terça-feira, 17 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso: bolsa empresa, bolsa família e debate

A transferência de renda saudável é para baixo, mas também temos a transferência para cima. O BNDES pega dinheiro do Tesouro e empresta a empresas com juros subsidiados. Quem paga o subsídio? Nós, os contribuintes. Dá cerca de 20 bilhões de dólares. A Bolsa Empresa está forte no Brasil. É provável que na década de 70, com grandes estatizações e grandes empresas, a renda tenha se concentrado. Agora, não será igual porque temos os dois movimentos: concentração para cima e desconcentração para baixo. O Brasil hoje é o país da Bolsa Família e da Bolsa Empresa, o que resultou na felicidade geral. Daí o apoio ao governo.

Primeiro, a felicidade é quase geral. A classe média ficou de fora. Mas, com a prosperidade das bolsas, as pessoas perderam a motivação para debater. Não há mais debate. O debate político-partidário perdeu sua centralidade. Não é um fenômeno só brasileiro. A Europa vive isso, os EUA também, mas com menor intensidade. No nosso caso, isso decorre da desconexão entre o mundo institucional da política e a sociedade. Passou a haver uma relação direta do Executivo com o povo, pulando o Congresso. É uma tendência brasileira antiga, mas se acentuou. Toda hora dizem que não temos oposição no Brasil. Está errado. A oposição está dentro do Congresso, só que o Congresso não tem repercussão na rua. Os partidos saíram da sociedade e se aninharam no Congresso ou no governo. O partido com mais vínculo com o movimento social era o PT. Com o PT no governo, o movimento social virou cadeia de transmissão da vontade oficial. Perdeu vitalidade. O debate se deslocou para a mídia. É por isso que o governo acusa a mídia de ser oposição. Porque é a única instituição que fala e o povo ouve.

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República. Entrevista na revista Veja.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Boletim do BC já aponta PIB abaixo de 2% este ano
Rio é a terceira cidade do país com maior alta de calote
Cachoeira pagava contas de secretários
Chevron deve ter sinal verde para voltar a operar

FOLHA DE S. PAULO
EUA liberam pílula para a prevenção contra vírus da Aids
FMI e analistas cortam previsão do PIB brasileiro
Governo promete verba para aprovar ajuda à industria
Divergência sobre tecnologia emperra fábrica da Foxconn
Faltam regras para definir lei federal contra o fumo
Chevron deve voltar a operar em breve no país, diz agência

O ESTADO DE S. PAULO
Aumento de despesas do governo dobra no semestre
Greve na Transnordestina
PSDB analisa relatório da PF e reavalia caso Perillo
FMI reduz projeções de crescimento
Analfabetismo atinge um terço de universitários

VALOR ECONÔMICO
BC retoma tom otimista e vê avanços no curto prazo
Dilma busca base aliada menor e mais fiel
Exportação de milho deve bater recorde
Chevron voltará a produzir petróleo em Frade, diz Magda, da ANP

BRASIL ECONÔMICO
Receita aumenta o controle sobre remessas e pagamento de royalties
Ano eleitoral prejudicou investimentos em turismo

CORREIO BRAZILIENSE
Câmara vai mostrar tudo sobre salários
A crise europeia e o Pibinho do Brasil
Troca-troca: Bancada do PEN já é a 2ª maior do DF

ESTADO DE MINAS
Congresso: Sem votações Minas perde R$ 2 bi por ano
FMI e bancos estimam PIB brasileiro ainda menor

ZERO HORA (RS)
Estiagem derrubou PIB gaúcho no 1º trimestre
Desacelera o ritmo de novos casos
O novo front da defesa do consumidor

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Liberada pílula que previne a aids
Transnordestina

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Boletim do BC já aponta PIB abaixo de 2% este ano

Pela primeira vez, os analistas do mercado já preveem que a economia brasileira vai crescer menos do que 2% este ano. O Boletim Focus, pesquisa feita pelo Banco Central junto a esses especialistas, mostra que a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 recuou de 2,01% para 1,9%. Foi a décima semana seguida de redução as estimativas. O cenário aponta desemprego em alta, renda em baixa e queda do consumo. Também ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção para as economias no mundo e estimou que o Brasil deve crescer 2,5%. Antes, apostava em 3,1%. Para 2013, o FMI subiu a previsão de 4,1% para 4,6%

Crescimento abaixo de 2%

Mercado revê para baixo expansão do Brasil em 2012, a 1,9%, mas FMI vê PIB a 2,5%

Gabriela Valente, Flávia Barbosa* e João Sorima

BRASÍLIA, WASHINGTON e SÃO PAULO - O pessimismo se disseminou entre analistas em relação às perspectivas de crescimento do Brasil este ano, que recuaram para menos de 2%. Segundo a pesquisa Focus, que o Banco Central (BC) faz com as principais instituições do mercado financeiro, divulgada ontem, a expectativa geral passou de 2,01% para 1,9%. Foi a décima semana seguida de redução das estimativas. Este prognóstico, que vê desemprego em alta, renda em baixa e queda do consumo, tem perspectiva de queda confirmada pelas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora num patamar menos dramático. Segundo o relatório "Projeções para a economia mundial" do Fundo, também anunciado ontem, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) brasileiro vai crescer 2,5% este ano, ante uma previsão anterior de 3,1%.

- Na verdade, já estamos vivendo isso tudo, porque essa previsão do mercado (Focus) para 2012 leva em conta uma aceleração no segundo semestre, ou seja, uma melhora daqui para frente - enfatizou o economista-chefe da Sulamerica Investimentos, Nilton Rosa. - O pessimismo só está sendo cristalizado nas previsões, mas já era percebido, principalmente, pelos empresários: o futuro não será tão cor de rosa.

Segundo o analista, o impacto negativo na confiança dos empresários é bem mais rápido do que no sentimento da população. Porém, por mais que o consumidor se mantenha otimista e alimente a atividade econômica, pelo menos por enquanto o endividamento das famílias impede que o consumo continue no mesmo ritmo de antes:

- O crédito significa comprometimento de renda futura e diminui o espaço para gastar.

Isso já começa a se refletir nas expectativas para o ano que vem. Nas estimativas dos especialistas colhidas para o relatório do BC, a projeção de crescimento caiu de 4,2% para 4,1% em 2013. Aqui, o relatório do FMI diverge do boletim Focus. Para o Fundo, em 2013, haverá uma recuperação da economia brasileira, e o PIB crescerá 4,6%, meio ponto percentual acima de sua projeção anterior.

A projeção do FMI para o crescimento global em 2012 foi revista de 3,6% para 3,5% e, em 2013, de 4,1% para 3,9%. O vice-presidente executivo de Tesouraria do banco WestLB, Ures Folchini, lembra que os sinais de desaceleração econômica, em diferentes partes do mundo, intensificaram-se. Na sexta-feira, a China reportou um crescimento de 7,6% da economia no segundo trimestre, o menor número desde 2009. Os EUA, que vinham criando cerca de 200 mil novos empregos por mês, no início do ano, em junho criaram apenas 80 mil. Um sinal de que a engrenagem econômica está funcionando num ritmo abaixo do esperado.

