terça-feira, 24 de setembro de 2013

Após ação de Lula, PT adia saída de governos do PSB

Em nota, partido afirma que manterá cargos em Estados administrados por socialistas caso haja 'compatibilidade'

Decisão foi anunciada após dirigente petista ter se encontrado com ex-presidente na sede de seu instituto

Diógenes Campanha e Marina Dias

SÃO PAULO - Após intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT decidiu ontem que deverá manter os cargos que ocupa em Estados comandados pelo PSB, desde que haja "compatibilidade de programas" entre as duas siglas, e divulgou resolução afirmando esperar que os socialistas continuem aliados ao governo Dilma Rousseff.

O tema foi discutido durante todo o dia pela Executiva nacional do PT em São Paulo. O presidente do partido, Rui Falcão, que defendia a entrega dos cargos, deixou a reunião no final da manhã para se encontrar por uma hora com Lula.

O ex-presidente prega a necessidade de manter aberto o diálogo com o PSB, que na semana passada anunciou que deixará os dois ministérios que ocupa no governo Dilma: Integração Nacional e Secretaria dos Portos.

O desembarque socialista foi mais um gesto em direção à candidatura do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, ao Palácio do Planalto em 2014.

Desde a última quarta-feira, quando o PSB anunciou sua saída da Esplanada, há a expectativa de que o PT possa entregar os cargos que ocupa nos governos de Pernambuco, Ceará, Amapá, Espírito Santo e Piauí.

Em resolução divulgada no final da tarde de ontem, o PT afirmou que "os cargos estão sempre à disposição" e que "deve prevalecer o debate programático" tanto nos Estados comandados pelo PSB quanto nas administrações petistas das quais os socialistas fazem parte, como Bahia e Rio Grande do Sul.

"Estamos dizendo isso: onde tiver compatibilidade de programas, nós queremos continuar atuando juntos", disse Rui Falcão, em entrevista após a reunião com Lula.

O presidente do PT também declarou que a decisão de Campos é "legítima" e destacou o fato de o pernambucano ter dito que o partido continuaria votando com o governo Dilma no Congresso.

Reforma política

A reunião entre Falcão e Lula, um almoço na sede do instituto do ex-presidente, também contou com a presença do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Durante o encontro, os petistas discutiram em clima bastante tenso a proposta de reforma política em gestação no grupo de trabalho da Câmara sobre o tema, coordenado por Vaccarezza.

Falcão se posicionou contrário à proposta aprovada no Senado na semana passada, que não muda as regras de financiamento de campanha, principal bandeira de Lula e do PT, e disse que o partido não irá apoiar a minirreforma liderada pelo deputado.

No final do dia, a Executiva do PT divulgou um documento dizendo-se contra a proposta que segue para votação na Câmara nesta semana. O texto aconselha a bancada do PT a apresentar substitutivos à reforma em curso e a obstruir as matérias, caso sejam levadas a plenário.

Vaccarezza, que nega ter sido este o teor da conversa, foi indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para coordenar o grupo de trabalho contra a vontade da bancada petista. Desde então, o PT diz que o deputado não representa a sigla no que diz respeito à reforma.

Fonte: Folha de S. Paulo

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