terça-feira, 14 de maio de 2013

Marina defende nome de Campos, mas não sinaliza apoio

A presidenciável esteve no Ceará para tentar reunir assinaturas em prol da criação de seu novo partido, o Rede Sustentabilidade. Hoje, vai a Recife para "visita de cortesia" ao possível adversário em 2014

Giuliano Vandson

Na primeira visita a Fortaleza desde a campanha eleitoral de 2012, a ex-senadora e provável candidata à presidente da República em 2014, Marina Silva, deu sinais de que, em possível segundo turno em 2014, não apoiará nenhum dos três concorrentes mais competitivos até agora: a atual chefe do Planalto, Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). “Nenhum deles assumiu a sustentabilidade como eixo. Mas, isso não nos impede de dialogar com algumas pessoas desses partidos”, afirmou Marina, que veio à capital cearense para agenda de mobilização em favor da criação de um 31º partido no Brasil, a Rede Sustentabilidade, da qual ela é a principal líder.

Como amostra do “diálogo” possível com adversários, Marina estará hoje em Recife para “visita de cortesia” a Campos, que, assim como ela, tem questionado o projeto de lei, em tramitação no Congresso Nacional, que inibe a criação de novas siglas no País. Sobre se a visita poderá aproximá-la politicamente do governador, Marina disse que não vai “antecipar as eleições” – algo que repetiu ao longo da entrevista coletiva ontem. A ex-senadora, no entanto, defendeu a candidatura do pernambucano ao afirmar que “quanto mais estrelas no céu, mais claro ficará o caminho”. Ela garantiu que o Rede não fará “nenhuma aliança pragmática”.

Evangélicos

No contexto de tensão na relação entre parte da bancada evangélica no Congresso e alguns setores da sociedade, Marina disse considerar o debate “legítimo”, mas defendeu o Estado laico e condenou o que chamou de “instrumentalização” política da fé. Marina é evangélica e, na campanha presidencial de 2010, protagonizou discussões de cunho moral e religioso. Ela negou, no entanto, que tenha usado o tema para conseguir votos.

A ex-senadora evitou polemizar sobre o tema, e disse não conhecer detalhes de projetos controversos, como o que autoriza o tratamento psicológico para alterar a condição sexual homossexual – apelidado de “cura gay” – e o que autoriza entidades religiosas a entrarem com ações diretas de inconstitucionalidade no STF.

Marina está em “turnê” para reunir as 500 mil assinaturas que possibilitarão a criação do Rede Sustentabilidade. Cerca de 300 mil já estão contabilizadas. A expectativa do grupo é que o Ceará reúna cerca de 50 mil nomes.

Heitor e Lúcio assinam lista em favor da Rede

O deputado estadual Heitor Férrer (PDT) participou da primeira atividade da ex-senadora Marina Silva em Fortaleza e assinou o documento em favor da criação do partido Rede de Sustentabilidade. Ele disse que o gesto é uma forma “de solidariedade e gratidão” à possível presidenciável, que participou da campanha de Heitor a prefeito de Fortaleza, no ano passado. Perguntado se votará em Marina caso ela dispute a Presidência da República em 2014, o parlamentar disse que “o voto é secreto”, mas que seguirá as orientações do partido. O PDT é aliado da presidente Dilma Rousseff (PT). “Eu defenderei o projeto do partido, sou um homem de partido”, afirmou, após acrescentar que comunicou ao presidente estadual da legenda, deputado federal André Figueiredo, sobre a recepção à Marina.

Heitor disse que seu consultório médico e seu gabinete parlamentar estão abertos à coleta de novas assinaturas – são necessárias cerca de 500 mil, em todo o Brasil, para que a sigla seja formalizada. Sobre uma possível transferência para o partido de Marina, o deputado disse que o difícil não é entrar na Rede, mas “difícil é sair do PDT”. Além de Heitor, também assinaram o documento pró-Rede o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara (PR), cuja sigla também é aliada de Dilma na esfera nacional.

Fonte: O Povo (CE)

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