domingo, 24 de março de 2013

"Eduardo uniu o Estado politicamente"

Durante o almoço que ofereceu ao governador, senador convoca Eduardo a disputar a Presidência e afirma que ele precisa mostrar a "boa administração" que faz

Ayrton Maciel

Diante de históricos militantes e dirigentes peemedebistas e socialistas, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) declarou, ontem, apoio formal à provável candidatura a presidente da República, em 2014, do governador Eduardo Campos (PSB). Em discurso de saudação a Eduardo, no almoço - um cozido - de consolidação do reatamento político, o ex-governador convocou o presidente nacional do PSB a aceitar ser candidato, anunciou que estará até o fim com Eduardo na caminhada à Presidência e conclamou o socialista a não se intimidar, saindo pelo País a divulgar sua boa gestão e "a unidade administrativa e política" que conseguiu em Pernambuco. "Temos que divulgar isso, dentro e fora do Estado, para você poder avançar. Não se preocupe. Se não der certo, a gente estará com você. Eu só quero que você diga, a partir de hoje (ontem), 23 de março, que você faz boa administração e uniu o Estado politicamente", exaltou sob aplausos.

Em resposta, mesmo declarando respeito à presidente Dilma Rousseff (PT), Eduardo sinalizou que aceita a convocação, traduzindo a posição em frases objetivas e diretas, recebidas efusivamente. "O País precisa de um novo pacto político, nova agenda e novas posturas. Nem tudo que a gente fez está acabado, nem tudo está feito, podemos melhorar. Temos que debater uma nova agenda", apontou no discurso.

O encontro reuniu Eduardo e Jarbas, ao lado do senador Armando Monteiro Neto (PTB) - também reatado com o peemedebista -, os presidentes do TJPE, TCE e Assembleia Legislativa, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e secretários de Estado e da capital. Jarbas, que no início da tarde já tinha dito que considerava Eduardo "um dissidente" do governo Dilma, definiu o ato como uma declaração de apoio à candidatura. "É sim. O lançamento, é ele quem vai definir o momento. É importante que ele diga para Pernambuco e o País que nos uniu. Acho que ele é candidato. Se não for, respeitarei também", ratificou a convocação.

Eduardo, no agradecimento, lembrou o papel histórico de Jarbas no combate à ditadura de 64, um político que "não se vendeu", e afirmou que ali estavam militantes da luta pela redemocratização que fazem política com "P" maiúsculo. "Nos grandes momentos da nação, Pernambuco se uniu em favor do País", lembrou Eduardo.

Senador já vê socialista como dissidente

Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Rousseff, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista "já é um dissidente". A declaração veio durante almoço servido na casa de praia de Jarbas, na Região Metropolitana do Recife, ontem à tarde, do qual Campos participou.

"Na proporção que ele (Eduardo) continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas, referindo-se à reportagem da Folha de S.Paulo publicada há uma semana que revelou bastidores do encontro do governador com empresários em São Paulo. Na ocasião, Eduardo disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.

O senador deixou claro que a afirmação sobre a dissidência é uma análise pessoal, mas falou sobre o assunto ao lado do governador. Ex-desafeto político de Eduardo e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência.

"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado, querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "Isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".

O senador disse que há gente da base do governo interessada na aproximação com Eduardo e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), entre outros.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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