domingo, 30 de junho de 2013

Sinal amarelo para Dilma

Datafolha: aprovação de Dilma despenca de 57% para 30%

Pesquisa Datafolha mostra que, após protestos, aprovação do governo caiu de 57% para 30%

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A queda acentuada na popularidade da presidente Dilma Rousseff, mostrada na pesquisa Datafolha divulgada ontem pelo jornal "Folha de S. Paulo", acendeu um alerta entre políticos do PT e de partidos da base. A opinião de aliados ouvidos pelo GLOBO é que uma diminuição já era esperada, mas a dimensão da queda preocupa. Alguns já questionam, reservadamente, a viabilidade da candidatura de Dilma à reeleição em 2014.

Os números indicam a queda de 57% para 30% na aprovação do governo Dilma. O percentual dos que acham que a inflação vai aumentar passou de 51% para 54%. A pesquisa foi realizada em 27 e 28 de junho, depois da onda de manifestações no país. E são comparados com pesquisas dos dias 6 e 7 de junho. É a maior queda na aprovação de um presidente, entre uma pesquisa e outra, desde o plano econômico do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, quando houve o confisco da poupança.

O senador Wellington Dias (PT-PI), líder do partido no Senado, que faltou à última reunião da presidente com os líderes da base, deu o tom de como as pesquisas de popularidade afetam as decisões do partido em relação às eleições. Wellington lembrou que os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula só foram apoiados por seus partidos à reeleição porque, no ano da disputa, encontravam-se bem avaliados.

- A eleição é daqui a um ano e vamos considerar a conjuntura. Assim como Fernando Henrique e Lula estavam bem posicionados no período da eleição e foram candidatos à reeleição, a Dilma é presidente e, se ela estiver bem posicionada em 2014, será a nossa candidata. Isso é o que estamos sentindo nas reuniões do PT - disse.

O senador ressaltou que as manifestações contêm reação contra políticos e instituições em geral e que, no caso de Lula, não haveria resistência direta, já que ele não exerce mandato.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu que o PT foi surpreendido com o nível da queda na popularidade de Dilma. O deputado ressaltou que é preciso, agora, tentar interpretar o que a população quer, mas descartou possível volta de Lula, no caso de Dilma não se recuperar do desgaste.

- A pesquisa surpreende no percentual da queda. Não há o que comemorar, mas a presidente e o governo agora têm de ouvir o recado das ruas e continuar trabalhando. É evidente que quem está no governo sofre desgaste maior, e Lula sempre foi muito bem avaliado, mas qualquer relação sobre isso agora é pura especulação, 2014 ainda está muito longe - afirmou o deputado.

O deputado André Vargas (PT-PR) destaca que Dilma tem 30% de aprovação e que cerca de 40% dos entrevistados consideram o governo regular. Para ele, a queda de Dilma na preferência popular não fortalece o movimento "Volta, Lula".

- A presidente Dilma é a candidata e Lula é o grande cabo eleitoral - disse Vargas.

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), um dos parlamentares da base que reclamam do tratamento recebido pela presidente, aponta que chegou ao fim o "favoritismo" em que Dilma se apoiou nestes primeiros anos de governo. Com isso, diz, ela será forçada a ouvir mais sua base:

- O que logicamente acabou foi o favoritismo que havia sobre ela, que todo mundo considerava imbatível. Em três semanas, tudo mudou, o quadro ficou mais difícil para ela e o PT. É inegável que, quando um político perde a aprovação popular, fica menos independente em relação ao Congresso.

O presidente do PT, Rui Falcão, recusou-se a comentar uma possível candidatura de Lula. Ele diz que a pesquisa foi "feita no olho do furacão":

- Era previsível que pudesse ocorrer queda.

Falcão destaca que a pesquisa aponta um sinal, na sua avaliação, contraditório, ao mostrar aprovação da população às propostas de plebiscito e reforma política apresentadas por Dilma:

- A aprovação a essas iniciativas traduzem a possibilidade de recuperação. O processo está em andamento. As iniciativas políticas que ela tomou neste momento, tanto o plebiscito como a reforma política, têm ampla aprovação.

Fonte: O Globo

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