sábado, 2 de março de 2013

PIB fraco não afetará eleição de 2014, diz analistas

Eleitores estariam mais preocupados com renda, emprego e consumo do que com a expansão da economia

Manuela Andreoni

O aumento de apenas 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, anunciado ontem pelo IBGE, não animou. A oposição logo criticou: a política econômica seria um "jogo de faz de conta" e a economia estaria "estagnada". Economistas não se cansaram de alertar para uma condução por vezes atrapalhada da economia e para um protecionismo excessivo. A necessidade de enxugar gastos públicos e fortalecer os investimentos também foi tema constante. Mas será que, para o cidadão, o PIB é a bruxa má?

Segundo analistas, mesmo após o chamado Pibinho, o povo, com dinheiro no bolso, carteira assinada e TV na sala, não deverá ligar muito para o assunto que esquentou o noticiário econômico. Em 2014, a presidente Dilma Rousseff continua a ser forte candidata. O resultado deste ano é, sim, essencial para que o governo continue agradando ao eleitorado. Mas, com a expectativa de crescimento de 3% em 2013, a avaliação é que só um desastre faria o eleitorado mudar de ideia.

- A imagem da Dilma é de grande gestora. E um dos critérios para isso é a geração de emprego e renda. A população reclama basicamente quando falta dinheiro no bolso. E isso não está acontecendo - diz Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).

Os resultados positivos de 2012 são exatamente aqueles que afetam diretamente a população. Mesmo com o Pibinho e a queda no investimento no ano - que voltou a subir no quarto trimestre -, a taxa de desemprego está historicamente baixa, em 5,5%. A massa salarial cresceu 6% e a renda teve um aumento real de 6%. Com isso, a expansão do consumo das famílias foi de 3,1%.

A pesquisa CNI/Ibope divulgada em dezembro mostrou que o governo Dilma é avaliado como ótimo ou bom por 62% dos entrevistados, o mais alto percentual desde que ela assumiu a Presidência. Isso depois de ser anunciado o crescimento pífio do terceiro trimestre, de 0,6% (ontem, foi revisto para uma alta de 0,4%), que surpreendeu, negativamente, o governo e o mercado. A revista britânica "The Economist" chegou a pedir a cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Segundo a economista Hildete Pereira de Melo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o empresariado lidou com o baixo crescimento como uma fase passageira e não demitiu os trabalhadores. Com o mercado de trabalho aquecido, o salário - com aumentos reais anuais - subiu. Para o trabalhador, não há crise.

Fonte: O Globo

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