quarta-feira, 10 de julho de 2013

CNBB considera tempo exíguo para que população entenda tudo que irá escolher

PT, PDT e PCdoB continuam em busca de apoio da sociedade civil para que plebiscito valha para o ano que vem

Fernanda Krakovics, Catarina Alencastro

BRASÍLIA - Diante da implosão pelo Congresso da proposta da presidente Dilma Rousseff de fazer um plebiscito sobre reforma política valendo já para as eleições do ano que vem, dirigentes de PT, PCdoB e PDT tentam mobilizar entidades da sociedade civil e a população para pressionar deputados e senadores. O primeiro esforço, no entanto, foi em vão. Os presidentes dos três partidos ouviram ontem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a mesma preocupação manifestada pelos parlamentares: o pouco tempo para a consulta popular.

- Acho o tempo um pouco exíguo. A pessoa precisa entender didaticamente o que vai escolher. Há necessidade de a sociedade entender a diferença entre financiamento público e privado de campanha, lista fechada e aberta de candidatos, o que é voto distrital - ponderou o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, após receber os presidentes do PT, Rui Falcão; do PCdoB, Renato Rabelo, e do PDT, Carlos Lupi.

Apesar de considerar que não há tempo hábil para aprovar mudanças que tenham validade para as eleições do ano que vem, dom Steiner afirmou que a CNBB defende uma reforma política o mais rápido possível.

- Não dá para deixar para as calendas gregas - disse o secretário-geral da CNBB, ressaltando que a entidade tem sido muito procurada para discutir o assunto: - É um sufoco. No momento do aperto, a turma bate aqui.

Mesmo não tendo ouvido o que desejavam, os presidentes de PT, PCdoB e PDT deixaram a CNBB insistindo na ideia de fazer as mudanças para as eleições de 2014. E continuam em busca de apoio. Eles pediram uma audiência ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado. Rui Falcão criticou a decisão dos líderes da base aliada na Câmara de sepultar a proposta da presidente Dilma:

- Essa é uma decisão que não vai agradar à população.

No Palácio do Planalto, a ordem também é não jogar a toalha. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse ontem que outras possibilidades estão sendo discutidas no governo para manter a proposta de que a população participe diretamente da reforma política.

- Vamos verificar com calma como agir daqui para frente, mas nós não vamos abandonar, de maneira nenhuma, a ideia da consulta e da reforma política. Quando você acredita numa coisa você tem que insistir, tem que ir até o limite. Há outras possibilidades ainda que temos que discutir com a sociedade, eu prefiro não adiantá-las. Vamos com calma, sem reagir de forma intempestiva - afirmou Carvalho.

O presidente da OAB afirmou que a prioridade da entidade é recolher as assinaturas necessárias para a apresentação, no início de agosto, de um projeto de lei de iniciativa popular sobre o tema.

- A OAB não se opõe a plebiscito nem a referendo, contanto que não atrapalhe algo que poderia ser feito de forma mais rápida. Mas, se o plebiscito não está tendo o apoio do Congresso, é melhor outra forma de participação popular - afirmou Furtado.

Fonte: O Globo

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