sábado, 9 de fevereiro de 2013

Para vencer Aécio, Dilma deve dar mais uma pasta para Minas

Objetivo do Planalto é reforçar a ligação da presidente com o Estado para enfrentar o senador tucano

PMDB e PR são as siglas mineiras que estão reivindicando mais espaços

Raquel Gondim

Tática. Dilma Rousseff quer evitar que seus aliados se aproximem dos rivais tucanos

A presidente Dilma Rousseff deve contemplar um nome de Minas Gerais em sua reforma ministerial. A ideia da petista é ganhar força no Estado para as eleições de 2014, quando o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) poderá ser seu principal adversário. Com isso, a petista visa derrubar o recorrente discurso de Aécio de que ela discrimina Minas, Estado em que nasceu.

A expectativa é que o nome escolhido pela presidente venha do PMDB. A bancada mineira do partido ameaça, inclusive, uma aproximação com governo estadual do PSDB caso não ganhe um posto na Esplanada dos Ministérios. "Estamos lutando para conseguir um espaço para Minas. Se não acontecer, a bancada mineira vai tomar seu rumo", disse o deputado Leonardo Quintão.

O PMDB de Minas, entretanto, precisará desbancar a concorrência para garantir seu lugar. A presidente ensaia também uma reaproximação do PR, legenda que deixou a pasta dos Transportes na esteira das acusações de irregularidades envolvendo Alfredo Nascimento (PR).

A sinalização da reaproximação de Dilma com o PR ocorreu na quinta-feira, quando ela se reuniu com a cúpula da sigla. No encontro, o partido teria exigido o comando de uma pasta de destaque, - como a de Transportes ou a de Agricultura - para retomar institucionalmente à base do governo.

O ex-líder do PR na Câmara deputado federal Lincoln Portela disse que a legenda reconhece a tímida participação de Minas no primeiro escalão do governo federal. Ele não garante, entretanto, que um nome do Estado seria o escolhido. O preferido da presidente é o senador Blairo Maggi (MT).

Portela afirmou, ainda, que a oferta de um ministério não é determinante para que o PR fique ao lado de Dilma. "Não temos perfil de oposição a esse governo", enfatizou.

Já do lado do PMDB, o discurso é o contrário. O deputado estadual Vanderlei Miranda prefere não falar em condições, mas enfatiza a necessidade de mudança. "Se a situação continuar do jeito que está, a Dilma vai ficar sem a gente".

Miranda afirma que o PMDB mineiro não pleiteia apenas um, mas dois ministérios. "A Dilma está dando um tiro no pé, porque qualquer um sabe que ganhar em Minas é decisivo para uma eleição presidencial".

Ele reconhece que, assim como o PR, o PMDB está de olho nos Transportes. "Com o ministério dos Transportes e um outro menor, colocaríamos Minas novamente no jogo político".

PSB. E, enquanto o PMDB e o PR demandam mais espaço junto ao governo federal, o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, estuda sua saída da base aliada. A expectativa é que Campos entregue os cargos da sigla no governo Dilma no fim deste ano.

O objetivo do socialista é planejar sua candidatura a presidente em 2014. Além disso, ele busca lançar candidaturas próprias em, pelo menos, 12 Estados, entre eles, Minas Gerais.

Petista deve ganhar mais força

Enquanto a bancada estadual do PMDB briga por espaço no governo federal, o único mineiro contemplado na Esplanada dos Ministérios deve ganhar um lugar de maior peso no primeiro escalão do governo Dilma.

Conforme adiantou O TEMPO, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), hoje à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, deve ser contemplado com uma pasta de maior destaque.

O objetivo de Dilma com a promoção seria lançar Pimentel aos holofotes e, assim, fortalecer o nome do petista para a disputa pelo governo de Minas em 2014.

Além de um adversário do PSDB, o ministro deve enfrentar nas urnas o senador peemedebista Clésio Andrade. Segundo o deputado estadual Vanderlei Miranda (PMDB), o partido já definiu que não abrirá mão de uma candidatura própria para apoiar Pimentel.

Tucanos se organizam para fazer a disputa

O PSDB de Minas Gerais fará um ciclo de palestras neste ano para expor a experiência tucana no governo do Estado e alavancar a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência em 2014. Principal nome da oposição para a disputa, o tucano tem sido criticado por aparecer pouco como líder.

A primeira palestra do ciclo "MG pensa o Brasil" está marcada para o dia 25, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falando sobre "Os desafios do Brasil no século 21". Em março, será a vez do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), abordar a sustentabilidade ambiental na Amazônia.

Com os debates, Aécio ganhará um palanque para se posicionar sobre temas nacionais e fazer frente à presidente Dilma Rousseff, que deve buscar a reeleição. Os encontros também servirão para consolidar o nome do senador dentro do próprio partido.

"Este é o ano de consolidação de um projeto. Seremos uma alternativa de poder e, para isso, precisamos clarear as ideias", afirmou o presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana.

Fonte: O Tempo (MG)

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