quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ao tomar posse, Borges defende alvo de 'faxina'

Diante de Dilma, ministro dos Transportes diz que Alfredo Nascimento foi injustiçado

Catarina Alencastro, Danilo Fariello

BRASÍLIA - Em uma cerimônia sóbria e rápida no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff deu posse ontem ao novo ministro dos Transportes, César Borges (PR), demonstrando pesar por ter de abrir mão de Paulo Sérgio Passos, pessoa de sua confiança, no comando da pasta. A troca ocorreu para levar o PR de volta à base aliada do governo e reforçar seu palanque em 2014. Ao ser empossado, Borges, cuja escolha foi bancada pelo presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM) - contra os nomes indicados pela bancada do partido na Câmara -, fez um desagravo ao ex-ministro, demitido do cargo em meio a denúncias de corrupção, na "faxina ética" da presidente.

Borges disse que Nascimento foi injustiçado e que devia estar recompensado pelos aplausos da plateia de ontem - na qual se incluía o próprio ex-ministro, sem direito a subir ao palco, como outros presidentes de partidos na posse de seus ministros. O líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho (RJ), compareceu, bem como Mário Negromonte (PR-BA), outro ex-ministro-alvo da faxina, e Paulo Maluf (PR-SP).

- O senador deve estar pensando como é voltar para este ministério onde já trabalhou e como é estar diante dessa plateia que hoje o aplaude - disse Borges. - Hoje, se corrige uma injustiça cometida a Vossa Excelência, que foi denunciado, mas nada, nada, nada sendo provado.

Dilma aproveitou o evento para, ao elogiar Passos, anunciá-lo como sua indicação para a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Ela avisou ao novo ministro que ele terá grandes desafios e que herda uma estrutura que não pode ser mexida, indicando que não aceitará aparelhamento do ministério pelo partido.

- O César Borges consolida a participação do Partido da República na nossa coalizão de governo. O que, para nós, também é muito importante. E o faz de forma extremamente qualificada. O PR é um partido que está conosco desde o dia em que o grande brasileiro José Alencar concorreu à Vice-Presidência da República, em dobradinha com o ex-presidente Lula. O que nos levou à vitória nas três eleições que se seguiram - disse Dilma, enfatizando os motivos que a levaram a mudar o comando da pasta.

Sem mudanças à vista

A presidente ressaltou a qualificação de Borges como engenheiro e sua experiência política. E reiterou a importância do Ministério dos Transportes para a consolidação da infraestrutura do país, que, reconheceu, enfrenta gargalos.

- A área de transporte é absolutamente fundamental para o governo e para o Brasil. Nossos governos, o meu e o do presidente Lula, trabalharam e têm trabalhado intensamente pela melhoria da infraestrutura de transporte de nosso país. Sabemos que ainda há gargalos a serem superados, e que temos de avançar muito mais, mas muito já foi feito nestes anos - afirmou a presidente.

Dilma citou os diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), general Jorge Fraxe, e da Valec, Josias Sampaio, como pessoas fundamentais para dar continuidade aos trabalhos em andamento na área. O novo ministro, por sua vez, reforçou que não há mudanças à vista nas diretorias de autarquias ligadas ao ministério, como Dnit e Valec:

- Já entro em um ministério onde há uma estruturação, um planejamento estratégico. O que vamos fazer agora é pisar no acelerador para transformar da forma mais rápida possível as estradas, ferrovias e acessos para produtos agrícolas que precisam ir aos portos brasileiros - disse Borges.

Fonte: O Globo

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