terça-feira, 10 de setembro de 2013

Em atos separados, Bachelet e Pinera lembram 40 anos do golpe

SANTIAGO - A capital chilena foi palco ontem de dois atos para lembrar do golpe de Estado, que amanhã completa 40 anos, contra o governo de Salvador Allende. O presidente Sebastián Piñera, de centro-direita, realizou uma cerimônia no Palácio de la Moneda e a ex-presidente Michelle Bachelet - candidata nas eleições de novembro - comandou um ato no Museu da Memória.

O episódio de 1973 ainda provoca divisões entre as forças políticas chilenas e os dois eventos de ontem trataram de formas distintas a conjuntura que levou à queda de Allende. Em ambas as cerimônias, foram duramente condenadas as violações cometidas pela ditadura nascida em 11 de setembro de 1973 – o regime de Augusto Pinochet matou mais de 3.200 pessoas.

"Essa dolorosa fratura de nossa democracia não foi algo súbito, intempestivo ou inesperado. Sabemos que foi, em vez disso, o desenlace previsível, ainda que não por isso inevitável, de uma larga e penosa agonia dos valores republicanos", disse Piñera, sobre o momento histórico do golpe de 1973. A candidata socialista foi convidada a participar do ato com o presidente, mas se recusou.

Na cerimônia de Bachelet, o passado foi definido em outros termos. "Não é justo falar do golpe de Estado como um destino fatal e inevitável. Não é justo afirmar que havia uma guerra civil em gestação, porque para dar continuidade e respaldo à democracia, precisava-se de mais democracia, e não um golpe de Estado", disse a ex-presidente, filha de um oficial da Força Aérea chilena que foi torturado e morreu na prisão após a queda do socialista, de quem era próximo.

Piñera, que mantém em seu gabinete pelo menos três ex-colaboradores ou simpatizantes do regime de Pinochet, defendeu a punição dos crimes cometidos, mas apenas contra pessoas que ocupavam postos de comando. "A responsabilidade alcança aqueles que exerceram cargos no alto escalão do governo militar ou aqueles que, por sua investidura ou influência, poderiam ter usado a voz para evitar os abusos." De acordo com Bachelet, os crimes cometidos são responsabilidade "de quem os cometeu e de quem os justificou."/AFP

Fonte: O Estado de S. Paulo

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