sábado, 15 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA - Luiz Gonzaga Belluzzo: "Perguntas ao Futuro".

A resposta esperançosa à Pergunta ao Futuro depende crucialmente da capacidade de mobilização democrática e radical dos Deserdados, os perdedores na liça da concorrência global. Desgraçadamente, no momento em que escrevo este artigo, os espaços de informação e de formação da consciência política e coletiva são ocupados por aparatos comprometidos com a força dos mais fortes e controlados pela hegemonia das banalidades. Desconfio que o mundo não padeça apenas sofrimentos de uma crise periódica do capitalismo, mas, sim, as dores de um desarranjo nas engrenagens que sustentam a vida civilizada, sob o olhar perplexo e impotente das vítimas.

Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp. ‘Desordem na engrenagem da civilização’, Valor Econômico, 14/9/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
País ainda tem 1/3 vivendo em rua de terra
Mais R$ 30 bi para ativar a economia
Russomanno atrai Universal e malufistas
Um Banco Rural de escândalos
Paes afirma que vai manter as OSs na Saúde

FOLHA DE S. PAULO
Ataques anti-EUA atingem 19 países e se estendem a aliados
Justiça muda regras e amplia direitos dos trabalhadores
Após críticas, Russomanno afirma ser alvo de ‘jogo sujo’
Serra diz que Dirceu, réu do mensalão, é ‘guru’de Haddad
Governo modifica texto e reduz efeito da desoneração

O ESTADO DE S. PAULO
BC reduz compulsório e injeta R$ 30 bi na economia
Dois bancos são liquidados
Presidente da CNBB ataca uso da religião na busca por voto
Fogo destrói parques e áreas indígenas
Anatel exigirá melhoria das TVs por assinatura
Ensino superior pago tem só 15% de doutores

CORREIO BRAZILIENSE
Família de servidor tem renda 73% maior
BC dá ajuda de R$ 30 bi a bancos no vermelho
Caixa oficializa os bolões para seis loterias
TST: celular pode acarretar ganho extra no trabalho
Pós-graduação: MEC reprova cursos no DF

ESTADO DE MINAS
Lacerda lidera com vantagem de 13,5 pontos
Gasto com transporte se iguala ao da alimentação
Banco Central injeta R$ 30 bi na economia

ZERO HORA (RS)
R$ 30 bilhões para barrar desaceleração

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Classe C usa mais e encarece planos de saúde

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

BC dá ajuda de R$ 30 bi a bancos no vermelho

No mesmo dia em que decretou a liquidação extrajudicial do Cruzeiro do Sul e do Prosper, duas instituições que estavam sob intervenção, o governo tomou medidas para socorrer pequenos e médios bancos em dificuldade. A principal delas foi a redução dos empréstimos compulsórios para injetar mais recursos no mercado financeiro.

Ajuda de R$ 30 bi a bancos

Autoridade monetária reduz a obrigação dos depósitos compulsórios, favorecendo o crédito e as instituições em dificuldades

Vânia Cristino

Em meio a informações sobre dificuldade de financiamento de bancos médios e pequenos no mercado, o Banco Central decidiu, ontem, alterar os depósitos compulsórios e injetar cerca de R$ 30 bilhões na economia. Por meio de uma circular, a instituição não apenas simplificou as regras como também reduziu a alíquota adicional sobre depósitos à vista e a prazo. Compulsórios são recursos que os bancos têm que deixar, obrigatoriamente, depositados na autoridade monetária e não podem ser usados para conceder empréstimos.

Segundo o próprio BC, os bancos devem usar os recursos liberados para oferecer crédito a taxas mais competitivas. Desde o fim do ano passado, já haviam sido liberados cerca de R$ 70 bilhões em compulsórios. Com a medida adotada ontem, o valor ultrapassará R$ 100 bilhões nos próximos meses.

Na nova regulamentação, a alíquota adicional incidente sobre os depósitos à vista foi reduzida de 6% para zero e entrou em vigor ontem mesmo. Em relação aos depósitos a prazo, o BC reduziu a alíquota adicional de 12% para 11%. Essa medida, no entanto, só começará a surtir efeito a partir de 29 de outubro.

Além da diminuição dos recursos que devem ficar parados, a circular permite que até metade do recolhimento compulsório adicional sobre depósito a prazo seja cumprida mediante aquisição de letras financeiras e carteiras de crédito. Essa regra também entra em vigor imediatamente.

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, admitiu que o nível do compulsório no Brasil é alto na comparação com outros países. Aqui, o total de compulsório, da ordem de R$ 380 bilhões, representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB). A média global é de 2%.

"Não chegaremos nunca a um nível tão baixo, mas podemos fazer adequações ao longo do tempo, seguindo as mudanças estruturais da economia brasileira", declarou. Segundo ele, as reduções levarão a relação compulsório/PIB para 8,5%. Em nota, o BC afirmou que o corte dos compulsórios "contribuirá para alongar o perfil de captação do sistema e melhorar a distribuição da liquidez no mercado interbancário".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

'Não há pressa. Está todo mundo no ritmo adequado', diz Ayres Britto

Presidente do STF nega que o julgamento do mensalão influencie as eleições

Amanda Almeida

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BELO HORIZONTE O presidente do Supremo Tribunal Federal(STF), Carlos Ayres Britto, minimizou ontem o atraso no julgamento do mensalão. A previsão era de que análise se estenderia apenas até meados de setembro. Ao admitir que esperava finalizar as votações em um mês, o ministro negou que o julgamento tenha influência nas eleições municipais, com primeiro turno em menos de um mês.

- Não há pressa. Está todo mundo no ritmo adequado, conciliando segurança técnica por parte dos ministros na formulação de seus votos e presteza na entrega da prestação jurisdicional. Está tudo conforme planejado, caminhando bem. De fato, a previsão era de que em um mês terminássemos tudo, mas não foi possível. Como processo é um seguir adiante, um andar para frente,a gente vai levando - disse.

O ministro participou como palestrante, na tarde de ontem, do Congresso Internacional de Direito de Estado, em Belo Horizonte. Ao público, não falou sobre o mensalão. Depois, deu rápida entrevista à imprensa. Questionado sobre a influência do julgamento nas eleições, Ayres Britto negou relação:

- Nunca fizemos esse tipo de conexão, de avaliação.

Alvo do processo, que tem José Dirceu acusado de líder do esquema, o PT tem evitado o assunto nas eleições, justamente para evitar o desgaste com os eleitores. O partido já se viu obrigado a retirar a candidatura de João Paulo Cunha em Osasco (SP), depois de o deputado ser condenado pelo Supremo.

Nas campanhas, os candidatos têm dado pouco espaço para a sigla do Partido dos Trabalhadores, caso do ex-ministro Patrus Ananias, que não fala o nome da legenda durante seus programas eleitorais na televisão na corrida pela prefeitura de Belo Horizonte.

Ayres Britto também negou que o Supremo esteja parado por causa do julgamento, que tomou sessões diárias até o meio do mês passado e agora ocorre três vezes por semana.
- Já fizemos inclusive uma sessão extraordinária para cuidar de outros processos. Cada ministro está despachando monocraticamente em seus gabinetes. Todas as semanas fazemos sessões de turno - disse o ministro.

FONTE: O GLOBO

STF começa a julgar 1ª acusação contra Dirceu na segunda

Item da denúncia que será analisado trata da compra de apoio de parlamentares em benefício do governo Lula

Caso o STF mantenha o atual ritmo, o destino dos 37 réus corre o risco de só ser definido após o 2º turno das eleições

Márcio Falcão e Rubens Valente

BRASÍLIA - Se o relator do processo do mensalão mantiver a mesma estrutura do voto pelo qual aceitou a denúncia em 2007, os ministros do Supremo Tribunal Federal começarão a julgar na segunda o capítulo em que consta a primeira acusação contra o ex-ministro José Dirceu (PT-SP).

Será o quarto, dos sete itens da denúncia, que trata da compra do apoio de parlamentares em benefício do governo Lula, entre 2003 e 2004.

Neste item, Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente da sigla José Genoino são acusados de corrupção ativa, cuja pena prevista oscila de dois a 12 anos de reclusão. Dirceu é ainda acusado de formação de quadrilha, que deve ser o último tópico do julgamento.

Na semana passada, o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa confirmou que fará a leitura do capítulo sobre a compra de parlamentares de uma única vez.

O item contém acusações contra parlamentares do PP, do PL, do PTB, do PMDB e, por fim, do PT, nas figuras de Dirceu, Delúbio e Genoino.

Até a confirmação de Barbosa havia a possibilidade de ele fazer um novo fatiamento dentro do capítulo, colocando à votação das acusações divididas por partido.

O relator já antecipou que levará no mínimo uma sessão e meia para ler o seu voto inteiro nesse tópico. No final da sessão de anteontem, ele afirmou: "O próximo item é um item muito grande. Nós certamente não o venceremos na próxima semana se não fizermos uma sessão extra".

Dificilmente o STF conseguirá repetir o ocorrido nesta semana, que foi concluir um tópico inteiro em apenas três sessões. Os ministros deverão discutir na segunda a realização de sessões extras para acelerar o julgamento.

Caso o STF mantenha o atual ritmo, o destino dos 37 réus corre o risco de só ter um desfecho em novembro, após o segundo turno das eleições, marcado para 28 de outubro.

No plenário Barbosa advertiu: "Pelos cálculos que venho fazendo, vamos avançar e muito no mês de outubro".

O STF tem feito três reuniões por semana para tratar do processo. Alguns ministros defendem que a sessão adicional ocorra às quartas pela manhã, mas há resistências.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Com a possibilidade de condenação, advogados criam estratégias para tentar diminuir penas

"Participação de menor importância" pode ser alegada pelos defensores

Evandro Éboli

BRASÍLIA Com receio do rigor das penas e do tamanho da condenação que se avizinha, advogados dos réus do mensalão, além de preparar embargos para contestar o resultado, já falam em apelar para a figura jurídica da participação de menor importância, prevista no Código Penal.

