domingo, 1 de setembro de 2013

Campos defende ‘diálogo aberto’ do PSB com siglas de oposição

Governador disse que o partido não vai limitar as conversas aos aliados tradicionais

Flavio Ilha

ESTEIO – O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência da República, defendeu neste sábado em Esteio (RS) que o partido intensifique o “diálogo aberto com as forças mais diversas” da política brasileira, incluindo as siglas de oposição, antes de definir a estratégia da legenda para 2014. A declaração foi uma forma de defender a aliança estratégica firmada pelo socialista com o tucano Aécio Neves na última quinta-feira, que causou mal-estar entre líderes do PSB, especialmente no governador do Ceará, Cid Gomes.

Campos disse que o partido não vai limitar as conversas aos aliados tradicionais, entre eles o PT, porque nem sempre o PSB foi consultado em momentos decisivos da política nacional, como na campanha de 2010.

— O quadro político sofreu uma mutação muito acelerada nos últimos 90 dias. O PSB vai se colocar de maneira coerente (na discussão sobre 2014), mas sem estar preso ou amarrado a qualquer decisão prévia. Não há voz discordante, dentro do partido, sobre a conveniência de empurrarmos a definição sobre nossa estratégia apenas para 2014 — disse.

O governador visitou no sábado a Expointer, tradicional feira agropecuária do Rio Grande do Sul que recebe milhares de visitantes. Depois, foi respectivamente a Passo Fundo e a Caxias do Sul para encontros municipais do PSB. Na sexta-feira, Campos já havia cumprido agenda política em Santa Catarina.

Perguntado sobre a reação de Cid Gomes a seu encontro com Aécio Neves, Campos preferiu não alimentar a polêmica.

— Meu silêncio fala muito mais forte que qualquer palavra – afirmou.

Durante a visita à Expointer, Campos se encontrou com a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que é uma das alternativas de palanque ao PSB no Rio Grande do Sul, que deve deixar o governo estadual, onde tem o vice-governador e a secretaria de Infraestrutura, até o final do ano. Em troca do apoio a Ana Amélia, o PP fecharia com a candidatura do líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, ao Senado. Na conversa, Campos ouviu elogios da parlamentar, que deve ser candidata ao governo do estado em 2014.

— O discurso do Eduardo Campos é contemporâneo e tem força política. O país precisa desse sangue novo para fazer diferença na prática da gestão pública – cortejou a senadora.

Campos também cruzou pelos corredores da feira com o deputado estadual tucano Jorge Pozzobom. O PSDB é outro partido que pode compor uma aliança estratégia na eleição ao governo do estado em 2014. Pozzobom elogiou a aproximação entre Campos e Neves.

— A diferença entre 40 e 45 é muito pequena – lembrou Pozzobom em tom de brincadeira, referindo-se ao número de registro dos dois partidos.

Campos, entretanto, evitou especulações:

— O PSB do Rio Grande do Sul tem a nossa confiança para conduzir o debate sucessório no estado. Neste momento, não estamos tirando nenhuma posição em caráter terminativo. O PSB quer crescer com qualidade – sustentou.

Durante a visita, o governador pernambucano voltou a criticar a política econômica da presidente Dilma Rousseff apesar do crescimento de 1,5% do PIB no segundo trimestre do ano.

— Claro que torcemos para o PIB crescer mais e mais, mas o desafio agora é manter (o desempenho) no próximo trimestre. Há um certo grau de pessimismo entre os analistas. É preciso restaurar a confiança dos agentes econômicos garantindo que os fundamentos macroeconômicos continuam de pé. Se tem meta, tem que cumprir – disse, referindo à expectativa de inflação em 2013.

Fonte: O Globo

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