

A propósito, uma palavra de longe. O escritor e jornalista português Miguel Sousa Tavares, apaixonado pelo Brasil, seu povo e sua cultura, acompanha o debate brasileiro. Em entrevista que o Correio publica hoje no caderno Diversão & Arte, sobre seu novo romance, ele falou também sobre o tema. Como ele frequenta agora mais o noticiário político que o cultural, trouxemos esta resposta para a coluna. Diz ele: “Tenho seguido a polêmica, mas, como sou também advogado, precisaria conhecer melhor a lei civil brasileira. Não é o caso. Mas a questão é transnacional e, a meu ver, não é tão simples de se resolver. 

Compreendo e sou sensível aos problemas que tal impedimento legal coloca para quem escreve biografias não autorizadas — que são as únicas interessantes, embora não necessariamente confiáveis. Mas também compreendo, até por experiência própria, o valor da privacidade. A Constituição portuguesa, por exemplo, estabelece que ‘todos têm direito à intimidade da sua vida privada’. Diz ‘todos’. Não diz ‘todos, menos as figuras públicas’. Nenhuma lei o diz, porque isso seria discriminatório, violaria o princípio da igualdade perante a lei. A menos que se estabeleça o oposto: que ninguém tem direito à privacidade. É verdade que caminhamos para sociedades assim, com os Facebooks, Instagrams e ainda as escutas dos americanos e de outros. Uma coisa é a violação da privacidade à revelia da lei e, no caso das mídias sociais, por decisão dos próprios. Mas se alguém quer preservar sua privacidade, que direito têm outros de arrombá-la? Só porque o público tem curiosidade de saber, parece-me pouco. Não se trata de um direito natural”.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama político - Ilimar Franco

Espelho, espelho meu
O candidato do PT ao governo do Rio, Lindbergh Farias, está com os nervos à flor da pele. O PMDB anda comparando o petista a Eduardo Campos. Lindbergh também se apresenta como candidato de oposição, mas ainda hoje o PT é governo. Por fim, o PMDB, como foi feito com o governador Sérgio Cabral, espalha que negocia um acordo pelo qual o petista seria nomeado ministro.

A carteirada
Durante almoço ontem no Palácio da Alvorada, o governo e a política não foram os únicos pratos saboreados pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma. Conversa vai, conversa vem, e Lula pediu maior agilidade para que fosse aprovada a autorização para funcionamento da TV do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, entidade que presidiu durante a ditadura militar. Na hora, Dilma pegou o telefone e ligou para o ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Perguntou. Ouviu a resposta. Desligou o telefone. E informou ao seu antecessor que estava tudo encaminhado e que era apenas uma questão de dias a aprovação da criação da nova emissora.

"A guerra do Iraque consumiu US$ 3 trilhões. Com esse dinheiro, seria possível levar programas de transferência de renda a 1,5 bilhão de pessoas durante dez anos"
Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente da República, na solenidade pelos dez anos do Bolsa Família

Na pressão
O Planalto tenta impedir de todas as formas a votação, pelo Senado, do passe livre. O presidente do Senado, í Renan Calheiros (PMDB), quer votar o tema em dois meses. E o presidente da CCJ, Vital do Rêgo (PMDB), na foto, marcou audiência pública para a semana que vem. O Planalto diz que o projeto é "uma loucura" e que não há de onde tirar o dinheiro.

De volta à cena
Corre solto entre os tucanos e os aliados do presidente do PSDB, senador Aécio Neves, que o candidato do partido para suceder ao governador Antonio Anastasia é o ex- deputado e ex-presidente do partido Pimenta da Veiga.

Apertando os parafusos
A presidente Dilma convocou os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Miriam Belchior (Planejamento) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para uma reunião no sábado. O objetivo, segundo tecnocratas do Planalto, é conhecer a "narrativa estratégica" dos ministérios. Traduzindo: saber o que as pastas têm para entregar nos próximos quatro meses.

A tarefa
Para os senadores petistas, o ex-presidente Lula disse que vai se dedicar, nos próximos meses, à concertação dos partidos aliados nas eleições estaduais. E comentou, sobre sua saúde, que hoje ele tem segurança para percorrer o país.

A trégua
O comando do PMDB está tentando acalmar os ânimos dos líderes do partido nos estados em que há disputa com o PT. Ele teme pelo futuro, caso se mantenha o radicalismo na virada do ano. Avalia que o ano que vem pode ser tarde demais.