É o caso de Simone Vasconcelos, ex-diretora da SMP&B que articulava os repasses financeiros para os políticos. Ela já foi condenada por lavagem de dinheiro e responde por mais três acusações. Seu advogado, Leonardo Yorachewsky, disse que vai lançar mão do argumento da menor importância para tentar reduzir a pena.

Se reconhecido o argumento, a pena pode ser diminuída de um sexto até um terço. Há participação de menor importância quando a colaboração (para o crime) pode ser efetuada por qualquer sujeito, independentemente de suas condições, de sua relevância e de envolvimento pessoal no crime.

Castellar Guimarães, advogado de Cristiano Paz, ex-sócio de Marcos Valério, adianta que entrará com embargos de declaração. Paz já foi condenado duas vezes por corrupção ativa, três por peculato e uma por lavagem de dinheiro.

- O quadro que está se delineando é preocupante. O relator repete sistematicamente os mesmos argumentos do procurador-geral. O ministro Joaquim não aceita posição divergente. É uma desigualdade de armas.

Já o advogado Paulo Sérgio Abreu, de Geiza Dias, absolvida do crime de lavagem, acredita que a decisão vai refletir nas outras três acusações contra a ré. Ela ainda será julgada por formação de quadrilha, corrupção ativa e evasão de divisas.

- A expectativa é que a absolvição seja ampla e geral. Não tem sentido numa acusação entender que a Geiza não teve participação e cumpria apenas seu trabalho, o que qualquer outro no seu lugar faria, e entender diferente em outros. A minha mequetrefe tem chance - disse ele.

FONTE: O GLOBO

Um Banco Rural de escândalos

Os tentáculos do Banco Rural, cujos dirigentes acabam de ser condenados no mensalão, aparecem em alguns dos principais escândalos políticos dos últimos 20 anos, da CPI dos Precatórios à CPI dos Bancos, do escândalo do Banestado à ocultação de transações para tesoureiros de Collor e Lula

No Rural, muitos escândalos

Protagonista no mensalão, banco aparece em algumas das maiores fraudes dos últimos anos

Thiago Herdy, Flávio Tabak

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

RIO e BRASÍLIA A condenação dos principais dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro no Supremo Tribunal Federal (STF) é o capítulo derradeiro de trajetória marcada por uma série de fraudes contra o sistema financeiro nacional e ocultação de recursos de grupos criminosos. Condenados por crimes cujas penas mínimas somam seis anos de reclusão, Kátia Rabello, dona do banco; Vinicius Samarane, o atual vice-presidente; e o ex-vice-presidente José Roberto Salgado ainda terão conduta analisada pelos ministros em função dos crimes de evasão de divisas e formação de quadrilha. Mas a decisão do STF já é a mais dura pena aplicada até agora ao banco mineiro, fundado há 47 anos oficialmente como especialista "no mercado de crédito para pequenas e médias empresas".

Os tentáculos do Rural aparecem em alguns dos principais escândalos políticos dos últimos 20 anos, das CPIs dos Precatórios e dos Bancos aos mensalões tucano e petista. Do escândalo do Banestado à ocultação de transações para tesoureiros de ex-presidentes (Collor e Lula).

Em decisões de primeira instância em Minas Gerais, dirigentes do banco já foram condenados por sonegar CPMF para oferecer taxas de remuneração superiores à do mercado. O Ministério Público Federal recorreu para pedir aumento das penas impostas. Inquérito que tramita sob sigilo investiga pelo menos quatro grandes clientes do banco cujos saques e outras movimentações não eram registradas no extrato oficial das contas.

US$ 192 milhões com laranjas no exterior

Desde novembro de 2011, um processo contra seis diretores por gestão fraudulenta e formação de quadrilha está pronto para ser julgado na 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, que concentra os processos relacionados a crimes contra o sistema financeiro. O Ministério Público identificou fraudes no envio ao exterior de US$ 4,8 bilhões, entre 1996 e 2000. Pelo menos US$ 192 milhões enviados para fora circularam em nome de laranjas que tinham sido aliciados por pessoa ligada ao banco. Na peça inicial da ação, o ex-vice-presidente Salgado é citado por um depoente como idealizador no país das irregularidades envolvendo remessas de dinheiro para fora do Brasil por meio de contas CC5 (voltadas para brasileiros residentes fora do país).

Documentos que constam do processo do mensalão mostram que um terço (R$ 154 milhões) dos R$ 478 milhões mantidos oficialmente pelo Rural no exterior estavam aplicados na offshore Trade Link Bank, constituída nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal. Em ofícios enviados ao Banco Central e depoimentos à CPMI dos Correios, dirigentes do banco sempre negaram qualquer vínculo estatutário com a offshore.

- Fora de cogitação - disse Kátia Rabello, então presidente do banco, ao ser perguntada pelo deputado ACM Neto sobre a participação de dirigentes do Rural na Trade Link.

A versão foi desmontada por documentos enviados pela Promotoria de Nova York à Procuradoria Geral da República no Brasil, que mostram serem os donos do banco os verdadeiros responsáveis pela offshore.

Foi por meio da Trade Link Bank que Marcos Valério, operador do mensalão, pagou boa parte dos R$ 10,8 milhões destinados ao publicitário Duda Mendonça, fato que ainda será objeto de análise no processo do mensalão. Peritos identificaram 3,6 mil registros de transações da Trade Link que somam R$ 1,7 bilhão, entre 1996 e 2004.

Escândalos desde a era Collor

A maior parte deste valor foi movimentada na segunda metade dos anos 1990, a partir do Banestado, cujas contas foram investigadas e se tornaram objeto de um escândalo de evasão de divisas. Uma nova ação contra os dirigentes do banco por gestão temerária e evasão de divisas foi aberta pelo Ministério Público Federal no Paraná e também está em vias de ser julgada.

O mensalão não é o primeiro escândalo de grande porte frequentado pelo Rural. Relatórios de CPIs do Congresso já citaram diversas vezes a instituição. A CPI que investigou o governo Collor e o esquema do ex-tesoureiro Paulo Cesar Farias concluiu que a história teria sido diferente se não existisse o Rural. Sem ele, diz o texto final do relatório, "as falsidades ideológicas e materiais perpetradas com o espúrio propósito de sonegar o fisco e ocultar a origem das receitas teriam sido impossíveis".

O caso mais explosivo, estopim para a queda de Fernando Collor, envolveu a compra do Fiat Elba do ex-presidente. O cheque era do Rural. À época, a origem do documento foi identificada pelo Banco Bamerindus, que recebeu o depósito. A conta estava em nome de José Carlos Bonfim, fantasma usado pelo esquema de PC.

A partir de contas em nome de pessoas inexistentes, foram ocultados pagamentos de propina de empresas que tinham contratos com o governo. A CPI concluiu que o Rural era o "grande caixa de todo o esquema clandestino de PC Farias". Além disso, foi por meio da Trade Link que PC Farias remeteu 2,6 milhões às suas contas na Suíça.

Quase uma década depois, o Rural voltou a surgir nas páginas de uma CPI, em 2001. A comissão que investigou irregularidades nas associações brasileiras de futebol identificou que uma representação do Banco Rural nas Bahamas, paraíso fiscal, estava no caminho de um empréstimo de US$ 7 milhões obtido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Delta National Bank, de Nova York. De acordo com o relatório da CPI, os juros desse empréstimo teriam sido "extorsivos" e pagos antecipadamente. De Nova York até a conta corrente que a CBF tinha em agência do Banco Rural em Belo Horizonte, o dinheiro passou pelo Banestado de Nova York e depois para a representação do Rural em Nassau, nas Bahamas, caminho classificado pela CPI como "tortuoso".

Empréstimos lesaram até a CBF

Marcelo Freire, hoje procurador regional da República da 1ª Região, ajuizou, à época, vários inquéritos a partir das denúncias da CPI. Os empréstimos foram considerados lesivos. Os inquéritos foram aceitos pela Justiça de primeiro grau e viraram ações penais, mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região arquivou todos:

- Segundo a denúncia, os empréstimos eram irregulares porque seriam lesivos à CBF, com juros superiores aos do mercado. No caso do Delta Bank, foram duas denúncias feitas contra pessoas ligadas à CBF. Não houve uma específica contra dirigentes do Rural. A CPI não individualizou.

Em nota, o Banco Rural informou que "nunca teve participação acionária na Trade Link Bank e vice-versa". Negou qualquer irregularidade em relação à sonegação de CPMF, apesar de já ter sido condenado em primeira instância em função desta fraude. Disse também cumprir "rigorosamente as normas vigentes" à época de todos os fatos citados na reportagem, como as movimentações para PC Farias, para a CBF, via contas do Banestado e empresas de Marcos Valério.

FONTE: O GLOBO

O STF contra o crime - Merval Pereira

Os advogados dos réus e alguns comentaristas, sobretudo os ligados ao PT, afirmam que o Supremo Tribunal Federal está fazendo um "massacre condenatório" no julgamento do mensalão ao mudar entendimentos tidos como estabelecidos, especialmente os relacionados aos crimes de colarinho-branco.

O fato é que os defensores dos réus partiram de uma posição tradicional, que levava em conta menor as provas indiciárias ou as circunstanciais e as testemunhas quando não submetidas ao contraditório diante de um juiz. Os depoimentos em CPIs, por exemplo, não eram considerados se não reafirmados em juízo.

Todos os ministros do Supremo que se pronunciaram a respeito deixaram claro que não bastam apenas provas indiciárias ou circunstanciais para condenar alguém, elas têm que complementar o que está nos autos de maneira tênue. Mas, a partir do conjunto desses elementos, o juiz pode montar um quadro em que as peças se encaixem, mesmo que não tenha um ato de ofício ou uma confissão.

Mas também as provas testemunhais ganham relevo nesse contexto. Se mudança houve, seria não de conteúdo, mas de interpretação, porque o crime globalizado que movimenta trilhões de dólares consegue controlar governos, Estados, e é preciso tomar providências para conter essa onda.

