sexta-feira, 19 de julho de 2013

Pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos diz que não fará ‘política da pegadinha’ com o governo Dilma

Segundo governador de Pernambuco, ele vai ajudar presidente em propostas para o país

Letícia Lins

RECIFE — O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência em 2014, afirmou nesta quinta-feira que seu partido se recusa a fazer “política de pegadinha” com o governo federal. Segundo Campos, ele vai continuar ajudando a presidente Dilma Rousseff nas propostas que forem as melhores para o país. O governador fez a declaração ao encerrar uma reunião com 16 deputados federais e três senadores do PSB. O encontro foi em Recife, a portas fechadas, e durou mais de três horas.

De acordo com Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, a reunião teve por objetivo discutir as estratégias e a atuação da legenda para o segundo semestre, a formação das chapas proporcionais no estado e fazer uma avaliação da política brasileira. O governador confirmou que a Fundação João Mangabeira está orientada para elaborar um documento com propostas econômicas para o país. E, segundo os políticos que participaram da reunião, Campos não se posicionou como pré-candidato à sucessão presidencial. Mas também não disse que não era candidato, o que terminou deixando-os livres para amarrar apoios.

— Cutucaram, cutucaram, mas ele amarrou o bode — disse o Deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que é usou uma expressão da sua região para dizer que o socialista não cedeu à pressão para confirmar a candidatura.

Mesmo assim, Gonzaga Patriota e os correligionários disseram que saíram do encontro mais à vontade para trabalhar pela pré-candidatura de Eduardo Campos.

— O governador disse que não é hora de falar em candidatura, mas de organizar o partido para fortalecer as bases. Só temos mais três meses para novas filiações, e ele nos orientou para que só falemos em eleição presidencial em 2014. Mas não adianta ele dizer que não é candidato, porque todo mundo sabe que ele é. E a gente fecha com ele. Ele não disse que era, mas também não disse que não era. Então, vamos fazer o nosso trabalho, prospectar novos nomes, apoios, sairmos em busca de coligações. Antes, éramos eu e o Beto Albuquerque (PSB-RS) que fazíamos isso. Mas agora acho que são 31 deputados e cinco senadores trabalhando no mesmo ritmo —disse Gonzaga Patriota.

Mais comedido, o senador Rodrigo Rolemberg (PSB-DF) afirmou que o PSB é hoje o mais sintonizado com os anseios das ruas, e que isso já vinha sendo observado desde 2012, quando foi o que mais cresceu proporcionalmente. Ele disse que o partido pode repetir a mesma performance em 2014, e que o sentimento unânime é que o PSB tem condição de ter candidatura própria. Ele disse que o momento é o de mostrar compromisso com o país, construir uma agenda de acordo com os interesses da população, e fortalecer o projeto político da legenda.

Ao falar com a imprensa, o governador se negou a dizer que a pré-candidatura foi discutida na reunião. Voltou a dizer que “isso é assunto para 2014”. Afirmou que a posição do partido permanece de apoio ao governo, votando a favor de ações importantes para o país. E, ao ser indagado sobre a proposta do PMDB, que é partido da base do governo, em sugerir redução de ministérios da Presidente Dilma Rousseff, ele reclamou daqueles que fazem o velho modelo de política:

— O que queremos é que o Brasil retome o crescimento. Não queremos ver 2013 perdido. Nossa aposta é que o país possa melhorar. E se a gente quer dessa maneira, não vai fazer a velha política da pegadinha, do constrangimento. Vamos fazer política com conteúdo — disse Campos, reclamando daqueles que se aproveitam do momento delicado que o governo atravessa para expor mais ainda um governo do qual é aliado.

— E tem gente que prefere expor mais ainda a fragilidade quando tem oportunidade. Há um jeito de um fazer política e um outro jeito de fazer política. Nós não precisamos desse tipo de observação para nos aproximar do que preocupa as ruas — completou.

Fonte: O Globo

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