- Antes, o foco de preocupação era a crise do euro. Agora, há vários focos. Os EUA que não crescem como se espera, a China desacelerando de fato. Tudo isso, reflete no ritmo da economia brasileira, que deve crescer 2,5% contra os esperados 5% do início do ano pelo governo - avalia Folchini.

Analistas divergem sobre taxa de juros

Mesmo com uma piora no cenário para o crescimento da economia brasileira, os economistas ouvidos no Focus não alteraram a previsão para o comportamento da taxa básica de juros (Selic). Eles apostam que o Comitê de Política Monetária (Copom) cortará os juros básicos até 7,5% ao ano. Na semana passada, o colegiado cortou a taxa em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano. Os próximos passos na condução da política monetária devem ser indicados na ata da reunião do Copom que será publicada na quinta-feira. Economistas já trabalham com a hipótese de que o BC será mais agressivo para favorecer o crescimento. Os mais audaciosos apostam que o Copom levará a Selic a 6% ao ano até o fim de 2012.

Relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), porém, indicou que a perspectiva de aceleração futura da inflação pode levar o Copom a adotar uma postura mais cautelosa em relação à Selic:

"Enquanto a piora nas estimativas sobre a atividade poderia sugerir uma extensão do ciclo de queda dos juros (em relação à precificação atual dos mercados), a rigidez das estimativas sobre a inflação pode apontar para uma estratégia mais cautelosa", avaliou a Febraban. "É por conta disso que o mais provável é que o BC siga com o seu pragmatismo atual, preservando ao máximo o seu raio de manobra."

O corte na previsão de crescimento do FMI foi um dos mais profundos entre as principais economias analisadas. A previsão para a Índia sofreu a maior revisão, de 6,8% para 6,1%. Na mesma magnitude que o Brasil, aparece o Reino Unido, cuja projeção de crescimento foi reduzida de 0,8% para 0,2%. Segundo a equipe do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, após um primeiro trimestre de expectativas animadores, a economia global voltou a apresentar sinais de fraqueza entre abril (quando o relatório anterior fora divulgado) e junho. Ele acrescentou que os riscos "permanecem muito elevados". As principais causas foram a nova onda de tensão financeira na zona do euro e sua periferia e a desaceleração das economias emergentes.

Principal economia emergente, a China teve sua expansão revisada para baixo tanto em 2012 - de 8,2% para 8% - como em 2013 - 8,8% para 8,5%. Entre os parceiros no chamado Bric (grupo das quatro grandes nações emergentes), a Índia viu subir a projeção para o seu PIB no ano que vem - de 7,2% para 7,5%. As projeções para a Rússia ficaram inalteradas este ano - expansão de 4% - e caíram ligeiramente, de 4% para 3,9%, em 2013.

Entre os países ricos, o FMI manteve inalterada a previsão de contração de 0,3% na economia da zona do euro e reduziu de 0,9% para 0,7% a expansão do próximo ano. Além do Reino Unido, sofreu forte revisão nos números a Espanha, que, em vez de um ano, terá dois de recessão. Os EUA tiveram a previsão de PIB diminuída de 2,1% para 2% em 2012 e de 2,4% para 2,1% em 2013. O Japão foi a surpresa positiva entre as economias avançadas, com expansão estimada em 2,4% este ano, alta de 0,4 ponto percentual sobre a marca do relatório anterior.

A revisão das projeções do FMI não surpreendeu o professor Luiz Carlos Prado, da UFRJ. Para ele, o país não tem como dar um novo salto de crescimento se não houver investimento público. Apenas o consumo não tem como segurar uma forte expansão no PIB:

- Além disso, a crise encontrou um país que vem postergando decisões importantes, como reformas estruturais e investimento em educação - afirmou.

Colaboraram: Aguinaldo Novo e Fabiana Ribeiro
* Correspondente

FONTE: O GLOBO

FMI e analistas cortam previsão do PIB brasileiro

Sinais de que a economia brasileira continua fraca levaram o FMI e os maiores bancos do país a rever para baixo as projeções para o crescimento deste ano. O Fundo reduziu a previsão de 3,1% para 2,5%. Levantamento do BC mostra que analistas já preveem 1,9%.

O desempenho abaixo do esperado dos emergentes, principalmente China, Índia e Brasil, levou o FMI a cortar o avanço da economia global em 0,1 ponto percentual, para 3,5% neste ano.

FMI e analistas do mercado rebaixam previsões para PIB

Economistas brasileiros preveem crescimento de 1,9% neste ano; Fundo Monetário reduz projeção para 2,5%

Estagnação da atividade econômica aproxima estimativas de cenário que ministro classificou como "piada"

Mariana Carneiro, Luciana Coelho

SÃO PAULO – WASHINGTON - Os efeitos da crise externa e sinais de que a economia brasileira continua fraca levaram o FMI (Fundo Monetário Internacional) e os maiores bancos e consultorias do país a rever novamente para baixo suas projeções para o crescimento deste ano.

Pesquisa semanal do Banco Central, que reúne projeções de cem bancos e consultorias, mostra que os analistas já preveem crescimento de 1,9% neste ano.

A marca é inferior ao que estima o Banco Central (2,5%) e mais próxima de um cenário menosprezado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, há cerca de um mês.

No dia 20 de junho, o banco Credit Suisse reviu sua projeção para o crescimento do Brasil de 2% para 1,5%. Ao ser informado, Mantega afirmou que a projeção era "uma piada" e disse que o país vai crescer mais do que isso.

Hoje o dado não é mais coisa rara no mercado. O economista Sérgio Vale, da consultoria MB Associados, diminuiu ontem sua estimativa de crescimento de 2% para 1,5%.

Na semana passada, estimativas divulgadas pelo BC indicaram que o PIB (Produto Interno Bruto) continuou estagnado em maio e fizeram os analistas rever os números.

"Junho também deve vir muito fraco", diz Vale. Segundo ele, a indústria repetiu desempenho ruim no mês passado. "Está caindo a ficha que o cenário é complicado."

Ranking

O FMI reduziu a projeção de 3,1% para 2,5%. Ela é mais otimista do que a de analistas brasileiros, como é habitual, mas o corte de 0,6 ponto porcentual foi um dos maiores feitos pelo Fundo.

"No caso do Brasil, houve algumas questões sobre quão eficaz seria a transmissão [para o setor bancário] do relaxamento monetário [corte de juros]", afirmou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.

"Agora, porém, achamos que esses problemas estão mais sob controle, e que os bancos se ajustaram. Nossa expectativa é de [haver] uma estabilização e depois um avanço dos emergentes."

Para economistas brasileiros, o corte de juros não será suficiente para produzir um crescimento maior neste ano.