O juiz não pode ficar inerte diante dos fatos que estão evidenciados pelos indícios, pelas circunstâncias, pelas testemunhas porque não conseguiu flagrante do acusado, o acusado foi mais esperto. Se ele deixa rastros no seu caminho, o juiz tem obrigação de seguir esses rastros e juntar as peças. Anteriormente, havia o consenso de que ninguém poderia ser acusado de corrupção ativa se não houvesse o chamado "ato de ofício", isto é, um documento que demonstre que a pessoa se utilizou do cargo que exerce para corromper alguém. Por isso, o ex-presidente Collor foi absolvido no Supremo.

O ex-ministro Cezar Peluso, no último voto que proferiu antes da sua aposentadoria, defendeu que não há hierarquia entre as provas. "O sistema processual, não só o processual penal, assevera que a eficácia do indício é a mesma da prova direta ou histórico-representativa", disse.

Rosa Weber disse em seu primeiro voto que "nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação". A mudança veio porque crimes do colarinho-branco, corrupção, lavagem de dinheiro viraram crimes globalizados, e com as novas tecnologias fica cada vez mais difícil apanhar os acusados.

Luiz Fux iniciou seu voto na última quinta-feira mostrando que citava "inúmeros precedentes da nossa jurisprudência no sentido de que nós, da Suprema Corte, podemos nos valer desses elementos circunstanciais, em que a defesa tem que se contrapor a esse conjunto de elementos que conduzem a essa conclusão", retomando um tema polêmico, de que cabe ao acusado provar seu álibi.

Para ele, "a prova pericial é considerada uma prova mais importante nesta espécie de delito onde não se assinam bilhetes". Observando que a lavagem de dinheiro é crime que alimenta outros crimes, como o tráfico de drogas, Fux disse que "a prova deixou de ser meramente demonstrativa para ser persuasiva, é a persuasão dos elementos probatórios que vai levar o juiz a um melhor convencimento. (...) É possível concluir-se por um juízo de condenação com a conjugação de todos esses elementos". Fux citou o jurista italiano Giovane Leoni, que afirma que "a expressão máxima da presunção é exatamente a soma dessas prova". Quando chegou sua hora de votar, o decano do STF, Celso de Mello, fez questão de reafirmar que "o Supremo Tribunal Federal tem observado e assegurado aos réus todas as garantias processuais que as leis lhes resguardam". Mas deixou claro que o princípio da presunção de inocência é dos mais caros ao regime democrático do Direito brasileiro, para rebater indiretamente a tese da presunção defendida por Fux: "(...) em matéria de responsabilidade penal, não se registra no Brasil, e neste modelo que entre nós permanece, não se pode reconhecer a culpa do réu por mera suspeita de presunção ou por ouvir dizer". Ao que o presidente do STF, Ayres Britto, acrescentou: "A presunção é justamente inversa, em favor do réu. É signo de estado de direito".

FONTE: O GLOBO

A missão de Marta - Fernando Rodrigues

Faltam 22 dias para a eleição de 7 de outubro, mas em São Paulo tudo segue indefinido.

Dos três candidatos que lideram a corrida paulistana, o petista Fernando Haddad é o que tem o maior desafio pela frente. Ele está com 17% de intenções de votos, segundo o Datafolha. Nunca, desde 1988, alguém chegou a essa fase da campanha com uma pontuação tão baixa na cidade de São Paulo e depois conseguiu disparar para vencer no final.

Haddad tem quatro trunfos: o PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e a ex-prefeita e recém-nomeada ministra da Cultura, Marta Suplicy. Todos esses apoios já apareceram na TV e no rádio. O efeito foi pífio. Quem está sob maior pressão é Marta.

A razão é simples. Embora seja senso comum afirmar que muitos dos votos tradicionais do PT estejam alavancando o líder em São Paulo, Celso Russomanno (PRB), quando se observa abaixo da superfície nota-se que parte considerável do martismo é que não se encantou com Haddad.

O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, notou que 56% dos hoje inclinados a votar em Russomanno algum dia já escolheram Marta. Ela concorreu em 2000 (venceu) e em 2004 e 2008 (perdeu as duas, mas teve votações expressivas).

Russomanno tem 32% no Datafolha. Nesse grupo de eleitores, 28% afirmam ter votado em Marta nas últimas três eleições. Esses "martistas de raiz" representam cerca de nove pontos percentuais para o candidato do PRB. É exatamente o que falta para Fernando Haddad ir com folga ao segundo turno da disputa.

Mais do que o apoio dos desgastados Lula e PT (por causa do mensalão) ou da presidente Dilma prometendo creches e novas moradias, Haddad precisa de Marta "devolvendo" os votos que, por razões diversas, aderiram a Russomanno.

A missão de Marta não é fácil e seu desempenho será determinante para o sucesso ou o fracasso de Haddad.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Russomanno atrai Universal e malufistas

Líder na disputa em São Paulo, o candidato do PRB montou núcleo até com aliados de Geraldo Alckmin

Na linha de frente de Russomanno, pastores, malufistas e até alckmistas

Conselho político do líder das pesquisas em SP tem ainda integrantes do PTB

Tatiana Farah, Gustavo Uribe

SÃO PAULO Por trás do candidato líder nas pesquisas de São Paulo, Celso Russomanno (PRB), há um emaranhado de dirigentes políticos que já foram ou são ligados ao deputado Paulo Maluf (PP) e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), além de líderes evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Ex-malufista, a quem defendeu em 2010 quando candidato a governador pelo PP, Russomanno tem em seu conselho político nomes de aliados históricos de Maluf, como o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB), que foi secretário na desastrada gestão do então prefeito Celso Pitta, o pupilo de Maluf que já faleceu.

Quatro dos 14 integrantes do conselho político de Russomanno são dirigentes da Universal. O comando está nas mãos do deputado Campos Machado (PTB), braço direito do governador Alckmin na Assembleia Legislativa de São Paulo. Outro alckmista é Alberto Hiar, o Turco Loco, que já foi vereador e deputado estadual pelo PSDB. Enfronhado com setores culturais, Turco Loco atrai produtores da área e o segmento lojista e se mantém no PSDB, apesar da oposição a Serra. Líder do PTB, Campos Machado explica sua decisão:

- O PT não gosta da gente, e o PSDB finge que gosta. Mas sou amigo de fé de Geraldo Alckmin. Ele é meu único compromisso político pessoal.

O conselho político de Russomanno é formado ainda por quatro dirigentes do PTB e quatro do PRB (todos da Universal, como o presidente nacional da legenda, o bispo licenciado Marcos Pereira, e o presidente estadual, Vinícius Carvalho, pastor licenciado).

Secretário-geral do PP, Jesse Ribeiro lembra que até mesmo o candidato a vice-prefeito na chapa de Russomanno, o advogado Luiz Flávio D"Urso, saiu dos quadros do malufismo.

Apesar dos aliados de Maluf engrossarem a campanha, o PP é rompido com o candidato, que saiu da legenda depois das eleições de 2010.

- No final da novela, todos vão descobrir quem é o verdadeiro "Carminho" desta eleição - disparou o líder do PP, comparando Russomanno à vilã da novela "Avenida Brasil".

Aliados admitem que Russomanno pode atrair o eleitorado órfão de Maluf:

- Ele acabou herdando esse eleitorado naturalmente, assim como o do (ex-governador do PMDB, já falecido) Quércia, que o Chalita, candidato do partido, não conquistou - analisa o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), o mais recente conselheiro do líder na disputa em São Paulo.

Disputa religiosa

Numa corrida municipal marcada pela disputa acirrada do voto evangélico, a Igreja Católica decidiu entrar no debate e fez duras críticas à campanha do candidato do PRB. Em nota, a Arquidiocese de São Paulo condenou artigo publicado há um ano e quatro meses pelo presidente nacional da legenda, Marcos Pereira, bispo licenciado da Universal.

No artigo, Pereira afirma que a Igreja Católica tem promovido uma "política da catequização" e controlado a educação no país, além de associá-la ao kit anti-homofobia, do MEC.

Na nota, a Arquidiocese diz que o presidente do PRB, "partido que é manifestadamente ligado à Igreja Universal", faz "elucubrações fantasiosas" e questiona o motivo do que chamou de "ataques tão gratuitos, infundados e ridículos".

Em caminhada, na Zona Norte , o candidato do PRB disse que vai procurar o cardeal dom Odilo Scherer, para esclarecer a polêmica.

Colaboraram Jaqueline Falcão e Sérgio Roxo

FONTE: O GLOBO

Presidente da CNBB ataca uso da religião na busca por voto

O presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, disse ao Estado que "não se pode instrumentalizar a religião para angariar votos". As declarações foram feitas um dia após a divulgação de nota da Arquidiocese de São Paulo com ataques ao PRB, partido de Celso Russomanno

"Não se pode instrumentalizar a religião para obter voto", diz presidente da CNBB

Cardeal Raymundo Damasceno afirma em entrevista que "não cabe às igrejas assumir papel partidário"; anteontem, Arquidiocese de São Paulo divulgou nota na qual atacou a Igreja Universal e o coordenador de campanha de Celso Russomanno e presidente do PRB

Roldão Arruda

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno, afirmou ontem em entrevista ao Estado que "não se pode instrumentalizar a religião para angariar votos". O cardeal disse ainda, referindo-se a todas as religiões, que "no mundo democrático não cabe à igreja assumir papel político-partidário".

As declarações do presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida ocorrem um dia após a divulgação de uma nota da Arquidiocese de São Paulo com ataques ao PRB, partido de Celso Russomanno, líder nas pesquisas.

