sexta-feira, 22 de março de 2013

Dilma segura reajuste de ônibus e plano de saúde

"Pacote de bondades" inclui corte de imposto do óleo diesel e abatimento de PIS/Cofins das operadoras

Menos de 15 dias depois de zerar os impostos de parte dos produtos da cesta básica, o governo já prepara novo "pacote de bondades" para conter a inflação, desta vez com foco na redução de custos das empresas de transporte coletivo e nos planos de saúde. Uma das medidas deve ser a desoneração do PIS e da Cofins que incidem sobre o óleo diesel , o que atenuaria o reajuste nas passagens de ônibus, previsto para julho em São Paulo e no Rio. Também estão em estudo a revisão da elevação do Imposto de Importação sobre borracha sintética e a redução de tributos para pneus importados. O aumento das passagens deveria ter ocorrido em janeiro, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos prefeitos que postergassem a medida para o segundo semestre, quando a equipe econômica acredita que a inflação começará a cair. Para os planos de saúde, também está em estudo o corte do PIS e da Cofins das empresas.

Para conter inflação, governo tenta evitar alta das passagens de ônibus

Pacote para o consumidor prevê corte de abatimento de PIS/Cofins dos planos de saúde

João Villaverde

BRASÍLIA - Depois de cortar o preço da conta de luz e desonerar a cesta básica, a presidente Dilma Rousseff prepara um novo pacote de bondades para o consumidor. Dessa vez o foco será a redução de custos das empresas de transporte coletivo e dos planos de saúde.

A presidente deve autorizar a desoneração do PIS e da Cofins que incide sobre o óleo diesel. Esse barateamento do combustível dos ônibus deve atenuar os reajustes nas passagens dos transportes coletivos previstos para 1º de julho nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro.

Num cenário "ótimo" trabalhado pela equipe econômica, em que o reajuste não seja concedido pelos prefeitos, o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deixaria de subir até 0,2 ponto porcentual no ano.

As contas seguem o mesmo exercício feito para a desoneração da cesta básica, quando se previa em Brasília uma queda de o,6 ponto do IPCA. A redução, no entanto, deve ser de 0,4 ponto porcentual, no máximo.

Desde o início do ano, o governo vem tentando adiar a implantação de medidas que geram impacto direto sobre a inflação. O reajuste das passagens de ônibus, por exemplo, deveria ter ocorrido em janeiro, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu aos prefeitos que adiassem o aumento para o segundo semestre, quando o governo acredita que a inflação começará a declinar. Para convencer os prefeitos, Mantega argumentou, na época, que as empresas do setor começariam a ter o benefício da desoneração da folha naquele mês, e, portanto, poderiam segurar o aumento.

Além da desoneração do diesel, o governo estuda rever a elevação do Imposto de Importação sobre borracha sintética, insumo básico para a produção pneus, que conta com apenas um fabricante nacional.

Integrantes da equipe econômica defendem também a redução do tributo para pneus de ôni: bus importados, cuja alíquota passou de 16% para 25% em setembro do ano passado. Ainda não há decisão fechada sobre essas duas ações.

Saúde. Para os planos de saúde, que atendem quase 50 milhões de brasileiros, o governo estuda o corte do PIS e da Cofins que incidem sobre o faturamento das empresas. Outro benefício que deve provocar impacto nos planos é a desoneração da folha de pagamento de hospitais, que deve ser sancionada pela presidente Dilma até 2 de abril.

O governo ainda está dividido sobre a ideia de cortar o PIS/Cofins para os planos de saúde, já que esses tributos servem para financiar indiretamente o Sistema Único de Saúde (SUS).

Se a redução de impostos vingar, o governo pretende exigir como contrapartida melhorias no atendimento ao consumidor, considerado ponto fraco das companhias. Das empresas de impacto, da ação sobre a arrecadação e sobre o Orçamento.

O governo ainda analisa o que será sancionado e vetado na Medida Provisória (MP) 582, que inclui dezenas de setores contemplados pela desoneração da folha. O segmento de serviços hospitalares deve escapar do veto.

Como a desoneração representa menos dinheiro no caixa federal, a presidente Dilma pode sancionar o benefício no início do próximo mês, mas jogar para julho a entrada em vigor da medida. Com isso, será possível adiar em pelo menos três meses o impacto, da ação sobre a arrecadação e sobre o Orçamento.

Adiamento

Os reajustes nas passagens de ônibus em São Paulo e Rio deveriam ter ocorrido em janeiro, mas o ministro Guido Mantega pediu aos prefeitos que deixassem o aumento para o 2º semestre.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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