domingo, 31 de março de 2013

Na trilha do Golpe ganha nova edição

Resultado de uma série de reportagens produzida por jornalistas do JC entre outubro de 2003 e março de 2004, o livro, uma parceria com a Fundaj, volta às livrarias

Carolina Albuquerque

Hoje, quando o Brasil relembra 49 anos de um dos momentos mais sombrios da história recente, o golpe militar de 1964, chega às bancas uma edição revisada do livro Na Trilha do Golpe, resultado de uma série de reportagem produzida por jornalistas do JC entre outubro de 2003 e março de 2004, numa parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Lançada há nove anos, a publicação traz reflexões sobre as origens e as circunstâncias que culminaram com o Regime Militar (1964-1985). Com edição original esgotada nas livrarias, a Fundaj disponibiliza para venda 500 novos exemplares.

Sob a orientação do cientista político da Fundaj Túlio Velho Barreto e do diretor-adjunto de Redação do JC, Laurindo Ferreira, uma equipe de dez repórteres foram escalados para se debruçarem sobre a literatura e documentos históricos referentes à década que antecedeu o dia 31 de março de 1964. O trabalho resultou em 22 reportagens, oito entrevistas, nove depoimentos, além de uma compilação de documentos consultados daquela época. De acordo com Túlio, alguns personagens falaram pela primeira vez à reportagem, como Alexina Crêspo, a primeira esposa do líder das Ligas Camponesas Francisco Julião. Além, claro, de figuras políticas que viveram diretamente aqueles momentos, como o ex-governador Miguel Arraes, deposto pelo regime, e o ministro de estado do regime militar Jarbas Passarinho.

O livro de 293 páginas se organiza a partir de quatro temas principais: Política, Economia, Cultura e Cotidiano e Movimentos Sociais. Através da linguagem objetiva e descritiva, as reportagens são fruto da interação de ambientes distintos: a redação e a academia. Responsável pela direção editorial da série e do livro, o jornalista Laurindo Ferreira destaca que a conexão desses dois "mundos" rendeu reflexões diferenciadas. "A gente trouxe para o projeto também vários cientistas sociais. Foi uma experiência interessante porque foi uma fusão das questões acadêmicas com o texto jornalístico. O livro traz bem essa perspectiva, um produto de fusão e entendimento da pesquisa, da ciência, com o jornalismo. Esse foi um ganho legal para a redação", explicou.

À época, o ex-ministro da Justiça Fernando Lyra, falecido recentemente, assumia a direção da Fundaj. "Ele recebeu o projeto jornalístico com muito entusiasmo. Naquele momento, posso dizer, a Fundaj se aliou ao processo de revisão da historiografia do que significou o golpe militar. Apesar de passados 40 anos, havia ainda publicações em que se referiam como ‘revolução’ militar em vez de golpe. O livro contribui para questionar isso", disse Barreto.

A limpo

Na sequência do trabalho de reportagem aconteceu um grande seminário sobre o tema, naquele abril de 2004. Também como resultado dos dias intensos de debate, publicou-se o livro 1964: O Golpe passado a limpo. É uma compilação de artigos acadêmicos e dos debates travados. Organizado por Túlio Velho Barreto e Rita de Cássia de Araújo, o livro já está à venda.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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