O texto, redigido a pedido do arcebispo d. Odilo Scherer, acusa diretamente o presidente do partido e coordenador da campanha de Russomanno, Marcos Pereira, pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Diz que ele, em artigo publicado em maio de 2011, fomentou a discórdia e fez críticas destemperadas aos católicos - texto publicado no blog de Pereira vinculava a Igreja Católica ao chamado "kit gay", material que se propunha a combater a homofobia. "Se já fomentam a discórdia, ataques e ofensas sem o poder, o que esperar se o conquistarem pelo voto?", disse a nota da Arquidiocese de São Paulo.

Apesar de ter sido publicado há um ano e meio, o artigo do presidente do PRB voltou a circular nas redes sociais depois que um usuário falso no Twitter passou a enviá-lo várias vezes ao dia a padres e ao perfil do próprio arcebispo. A página falsa foi criada no dia 10 e só publicou mensagens sobre o texto de Pereira.

Ontem, ao comentar a mistura entre religião e política na campanha eleitoral de São Paulo, d. Raymundo foi enfático: "A posição da Igreja Católica, enquanto instituição, é de que não deve assumir nenhuma posição político-partidária. O papa Bento 16, numa de suas encíclicas, Deus É Amor, foi muito claro ao dizer que a Igreja não pode nem deve tomar nas suas mãos a batalha política. Isso é próprio dos políticos, dos leigos. A Igreja não pode ter pretensões de poder."

Indagado se tal posicionamento deveria valer para outras igrejas, respondeu: "Dentro da minha perspectiva, valeria. No mundo democrático, o papel que cabe ao Estado e aos leigos não é o mesmo da igreja, cuja função é de orientar o eleitor." Ainda segundo o líder da CNBB, "não cabe à igreja assumir papel de protagonista no campo político".

D. Raymundo contou que, assim como líderes evangélicos, também é procurado por políticos de diferentes partidos e que essas visitas são mais frequentes nos períodos de eleições.

"Sempre o fazem de maneira discreta, sem fotógrafos, nem assessores de imprensa", disse. "Vêm para dialogar e mostrar seus projetos. Eu sempre digo que podem contar com o meu apoio em tudo aquilo que diz respeito ao bem da cidade e da população, independentemente de seu partido. Não podemos instrumentalizar a religião para angariar votos, evidentemente."

O presidente da CNBB não quis comentar diretamente a nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo, alegando que não havia tido acesso à sua íntegra.

Acompanhamento. D. Raymundo disse que a Igreja acompanha o processo eleitoral em todo o País, com orientações para o voto consciente e estímulos aos leigos que desejam participar como candidato. "A Igreja estimula, apoia, vê com bons olhos o leigo que se sente chamado para a política", afirmou. "Queremos que ele não tenha medo de assumir posições político-partidárias. Isso é fundamental, porque a sociedade justa vai ser resultado da ação de homens políticos, homens públicos. Eles é que devem trabalhar para uma sociedade mais solidária."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Serra diz que Dirceu, réu do mensalão, é ‘guru’de Haddad

Na Sabatina Folha/UOL, José Serra (PSDB) chamou o ex-ministro José Dirceu, principal réu do mensalão, de “guru” de Fernando Haddad (PT), seu rival na eleição paulistana. Dirceu começa a ser julgado pelo STF na segunda.

Dirceu é o organizador, guru e ideólogo de Haddad e do PT

SÃO PAULO - José Serra (PSDB) fez ontem nova investida para vincular Fernando Haddad (PT), seu rival na eleição paulistana, ao escândalo do mensalão. Em sabatina Folha/UOL, chamou o ex-ministro José Dirceu, principal réu do processo, de "guru" do petista.

"José Dirceu é o orientador da campanha do Haddad. Ele é o verdadeiro dirigente, organizador, guru, ideólogo de todo esse pessoal, inclusive do Haddad", afirmou Serra.

Ao falar sobre o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que tem alto índice de reprovação, negou ser padrinho do aliado e ter responsabilidade no resultado de sua gestão. No entanto, disse que ela é "boa" e melhor do que a avaliação da população.

Serra evitou ataques diretos ao líder das pesquisas, Celso Russomanno (PRB), mas disse que o adversário "não tem propostas".

Dirceu guru de Haddad

Serra disse que o ex-ministro José Dirceu é "guru" de Fernando Haddad. Ele citou o mensalão e disse não se constranger em falar do caso mesmo tendo um dos réus, o deputado Valdemar Costa Neto (PR), entre seus aliados. "Todo mundo sabe que mensalão é PT. Sinceramente, querer comparar uma eventual influência [de Valdemar] a uma influência do Delúbio, do Zé Dirceu, que é orientador da campanha do Haddad...", afirmou. "Esse aqui [Dirceu] é o verdadeiro dirigente, organizador, guru, ideólogo de todo esse pessoal, inclusive do Haddad." Durante sabatina da Record News e do R7, Haddad chamou de "exploração barata" a fala de Serra e afirmou que conhece Dirceu porque ele é dirigente do PT.

Marta ministra

O candidato criticou a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy (PT)para o Ministério da Cultura, depois da adesão dela à campanha de Haddad. "Demitir uma ministra e nomear outra só para apoiar um candidato eu acho um excesso. Usar o governo como se fosse patrimônio privado é para lá de arcaico."

Imagem de conservador

A colunista Barbara Gancia disse que o candidato assumiu posições conservadoras na eleição presidencial de 2010, quando o aborto se tornou um dos temas da campanha. Serra rechaçou."Estou longe disso", disse.

"A Dilma [Rousseff] foi perguntada se era a favor do aborto e disse que sim. Depois, na campanha, disse que não. Foi cobrada. E quem a cobrou mais foi a mais "prafrentex" da campanha, Marina [Silva]. Não há nada mais conservador e reacionário no Brasil do que o PT."

Renovação no PSDB

Serra negou que sua candidatura tenha impedido um processo de renovação no PSDB paulistano. "Não vejo assim, sinceramente." "Novo, em política não é dado pela idade. É dado pelas ideias, pelo estilo de trabalho. Você pode ter coisas arcaicas levadas por pessoas novas. Os três presidentes brasileiros que acabaram caindo e jogaram o Brasil numa encruzilhada terrível tinham menos de 50 anos: o Jânio, o Jango e o Collor."

Rejeição

Com a mais alta entre os candidatos (46%), o tucano atribuiu o índice ao eleitorado petista. "Fui governador e disputei a eleição presidencial recentemente. Houve uma polarização muito clara. O eleitorado que tem mais preferência pelo PT evidentemente tem que assumir a posição de não votar [em mim]."

Renúncia em 2006

Repetindo que cumprirá o mandato se eleito, o candidato repisou o discurso de que deixou o cargo em 2006 para impedir que o PT ganhasse o governo do Estado. "Pelo panorama que se apresentava, o PT levaria o governo. Fui pressionado a sair. E tive mais votos para governador na cidade do que tive para prefeito."

"Kassab não tem padrinho"

"Kassab assumiu quando saí da prefeitura. Terminou meu mandato e se elegeu com 61% dos votos [em 2008]. Ele é uma individualidade política. Não tem padrinho nem afilhado nessa história."

Reprovação da prefeitura

"Kassab não tem reconhecimento proporcional àquilo que fez", disse o tucano, que atribuiu a reprovação do prefeito à criação do PSD. "Ele entrou no projeto de criação do partido, o que, na percepção do paulistano, equivalia a um pouco se afastar da cidade. Não deixou nada de lado, mas a percepção foi essa."

Relação do Kassab com o PT

Serra ironizou as críticas que o prefeito vem sofrendo da campanha petista. "Só sei o seguinte: o Kassab estava sendo paparicadíssimo pelo Lula. O PT estava louco para ter o Kassab. Essa é que é a realidade. O PT é assim, quando é aliado, não tem oposição. Quando o PT é contra, aí vai todo mundo contra", afirmou.

Russomanno

Apesar de ter evitado críticas diretas ao líder nas pesquisas, Serra disse que não consegue entender as propostas de Russomanno. "Estou fazendo debate de propostas, não ataques. Com o Russomanno, tenho dificuldade porque nem sei direito o que propõe. Ele disse que aumentaria [o efetivo] para 20 mil guardas metropolitanos. Isso custaria mais R$ 1 bilhão e levaria sete, oito anos."

Evangélicos

O candidato assumiu o empenho em se aproximar de igrejas evangélicas, às quais têm visitado com frequência. "Tenho me aproximado de todo tipo de comunidade. Das religiosas e não religiosas. Os evangélicos são uma comunidade importante e muito diversificada."

Choro na missa

"Quando minha mãe estava agonizante, para morrer, minhas tias pediram para o dom Fernando Figueiredo visitá-la. Ele não sabia que ele era minha mãe e nem elas disseram. Ele foi, de Santo Amaro até a Mooca, para consolá-la. Esse é um fato que me emociona."

Ele chorou na sabatina.

"A Privataria Tucana"

Serra chamou de "lixo" o livro que trata de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso. "É uma bandidagem. Menos criativa do que foi o dossiê dos aloprados. Puro banditismo, só isso. Em geral, é coisa petista. O bandido que fez está sob inquérito da Polícia Federal", afirmou.

Ação da Rota

Questionado sobre a ação da Rota que resultou na morte de nove pessoas, Serra apoiou a operação. "A polícia foi reprimir uma reunião e, num enfrentamento armado, matou. Os que reagiram morreram. O ideal é que não tivesse acontecido. Mas vai fazer o quê? Deixar o crime prosperar?"

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Briga embolada em Fortaleza, com 3 candidatos empatados

Moroni (DEM) cai nas pesquisas; nomes de PDT, PT e PSB sobem

Maria Lima

BRASÍLIA Com a queda constante do candidato do DEM, Moroni Torgan, que vê sua liderança diminuir a cada pesquisa de intenção de votos na disputa pela prefeitura de Fortaleza, três candidatos estão tecnicamente empatados em primeiro lugar, de acordo com pesquisa Ibope divulgada quinta-feira. Enquanto Moroni cai de 24% para 23%, o petista Elmano Freitas sobe de 14% para 19%. Já Roberto Claudio, do PSB, vai de 16% para 18%. Como a margem de erro da pesquisa, realizada entre os dias 9 e 11, é de três pontos para mais ou para menos, fica configurado o empate. Outro opositor das máquinas estadual e municipal, o pedetista Heitor Ferrer, também cresceu, de 12% para 13%.