"Sobre 2012, não se tem muito a fazer", diz Octavio de Barros, diretor de estudos econômicos do Bradesco.

Ele observa que, além da piora global, o Brasil foi afetado por fatores que retiraram fôlego do seu crescimento, como a seca no Nordeste e Sul, que não devem se repetir no ano que vem.

O FMI também tem estimativa mais positiva para a economia brasileira no futuro e aumentou sua projeção para o crescimento do país em 2013, de 4,1% para 4,6%.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, o governo deveria aumentar seus gastos: "Não se trata de falta de dinheiro, é medo", justificou. "A situação hoje exige gasto autônomo do governo."

FOLHA DE S. PAULO

Aumento de despesas do governo dobra no semestre

As despesas federais praticamente dobraram no primeiro semestre em relação a 2011, mas os investimentos foram responsáveis por apenas 5% deste crescimento. As despesas correntes respondem pelo restante. Em termos nominais, o aumento é de R$ 40,6 bilhões, um pouco menos do que o total de recursos reservados para o PAC. O levantamento foi feito pelo economista Mansueto Almeida, para quem o crescimento das despesas é puxado pelas aposentadorias e pensões, em razão do reajuste de 14,1% do salário mínimo. O aumento das despesas de custeio ocorre por "causas bem intencionadas" e não por roubo, diz. O gasto com passagens aéreas diminuiu. Outro fator de aumento destas despesas são as subvenções econômicas e recursos do Minha Casa, Minha Vida. O governo, no entanto, desde o início do ano, considera investimento as despesas do programa habitacional

Despesas do governo cresceram o equivalente a um PAC no 1º semestre

Aumento em relação ao mesmo período de 2011 foi de R$ 40,6 bi, quase o mesmo valor do maior programa do governo, que é de R$ 42,6 bi

Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - Os investimentos do governo federal não decolaram, mas a presidente Dilma Rousseff pisou fundo no acelerador das despesas correntes, mostra levantamento realizado pelo economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas. Na primeira metade deste ano, o aumento das despesas federais foi praticamente o dobro do que se viu no primeiro semestre de 2011. Os investimentos respondem por apenas 5% dessa expansão. O restante são os chamados gastos de custeio.

Em termos nominais, os gastos de janeiro a junho deste ano cresceram R$ 40,6 bilhões em comparação com igual período de 2011. É praticamente o mesmo montante reservado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que chega a R$ 42,6 bilhões.

Descontada a variação da inflação, o avanço foi de R$ 23,6 bilhões, quase duas vezes o aumento entre 2010 e 2011, que foi de R$ 12,5 bilhões.

O crescimento das despesas é puxado principalmente pela conta de aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O reajuste do salário mínimo, de 14,1%, ajuda a explicar o crescimento de R$ 8,6 bilhões nesse item. Pela mesma razão, o gasto com pensões aumentou R$ 3 bilhões e os benefícios assistenciais para idosos de baixa renda e deficientes consumiram R$ 1,7 bilhão a mais.

"O gasto de custeio cresce por causa de políticas bem intencionadas, não é por causa de roubo ou de gastos excessivos com passagens aéreas", disse Mansueto. Os gastos com viagens, aliás, caíram perto de R$ 170 milhões este ano em comparação com 2011, como resultado de maior disciplina aplicada pelo governo.

Subsídios. A segunda principal causa do aumento das despesas federais com custeio são as subvenções econômicas, e nesse ponto há uma controvérsia entre o governo e os especialistas.

Nessa conta, entram os subsídios do Minha Casa Minha Vida. No programa, famílias de baixa renda adquirem a casa própria com a ajuda do governo, que banca parte do custo. Com maior velocidade no atendimento aos interessados, o total de subsídios alcançou R$ 7,6 bilhões no primeiro semestre de 2012, um aumento de 162% sobre o gasto em igual período de 2011.

Para os economistas de fora do governo, isso é gasto de custeio. Para o governo, era custeio, mas passou a ser investimento desde o início deste ano.

Por causa dessa mudança na contabilidade, o Tesouro Nacional deverá apresentar no fim deste mês um perfil do gasto público bem melhor do que o pintado por Mansueto, com base nos mesmos números.

Provavelmente, os dados oficiais mostrarão um forte aumento do investimento e um custeio comportado no semestre. "Essa mudança é puramente discricionária", observa o economista.

As despesas com investimento estão, este ano, R$ 1,1 bilhão acima de 2011 mas R$ 2 bilhões abaixo do que ocorreu em 2010.

Os dados descontam a variação da inflação no período. A principal causa é o desempenho do Ministério dos Transportes, que executou 40,2% menos despesas no primeiro semestre deste ano do que na primeira metade de 2011.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mais setores ganham alívio sobre folha de pagamento

MP que desonera folha de pagamento é aprovada na Câmara

Texto do plano Brasil Maior que vai ao Senado prevê incentivos ao setor produtivo para aquecer economia

Danilo Fariello

BRASÍLIA – O governo federal acionou toda sua base de deputados para aprovar as Medidas Provisórias (MPs) do Plano Brasil Maior, que preveem até R$ 20 bilhões em incentivos ao setor produtivo e tentam segurar o aumento da economia em pelo menos 2,5% este ano. Na noite desta segunda-feira foi aprovada na Câmara a MP 563, que traz benefícios como desoneração de produtos e na folha de pagamento para os setores de hotéis, móveis, autopeças, naval, aéreo e de empresas de call center e chips. Nesta terça-feira deve ser votada a MP 564, que também faz parte do Brasil Maior e prevê mais recursos do BNDES para a indústria.

Se a Câmara não aprovar os textos e entrar em recesso com a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2013, prevista para esta terça, as MPs correm o risco de perder a validade antes de irem a votação no Senado.

Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), a vitória do governo, com 299 votos, dá certa folga para a votação da MP 564 e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que vem a seguir.

Foram rejeitados pelo plenário destaques que ampliavam ainda mais os benefícios às empresas, entre eles a previsão de alíquota de apenas 0,7% sobre o faturamento em troca da desoneração da folha de pagamentos, enquanto que, na proposta do governo, essa alíquota será de 1% ou 2%, de acordo com o setor.

Entre as emendas apresentadas, o plenário da Câmara rejeitou, ainda, as isenções fiscais sobre recursos doados para instituições públicas que se dedicam ao tratamento do câncer. Foi incluído, porém, no texto final da MP a isenção de PIS, Cofins e IPI para alimentos que integram a cesta básica.

O vice-líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE) não viu preocupação com a possibilidade de aprovação de destaques junto às MPs, que desvirtuem a finalidade das MPS, prevendo vetos da presidente Dilma Rousseff no caso de descaracterização das MPs.

– Não há compromisso de mérito, mas só de procedimentos com as MPs. Nossa orientação foi agilizar a votação – disse Guimarães.

Durante a tarde de segunda-feira, houve uma mobilização geral na Casa para o comparecimento dos deputados e a realização de quórum para votações. Em dia de poucos deputados na Casa, mais de 300, dos 513 deputados, estiveram presentes.

