domingo, 12 de maio de 2013

Nas ruas, Rede aposta na força dos jovens

Em Pernambuco, futuro partido instalará dois pontos para coletar assinaturas buscando consolidar fundação. Ex-ministra Marina Silva desembarca no Recife na terça

Gabriela López

Na corrida contra o tempo para conseguir as 500 mil assinaturas necessárias para viabilizar o Rede Sustentabilidade - partido que a ex-senadora do Acre pelo PV Marina Silva tenta criar - os membros da Comissão nacional provisória e militantes vão intensificar a coleta a partir deste mês.

De acordo com um dos integrantes do grupo e ex-deputado Roberto Leandro (ex-PT e ex-PV), a ideia é recolher o mínimo necessário até junho. "Queremos ter uma margem de segurança", explica. Isto porque ocorre erros no preenchimento do formulário. Em entrevista recente à imprensa, Marina afirmou que cerca de 30% das assinaturas já coletadas não devem ser reconhecidas pela Justiça Eleitoral por causa de falhas.

Em Pernambuco, a intensificação terá um reforço de peso: a visita da ex-senadora na próxima terça (14) e quarta-feira (15). Também serão instalados dois pontos fixos de coleta no Recife, cujos locais não foram definidos.

A coleta no Estado está sendo feita principalmente na capital, em áreas como a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o Recife Antigo e na central de carregamento do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM). As tentativas ocorrem pelo menos duas vezes por semana, principalmente nos sábados e domingos, quando as pessoas estão menos apressadas. Os locais têm um aspecto em comum, além do grande fluxo de pessoas: alta concentração de jovens.

Embora ressalte que o futuro partido tenha adesão de pessoas de todas as classes e idades, Roberto Leandro reconhece que "o potencial é maior" dentro do público formado por jovens universitários. "No geral, cerca de 80% das pessoas que conversamos assina", garante.

Anteontem, uma equipe de três militantes coletou apoios nas imediações da Unicap por cerca de uma hora. A maioria das pessoas que puderam escutar a proposta da Rede concordaram em dar a assinatura. Quem não assinou geralmente foram pessoas que sequer tiveram tempo de parar e saber do que se tratara.

A estudante Graciely Castro, 34 anos, votou em Marina na eleição presidencial de 2010 e foi uma das que aceitou contribuir. "Conheço o trabalho dela e acho sério e compromissado. Acho as questões ambientais que ela defende importantes para o País", destacou.

O universitário Thiago de Carvalho, 20, avalia que a ex-senadora "tem ideias inovadoras" e assinou o documento "para ter uma opção de voto" na eleição presidencial do próximo ano.

Já a estudante Julia Lins, 19, preferiu não assinar. "Sou mais Lula e Dima. Não acredito muito nas propostas dela. São muito utópicas", sentenciou. A universitária conhecia Marina, mas não sabiam das articulações para criar o novo partido.

O saldo final da última quinta-feira foram, aproximadamente, 150 assinaturas, que se somam as mais de 9 mil obtidas até agora em Pernambuco.

De Goiana ao Recife para coletar apoios

Há três semanas, o aposentado Manoel Ferreira, de 56 anos, mudou de rotina. Desde o último dia 23, ele sai de casa todos os dias, de segunda a sexta-feira, entre 6h e 7h e percorre, de ônibus, 65 quilômetros de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, até o Recife. Ele assumiu espontaneamente o compromisso de ajudar a coletar parte das 500 mil assinaturas necessárias para criar o Rede Sustentabilidade, partido que a ex-senadora Marina Silva articula.

Manoel costuma ir à central de carregamento do Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), na Boa Vista, área central. Com paciência, explica o que é o Rede e pede apoio. Quando a pessoa abordada diz que está sem tempo, ele tira do bolso um pequeno papel onde está escrito o site do futuro partido para ser consultado depois.

"Sou aposentado e não gosto de ficar em casa. Então, também é uma ocupação para mim", conta. Quando não tem dinheiro para a passagem do ônibus, a Comissão nacional provisória do Rede o ajuda.

Manoel foi um dos fundadores do PT em Pernambuco e sempre atuou como militante, sem ocupar cargos políticos.

Há cerca de dois anos saiu do PT e se interessou pela Rede por causa da defesa de Marina em torno do meio ambiente. "Não resta dúvidas de que está na hora de se engajar. Minhas filhas são jovens e precisam de um País melhor", observa. 

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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