Pesquisa Datafolha feita entre os duas 10 e 11 também retrata a situação embolada em Fortaleza. O desempenho do candidato do PDT foi melhor: passou de 10% para 14%. Roberto Claudio oscilou de 16% para 17%; e Elmano de Freitas, de 15% para 16%. Os três candidatos fazem parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff. Já Moroni caiu de 25 para 22%.

Jatinho de Cid Gomes na campanha

Deputado estadual, Heitor Ferrer tem como madrinha a ex-senadora e ex-presidenciável Marina Silva, que já gravou para sua campanha e vai fazer uma caminhada com ele dia 29. Ele tem pouco mais de dois minutos na propaganda na TV e no rádio, mas é muito presente nas redes sociais, onde bombardeia o governador Cid Gomes, padrinho de Roberto Cláudio.

Ferrer travou com Cid uma guerra na Justiça e na Assembleia Legislativa, ao entrar com ação pedindo investigação de viagens particulares em jatinho de empresários e com recursos públicos.

- O Cid pegou a sogra e as mulheres dos secretários, alugou um jatinho por R$ 433 mil e foi à Europa. Tentei criar uma CPI, mas não consegui apoio. A ação na Justiça também não deu em nada. Mas caiu na boca do povo e tem até música aqui: "Ô ô aviãozinho, Ô ô aviãozinho" - cantarola Ferrer.

Chama atenção em sua campanha a criação do "Bar Doze Bar", no seu comitê. Diz que já tirou de lá R$ 30 mil para sua campanha:

- O bar é um sucesso! As soluções do Brasil inteiro passam por aqui.

Já o petista Elmano de Freitas, apagou a imagem da prefeita Luiziane Lins de sua campanha. Além de contar com a máquina municipal, bombardeia sua campanha com mensagens de Lula e da presidente Dilma Rousssef, e também cresceu.

- Só dá Lula falando "companheiro Elmano" prá cá, e "companheiro Elmano" prá lá - conta o ex-deputado Ciro Gomes, um dos coordenadores da campanha de Roberto Cláudio.

FONTE: O GLOBO

Em Natal, presente de grego

Prefeita com 92% de reprovação declara voto em adversário, que recusa apoio

Apoio indesejado. Micarla de Sousa lembrou que começou a carreira com apoio do pai do rival

A prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), declarou em carta aberta à população que vai votar em seu maior adversário político, o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Na carta com o título "Sobre Ódio e Esperança", divulgada na última quinta-feira, Micarla explica que decidiu o seu voto assistindo ao horário eleitoral na TV. A prefeita tem o pior resultado já encontrado pelo Ibope para avaliações de prefeito no país. Em pesquisa realizada na semana passada, 92% responderam que a gestão de Micarla é "ruim" ou "péssima". O pedetista, porém, recusou o voto da prefeita:

- Tenho vergonha na cara, coisa que ela não tem.

Na carta, Micarla explica o motivo:

"Eu, assim como milhares de natalenses, me permiti assistir à exibição dos programas eleitorais, e assim poder decidir o meu voto. Foi exatamente assistindo a esses programas que cheguei à conclusão de quem estaria melhor representando os meus anseios enquanto natalense. E, neste caso, nada mais natural que este anseio venha a favor de uma candidatura que possa dar continuidade a minha gestão".

Sobre a rivalidade com o pedetista, a prefeita de Natal diz que decidiu colocar de lado todas as diferenças que a afastaram do ex-prefeito. E explica que iniciou a carreira política a partir de um convite feito pelo pai de Carlos Eduardo, Agnelo Alves, e pela sua candidata a vice-prefeita, Wilma de Faria.

"Com o coração aberto, sem mágoa ou rancor, desejo que o ex-prefeito possa fazer o que não tive oportunidade de fazer. Carlos Eduardo é de uma família tradicional da política do nosso estado. Sempre se dedicou à política. Nunca teve sequer tempo de exercer a sua profissão de advogado", escreveu.

E mandou um recado: "Alguém que recebe de Deus a possibilidade de governar não pode se deixar levar por sentimentos tão pequenos como o ódio, a ira, o destempero. Quando você coloca que me tem como inimiga, saiba que eu não o vejo assim. Muito pelo contrário. Como cristã que sou e buscando o exemplo do homem que transformou para sempre a história do nosso planeta, Jesus, quero que saiba que continuarei clamando a Deus por você e sua família", finalizou a prefeita.

FONTE: O GLOBO

Tucano assume liderança em Maceió, diz Ibope

Rui Palmeira tem 48% das intenções de voto; Lessa, 22%

Odilon Rios

Maceió A segunda pesquisa Ibope de intenções de voto em Maceió mostra que, se o primeiro turno das eleições fosse hoje, o deputado federal Rui Palmeira (PSDB) ganharia as eleições. Ele tem 48% das intenções de voto. Na última pesquisa, divulgada pelo Ibope no dia 14 de agosto, tinha 30%.

O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) está com 22%. Tinha 28% na última pesquisa. O deputado estadual Jeferson Morais (DEM) está com 6% (na anterior, 10%).

O presidente da Câmara de Municipal de Maceió, Galba Novaes (PRB), caiu dois pontos percentuais de agosto para cá e conta com 4% das intenções de voto.

Já a deputada federal Rosinha da Adefal (PT do B) caiu cinco pontos, de 6% na última pesquisa para 1%.

Alexandre Fleming, que não havia pontuado antes, agora soma 1%. Sérgio Cabral (PPL) e Nadja Baía (PPS) não pontuaram.

Os eleitores que não sabem ou não opinaram na pesquisa somam 8%. Os que dizem que vão votar em branco e nulo são 9%.

A pesquisa foi divulgada pela TV Gazeta, afiliada à Rede Globo.

O instituto ouviu 60 pessoas, de 11 a 13 de setembro, e a margem de erro da pesquisa é de quatro pontos para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas com o número 00028/2012.

FONTE: O GLOBO

Em Recife, candidatos em novo cara a cara

Os quatro prefeituráveis mais bem colocados na pesquisa JC/IPMN participam de debate hoje, na Rádio Jornal

Candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenções de voto para a Prefeitura do Recife, Geraldo Julio (PSB), Humberto Costa (PT), Daniel Coelho (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) participam, hoje, de debate promovido pela Rádio Jornal (AM 780 kHz), das 10h às 12h. O radialista Aroldo Costa fará a mediação do embate, que terá duração de duas horas.

Além de sintonizar na Rádio Jornal, o público também pode acompanhar o debate pela web, smarthphones ou tablets. Serão quatro blocos de perguntas para os postulantes, que devem expor suas propostas para melhorar o Recife.

No primeiro bloco, cada candidato terá dois minutos para dizer qual o principal problema da cidade do Recife. Após as respostas, será sorteado o primeiro candidato, que irá responder a uma pergunta temática, que também será sorteada, formulada pelo mediador do encontro. Ainda nesse bloco, os candidatos devem responder a duas perguntas dos internautas e duas perguntas dos ouvintes da Rádio Jornal. Serão, ao todo, seis perguntas respondidas por cada um.

No segundo bloco, as perguntas vão ser feitas por jornalistas do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC). Gilvan Oliveira (Jornal do Commercio), Antonio Martins (TV Jornal), Aldo Vilela (jornalista representando as rádios Jornal e JC/CBN) e Jamildo Melo (editor do Blog do Jamildo, do NE10) farão suas perguntas aos prefeituráveis em 30 segundos cada, com direito a réplica e tréplica (ambas devem ser respondidas em um minuto). Será sorteado quem pergunta e quem responde.

Nos dois últimos blocos, os candidatos farão perguntas entre si, com as mesmas regras do bloco anterior. As considerações finais devem ser feitas em um minuto.

Desde que a corrida eleitoral teve início, com as convenções partidárias, no mês de junho, os quatro candidatos têm polarizado a disputa nas pesquisas de intenções de voto, e, embora alternando posições, sempre figuram nas primeiras colocações. Humberto Costa largou na frente, mas no decorrer da campanha foi ultrapassado por Geraldo Julio, que começou no quarto lugar. O petista permanece em segundo, mas já percebe a proximidade de Daniel Coelho. O tucano tem mantido a terceira posição, crescendo os índices e nos recentes levantamentos ultrapassou Mendonça Filho.

Ontem, os candidatos passaram por duas sabatinas. Pela manhã, Geraldo, Mendonça e Daniel debateram com estudantes do colégio NAP, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. Humberto não compareceu, mas esteve à noite na sabatina promovida pela boate Metrópole, na Boa Vista, no Centro. Em debates que duraram cerca de 40 minutos para cada postulante, foram discutidos os direitos LGBT e medidas antihomofobia. Também participaram Jair Pedro (PSTU) e Roberto Numeriano (PCB).

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em Curitiba, empate entre Ducci e Ratinho

Prefeito subiu oito pontos percentuais em relação à última pesquisa

CURITIBA -  Pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que o atual prefeito da capital paranaense, Luciano Ducci (PSB), tem 31% das intenções de voto. Na sequência, tecnicamente empatado, vem o candidato Ratinho Jr. (PSC), com 30%, seguido de Gustavo Fruet (PDT), com 16%. Em relação ao levantamento anterior, Ducci subiu oito pontos percentuais, e Ratinho Jr., três. Já Gustavo Fruet caiu cinco pontos percentuais.

Na simulação de segundo turno, Ratinho Jr. venceria tanto Ducci (com 41%, ante 38%) quanto Fruet (42% contra 31%). Se a disputa fosse entre Ducci e Fruet, o primeiro teria 43%, e o segundo, 31% das intenções.