FONTE: O GLOBO

Professores rejeitam proposta feita pela União

Principal entidade da categoria decide radicalizar paralisação; para sindicato, oferta do governo é "propagandística"

Evandro Éboli

BRASÍLIA e RIO. Principal entidade representativa dos professores, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) rejeitou a proposta de reajuste anunciada pelo governo na última sexta-feira e decidiu não só manter a greve como ainda radicalizá-la.

O documento do sindicato foi encaminhado para os estados, onde entidades estaduais farão sua avaliação da oferta do governo. Na sexta, os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam Belchior (Planejamento) apresentaram proposta de reajuste prevendo aumento de até 45% para professores titulares de universidades e de até 48% para os docentes dos institutos federais. O reajuste se daria de forma escalonada, em três anos, e um professor com doutorado e dedicação exclusiva receberia R$ 17 mil em 2015.

O comando de greve, em assembleia realizada na noite de domingo, entendeu que o reajuste proposto pelo governo não supera os índices inflacionários e beneficia somente quem está no topo da carreira, caso dos professores titulares, que, segundo o Andes, representam 5% da categoria. O Andes decidiu, então, reprovar a proposta do governo, mas manterá aberta a negociação. Na próxima segunda-feira acontecerá outra rodada de conversações.

O sindicato afirmou, num extenso documento de doze páginas, que sua proposta é criar um único cargo de professor federal e que a proposta do governo mantém a posição de não unificar as carreiras. "Isto denota caráter visivelmente discriminatório, uma vez que todos os professores exercem a mesma atividade", diz o comando de greve do Andes.

O sindicato diz que o governo adota uma posição "propagandística". A presidente do Andes, Marinalva Silva de Oliveira, afirmou que, ao anunciar sua proposta de reajuste, semana passada, os ministros fizeram um "show midiático".

- Nem sabíamos da coletiva do governo. Enquanto anunciavam a proposta num auditório, ainda estávamos reunidos com técnicos dos ministérios - disse Marinalva Oliveira.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, criticou a posição do Andes e afirmou que na base da categoria, a maioria dos professores concorda com a proposta de reajuste apresentada pelo governo.

- A avaliação que tenho é o contrário da apresentada pelo Andes. Há, na base, um reconhecimento do mérito e concordância dessa visão de qualificação da universidade. E os percentuais de reajuste apresentados foram muito bem aceitos. O Andes está divergindo de sua base - disse Amaro Lins.
A presidente do sindicato dos professores da Universidade Federal Fluminense, Eblin Farage, afirmou que a posição da Comando Local de Greve da UFF também é de rejeição ao texto governista.

- Nossa avaliação é ruim. O reajuste não representa ganhos reais e desqualifica uma série de reivindicações do plano de carreira. Determina, por exemplo, que apenas 20% dos professores de cada universidade federal chegarão ao topo da carreira, é um funil ainda maior da carreira - ressaltou Eblin.

FONTE: O GLOBO

Greve na Transnordestina

Os 600 operários que estavam construindo a ferrovia Transnordestina no trecho do Piauí anunciaram greve. Eles alegam que a Construtora Odebrecht está descumprindo acordo sobre gratificações e melhores condições de trabalho

Greve paralisa obra da Transnordestina no Piauí

Construção do trecho piauiense da ferrovia tem investimento de R$ 1,5 bilhão do PAC; operários querem estender paralisação a Pernambuco e ao Ceará

Luciano Coelho

TERESINA - Os operários que estavam construindo a ferrovia Transnordestina, no trecho do Piauí, paralisaram as obras e anunciaram uma greve, depois de uma assembleia geral ontem. A obra enfrenta problemas desde o ano passado, com demissões, desapropriações e licença ambiental pelos 420 quilômetros por onde a ferrovia vai passar no Estado.

O trecho piauiense é um investimento de R$ 1,5 bilhão, em recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de um total de R$ 5,4 bilhões dos 1.728 km que ligam os Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.

Os 600 trabalhadores que estão no canteiro da Construtora Odebrecht, no município de Paulistana, decidiram parar por tempo indeterminado. Eles alegam que a empresa está descumprindo um acordo coletivo relativo ao pagamento de gratificações e de melhores condições de trabalho.

A aliança formada pela Transnordestina Logística S.A. e Odebrecht Infraestrutura vem mantendo diálogo com Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplanagem em Geral (Sintepav) do Piauí, Pernambuco e Ceará para apurar os valores referentes ao Plano de Produtividade dos integrantes da construção da Ferrovia Transnordestina.

O plano refere-se ao período de janeiro a junho deste ano. A Aliança deve realizar o pagamento até o fim deste mês. A partir de agosto, o pagamento do programa passará a ser mensal.

O presidente do Sintepav do Piauí, Régis Freire Gomes, disse que a categoria reclama que não está sendo cumprido o acordo coletivo pela empresa responsável pela obra, a Odebrecht.

"Foram decisões tomadas em acordos coletivos de trabalho. Mas a empresa vem insistindo em não cumprir. Além disso, as horas extras não estão sendo pagas de forma devida. Se faz 100 horas extras, a empresa quer pagar apenas 50", completou Régis Freire. Ele disse que 70% dos trabalhadores aderiram à paralisação. Ele denunciou que um engenheiro da Odebrecht ameaçou os operários de demissão caso aderissem à greve, mas não informou o nome do engenheiro.

Os operários se organizaram para fazer piquete em frente ao escritório da Odebrecht e ao canteiro de obras. Eles estão mantendo contato com os operários da Transnordestina nos Estados do Ceará e Pernambuco para também paralisarem as obras. Segundo Régis Freire, são cerca de 9 mil trabalhadores atuando em toda a extensão da ferrovia.

Segundo informações do governo, as desapropriações dos terrenos ribeirinhos à ferrovia estão em estágio avançado. O governo do Piauí já emitiu posse de mais de 79% dos terrenos e mantém uma equipe para auxiliar nas desapropriações.

A construção da Transnordestina, nos quatro lotes que estão em obras, gera mais de 2 mil empregos. As quatro frentes de trabalho, do total de sete lotes, passam por 20 municípios piauienses, ligando a região do cerrado ao semiárido, e aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco.

Reclamações. Os trabalhadores reclamaram que estão trabalhando em ritmo acelerado, mas as condições são ruins. Falta estrutura e a alimentação

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Funcionários da Eletrobras e agências reguladoras entram em greve no país

Agências reguladoras também param por reajuste salarial. Na GM, metalúrgicos protestam contra fim de linha de montagem

Geralda Doca, Lino Rodrigues*

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Os funcionários da Eletrobras entraram em greve ontem, depois de não terem conseguido o aumento salarial solicitado, e querem a retomada das negociações, informou o secretário de energia da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Fernando Pereira. Também cruzaram os braços os funcionários das agências reguladoras, enquanto metalúrgicos da General Motors (GM) fizeram uma paralisação de 24 horas.

