domingo, 17 de março de 2013

Campos já avalia cenário eleitoral e prioriza Sudeste

Meta do governador de Pernambuco é crescer em MG, SP e RJ

Maria Lima

Irreversível. Após passagem por Brasília, onde esteve em encontro de governadores, Campos demonstrou surpresa a aliados com apoios recebidos

BRASÍLIA - "Estou ficando apavorado!". Essa foi a reação do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao comentar com os aliados, durante a passagem por Brasília essa semana, sobre a quantidade de adesões e os rumos que tem tomado a já irreversível candidatura a presidente em 2014. Mas estar apavorado não quer dizer que pode desistir. Pelo contrário. Esta semana mesmo, Campos avaliou com seu grupo os cenários em todas as regiões do país onde o PSB e os adversários - PT e PSDB -enfrentam dificuldades, os ataques que começam a sofrer dentro e fora do governo, o discurso que terá que adotar, e a posição dúbia do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff em relação a sua eventual candidatura.

A primeira conclusão de Eduardo Campos, nessas conversas, é que ele teria uma posição confortável no Nordeste, onde ajudou Dilma a ter uma dianteira de 10 milhões de votos na última eleição. Mas precisa construir caminhos para entrar em Minas, São Paulo e Rio. A divisão do PSDB em São Paulo e a fragilidade do partido no Rio, acredita, são pontos favoráveis e podem abrir esses caminhos.

A tomada de posição sobre um acordo para reabrir a discussão sobre distribuição de royalties foi um primeiro passo para Eduardo Campos botar os pés no Rio. A aposta é, principalmente, nas crises do PSDB e PT nesses dois estados.

Mapa mostrado por ele aos interlocutores desta semana evidencia o seguinte cenário, revela um de seus aliados:

- O Nordeste tem 28% do eleitorado. No Norte tem espaço para todo canto. No Sul nunca ganhamos com Lula e Dilma, tem que construir. Tem 10 estados hoje onde o PT tem muitas dificuldades. O jogo fratricida do PMDB de Pezão (Luiz Fernando) e do PT de Lindbergh, no Rio, vai abrir um caminho. E o jogo complicado de São Paulo e Minas, no PSDB, pode abrir outra porta.

Sobre sua relação com Lula, o governador pernambucano ainda tem dúvidas sobre em que momento ter uma conversa franca. Segundo relato de um dos seus interlocutores, um grupo considera que essa conversa com Lula tem que acontecer já. Outro, que é melhor deixar para mais perto das eleições. Mas todos ainda acreditam na boa vontade do ex-presidente.

- Lula está entre os (do PT) que acham que tem que conquistar o Eduardo. Muita gente conversa com Lula e faz a fofoca do bem, diz que ele não quer briga.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), é um dos que fazem a "fofoca do bem". Ele tem conversado muito com Campos, com Dilma e Lula sobre essa outra candidatura do campo governista:

- Lula não desistiu de Eduardo e na hora certa vai conversar com ele. Acho que não será uma conversa tensa. Amigo a gente não reprime, seduz. E se a sedução não funcionar, não vamos dramatizar a disputa. A eleição tem dois turnos e, depois de tudo, haverá um Brasil para governar.

O secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi (SP), comunga da mesma opinião de Déda:

- O PT não pode abrir mão de continuar na busca do apoio do PSB para a reeleição da Dilma, não é hora de brigar com o Eduardo Campos. Os movimentos que ele está fazendo são do jogo político, não é errado ter ambição política.

Eduardo Campos terminou a semana de muita conversa otimista e certo de que ainda precisa encontrar um discurso, um mote para sua candidatura:

- Não vamos abandonar nossas origens progressistas e inovadoras. É preciso encontrar uma nova roupa para mostrar nosso valor do ponto de vista histórico nesse momento. Os avanços que tem a ver conosco desse governo, não vamos renegar. É um novo ciclo - avaliou Campos nas conversas com os aliados.

O grupo do governador avaliou também as eventuais dificuldades que Dilma enfrentará, na política ou na economia.

- Dilma pode estar muito bem nas pesquisas, na opinião pública, e não ter voto. A identidade dela com o eleitor e a vinculação com miséria, é nulo. A campanha dela e João Santana (o marqueteiro dela e do PT) é para buscar o voto dos grotões. Será de novo a campanha do pobre contra o rico. Isso mostra desespero.

Fonte: O Globo

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