Na última quarta-feira, a candidatura de Rafael Greca (PMDB) pediu a impugnação desta pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. O candidato alegou que o Ibope não incluiu seu nome nas consultas de intenção de voto para o segundo turno.

O Ibope ouviu 805 pessoas entre os dias 11 e 13 deste mês. A pesquisa está registrada no TRE-PR sob o nº PR-00162/2012. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

FONTE: O GLOBO

Em BH, Lacerda lidera com vantagem de 13,5 pontos

Pesquisa do Instituto MDA feita para o Estado de Minas mostra o prefeito Marcio Lacerda (PSB) à frente na disputa em BH com 44,3% das intenções de voto, contra 30,8% do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT). Vanessa Portugal (PSTU) aparece com 1,5% e os demais candidatos somam 0,9%. A sondagem ocorreu nos dias 11 e 12 com 1.050 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais. Há 13% de indecisos e 9,6% dispostos a votar em branco ou nulo. O levantamento indica que Lacerda teria 57,2% dos votos válidos e seria reeleito em primeiro turno, se a eleição fosse hoje

Lacerda 13,5 pontos na frente

Pesquisa MDA/Estado de Minas mostra prefeito com 44,3% das intenções de voto, contra 30,8% do segundo colocado, o petista Patrus Ananias

Isabella Souto e Juliana Cipriani

Se a eleição fosse hoje, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), seria reeleito para o cargo. É o que aponta pesquisa encomendada pelo Estado de Minas ao Instituto MDA, realizada nos dias 11 e 12 deste mês com 1.050 eleitores. Conforme o levantamento, Lacerda tem hoje a dianteira com 44,3% das intenções de voto, seguido do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT), escolhido por 30,8% dos entrevistados, e da professora da rede pública Vanessa Portugal (PSTU), com 1,5%. Os demais adversários somaram 0,9%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, o que indica que a diferença entre os dois primeiros colocados pode estar entre 10,5 e 16,5 pontos percentuais. Ainda há 13% de eleitores indecisos e outros 9,6% declararam votar em branco ou nulo.

Com isso, Lacerda teria 57,2% dos votos válidos, superior ao índice necessário para que a eleição termine no primeiro turno. No levantamento espontâneo – quando não são apresentados os nomes dos candidatos – Lacerda aparece com 38,2%, 11,3 pontos percentuais acima do seu principal adversário, o petista Patrus Ananias, que recebeu a indicação de 26,9% dos entrevistados. Nesse tipo de pesquisa, o número de votos brancos, nulos e indecisos é bem superior: 33%. O registro no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) recebeu o número MG – 00441/2012 GRÁTIS 00441/2012 .

O diretor do MDA, Marcelo Costa Souza, atribui os números da pesquisa a uma avaliação positiva da administração de Marcio Lacerda. "O eleitor que se sente satisfeito e bem atendido acaba considerando essa percepção na hora da escolha do candidato. Embora existam queixas, principalmente na área da saúde, são citadas ações nas áreas de habitação, assistência social e principalmente em infraestrutura", explicou.

Apesar de haver uma grande chance de vitória para Marcio Lacerda, o quadro não é definitivo. "Se na última semana a diferença chegar a quatro ou seis pontos percentuais, pode até mudar alguma coisa, pois o PT tem uma característica de mobilização na reta final muito grande", afirmou, lembrando que Lacerda enfrenta um candidato que já foi prefeito, é filiado a um partido forte na capital e comandou o Bolsa-Família, principal programa social do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Embora o prefeito esteja na dianteira, o eleitorado de Patrus se mostrou um pouco mais fiel. Entre aqueles que afirmaram votar pela volta do petista à prefeitura – ele comandou Belo Horizonte entre 1993 e 1996 –, 77,7% disseram que sua escolha é definitiva, enquanto 22,3% admitem que ainda podem trocar o voto. Já entre o eleitorado do socialista, 74,6% já definiram seu voto e 25,4% podem trocar de candidato. A rejeição entre os candidatos é praticamente igual: entre os entrevistados, 32% não votariam em Lacerda, enquanto 33% negam a possibilidade de eleger Patrus. Por outro lado, Lacerda é apontado como o único nome possível de voto para 30,5% dos eleitores, bem superior a Patrus, que teve 23,8% no quesito.

REGIONAIS - Para a realização da pesquisa, o MDA dividiu Belo Horizonte em nove regiões: Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova. Marcio Lacerda lidera em oito delas, atrás de Patrus apenas na Pampulha. Lá, o petista recebeu 36,6% das indicações, contra 26,8% para o socialista. A região onde Lacerda tem maior percentual de votação é a Oeste, com 55,9% dos votos, exatamente onde o petista tem menos adesões: 22,8%. Na Região Nordeste, os candidatos estão tecnicamente empatados: Lacerda e Patrus foram indicados por 41% e 39,3%, respectivamente.

Em uma análise do eleitorado, Marcio Lacerda lidera entre homens e mulheres, em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade e renda familiar.

Ficha técnica

A pesquisa realizada pelo Instituto MDA em parceria com o Estado de Minas ouviu 1.050 eleitores de Belo Horizonte em 11 e 12 de setembro. O levantamento tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) sob o número MG 00441/2012 GRÁTIS 00441/2012 . O Estado de Minas não publica pesquisas encomendadas por candidatos.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Milícia: polícia aponta 25 políticos suspeitos

Lista encaminhada à Justiça Eleitoral indica candidatos a vereador no Rio e na Baixada Fluminense

Chico Otavio, Cássio Bruno e Sérgio Ramalho

Três relatórios da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio, já entregues à Justiça Eleitoral, dimensionam a influência e o poder político das milícias nas eleições deste ano. Os documentos listam os nomes de 25 candidatos a vereador supostamente apoiados por grupos paramilitares, que atuam na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Entre os concorrentes relacionados, 16 são policiais militares, dois policiais civis e um é bombeiro, além de um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Na relação enviada ao TRE no fim de agosto, dez candidatos disputarão uma vaga na Câmara do Rio, todos com redutos eleitorais em regiões dominadas por grupos paramilitares em Jacarepaguá, Santa Cruz, Campo Grande, Sulacap e Realengo. Entre eles figuram um major, três sargentos e um cabo da Polícia Militar, além de um comissário da Polícia Civil. Todos com anotações criminais, citados em inquéritos e processos em andamento no Tribunal de Justiça por envolvimento em casos de lesão corporal, formação de quadrilha, extorsão e homicídios.

Na Baixada Fluminense, as principais áreas dominadas por milicianos ficam em Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Mas há indicações da influência desses grupos em Magé, Mesquita, São João de Meriti e Belford Roxo. A atuação chega também a Saquarema, na Região dos Lagos. Os 15 candidatos que disputam os votos dos eleitores destes sete municípios também respondem por assassinatos, porte ilegal de arma, lesão corporal, extorsão, falsidade ideológica, corrupção passiva, furto e ameaça.

Apesar de aparecerem nas investigações e em processos em andamento, nenhum deles até agora foi condenado em segundo grau pela Justiça e, por isso, tiveram seus registros de candidatura aprovados pelo TRE-RJ, podendo fazer campanha normalmente. A Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis os candidatos condenadas por órgãos colegiados.

Suspeitos estão distribuídos em 13 partidos

Dos políticos listados nos relatórios, quatro são do PTN, três filiados ao DEM. Já o PT, PV, PSD, PR, PHS e PTdoB têm dois candidatos incluídos na relação, cada um. As legendas PDT, PSC, PMN, PSDC e PSL contam com um candidato cada. Procurados pelo GLOBO, os diretórios regionais do DEM e do PTN, partidos com maior número de candidatos citados pela Subsecretaria de Inteligência, não retornaram as ligações.

Nem todos que estão nos relatórios são policiais e bombeiros. Na capital, por exemplo, dois são vereadores que tentam a reeleição e estariam se beneficiando da influência dos currais eleitorais das milícias em Santa Cruz e Campo Grande. Há ainda um candidato ligado à exploração do transporte alternativo na região, e a mulher de um miliciano preso há dois anos em operação da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco).

Lançar o nome da mulher na disputa eleitoral também foi a estratégia utilizada por um chefe de milícia que atua em 27 bairros de Nova Iguaçu. Preso em 2009, também pela Draco, o sargento PM, que cumpre pena numa penitenciária no Complexo de Gericinó, tenta eleger a mulher para uma vaga na Câmara Municipal. Apesar de as informações contidas nos documentos não poderem ser empregadas pelo TRE-RJ para inviabilizar as candidaturas dos citados, os dados serão usados para traçar estratégias que impeçam os citados de se beneficiarem dos votos nos currais eleitorais das milícias. Para isso, a Justiça Eleitoral defende a utilização da Força Nacional de Segurança nas localidades mapeadas. Não apenas no dia do pleito, mas com antecedência para evitar o voto de cabresto.

Em julho passado, O GLOBO noticiou que a força-tarefa criada pelo presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter, investigava as campanhas de policiais militares, civis e bombeiros em busca de indícios da ligação de algum candidato com grupos paramilitares. Em todo o estado, 563 integrantes das três instituições tiraram licença remunerada de suas funções para concorrer nas próximas eleições. Um batalhão de candidatos, onde PMs são maioria com 385 nomes registrados no TRE, seguidos por bombeiros (116) e policiais civis (62).

