sábado, 23 de fevereiro de 2013

O futebol e a política - Fernando Rodrigues

É inquestionável a melhora do Brasil com a sequência de FHC, Lula e Dilma no Palácio do Planalto. Agora, PT e PSDB têm duelado para saber quem fez o país avançar mais. Esse debate só interessa aos políticos.

Petistas e tucanos fariam melhor se refletissem sobre o que preocupa os brasileiros no dia a dia. Por exemplo, a persistência de um certo bolsão de incivilidade e intolerância entre torcidas de futebol nos estádios e em suas redondezas.

A violência das torcidas não é exclusiva dos brasileiros, mas o país poderia dar o exemplo para o mundo. Essa não parece ser uma preocupação de quem comanda o país, pois nenhuma política eficaz foi adotada por tucanos ou petistas nas últimas décadas.

Agora, os brasileiros chegaram ao paroxismo. Exportaram a violência. Há indícios de que foram torcedores do Corinthians os responsáveis pela morte de um boliviano de 14 anos durante um jogo no país vizinho.

O amor pelo futebol é uma das marcas mais vibrantes da cultura brasileira. Os jogos da seleção nacional são um dos raros momentos em que o país parece virar uma nação. Ao mesmo tempo, fãs desse esporte -as chamadas torcidas organizadas- demonstram seus instintos mais primitivos quando assistem a um jogo.

Um levantamento do jornal "Lance" em 2012 indicava que a violência ligada ao futebol já havia provocado 191 mortes no Brasil desde 1988. A maioria, jovens de até 30 anos.

Vou a estádios desde os anos 70. A situação só piora. Governadores, deputados, senadores, prefeitos e a presidente da República têm o dever de propor políticas eficazes que reduzam esse tipo de violência.

Até ontem, apenas o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, havia manifestado pesar pela morte do jovem boliviano. É pouco. E demonstra como a política está desconectada da vida real das pessoas.

Fonte: Folha de S. Paulo

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