- Paramos por tempo indeterminado até o governo autorizar a reabertura das negociações - disse Pereira , da FNU, à agência de notícias Reuters.

Os trabalhadores pedem aumento salarial de 10,73%, enquanto a Eletrobras ofereceu 5,1%. Pereira disse que a adesão ao movimento "é boa", com praticamente todos os funcionários das 14 empresas do grupo parados. A exceção fica por conta dos 30% necessários para manter as atividades de operação e outras essenciais.

Ele disse ainda que os trabalhadores querem discutir a estrutura da empresa, que, segundo a FNU, tem cerca 20 mil terceirizados, além dos 27 mil contratados.

Sobre a paralisação dos funcionários das agências reguladoras, o Sinagências, sindicato da categoria, estima que metade dos sete mil servidores das dez agências, mais o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), cruzem os braços.

Segundo a a entidade, além do DNPM já aderiram os funcionários da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários.

O diretor do Sinagências, Ricardo Holanda, disse que os fiscais da Anvisa suspenderam os trabalhos nos principais aeroportos do país. Somente estão sendo liberados produtos de emergência para UTI e transporte de órgãos.

Os funcionários da Anatel pararam em São Paulo, Bahia, Rio e Acre, enquanto os da Anac pararam em São Paulo e os de Aneel e Antaq, em Brasília. Os do DNPM estão parados em 16 estados.

Holanda disse que, além do reajuste de 22,08%, a título de reposição salarial desde 2008, os funcionários pedem mais investimentos nas agências e reforço do quadro de pessoal. Segundo ele, há meses o sindicato tenta, sem sucesso, negociar com o Ministério do Planejamento:

- O governo se recusa a negociar e empurrou os trabalhadores para a greve. A mesa de negociação com o Planejamento é só enrolação.

O ministério informou que as negociações vão continuar e que, mesmo com a greve, nenhuma agência está paralisada.

GM fez paralisação

Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, os metalúrgicos da GM fizeram uma paralisação de 24 horas contra os planos da montadora de encerrar a produção no setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA), onde são feitos Corsa, Classic e Meriva. O setor emprega 1.500 funcionários. Na sexta-feira, a GM havia anuciado o encerramento da produção da Zafira, da mesma linha de montagem. Segundo o sindicato local, com a paralisação, que englobou os 7.500 empregados da unidade, deixaram de ser fabricados 750 veículos.

O diretor de assuntos institucionais da GM do Brasil, Luiz Moan, se disse "surpreso" com a paralisação e acrescentou que a montadora vai entrar com ação na Justiça do Trabalho pedindo a reparação dos prejuízos.

Sobre as demissões na MVA, Moan afirmou que elas não passam de boato e que qualquer decisão será tomada na reunião com o sindicato no fim deste mês.

* Com agências internacionais

FONTE: O GLOBO

PMDB costura fusão com seis partidos

Legenda planeja conter o avanço de adversários governistas agregando siglas aliadas e de oposição. Presidente peemedebista, Valdir Raupp admite conversas com o DEM

Juliana Braga

Tentando se fortalecer para 2014, o PMDB iniciou uma série de conversas com outras legendas para propor fusões com o partido. O intuito é reforçar a dependência do Palácio do Planalto com a legenda do vice presidente Michel Temer e evitar a sombra do PSB. O PMDB já conversou com seis partidos e não exclui nem legendas de oposição. O DEM, por exemplo, faz parte das siglas de interesse.

O senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB, critica o alto número de partidos no Brasil e acredita que a fusão pode fortalecer a democracia. "Tem alianças hoje de 19 partidos, isso é fim do mundo", avalia. Segundo Raupp, a necessidade de fazer grandes coligações prejudica a governabilidade, gera necessidade de distribuir cargos para mais partidos e ainda divide parlamentares. "Com 20 bancadas, é difícil fazer reforma. Seja ela qual for, política, tributária...", dispara.

A movimentação ampliaria a musculatura do partido tanto no Congresso quanto nas prefeituras, onde a legenda já lidera, mas Raupp nega a preocupação. "A gente está fechando 2.992 candidaturas às prefeituras, mais de 500 na frente do segundo, o PT. Não vamos perder a liderança", aposta. Mas questionado, admite que as fusões "ajudam sim" a fortalecer o partido diante do avanço de outros.

O interesse em engordar o partido é tão grande, que o PMDB não descarta nem a possibilidade de agregar legendas de oposição. O DEM, que foi desidratado com a criação do PSD, é uma das possibilidades e já foi procurado por Raupp e Michel Temer. Raupp não acredita que o fato de ser oposição possa provocar uma divisão na legenda. "O PMDB é um partido consolidado, de apoio à presidente Dilma, e não vai mudar de posição por causa de fusões", declara.

Foco no pleito

O presidente do DEM, Agripino Maia, nega interesse na fusão. Segundo ele, existe uma "larga diferença entre ser procurado e alimentar conversas " e o foco, no momento são as eleições municipais. "O nosso esforço está voltado para ganhar o que não temos hoje, prefeitos em capitais. Tendo perspectiva de crescimento, não podemos pensar em fusão", diz. Ainda assim, o presidente diz que DEM e PMDB tem uma ótima relação e admite que não se furtará de conversas com a legenda.

Para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, as fusões fortaleceriam a aliança do PT com o PMDB. "Sob meu prisma, do ponto de vista da governabilidade de um país que está indo no caminho certo com a presidente Dilma, ganha o Brasil", defendeu.

MP quer multar Paes em R$ 8 mil

O Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro entrou com um processo por propaganda irregular contra o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pela cerimônia de apresentação do jogador holandês Clarence Seedorf, no Botafogo. Ele e o chefe do Executivo local posaram para fotos no Palácio da Cidade, na semana passada. Como o edifício pertence à prefeitura, a 192ª Promotoria Eleitoral entrou com pedido de multa contra o prefeito, por propaganda eleitoral irregular, pedindo que ele pague multa de até R$ 8 mil.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Sérgio Cabral é a favor da fusão do PMDB com outros partidos

Redução no número de legendas favorece democracia, diz governador

Luiza Damé

BRASÍLIA - O governador do Rio, Sérgio Cabral, apoiou nesta segunda-feira a tese do presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, de fusão de alguns partidos com o PMDB. Cabral afirmou que o enxugamento do número de partidos favorece a democracia e a governabilidade, mas negou que isso vise ao lançamento de uma candidatura própria do PMDB em 2014.

- O PMDB é essencialmente um partido de centro. Partidos que orbitem em torno do centro que desejem fundir com o PMDB, eu acho que são muito bem-vindos. Eu acho que a democracia ganha com isso. O PMDB ganha no sentido de amalgamar outros partidos e outras forças partidárias que virão para o PMDB somar forças - afirmou.

Segundo Cabral, embora vários partidos estejam hoje apoiando a presidente Dilma Rousseff, a base está centrada no PMDB e no PT. Uma fusão de partido em torno do PMDB, na avaliação do governador, fortaleceria essa aliança nacional.

