terça-feira, 2 de abril de 2013

Após desoneração, 65 produtos da cesta básica encarecem

.Pesquisa com 138 itens mostra que apenas 11 reduziram preços dentro da meta do governo

Superintendente da Amis afirma que desoneração chega entre 30 e 60 dias

Paulo Nascimento

Mais de três semanas se passaram desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou a desoneração integral dos impostos federais sobre os itens da cesta básica, mas, até agora, o consumidor não foi integralmente beneficiado. Os preços praticados pelos estabelecimentos de Belo Horizonte e região metropolitana ainda não caíram no patamar estimado pelo governo, de 10%. O site Mercado Mineiro pesquisou valores de 138 produtos que compõem a cesta básica e verificou que apenas 11 deles tiveram redução dentro ou acima da meta anunciada pela presidente.

O quilo da fraldinha caiu 11,6% no período. Já a alcatra teve queda de 12,44%. No entanto, a oscilação é decorrente do período de quaresma, quando, tradicionalmente, os preços sofrem essa redução no mercado. "Infelizmente, os frigoríficos não repassam os valores. A decisão é só `fachada´, e fica só no papel", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes, Derivados Frios, Casas de Carnes e Congêneres de Minas Gerais (Sindicarne), Ronaldo Pinheiro.

Já 65 produtos tiveram alta, segundo a pesquisa do site. O quilo do feijão carioca teve reajuste de 10,69%, enquanto o repolho chegou a dobrar de valor.

A pesquisa mostra redução de preços modesta em alguns itens importantes. O pacote de 5 kg de arroz, por exemplo, barateou apenas 2,52%, com o preço médio indo de R$ 12,72 para R$ 12,40. "Precisamos de boa vontade por parte dos empresários para que eles repassem a redução do imposto, na íntegra, para o preço final. E o consumidor, por sua vez, deve questionar os valores e cobrar dos estabelecimentos a redução", reforça o diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. A pesquisa foi realizada em 11 supermercados, 22 açougues, 8 sacolões e 25 padarias da capital e região. "O consumidor tem o argumento do governo", completa Abreu.

Para as entidades que representam o setor, as explicações são diversas. "Não é uma conta simples, visto o emaranhado do sistema tributário brasileiro. Cada produto tem uma lógica de tributação diferente, mas estamos alinhando nossos associados em relação a isso" diz o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues.

Ele frisa que há uma fórmula específica que os supermercados devem trabalhar para calcular os preços. "Entre 30 e 60 dias, os itens serão completamente desonerados nos estabelecimentos", atesta o superintendente da Amis.

Preço do pão também subiu

A pesquisa do Mercado Mineiro também identificou alta no preço dos pães francês (2,24%) e de forma (8,97%). O presidente do Sindicato da Indústria da Panificação de Minas Gerais (Sip-MG), José Batista de Oliveira, diz que as empresas que operam no Simples Nacional – 95% do mercado da panificação – teriam que alterar a Lei Complementar 123, que assegura a arrecadação do PIS e do Cofins, para repassarem a desoneração.

Mercado aposta em inflação alta

A projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013 foi mantida em 5,71%, na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central ontem. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,70%. Para 2014, a projeção subiu pela terceira semana consecutiva, passando de 5,60% para 5,68%. Há quatro semanas, estava em 5,50%.

A projeção de alta da inflação para os próximos 12 meses subiu de 5,42% para 5,43%, conforme a projeção suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,62%. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2013 no cenário de médio prazo subiu de 5,72% para 5,79%.

Para 2014, a previsão dos cinco analistas segue em 6,05%. Há um mês, o grupo apostava em altas de 5,57% e de 6,20% para cada ano,

Fonte: O Tempo (MG)

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