FONTE: O GLOBO

Paes afirma que vai manter as OSs na Saúde

Na última entrevista com candidatos a prefeito, Eduardo Paes (PMDB) diz que manterá o polêmico sistema de Organizações Sociais (OSs) na Saúde. Admite que fracassou no combate aos flanelinhas. E ataca os principais adversários, chamando-os de "um bando de encrenqueiros"

"Não vou acabar com a OS na saúde. Não sou estatizante"

Candidatos no Globo

Candidato à reeleição, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) tem os números na ponta da língua para defender sua gestão. E diz que manterá a decisão mais polêmica de sua administração: a contratação de OSs, organizações sociais, para gerir unidades de Saúde e contratar pessoal. O prefeito afirma que mudou o patamar das discussões na cidade, pois hoje é cobrado para melhorar os BRTs, fazer coleta seletiva de lixo e ampliar o bilhete único. "Antes não havia nada disso". Admite uma derrota na ordem pública: "Fracassei com os flanelinhas". Outra é não ter conseguido fazer as licitações individuais para vans. E, por fim, cita sua promessa de licitar o carnaval, para acabar com o controle da Liesa. Abriu três concorrências e, sem conseguir interessados, manteve o modelo, embora reconheça que não seja o ideal: "Tomara que prendam os bicheiros. Não tenho reunião secreta com o Anísio (Aniz Abraão David, da Beija-Flor)". Paes lista Saúde e transporte como prioridades do próximo mandato e aponta como desafio controlar o crescimento vertical das favelas e as ocupações ilegais na cidade. Sereno ao falar do Rio, sobe o tom ao entrar na política. Classifica seus adversários como um "bando de encrenqueiros". Associa Marcelo Freixo (PSOL) ao chavismo, com a proposta de criar conselhos populares. E diz que Rodrigo Maia (DEM) e sua vice, Clarrisa, são "pupilo e pupila" de Cesar Maia e Garotinho, "uma volta ao passado". E se define politicamente: "Não sou um homem de partido. Estou no partido do Rio". De ex-acusador do então presidente Lula, na época da CPI dos Correios, diz agora, durante o julgamento do mensalão, que se orgulha de tê-lo a seu lado.

Em sua propaganda eleitoral aparecem equipamentos públicos, como uma escola pública, com crianças uniformizadas. Isso é ético? Os pais foram consultados?

Certamente. Toda vez que aparece alguém, tem autorização. Os candidatos, quando querem mostrar mazelas, entram no hospital, numa escola.

Mas o senhor é o prefeito...

Se tiver alguma ilegalidade, interrompo na hora. Todas as coisas que a gente fez, consultei o TRE. Várias noticiadas foram julgadas legais. Desde quando a presidenta Dilma veio inaugurar com a gente o Bairro Carioca, até outras, como o Seedorf no Palácio da Cidade. Estou fazendo um esforço desgraçado para que a campanha não atrapalhe a prefeitura. Pôs em dúvida, a gente consulta os advogados, o TRE, e não tem conversa.

Empresas de ônibus

Uma das críticas nos debates foi sobre transportes. O senhor não teria conseguido romper uma tradição no Rio de ser dominado pelas empresas de ônibus, a Fetransport. Por que o ISS dessas empresas é de 0,01% e de outros setores importantíssimos para a cidade é de até 5%?

Vamos voltar a quatro anos atrás, quando era candidato. O que a gente discutia naquela época na área de transporte? Quando vai haver uma licitação das linhas de ônibus? Quando essa relação vai ser contratual? E olha como a gente mudou de patamar. Hoje, as perguntas dos adversários são: o bilhete único deve ser de duas horas e meia, três horas? A licitação foi feita assim e deveria ser feito assado. O BRT tem que ter mais isso ou aquilo. Então, mudou o patamar de discussão. Em poucas áreas avançamos tanto quanto na de transporte. A grande mudança que houve é a seguinte: a relação hoje com as empresas de ônibus se dá em bases contratuais. Essa relação estabelece direitos e obrigações. Não é mais uma coisa no fio do bigode. Os reajustes só se dão a partir de uma equação matemática, que tem uma cesta de preços, de índices, todos da Fundação Getúlio Vargas.

Mas já era assim antes...

Não, não. Nunca foi.

Havia planilha...

Não, nunca. O reajuste se dava na vontade do prefeito. Nunca houve planilha. Pela primeira vez, tem uma planilha que leva em conta o dissídio do motorista, o preço do óleo diesel. Os concorrentes vieram e perderam o processo licitatório. Organizamos o sistema. O que permite que, quando um sujeito não cumpre uma coisa, aplicar uma multa. Por que a gente conseguiu fazer BRS na Nossa Senhora de Copacabana? Porque, agora, os caras obedecem. A questão do ISS: quando a gente implantou o bilhete unico, não queria fazer com subsídio. Então, criei condições econômicas que permitissem isso. Peguei a prefeitura do Rio com uma tarifa de ônibus a R$ 2,20, implantei o bilhete único, fiz o BRT, o BRS, e estamos em R$ 2,75, uma das mais baixas do Brasil. Por quê? Porque reduziu o ISS. Ao invés de arrecadar R$ 30 milhões por ano com ISS, preferi passar o benefício para o consumidor. Esse ISS é simbólico e fiscalizatório. E o Tribunal de Contas não investiga a formação de cartel. Até porque não há formação de cartel em preço definido pelo poder público e concessão com as áreas predefinidas. A formação de cartel se dá em outras situações.

Bicheiros e carnaval

O TRF confirmou sentença que condena os chefes da contravenção a 48 anos de prisão. Não o incomoda saber que a maior festa da cidade é gerida por uma instituição controlada por pessoas às portas de voltar para a prisão? Lembrando que o senhor prometera licitar o carnaval.

Eu fiz três vezes.

O que deu errado?

Carnaval do Rio é o Sambódromo mais as escolas. Essas escolas criaram uma coisa chamada Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba). Certo? A decisão, lá atrás, de terceirizar o carnaval, acho adequada porque a história da prefeitura de gerenciar o carnaval é a de ingresso mal vendido, corrupção, um monte de coisa. Então, o que fiz? Tentei licitar, três vezes, só que não apareceu ninguém. Por quê? Porque a Time for Fun, que faz show da Disney no Brasil, sabe que, se ganhar, não vai colocar show do Mickey e do Pateta na avenida. A Universal Studio não quis porque não vai colocar o Homem Aranha para desfilar. Então, quem desfila no carnaval são as escolas de samba. Mas a prefeitura parou com a relação contratual com a Liesa. Eu não dou mais dinheiro para a Liesa. Não recebo mais dinheiro da Liesa. E a Liesa, simplesmente, faz como se fosse uma locação não onerosa do Sambódromo. Ela arca com todos os custos e faz o evento dela.

Mas, em termo de imagem, não é chato, prefeito?

Chato é, mas vou fazer o quê? Acabar com o carnaval? É chato para todos nós. Meu esforço foi o de dotar as escolas de uma condição tal que permitisse a elas abandonar essa terrível história do patrono. Quando faço uma quadra da União da Ilha, da Portela, da Império Serrano, da Mocidade, busco dar condições para que essas escolas tenham uma subsistência. E aí vai se perdendo essa história de patrono. Agora, é a realidade do carnaval do Rio. A minha convivência com esses caras é nenhuma.

Vai tentar licitar de novo?

Penso que sim. Gostaria de ter com as escolas uma relação contratual. Para licitar, tem que pôr um critério. É preço? É técnico? Se for cobrar algo da escola, estou prejudicando o carnaval. Então, não posso botar preço, se não a Disney ganha, e o Mickey e o Pateta vão desfilar, e não vou conseguir acompanhar o desfile. É técnica? Então, já ganharam as escolas. Compare ao Hollywood Rock, que tinha no Sambódromo. A diferença é que tem lá um delinquente conhecido.

Do jeito que o senhor diz, estamos condenados a ver bicheiros no carnaval ...

Não, de jeito nenhum. Tomara que prendam os bicheiros todos. O que me compete é o seguinte: não tenho reunião secreta com o Anísio não sei das quantas, com o capitão não sei das quantas. Quero que todos eles se danem. A conversa que tenho é com o Jorge Castanheira (presidente da Liesa), e pública.

Flanelinhas: duro de acabar

Queria saber se o senhor foi derrotado pelos flanelinhas.

A prefeitura criou a Secretaria de Ordem Pública, a cidade está mais ordenada. Começamos com um processo chamado Choque de Ordem, para demonstrar que a autoridade tinha voltado, e desenvolvemos o conceito de ordem pública por meio das unidades de ordem pública.

Mas os flanelinhas continuam..

É simples? Não, tarefa difícil. Numa eu fracassei, chamada flanelinha, porque eu apostei na licitação feita no final do governo Cesar Maia, com a Embrapark, a gente resolveu as pendências, colocamos a empresa, e, um ano depois, o sujeito veio pedir reajuste. E eu tinha tido uma conversa com o grupo espanhol, não vou dar reajuste, o preço é esse. A gente ficou num limbo de fato, sem ter uma relação contratual, e eu não identifiquei o modelo adequado. Estamos estudando vários modelos, mas isso foi algo que, de fato, a gente não avançou.

Ocupações irregulares

E em relação às ocupações irregulares em comunidades? 

Pela primeira vez na história da cidade, cumprimos a meta de redução do tamanho das ocupações. Não há ocupações novas. Isso é uma vitória, essa cidade tinha uma ocupação nova a cada semana.

Prefeito, a população das favelas cresceu 23%. 

De que ano até que ano?

Dados do Censo. 

De 2000 a 2010.

Mas é muito alto. 

Eu sei, mas não posso responder por oito anos desses dados. Posso responder por dois.

A parte horizontal, sim, a vertical, não.

Mas não piorou. A gente tem o desafio da (ocupação) vertical, que é muito mais difícil de acompanhar. Se alguém fizer uma denúncia, a prefeitura vai lá e age. Infelizmente, tem muita coisa que acontece que a gente não consegue ver. Mas a gente avançou muito.

A polêmica das OS

Prefeito, o internauta Ely Lee Júnior, via Facebook, pergunta por que o senhor permite a convivência de um médico concursado que ganha R$ 1,5 mil, com outro, vindo de uma OS, que ganha R$ 8 mil.