- A base de alianças do Brasil hoje, por mais que haja dentro do governo federal diversos partidos apoiando o governo federal, está centrada no PT e no PMDB. Essa é uma prova concreta que esse tipo de fusão fortalece essa aliança por exemplo. Mas há oposição e tem que respeitar - afirmou.

Cabral disse que o país está no caminho certo com Dilma. E acrescentou que o fortalecimento do PMDB não significa que o partido terá candidato próprio à sucessão de Dilma.

- Não imagina. É Dilma. Eu sou cabo eleitoral da reeleição da presidenta Dilma - disse.

FONTE: O GLOBO

DEM descarta aderir ao PMDB, que pensa em fusão

Democratas precisam vencer eleição em pelo menos três capitais para garantir sobrevivência

Marcio Allemand

RIO - Em meio a uma onda de boatos de fusão do PMDB com outras legendas, a assessoria do DEM desmentiu na noite desta segunda-feira que estaria negociando uma provável junção com o partido do vice-presidente da República, Michel Temer. O Democratas, que desde a criação do PSD vive uma situação delicada com debandada de boa parte de seu quadro de políticos para o partido de Gilberto Kassab, e sem nenhuma prefeitura nas capitais brasileiras, tem consciência de que as próximas eleições municipais são primordiais para garantia de sobrevivência da sigla, mas afirma que nunca cogitou se unir aos peemedebistas.

- Nunca discutimos este assunto com a Executiva. Somos um partido vitorioso, de oposição e nosso projeto de governo não concorda com o PT e nem com qualquer partido que esteja com ele. Portanto, com o PMDB é que não há a menor hipótese mesmo - afirmou o vice-presidente nacional do DEM, senador José Carlos Aleluia.

Já o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp, não descarta a fusão com o DEM:

- Apesar de os democratas resistirem a uma adesão com os peemedebistas, nós não descartamos adesão com partido nenhum, nem mesmo com o DEM.

Raupp afirmou ainda que as conversas sobre fusões, que começaram no final do ano passado, só se intensificaram nos últimos meses e que as negociações devem se concretizar após as eleições municipais. O senador, porém, não quis revelar com quais partidos tem negociado.

- Estamos em contato com quatro ou cinco partidos e nós, do PMDB, acreditamos que a tendência, daqui para frente, é de os partidos se fundirem, por isso iniciamos este movimento. Hoje, o Brasil tem 30 legendas e só Deus sabe como é complicado fazer alianças com tantos partidos assim - diz o senador, que também é relator da PEC do fim das coligações proporcionais.

De acordo com a assessoria do DEM, uma provável fusão com qualquer partido, e não apenas com o PMDB, desencadearia uma situação muito difícil para algumas lideranças da sigla, como Ronaldo Caiado, em Goiás, e Rodrigo Maia, no Rio de Janeiro, já que ambos poderiam até mesmo morrer politicamente.

DEM precisa vencer em pelo menos três capitais

O senador José Carlos Aleluia afirma que a perspectiva dos democaratas é de crescimento. Atualmente o partido não tem nenhuma prefeitura de capital, por isso tamanho investimento nas eleições municipais. A meta é abocanhar pelo menos três prefeituras em algumas das principais capitais do país para garantir a sobrevivência do partido.

- Em Fortaleza, Salvador e Sergipe, temos boas chances de vencer as eleições. No Rio de Janeiro e em Recife a disputa deve ser mais acirrada, mas o partido não perde o otimismo. O DEM está investindo tudo na eleição municipal e sairemos dela maiores do que quando entramos.

No PMDB a realidade é diferente e bem mais coinfortável. O partido é o que mais tem candidatos entre todas as siglas: vai disputar a prefeitura em 2.292 cidades, além das coligações em outras 1.826 para vice, totalizando 4.118 municípios, além de 41.541 candidatos a vereador em todo o Brasil. O PT vem em segundo, com 1.787 candidatos majoritários e 1640 coligações, totalizando 3.427 municípios em campanha este ano. Em terceiro vem o PSDB, com 28.556 candidatos; e em quarto vem o PSD, partido para o qual o DEM perdeu vários de seus parlamentares, e que vai disputar eleições majoritárias em 1.044 municípios.

FONTE: O GLOBO

Troca-troca: Bancada do PEN já é a 2ª maior do DF

Ninguém sabe ao certo nem como chamar os integrantes do Partido Ecológico Nacional (PEN), mas a sigla já nasce com a segunda maior bancada da Câmara Legislativa, ao lado do PSD, com cinco distritais: quatro titulares e um suplente.

Troca-troca de partidos

Dos 24 deputados, 10 mudaram de legenda. Com isso, o PEN, uma nova sigla, ao lado do PSD, passou a ter a segunda maior bancada da Casa

Lilian Tahan

Passado um ano e meio desde a eleição, quase metade dos 24 distritais trocaram de partido. Motivados por insatisfações dentro de suas legendas de origem e de olho em melhores perspectivas para as eleições de 2014, 10 deputados já não pertencem mais às siglas pelas quais conquistaram assento na Câmara Legislativa (Veja lista completa no quadro ao lado). As mudanças inflaram partidos que nem sequer existiam, como é o caso do PSD, e mais recentemente o Partido Ecológico Nacional (PEN), que na largada terá cinco distritais, quatro deles titulares e um suplente. Assim, a sigla que conquistou o registro na Justiça Eleitoral há menos de um mês, nasce no Distrito Federal como a segunda maior bancada da Casa, empatando com o PSD.

O PEN-DF será um abrigo de governistas egressos do PPS, PDT e PSL. Cada um com seus planos para 2014, mas todos alinhados com o Executivo. Dos cinco deputados que vão se juntar à nova legenda, Alírio Neto, Cláudio Abrantes e Luzia de Paula eram do PPS. O primeiro a tomar a decisão foi Alírio, que atualmente exerce o cargo de secretário de Justiça e Cidadania. Embora fosse considerado um filiado com força nos quadros locais, o político não conseguiu vencer a pressão da Executiva Nacional pela dissidência à base do governo. Acabou saindo do PPS, ficou no GDF e levou dois colegas — Cláudio Abrantes e Luzia de Paula.

Alírio resistiu um período no PPS porque buscava alternativa que fosse compatível com suas pretensões para o presente, permanecer no GDF, e para o futuro, candidatar-se a deputado federal. Para tanto, ele não poderia correr o risco de perder o mandato por infidelidade partidária, argumento que o partido se preparou para defender nos tribunais. A criação do PEN, 30ª legenda autorizada pelo Justiça Eleitoral, foi a salvação de Alírio e outros quatro colegas de Câmara que queriam trocar de agremiação sem a chance de incorrerem em infidelidade.

