sexta-feira, 3 de maio de 2013

Campos critica indexação da economia

Murillo Camarotto

RECIFE - Questionado ontem sobre as declarações do senador Aécio Neves (PSDB), que nas comemorações do 1º de Maio acusou o governo federal de leniência com a inflação crescente, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), preferiu não endossar as declarações do tucano, mas não perdeu a chance de alfinetar o Palácio do Planalto.

"Não faço esse tipo de declaração [de que o governo é leniente com a inflação]. Devemos conversar e ajudar nesse processo. Temos que ter cuidado, não adianta esconder os problemas", disse o governador, após vistoriar obras de uma barragem no interior de Pernambuco.

Apesar da aproximação com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que tem defendido a volta das correções trimestrais dos salários, com base na inflação, Campos disse ser contra a indexação que, a seu ver, é "um veneno escondido em frasco de remédio".

Campos defende um esforço para a desindexação da economia, sob o risco de a inflação voltar a corroer a renda da população. "Temos como grande conquista da nação brasileira pôr fim à inflação, mas ainda tem muita coisa indexada. Com inflação, os ricos e as instituições financeiras conseguem conservar seu patrimônio. Mas quem vive de salário, aposentadoria e biscate não consegue", disse.

Na avaliação do pernambucano, o combate à inflação não pode resultar em desaceleração "acentuada e recessiva" da economia. "Tem forma de combater sem derreter o emprego, sem parar demais a economia e fazer com que a gente possa passar esse momento crítico sem repique", disse Campos, para quem o principal desafio é diagnosticar corretamente a origem do processo inflacionário.

Em vez de endossar as declarações de Aécio, o governador de Pernambuco criticou o uso eleitoral do tema da inflação. "A quem interessa que a inflação volte? Não é possível que interesse a ninguém. Será que tem alguém torcendo para que não tenha crescimento econômico?", alfinetou Campos.

Poucos dias depois de uma infrutífera disputa de chavões eleitorais entre PT e PSB, acerca da necessidade de o país "fazer mais" ou "cada vez mais", já circulam no Recife adesivos alusivos à campanha presidencial do governador de Pernambuco. O slogan, entretanto, é outro: "Eduardo Campos presidente, isso é urgente", diz o material, impresso nas cores amarela e vermelha.

Fonte: Valor Econômico

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