segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O povo na equação - Vinicius Mota

O desempenho do PIB no final deste mandato de Dilma Rousseff dificilmente escapará de figurar entre os piores da redemocratização. Ainda terá de melhorar para ficar tão ruim quanto no segundo FHC (1999-2002), quando a economia cresceu 2,1% ao ano. Deverá bater apenas o triênio Collor (1990-92), período em que a produção caiu 3,7% ao ano.

A marcha anual entre 2% e 3% vem conduzindo a economia brasileira ao longo dos últimos 33 anos. Levamos um pouco menos que esse tempão todo para dobrar o vo- lume da produção.

No mesmo período, a economia chinesa duplicou de tamanho quatro vezes. Hoje produz US$ 1.600 para cada US$ 100 gerados em 1980. A Índia sextuplicou.

A renda per capita chinesa, contudo, ainda equivale à metade da brasileira e não atinge 15% da norte-americana. É preciso mais de 7 indianos para chegar à renda de um brasileiro, em dólares de hoje.

A China terá de contar com duas décadas de crescimento exuberante para igualar o PIB per capita brasileiro. Serão necessárias quatro décadas de corrida acima de 5% ao ano para que dois chineses tenham tanta renda quanto um americano.

Com o fim do bônus populacional, a delicada arquitetura política e os crescentes limites ambientais, vai ser mais difícil para a China crescer a 5% nos próximos 40 anos do que foi ter arrancado a 10% ao ano nas últimas três décadas.

Na modorra dos 2% anuais no PIB, é plausível que o Brasil termine o século com mais de 50% da renda per capita dos Estados Unidos, contra os 25% de hoje.

Na década de 1990, se o PIB do Brasil crescia 2%, a renda per capita ficava estagnada. Nesta segunda década do século 21, o PIB por brasileiro aumenta mais de 1% na mesma situação.

Como dizem os expertos, é prudente colocar o povo na equação.

Fonte: Folha de S. Paulo

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