Regra eleitoral

De acordo com a Resolução Eleitoral nº 22.610 de 2007, um partidário só pode se desvincular da legenda pela qual foi eleito sem se expor ao perigo de perder o cargo em quatro situações: criação de novo partido, incorporação ou fusão de legenda, mudança substancial do programa partidário e grave discriminação pessoal. Ao ingressar em sigla recém-criada, a Justiça Eleitoral entende que o político se coloca na condição de fundador e estaria motivado pela ideologia de seguir outra alternativa e não pelo oportunismo dos arranjos eleitorais.

A hipótese prevista pela Resolução Eleitoral, no entanto, tornou-se uma brecha para resolver a situação de políticos em constante mutação. No DF, por exemplo, nenhum dos cinco distritais que estão indo para o PEN podem ser considerados da chamada bancada ecológica, bandeira da última sigla liberada pelo TSE. Assim como na capital do país, o partido foi muito bem aceito em outros estados, como Paraíba, Acre e Minas Gerais, onde parlamentares das assembleias ensaiam a ida para o PEN criado por Adilson Barroso. O prazo legal é até dia 19, próxima quinta-feira, quando completará um mês desde que o TSE aceitou a criação da legenda.

Além de ex-integrantes do PPS, o PEN tornou-se o destino do vice-presidente da Câmara Legislativa, Dr. Michel, que deixou o PSL, e do colega Israel Batista, até a última sexta-feira integrante do PDT. Os dois rompimentos foram motivados por diferenças com as executivas de suas antigas agremiações. Dr. Michel não concorda com a atuação do presidente do PSL no DF, Newton Lins, que é secretário de Assuntos Institucionais do GDF. Para o distrital, Newton deveria prestigiar no órgão sob o qual o partido mantém influência, políticos que se candidataram pela legenda. "Já não tinha clima nenhum para ficar no PSL. A gente não se entendia, por isso procurei uma saída. Agora, estarei em um partido da base, mas não serei capacho do governo", disse Dr. Michel.

Israel Batista também já não se dava com integrantes da executiva regional do PDT, chegou a se indispor até com o senador Cristovam Buarque, quando o partido resolveu entregar cargos no governo. Responsável por algumas indicações no GDF, Israel não concorda com o afastamento do Executivo. Além disso, estava preocupado com as eleições de 2014. O PDT faz planos para Marcelo Aguiar, que atualmente é secretário de Políticas Públicas do Ministério do Trabalho e deve concorrer a uma vaga de distrital em 2014.

Antes das filiações ao PEN, houve uma outra rodada de mudanças proporcionada pela criação, em 27 de setembro do ano passado, do PSD de Gilberto Kassab. Nos primeiros momentos de existência, a legenda foi turbinada com a filiação de quatro distritais, sendo alçada à segunda maior bancada na Câmara Legislativa, perdendo só para o PT. Entre os quatro integrantes, o PSD reúne três de oposição (Celina Leão, Liliane Roriz e Eliana Pedrosa) e Washington Mesquita, que está em sintonia com o governo.

Adesões

Inversamente proporcional ao que ocorreu com o partido na Câmara Legislativa, que desapareceu, o PPS foi a legenda que mais cresceu em número de filiações em 2011. Ao todo, a sigla ganhou 1.026 novos integrantes, mas agora perdeu para o PEN dois distritais e um suplente.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Em BH, PT e Kassab perdem no TRE

Juiz eleitoral anula a intervenção da direção nacional do PSD em Minas. Com isso, vale a coligação do partido com o PSB, de Marcio Lacerda

Juliana Cipriani

Na disputa pelo PSD, e com ele os pouco mais de dois minutos no horário eleitoral gratuito, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição em belo Horizonte, venceu o primeiro round. O juiz diretor do Foro Eleitoral da capital, Rogério Alves Coutinho, concedeu ontem liminar para suspender os efeitos da intervenção feita pelo presidente nacional do PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Com isso, fica validada a convenção municipal do partido que decidiu pela aliança com o PSB. A coligação de Patrus Ananias (PT) pode recorrer.

O partido de Kassab havia sido registrado duplamente no Tribunal Regional Eleitoral, constando tanto da chapa de Lacerda como na do adversário do PT, o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. A divergência ocorre porque, apesar de o Diretório Municipal ter decidido e registrado o apoio ao socialista, o presidente nacional do PSD instituiu uma comissão interventora formada por três deputados federais e o presidente estadual da legenda, Paulo Simão, e ela cancelou a convenção de 23 de junho, estabelecendo a coligação com Patrus e acabando com a união para a chapa de vereadores com o PPS, ficando com uma única candidatura para a Câmara Municipal.

Na argumentação, o juiz entende que não há notícia de falhas na convenção municipal que pudesse justificar a intervenção e que a decisão foi tomada de forma atabalhoada, prejudicando inclusive a chapa de vereadores. Considera ainda que as mudanças políticas ou quebras de acordo "não permitem a alteração da soberana vontade dos convencionais reunidos em 23 de junho, sem o devido processo legal, ou seja, com a convocação de outra convenção para tratar especificamente deste assunto". O magistrado cita o estatuto do partido, que delega à instância municipal a prerrogativa de decidir sobre as alianças eleitorais.

A liminar atende a ação apresentada pelo secretário de estado de Gestão Metropolitana e secretário do PSD de BH, Alexandre Silveira, na sexta-feira, impugnando a participação do PSD na chapa de Patrus Ananias. No documento, assinado pelos demais integrantes da comissão provisória do partido na capital, ele alegou truculência e violência da intervenção nacional. O secretário arrolou a vice-presidente nacional da legenda, senadora Kátia Abreu, que segundo ele testemunharia que a Executiva Nacional não deliberou sobre a situação de Belo Horizonte, ou seja, teria sido uma decisão somente de Kassab.

Alexandre Silveira afirmou que a decisão do TRE, embora do ponto de vista jurídico não seja uma surpresa, restabelece a democracia e a liberdade de escolha do partido em Minas e em Belo Horizonte. Segundo ele, ela é uma contribuição para que o comando nacional do PSD reflita a partir de agora como os rumos da legenda devem ser conduzidos: "A construção de um partido é feita a partir da base, que deve ter sua voz respeitada. E, em Minas, havíamos decidido pelo apoio a um projeto vitorioso, que é administração do prefeito Marcio Lacerda."

Para uma ala do PSD mineiro, a articulação para tirar o partido da chapa de Lacerda viria de Brasília, por uma pressão da presidente Dilma Rousseff (PT) para garantir apoio ao seu partido, e de São Paulo, onde Kassab atenderia ao aliado José Serra (PSDB), candidato a prefeito que disputaria com o senador Aécio Neves a indicação dos tucanos para concorrer à Presidência em 2014. Tal medida teria o intuito de enfraquecer Aécio.

O racha no partido criado com a intervenção levou o vice-presidente nacional Roberto Brant a se desfiliar. Alegando descontentamento com a interferência de Kassab, o político deixou os quadros do PSD dias depois da intervenção.

