terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sem antecipar o debate eleitoral

Governador de Pernambuco encontra-se com a presidente Dilma pela segunda vez este mês e reafirma que não é hora de pensar na disputa de 2014

Paulo de Tarso Lyra, Juliana Braga

Recebido pela presidente Dilma Rousseff pela segunda vez este ano, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, voltou a insistir ontem que é aliado do governo e que só vai tratar da sucessão presidencial em 2014. “A eleição de 2014 será em 2014. Para chegarmos lá, temos que passar por 2013. Para ajudar o Brasil, nós precisamos ajudar a presidente a fazer um ano positivo, um ano melhor que 2012”, declarou Campos, após audiência no Palácio do Planalto.

Ele e Dilma já haviam conversado durante as férias da presidente na Base Naval de Aratu (BA). Aquele encontro contou com a presença do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que já defendeu ao Correio que o PT abra mão da cabeça de chapa em 2018 em prol da candidatura do colega pernambucano. Habilidoso, Campos escapa do assunto, mas aponta o constante crescimento da legenda que preside. “O PSB cresceu em 2006, cresceu em 2010, cresceu em 2012 e esse crescimento não será barrado. O PSB vem crescendo ao longo das últimas eleições de forma consistente, com qualidade, porque tem feito política exatamente se baseando na pauta da sociedade, não na futrica, no disse-me-disse, pensando só na eleição”, completou.

O socialista acredita que não faz bem para o país a antecipação do debate eleitoral, sobretudo diante da crise internacional que tem afetado o crescimento econômico brasileiro. Em nenhum momento, entretanto, descartou a possibilidade de concorrer a presidente no ano que vem. “Eita, mas que pilha vocês estão botando!”, brincou ele com os jornalistas.

Se por um lado não quer comprar uma briga antecipada com Dilma, Eduardo também tem pouca disposição para atritos com o PT por agora. Por isso, ao contrário do PMDB, não se acotovela com os petistas em busca de mais espaço na Esplanada. No fim do ano passado, a direção partidária chegou a soltar uma nota afirmando que não queria mais ministérios — o PSB comanda a Secretaria dos Portos e o Ministério da Integração Nacional. “Nossa relação com o governo nunca foi por questão de cargo. Nós estamos muito mais preocupados com questão de conteúdo do governo, com debate sobre os rumos da economia”, disse, acrescentando que o encontro com Dilma serviu apenas para tratar de assuntos administrativos e econômicos.

Desconfiança

O discurso de Eduardo não tem convencido boa parte do PT. Os petistas acham que, ao recusar novos ministérios, o PSB prepara um desembarque menos traumático no ano que vem. Seria, em tese, mais fácil sair da coalizão abandonando duas pastas assumidas em 2011 do que outra recebida em 2013. Nem mesmo ministros próximos à presidente acreditam no discurso do dirigente pessebista. “Ele está esticando a corda, esticando ao máximo. Na prática, tem muito pouca coisa a perder se lançar-se candidato no ano que vem”, afirmou um auxiliar da presidente.

Outra prova dessa política do cabo de força é a disputa pela presidência da Câmara. Embora o Palácio do Planalto tenha dado reiterados sinais de que apoiará a candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Eduardo não parece disposto a pedir que Júlio Delgado (PSB-MG) desista da disputa. “Essa é uma pauta da Câmara, dos deputados, não dos partidos. O Júlio tem prerrogativas, tem méritos, tem capacidade, tem o desejo da bancada do meu partido que ele dispute a eleição, mas é um assunto do parlamento. Nós não tratamos desse assunto aqui”, afirmou o pessebista.

O PSB desistiu, aparentemente, de pleitear a vaga de vice na chapa de 2014. Mesmo com os recentes afagos feitos pela presidente a Eduardo, ela tem dado claras demonstrações de que Temer permanecerá como seu vice-presidente no ano que vem. A dobradinha foi reiterada durante audiência de Dilma com o peemedebista na manhã de ontem.

Mesmo assim, Dilma tenta não manter o aliado PSB muito distante. Ela deve visitar Pernambuco em 18 de fevereiro para acompanhar uma agenda do governo. Eduardo organizou uma série de eventos em cidades do interior que sofrem com a longa estiagem na Região Nordeste.

Fonte: Correio Braziliense

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