Nessa questão salarial há uma comparação de alhos com bugalhos. Quando se fala de um médico que trabalha em Santa Cruz, contratado por uma OS, ele trabalha todo dia da semana, oito horas por dia. Não dá para comparar com quem dá um plantão para a prefeitura. Fora isso, o servidor estatutário matricula seu filho num curso de inglês, a prefeitura paga. Tem direito a carta de crédito, uma série de benefícios e vantagens que esse servidor da OS não tem. A média salarial de um profissional estatutário de Saúde é de R$ 5 mil; de um de OS é R$ 6 mil. Isto posto, diria que o maior desafio da cidade é a Saúde. É a área à qual mais dediquei meu tempo, junto com o transporte, que mais aportei recurso, junto com o transporte. Dobramos o orçamento, com foco na atenção básica. O que tinha aqui eram ONGs que formavam cooperativas com boliviano, colombiano, não sei. Era tudo terceirizado em relações precárias de trabalho. Busquei o modelo de São Paulo. Investimos na atenção básica, UPAs, novas unidades. Inclusive é o que a lei prevê: as OS só podem estar em novas unidades da prefeitura. O que a gente fez em unidade antiga? Dada a deficiência de pessoal, pegamos a Fiotec, que não é uma OS, é da Fundação Oswaldo Cruz, uma instituição pública.

A ideia era usar o esquema da OS emergencialmente...

Não, o esquema da OS na Saúde não é emergencial. Não sou estatizante. Acho que pode ter a parceria com um ator privado. A gente tem que aprimorar os controles, acompanhar mais de perto a execução desses contratos de gestão. Não vou acabar com a OS.

Quais suas metas para a Saúde?

A gente decuplicou a rede de atenção básica, de 3,5% para quase 40%. Vamos fazer mais 70 clínicas. A minha ideia é entrar mais na Zona Oeste. Gostaria muito de pegar o Albert Schweitzer e o Rocha Faria, mas isso tem que ser bem negociado. O Pedro II eu municipalizei, mas assinei contrato com o Cabral e com o governo federal: eles têm que fazer o repasse. Não assumi aquela conta, porque tem que ser sustentável.

Metas na Educação

Em 2007, a taxa de aprovação era de 92%. Caiu para 73% por causa do fim da aprovação automática, e voltou para 86% em 2011, segundo o Ideb. E houve avanço de 2009 para 2011, mas o Rio continua atrás de cinco capitais. O que garante que daremos um salto de qualidade?

Os números mostram que a cidade do Rio cresceu muito. No Ideb de 2011, no primeiro ciclo, estamos em terceiro. O primeiro é Campo Grande, depois Florianópolis. Sabe quantos alunos tem Campo Grande? 43 mil. E em Florianópolis? 8 mil. Sabe quantos a gente tem nesse segmento? 300 mil. No segundo semento, do sexto ao nono ano, no Ideb de 2011, somos a sexta capital. A rede municipal de ensino cresceu muito no Ideb, com belo desempenho, e viramos referência nacional de educação pública de ensino fundamental.

Sobre aprovação automática, checamos com o MEC: no primeiro ciclo, a prefeitura mantém a aprovação automática. O argumento é que há recomendação do Conselho Nacional de Educação, recomendação, sem poder legal.

Não tem. O que tem no primeiro ciclo é uma tendência a reprovar muito menos do que reprova a partir de uma determinada idade, o que faz parte de uma visão pedagógica. Temos, no primeiro ciclo, uma coisa parecida com progressão continuada, com reforço escolar, acompanhamento do aluno. Isso é muito diferente do que existia no passado.

O senhor não está sendo omisso no caso do Jardim Botânico?

O meu posicionamento é muito claro. Você quer que eu faça o quê? Que vá lá derrubando? Sei que estão se tomando as medidas necessárias. A prefeitura vai entrar refazendo o reassentamento, que se reassente aquelas pessoas em local próximo e de maneira adequada respeitando as pessoas. Como fiz, de maneira à vontade, na prefeitura: 18 mil pessoas reassentadas ao longo desse período, todas elas com dignidade.

Vans e milicianos

O que a prefeitura fez e deixou de fazer contra a ocupação de cooperativas de vans por milicianos?

Entendo o sistema de van como um sistema complementar. Minha intenção inicial era fazer por modelo de cooperativa para ter gestão sobre o sistema. Infelizmente, o Rio tem uma particularidade: a infiltração desses delinquentes, que não acho que são todos; deve ter alguém de cooperativa que é honesto. Eu não tenho problema em voltar atrás em decisões minhas. Como vimos que estava quase se consolidando a situação de alguns desses personagens, voltamos atrás. E passamos a dar concessão individual.

Tem hoje mais de seis mil vans não licitadas.

As licenças dessas seis mil vans são individuais. Elas se juntam em cooperativas, porque tem lá um chefão que coloca a arma na cabeça, é um caso de polícia.

Não era possível fazer uma intervenção conjunta com os governos estadual e federal?

Já temos 500 contratos feitos. Perdemos tempo nessa história, estava num caminho e voltei atrás. Reconheço que perdi tempo.

Cidade da Música

O senhor vai reabrir este ano mesmo a Cidade da Música?

Fiz uma auditoria e definimos um valor para terminar a obra. E no final de 2009 e início de 2010 ela foi retomada. Demorou esse tempo todo mesmo porque ela foi inaugurada de maneira fraudulenta. Única coisa que foi inaugurada foi a Grande Sala. Ficou pronta agora. Eu acho aquele equipamento mal localizado, inoportuno, mas o fato é que ali tem dinheiro do povo. Então, a gente tinha obrigação de terminar. A gente publicou uma licitação usando o modelo de Organização Social (OS). Vai ser este ano. Mas reabertura não, é abertura. Estou até pensando em colocar uma placa com o meu nome lá.

Gostaria que o senhor falasse sobre o lixo. A reciclagem na Comlurb se limita a 3% do que é recolhido.

Olha como evoluímos. Quatro anos atrás estávamos aqui falando de Gramacho. Estamos aqui agora falando de reciclagem. O Rio teve por 40 anos problemas com Jardim Gramacho. Um crime ambiental permanente às margens da Baía de Guanabara. Então, esse foi o meu foco: tirar Gramacho. A gente concluiu esse processo muito recentemente. De fato, não evoluímos na reciclagem. Agora, com o Centro de Tratamento de Resíduo que a gente tem e a Comlurb como está, podemos nos dedicar a reciclagem do lixo. Vamos aumentar para 35% de lixo reciclado na cidade em quatro anos. Não foi uma coisa que priorizei, priorizei fechar Gramacho e ter o Centro de Tratamento de Resíduos.

Internação compulsória

O internauta Guilherme Augusto, via Twitter, aborda a questão do crack. Vai continuar com o combate compulsório?

Nossa política foi copiada por outras cidade do Brasil. Ninguém tem resposta pronta, não tem especialista, candidato e governo com resposta pronta, muito menos a gente. O modelo nacional se aproxima muito do Rio. A única coisa que tenho convicção é a internação compulsória. Vamos continuar com a internação. Quando não tem os pais zelando, portanto, acho que o Estado deve entrar e levar, sim, para casas de acolhimento. O que devemos fazer é sofisticar esse serviço. O nosso trabalho é feito em parceria com o Ministério Público do Estado. Eles acompanham o trabalho. É um desafio enorme.

Vai haver revisão de IPTU?

A princípio, não.

Promessa?

É compromisso. Nosso orçamento este ano é R$ 22 bi. Nossa taxa de investimento é de 20%. Então, não preciso de voracidade fiscal e tributária.

Aliados e adversários

Está havendo julgamento do mensalão. Na CPI dos Correios, o senhor foi ativo participante. Como fazer campanha ao lado de pessoas que você já criticou?

A única pessoa que estou fazendo campanha ao lado, e que critiquei, é o Lula. Era deputado, estava cumprindo o meu papel, e agora compete à Justiça decidir e julgar o mensalão. Minha relação com o presidente Lula, é que nos dois anos em que ele foi presidente e eu fui prefeito, ele me ajudou muito a governar. Então, tenho muita gratidão e acho que ele fez um belo governo para o Brasil.

Ganha no primeiro turno?

O povo é que vai dizer isso. Fico olhando para os adversários. Esta semana, vi a propaganda do Rodrigo Maia, com Garotinho, Cesar Maia, Clarissa Garotinho, tudo junto, uma volta ao passado. Fiquei até com um ponta de orgulho. Pô, juntei essa gente toda contra a minha candidatura. O candidato Marcelo Freixo, do PSOL... estamos ouvindo um candidato de um partido radical, que vem aqui numa missão partidária, que mudou de Niterói ontem para uma missão, para implantar, sei lá, um radicalismo socialista. O que estou falando é de radicalismo, a greve pela greve, o que o deputado Freixo defende. Que é o conselho à lá Chávez. Vai ver o discurso do Chávez, é igualzinho, que só detona a Venezuela. A falsa democracia dos conselhos. Dirigismo cultural. O que estamos olhando nesta eleição é isso, a volta de um bando de encrenqueiros. Está bem claro o jogo. Está lá Garotinho e Cesar Maia, com seus pupilos, seus meninos e suas meninas. E de outro lado um partido radical, que tem uma missão partidária. E, com todo respeito, não tenho missão partidária, mas carioca.

O senhor não tem uma missão partidária?

Não. Não sou um homem de partido, definitivamente não sou.

O senhor já passou por vários.

Exatamente. Não sou um homem de partido. O Eduardo Paes é do PMDB, mas estou no partido do Rio de Janeiro. Acho que o sistema partidário brasileiro é exagerado e confuso e poderia ser reduzido. Mas a minha trajetória não é marcada por ser um homem de partido.

Adriana Oliveira (editora de Rio), Antônio Gois (editor assistente de País), Antonio Nascimento (editor de Esportes), Carter Anderson (editor assistente de País), Chico Otavio (repórter de País), Cristina Alves (editora de Economia), Fernanda da Escóssia (editora de País), Isabel de Luca (editora de Segundo Caderno), Luiz Ernesto Magalhães (repórter de Rio), Paulo Motta (editor executivo), Pedro Doria (editor executivo) e Silvia Fonseca (editora executiva).

FONTE: O GLOBO