sábado, 6 de julho de 2013

Inflação em alta mobiliza governo

Com IPCA acima do limite pela segunda vez no ano, Planalto prevê corte de despesas e no imposto de insumos importados

Ao voltar a romper o limite da meta oficial, desta vez com mais força, a inflação de 6,7% acumulada em 12 meses até junho levou o governo a indicar maior corte de despesas para ajudar a conter os preços. A alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também cria mais expectativa para a reunião do Banco Central (BC), que na próxima semana deve elevar o juro básico.

Ontem, ainda antes da divulgação do IPCA, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que o governo irá ampliar em até R$ 15 bilhões o corte nas despesas previstas no orçamento deste ano. Outro bloqueio de R$ 28 bilhões havia sido definido em maio. O anúncio deve ocorrer na próxima semana. Em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, disse que serão reduzidas principalmente despesas de custeio.

– Não haverá cortes em investimento nem nos serviços sociais do governo – afirmou.

Mantega indicou que os cortes serão em viagens e passagens, material permanente, serviço de terceiros e aluguéis. De acordo com o ministro, o governo acompanhará o impacto ao longo do ano. Se houver necessidade, novas medidas serão tomadas, mas sem aumento de impostos, prometeu.

A redução das despesas é necessária para cumprir a meta de 2,3% do superávit primário – a soma das receitas e despesas do governo, descontados os gastos com pagamento de juros.

O governo também está estudando a redução do imposto cobrado sobre a importação de alguns insumos básicos, como aço, produtos químicos e fertilizantes. Porém, segundo Mantega, a medida só deve ser adotada em setembro. O imposto mais baixo alivia o impacto da alta do dólar nos preços dos insumos importados.

BC pode elevar juro mais uma vez na próxima semana

Na terça e quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir o juro, principal instrumento do governo para controlar os preços e cumprir a meta de inflação de 4,5% ao ano, com tolerância para variar entre 2,5% e 6,5%.

As apostas são de elevação de 0,50 a 0,75 ponto percentual. Caso o juro anual chegue a 8,5% – hoje está em 8% –, a poupança voltará à regra antiga, que dá remuneração maior.
Em março, o IPCA já havia ultrapassado o teto, mas voltou a ficar abaixo, embora perto, do limite nos dois meses seguintes. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Alexandre Tombini, tem repetido que a inflação está reduzindo o ritmo de alta e deverá voltar a ficar abaixo de 6,5% neste semestre. Na semana passada, porém, o BC elevou sua expectativa do IPCA neste ano de 5,7% para 6%.

A projeção de menor ritmo de aumento dos preços nos próximos meses é compartilhada por especialistas. As principais motivações são a se- quência de alívio nos itens de alimentação, já observado em junho, e a deflação esperada com o cancelamento de reajuste das passagens dos ônibus.

Há, ainda, tendência de queda nos preços de etanol e gasolina e o cancelamento do reajuste dos pedágios em São Paulo, lembra Fábio Romão, economista da consultoria LCA, que estima IPCA de 6,34% acumulado em 12 meses, dentro da margem. O percentual se aproxima do cálculo do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal: 6,3%.

O câmbio, no entanto, é o principal efeito complicador nesse cenário. De acordo com Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria Integrada, se o dólar estabilizar em torno de R$ 2,25, ante os R$ 2 de alguns meses atrás, o impacto direto dos 12,5% de alta da moeda americana será de 0,63 ponto percentual no IPCA de 2013. Jensen disse que a variação cambial já traz efeitos nos preços do atacado, mas ainda não são sentidos no varejo.

Fonte: Zero Hora (RS)

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