domingo, 8 de setembro de 2013

A corrida dos candidatos ao Planalto em busca de alianças

Maria Lima

Quase como numa corrida maluca, até o fim das próximas quatro semanas, quando termina o prazo de troca-troca e de filiação partidária para valer nas eleições do ano que vem, os três pré-candidatos de oposição ao Planalto vão enfrentar o pouco tempo que resta com um objetivo: tentar garantir o maior número de aliados, vencer obstáculos internos em seus partidos e costurar palanques estaduais competitivos para brigar com a presidente Dilma Rousseff, do PT, que recuperou parte da popularidade perdida com as manifestações de rua.

Os negociadores dos pré-candidatos Eduardo Campos (PSB), Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e Aécio Neves ( PSDB), apesar da promessa de apoio mútuo num eventual segundo turno, disputam em partidos da base governista e da oposição o apoio de estrelas que podem melhorar seus desempenhos em todas as regiões. Nesse período, o suspense é geral, até mesmo para Dilma, que tem de afastar de vez o “volta Lu1a’

Marina ainda tenta criar a Rede

A tensão maior, entretanto, é no entorno de Marina, que, apesar de despontar como fenômeno de popularidade, tem que vencer o problema das certificações das assinaturas nos cartórios eleitorais para criar o partido pelo qual pretende concorrer ao Planalto em 2014. Seus adversários acham que ela, com esse patrimônio eleitoral — 20 milhões de votos em 2010 — dificilmente ficará fora da disputa, com ou sem a Rede.

Se a Justiça Eleitoral não cumprir a burocracia a tempo, consideram que Marina sairá como vítima, culpando “os barões da política” que não a deixaram concorrer. Mas os articuladores de Marina garantem que não há um plano B sem a Rede. Estão em suspense também os três deputados federais que aguardam a criação do partido para mudar de legenda: Alfredo Sirkis (PV-RJ), Valter Feldman (PSDB-SP) e Domingos Dutra (PT-MA). Eles sofrem ameaça de expulsão de suas legendas e, se até 4 de outubro não for oficializada a criação da Rede, podem ficar sem partido para concorrer em 2014.

— Marina e todos nós estamos vivendo como num filme de Hitchcock. Será suspense até o último minuto. Só Deus sabe o que vai acontecer. Não temos plano B. E ter sangue frio e esperar — diz Sirkis. Enquanto Marina tenta criar seu partido, Campos e Aécio correm atrás de partidos da base e de líderes que estão sendo disputados quase a tapa nos estados. Depois de alguns meses de recolhimento, nas últimas semanas Campos voltou a campo tendo mais encontros com grandes empresários, indo a programas populares na TV, e participando de atos políticos para filiação de líderes regionais, como os Bornhausen, em Santa Catarina.

O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, diz que, nesses próximos 30 dias, as articulações serão intensificadas para fechar as chapas de candidatos a deputado federal e de palanques regionais. É o caso do líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), que já é tido pelo PSB como provável candidato a senador na chapa com Valderlan Cardoso, candidato ao governo de Goiás e palanque de Campos. Caiado pode ser candidato a governador, também. Na última quinta-feira, em entrevista ao Clube dos Repórteres Políticos de Goiás, ele disse que irá brigar para que o DEM, tradicional parceiro do PSDB, apoie Eduardo Campos. — Vamos atrás de algumas figuras importantes para a formação dos palanques estaduais — disse Siqueira.

PSB e PSDB disputam Caiado

Mas Aécio também acha que pode atrair Caiado. O partido Solidariedade, articulado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), também é alvo de cobiça dos dois candidatos, pois tem como atrativo a Força Sindical. — Estamos fazendo um esforço grande para trazer o Caiado. Marconi Perillo (governador de Goiás) e Geraldo Alckmin (governador de São Paulo) vão se reeleger. Eles têm problemas, mas fazem ótima gestão e têm muita força em seus estados — disse Aécio. — Não vamos entrar nessa busca de aliados de qualquer jeito.

O PSDB terá palanques em todos os estados, seja com candidato próprio ou apoiando alguém forte, contra o PT. Da mesma forma que o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), é, atualmente, o calo de Campos, Aécio tem que vencer o impasse com o ex-ministro José Serra, que está ainda na fase de decidir se sai do PSDB. Com o tempo correndo, o PPS jogou a toalha semana passada e já deu como certa a não filiação de Serra. Aécio e a cúpula tucana também dão como certa a permanência dele no PSDB.

O problema será resolvido até 4 de outubro. Até lá, um grupo de tucanos tenta uma saída honrosa para Serra, que ainda sonha com a candidatura a presidente. A cúpula do PSDB tem pesquisas internas mostrando que a saída de Serra do partido será danosa, não só para ele próprio quanto para Aécio e para o partido. O entendimento, porém, é que, mesmo não saindo do partido para se candidatar, Serra poderá atrapalhar Aécio, se ficar no PSDB emburrado.

Aécio tem se negado a comentar publicamente o dilema de Serra, mas a interlocutores diz: — As coisas vão se resolver naturalmente. Eu já fiz o gesto, não hostilizo, mas preciso cuidar da vida. Com todo respeito, vou esperar o que ele quer fazer. Conversa, agora, só depois do dia 5 ( de outubro), e vai depender só dele.

Na oposição, a recuperação da popularidade de Dilma tem sido saudada cmo positiva, pois afasta o risco da candidatura do ex-presidente Lula, que só em abril deve dizer se vai disputar a eleição. — Essa subida de Dilma é comemorada. Tirou o “volta Lula por enquanto. Queremos é Dilma. Somados os adversários, fica claro que a maioria da população não quer Dilma — diz Aécio.

Fonte: O Globo

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