"Sonho meu"
O presidenciável Aécio Neves marcou reunião, hoje, com dirigentes do PSDB de Brasília numa casa de festas infantis chamada Jump Joy. O slogan do lugar é: "Viva este sonho intensamente. Tornamos real o que passa pela sua imaginação"

NA MESA A SUCESSÃO NO RIO. A presidente Dilma e o governador Sérgio Cabral vão almoçar, na próxima semana, no Palácio da Alvorada.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Na base da ameaça
A cúpula do PMDB recebeu "atônita" recado de emissários do Palácio do Planalto de que, se Renan Calheiros (PMDB-AL) levar adiante o projeto de Francisco Dornelles (PP-RJ) de autonomia do Banco Central, o movimento será considerado "ruptura" com o governo. A mensagem hostil surpreendeu peemedebistas, uma vez que Michel Temer já havia conversado antes com Renan, a pedido de Dilma Rousseff, para "baixar a bola" do projeto, com o que o senador teria assentido.

Meteorologia Até ontem à tarde, no entanto, Renan ainda demonstrava a colegas no Senado disposição de colocar o projeto em votação, embora auxiliares do Planalto afirmem ter recebido recado do senador de que o texto seria engavetado.

Devagar Aécio Neves (PSDB-MG) deve conversar hoje com Dornelles, que é seu tio, sobre a proposta de autonomia. O presidenciável tucano avalia que mandato de seis anos para o presidente do BC é tempo demais, mas diz ainda não ter opinião fechada sobre a matéria.

Sinais Aliados do ex-presidente Lula que conversaram com ele sobre a ideia de dar autonomia ao BC dizem que, na opinião do petista, o efeito da medida seria apenas "simbólico", uma vez que, na prática, a instituição já teria independência para agir.

Torneira Nos cenários traçados por aliados de Dilma sobre o mau humor do empresariado com o governo também são levadas em conta as previsões de doações eleitorais. Um governista fala em "aridez" de recursos.

Do Leme... Ideli Salvatti recebeu ontem o líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, que encabeça todas as pesquisas de intenções de voto para o governo do Rio.

... ao Pontal Se dependesse de conselheiros de Dilmae, o ideal, diante do cenário incerto da sucessão fluminense, seria a presidente ter quatro palanques: Garotinho, Luiz Pezão, Lindbergh Farias e Marcelo Crivella.

Trunfo Na viagem que fará à Alemanha, Eduardo Campos espera anunciar parceria entre uma empresa brasileira e uma alemã para investimento em Pernambuco na área metal-mecânica.

Tempo... Articuladores da pré-campanha de Aécio trabalham para antecipar para novembro a formalização de sua candidatura ao Planalto. Para os tucanos, a indefinição está provocando a perda de força na negociação do senador mineiro com eventuais partidos aliados.

... perdido Aécio evita romper o acordo que firmou com José Serra (PSDB) de que a candidatura do partido só seria oficializada em março, mas seus aliados preparam um movimento público em defesa da antecipação.

Bomba... Vice-presidente do PSB, Roberto Amaral ataca, em artigo publicado no site do partido, economistas que aconselham Marina Silva, aliada de sua sigla. Para o pessebista, André Lara Resende e Eduardo Giannetti representam "o campo conservador, que trabalha sob o marco da tragédia do governo neoliberal de FHC".

... atômica Amaral afirma que a eleição de 2014 será marcada por uma disputa entre conservadores e progressistas. E diz que PSB e PT devem manter "atuação conjunta no movimento social".

Na planta Patrícia Bezerra (PSDB) e outros vereadores de oposição em São Paulo vão estimular líderes de associações de moradores a ocuparem as galerias da Câmara Municipal na próxima semana para protestar contra o aumento do IPTU e pressionar o prefeito Fernando Haddad (PT) a vetar o reajuste.

Tiroteio

"Lula não conhece limites. Ele diz que Marina e Serra são sombras sobre Eduardo e Aécio. E o eclipse total a que ele submete Dilma?"

DO DEPUTADO MARCUS PESTANA (PSDB-MG) sobre articulações do ex-presidente, que disse durante encontro com senadores que pode voltar em 2018.

Contraponto

Mosca na sopa

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), falava a jornalistas sobre o projeto que dá autonomia ao Banco Central. Em defesa da proposta, Renan argumentava que a mudança blindaria o Banco Central de eventuais interesses externos e também permitiria melhor condução da política monetária.

Antes de encerrar sua explicação, uma mosca apareceu e começou a rondá-lo. Incomodado com o inseto, Renan interrompeu a fala e brincou:

--Tem uma mosca aqui. Aposto que é uma mosca do Banco Central. Está ouvindo tudo!

Fonte: Folha de S. Paulo