terça-feira, 30 de julho de 2013

PT suaviza críticas a aliados e à economia

Texto polêmico é revisto em reunião extraordinária do diretório nacional

Tatiana Farah

SÃO PAULO - Para evitar confronto com o governo e com os partidos aliados da presidente Dilma Rousseff, o PT excluiu críticas à base aliada, à política econômica e à composição dos ministérios em documento aprovado ontem durante reunião extraordinária do diretório nacional em São Paulo. O diretório havia se reunido no dia 20 passado, mas não tinha aprovado o texto que trata das resoluções e da análise de conjuntura feitas pelos dirigentes do partido.

- O texto foi suavizado - criticou um dirigente nacional, que explicou que a ideia foi não confrontar o governo.

No documento anterior, os petistas diziam que era preciso fazer "inflexões necessárias na política econômica e na composição dos ministérios" e que "a evolução das necessidades do país coloca na agenda a revisão da política de alianças". O texto afirmava ainda que a base aliada do governo "não se dispunha a romper com os limites da institucionalidade conservadora".

No documento aprovado ontem e ainda não divulgado, o partido tenta mostrar unidade com o governo Dilma, mas, internamente, líderes petistas têm mostrado contrariedade com o Ministério e com a articulação do governo com os partidos e com a própria legenda. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, defendeu o novo documento:

- Havia proposta de rever alianças. Não dizia em que direção e com quem. E essa proposta foi rejeitada- afirmou Falcão, que justificou a retirada das críticas à equipe econômica: -É muito genérico isso, você falar que precisa fazer inflexões na política econômica. Inflexões em que direção? Nada disso foi mantido.

Candidato a presidente da legenda, Markus Sokol, da corrente de esquerda O Trabalho, afirmou que o texto foi "lipoaspirado" e que a revisão da política de alianças foi extraída para evitar polêmica.

- Rui Falcão me disse na reunião que minhas intenções são reconhecidas. E são mesmo: minhas intenções são romper com o PMDB - disse Sokol, que chamou o vice-presidente Michel Temer de "sabotador" porque o peemedebista atuou contra a realização do plebiscito da reforma política, proposto por Dilma após os protestos de rua.

Apesar da tentativa de harmonia com o governo, alguns dirigentes não escondem críticas à presidente Dilma, como o deputado Devanir Ribeiro (SP), que, entre elogios à presidente, deixou escapar:

- Ela erra na comunicação e no diálogo. Na política, ela não tem tanta tarimba como Lula, ela é mais dura. Temos um problema sério que é a interlocução. Tem de ouvir mais o líder do governo e os líderes do Congresso.

A reunião extraordinária do diretório nacional tratou ainda das regras para a eleição interna do partido, marcada para 10 de novembro. Segundo Falcão, os petistas vão gastar R$ 2 milhões no processo eleitoral. As regras foram flexibilizadas para aumentar o quorum da eleição. Atualmente, o PT tem mais de 1,6 milhão de filiados.

Fonte: O Globo

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