quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Aquecendo o forno - Igor Gielow

Oito anos depois de ter sido revelado e quase um após sua dura sentença em julgamento no Supremo, o caso do mensalão ainda suscita emoções e reviravoltas.

Como já escrevi aqui, bola de cristal deveria ser item proibido na corte. O dia de ontem está aí para provar. Paradoxalmente, o de hoje talvez também traga surpresas.

O STF poderá ratificar nesta tarde o que parecia ser a tendência de ontem: acatar um novo julgamento para alguns dos réus. Decisão excêntrica, mas para a qual se encontraram argumentos, como tudo na vida.

Chamou a atenção o surpreendente voto de Rosa Weber, dado até então como certo pela rejeição dos chamados embargos infringentes.

Destacou-se, nesta fase de recursos, o comportamento da dupla de ministros indicados por Dilma Rousseff após a sentença do caso: Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.

Ao começar a discutir os embargos iniciais, declaratórios, ambos disseram que não mudariam decisões que tomaram tanta energia da corte. Zavascki mudou de ideia depois, mas não comoveu o plenário.

Já Barroso manteve a pose, e mesmo enaltecendo José Genoino como um "freedom fighter" brazuca e criticando sentenças, não buscou alterá-las. Isso acabou ontem.

Sempre haverá insinuações de que os novatos jogaram afinados com quem os indicou. Sem prova é leviandade, mas é um veneno de aspersão inevitável, ainda que seja má notícia para Dilma ver mensaleiros na agenda política em 2014, com campanha, Copa e talvez protestos nas ruas.

A bola agora está, a confiar nas videntes que dão Cármen Lúcia e Marco Aurélio Mello como contrários aos recursos, com Celso de Mello. As mesmas adivinhas creem que ele se manterá a favor do novo julgamento. Eu é que não arrisco palpite.

A seguir esse roteiro, a barafunda processual se instalará, com possível revisão de penas que apoiará prescrições. E a pizza ruma ao forno.

Fonte: Folha de S. Paulo

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