quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Em SP, 55% da população é contra novo julgamento

Pesquisa Datafolha mostra que 79% querem prisão imediata dos condenados

Supremo deve decidir hoje se aceita o reexame das sentenças de 12 dos 25 réus, incluindo Dirceu e Marcos Valério

Ricardo Mendonça

SÃO PAULO - Assim como os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), os paulistanos parecem divididos em relação a possibilidade de reabertura do julgamento do mensalão para 12 dos 25 condenados.

Pesquisa Datafolha realizada ontem mostra que pouco mais da metade dos entrevistados, 55%, é contra o reexame dos casos. Para 37%, o julgamento deveria ser reaberto. Outros 7% não souberam responder.

O instituto ouviu 719 pessoas, o que resulta numa margem de erro de 4 pontos para mais ou para menos.

Quando a ideia de um novo julgamento é apresentada em oposição excludente à prisão imediata dos condenados, o equilíbrio de opiniões desaparece. De cada 10 entrevistados, 8 querem a prisão imediata.

Hoje à tarde, o ministro Celso de Mello, decano da corte, deverá dar o voto decisivo sobre a possibilidade de reexame de parte do julgamento.

A votação sobre a aceitação de novos recursos --os chamados embargos infringentes-- está empatada em 5 a 5.

A expectativa é que Mello vote pela aceitação de novas análises das sentenças de 12 condenados. São os réus que, na primeira votação, quando o Supremo tinha outra composição, perderam, mas conseguiram pelo menos quatro votos contrários à condenação por determinados crimes.

Estão nessa situação alguns dos principais personagens do escândalo, como os petistas José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, e o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do mensalão.

Mesmo que os embargos infringentes sejam aceitos e depois os condenados tenham sucesso em seus recursos, nenhum deles tem chance de absolvição. No máximo, conseguiriam uma redução da pena já estipulada.

Além de postergar a conclusão do julgamento para os 12, um reexame de sentenças poderá resultar, para alguns deles, num abrandamento do regime de prisão.

É o caso de Dirceu, que recorreria da pena por formação de quadrilha --ele também foi condenado por corrupção ativa, mas nesse caso por ampla votação, sem hipótese de benefício por embargo infringente.

Se o STF aceitar fazer um novo julgamento e se, posteriormente, o recurso de Dirceu for bem sucedido, o ex-ministro petista trocaria o regime fechado e pelo semiaberto, aquele em que o preso passa o dia fora e volta para a cadeia à noite.

Na pesquisa de ontem, o Datafolha também perguntou se, na opinião dos entrevistados, o ministro Celso de Mello deverá votar contra ou a favor de um novo julgamento.

Para 50%, Mello será favorável à nova análise. Pouco mais de um terço (34%) acha que ele será contra. O restante não soube opinar.

Crítica
A pesquisa Datafolha mostra também que a maior parte dos paulistanos tem ressalvas ao desempenho do STF no julgamento do mensalão.

Apenas 21% dos entrevistados classificaram o desempenho do Supremo como ótimo ou bom. Para 29%, o STF é regular. O maior grupo, 41%, julga o trabalho do STF como ruim ou péssimo. Os demais não souberam opinar.

Numa escala de 0 a 10, a nota média que os paulistanos dão para o desempenho da corte no julgamento do mensalão é 4,7. O Supremo ganha nota 10 de 4% dos entrevistados. Mas leva zero de um grupo bem maior, 18%.

Oito anos após o rumoroso escândalo, a pesquisa mostra que 19% dizem estar bem informados sobre o mensalão. Os "mais ou menos" informados somam 52%. Mal informados são 14%. E 15% dizem que não ter conhecimento.

Fonte: Folha de S. Paulo

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