domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lula cobra a ministros metas do governo Dilma

Ex-presidente alerta que 2013 definirá eleições e teme que sucessora chegue fraca à campanha de reeleição

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Não é só da articulação política do governo Dilma Rousseff que o ex-presidente Lula resolveu cuidar. Ele já chamou quatro ministros da cota do PT recentemente para fazer o acompanhamento de programas e políticas federais, além de cobrar o cumprimento de metas e dar orientações. A preocupação de Lula, ele justifica, é com a reeleição de Dilma em 2014. A avaliação do ex-presidente é que o governo está patinando na gestão. O sinal amarelo acendeu com o baixo crescimento da economia no ano passado.

O ex-presidente tem alertado que 2013 definirá as eleições de 2014 e que, se o governo patinar, Dilma não vai ter o que mostrar na campanha de reeleição. Seu temor é que ela chegue fraca na disputa eleitoral. Lula tem dito nessas conversas que falta no governo uma "Dilma da Dilma", ou seja, uma pessoa que cuide da gestão e a libere mais para fazer política. Ele também tem cobrado que ela viaje mais.

Dilma e Lula tiveram uma dura conversa em Paris no início de dezembro. A presidente estava na capital francesa em missão oficial, e o ex-presidente, participando de um fórum organizado por seu instituto. Nesse encontro, Lula expôs seu ponto de vista para a presidente. E os dois se encontraram novamente em São Paulo no último dia 25.

Lula já chamou para conversar os ministros Guido Mantega (Fazenda), Alexandre Padilha (Saúde), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Ele ainda pretende procurar Miriam Belchior (Planejamento), principal responsável pela gestão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lula também tem recebido muitos prefeitos do PT e encampou, por exemplo, o pedido deles para que o governo federal permita que médicos formados em outros países possam exercer a profissão no Brasil, onde faltam profissionais, principalmente no interior e na periferia das grandes cidades. A proposta encontra forte resistência nas corporações médicas e nas universidades brasileiras.

Lula tenta arbitrar uma divisão dentro do governo sobre essa proposta. Alexandre Padilha (Saúde) é a favor, e Aloizio Mercadante (Educação) seria contra. Mercadante teria recebido o médico Adib Jatene e encampado suas críticas ao plano. Mercadante é hoje um dos ministros mais ouvidos por Dilma. Padilha é um dos nomes sonhados por Lula para disputar cargo majoritário em 2014.

- Que governo é esse que tem coragem de enfrentar o setor energético, reduzindo a conta de luz, e não tem coragem de enfrentar as corporações dos médicos? - disse Lula a um prefeito petista.

Em reunião no último dia 21 com diretores do Instituto Lula, Lula afirmou que vai se empenhar a partir de fevereiro na articulação política da base de apoio da presidente Dilma.

Sua principal tarefa seria a manutenção do PSB na aliança. Quer conversar com o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), após o carnaval, na tentativa de dissuadi-lo do plano de disputar a Presidência da República em 2014.

Ao mesmo tempo que trabalha para viabilizar essa candidatura em 2014, conversando com empresários e tentando nacionalizar seu nome, Campos tem evitado falar abertamente sobre suas pretensões eleitorais.

Isso porque o PSB continua no governo - ocupa dois ministérios - e tem dito que ainda é muito cedo para esse tipo de discussão.

Fonte O Globo

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