Indefinições Na mesma situação, outros três partidos registrados nas chapas de Patrus e Lacerda aguardam definições da Justiça Eleitoral. O PCdoB, que havia aprovado em convenção municipal apoio a Marcio Lacerda, modificou sua posição nas vésperas do registro das candidaturas e mudou sua ata para apoiar Patrus. Já o PDT tem em sua ata da convenção municipal registrado o apoio a Lacerda. O PRB também consta das duas chapas.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Em BH, Manifesto rebate petista

Partidos aliados a Lacerda chamam Patrus Ananias de arrogante por ter reivindicado a paternidade das ações que deram certo em BH

Alessandra Mello

Deputados federais e estaduais que apoiam a candidatura à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) ,divulgaram ontem um manifesto com críticas ao candidato do PT, Patrus Ananias. O documento, que conta com o apoio de 34 deputados estaduais e federais, classifica como "desrespeitosa e arrogante" a declaração de Patrus, feita sábado, durante caminhada pela Região de Venda Nova, de que "o que existe de importante em Belo Horizonte" começou durante sua administração. Desde o início oficial da campanha, os dois candidatos disputam a paternidade de programas desenvolvidos pela prefeitura.

Elaborado pelo deputado estadual João Vitor Xavier (PRP), o documento elenca obras feitas por administrações anteriores à de Lacerda, começando pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek, prefeito de Belo Horizonte na década de 40, que tiveram ações positivas para a cidade. "O PT age como se todas as conquistas de Belo Horizonte tivessem sido feitas somente por Patrus", critica o parlamentar, se referindo ao candidato do PT que foi prefeito da capital mineira entre 1993 e 1996. "Querer apagar a história é um desrespeito com o povo de Belo Horizonte", diz o documento, que critica a escola plural, implantada pela gestão de Patrus, e não cita o governo do ex-prefeito Fernando Pimentel, hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, um dos apoiadores da campanha de Patrus.

Questionado sobre o manifesto, Lacerda disse que o documento era de iniciativa dos deputados e não contou com sua participação. "O manifesto não foi ideia minha. Ele expressa apenas a opinião dos deputados estaduais e federais da nossa coligação." Lacerda disse que não vai disputar paternidade de nenhum projeto durante a campanha e que pretende apenas apresentar para o eleitor o que ele fez durante seu mandato e o que pretende fazer nos próximos quatros anos. "Da minha parte não há briga por paternidade. Pretendo não entrar nesse tipo de polêmica, acho mais interessante olhar para a frente." Lacerda também garantiu que pretende fazer uma campanha sem ataques, voltada para a discussão dos problemas da cidade. "Vamos focar no que fizemos nesses três anos e meio. Não quero fazer campanha contra a, contra b, nem em desfavor de ninguém", assegurou. Lacerda disse que a campanha vai ser "muito dura", por isso é importante o apoio "desde o mais simples cidadão até o deputado mais votado".

O presidente do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, aproveitou o encontro de ontem para rebater o argumento de que as eleições na capital serão nacionalizadas e que o resultado pode interferir na disputa de 2014, quando serão eleitos presidente e governadores. "Estamos tratando do presente e do futuro de Belo Horizonte para o período de 2013 a 2016. Qualquer discussão além dessa é falsa", afirmou. Lacerda disse que um dos seus principais cabos eleitorais, o senador Aécio Neves, pré-candidato à sucessão de Dilma Rousseff, vai participar das caminhadas e ações da campanha, mas que a agenda desses eventos ainda não foi fechada.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Raupp, do PMDB, 'exclui' Chalita de disputa paulistana

O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse ontem que a disputa pela Prefeitura de São Paulo será polarizada entre PT e PSDB, sem mencionar o potencial do candidato de seu próprio partido, o deputado federal Gabriel Chalita.

Raupp participou de um evento em Belo Horizonte ao lado do candidato do PT, o ex-ministro Patrus Ananias, e admitiu que as campanhas em São Paulo e Belo Horizonte estão nacionalizadas. "São Paulo é uma disputa do PT, que é o partido no governo, com o PSDB. E em Minas, não é com o PSDB, mas acabou sendo uma disputa nacional com as forças do PSDB, contra PT e PMDB". Na capital mineira, Patrus disputa contra o prefeito Marcio Lacerda (PSB), que tenta a reeleição com apoio tucano. Em São Paulo, o PT tem o ex-ministro Fernando Haddad (PT) e o PSDB, o ex-governador José Serra.

Raupp confirmou também que o partido negocia a fusão do partido com outras legendas. Segundo ele, já há negociações em andamento com "três ou quatro" siglas - mas ele não quis revelar quais. / M. P.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Partidário de Chalita vai fazer campanha para Serra

Secretário deve deixar posto no governo Kassab, mas se nega a apoiar peemedebista

Diógenes Campanha

SÃO PAULO - O secretário municipal de Esportes de São Paulo, Bebetto Haddad (PMDB), deixará o cargo para entrar na campanha de José Serra (PSDB) à prefeitura.

Ele havia sido pressionado pelo PMDB a sair da secretaria em maio, para que o candidato do partido, Gabriel Chalita, ficasse livre para criticar a atual gestão, mas se recusou e sinalizava que apoiaria o tucano.

A Folha não conseguiu falar com Bebetto ontem, quando ele se reuniu com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) para acertar a mudança.

Na última sexta, Bebetto havia dito à reportagem que a decisão sobre sua permanência seria do prefeito e que faria campanha por Serra.

"Neutro eu não ficarei, vou fazer campanha. Não farei campanha para o Chalita. Vou ajudar o candidato do prefeito", disse. Ele era presidente municipal do PMDB até ser trocado por Chalita.

A adesão do secretário à candidatura de Serra deve fazer com que saia do PMDB.

Quando Bebetto se negou a abandonar a prefeitura, em maio, o partido já havia dissolvido quatro diretórios controlados por ele no interior do Estado. Em junho, decretou intervenção em seis zonais da capital leais ao secretário.

A Secretaria de Esportes deve voltar a ser chefiada pelo PSDB: o deputado Walter Feldman, que foi titular da pasta (2007-2011), é o mais cotado para substituir Bebetto. Ele, porém, reluta em deixar a campanha de Serra, da qual é coordenador de mobilização.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Por campanha de Serra, Kassab faz minirreforma

Prefeito de São Paulo realiza mais duas trocas em seu primeiro escalão a fim de que quadros passem a compor equipe do candidato tucano

Bruno Boghossian, Felipe Frazão

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), prepara mais uma minirreforma no primeiro escalão de seu secretariado para ajudar a campanha de José Serra (PSDB) na sucessão municipal. Kassab reuniu-se ontem com titulares de pastas para avisá-los de que passarão a integrar o núcleo da equipe do tucano. Bebetto Haddad (Esportes), do PMDB, e Antonio Carlos Malufe (Relações Governamentais), do PSD, deixarão os cargos em data a ser definida.

Além deles, o ex-vice-presidente da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab), Ricardo Montoro, que havia deixado o posto para se candidatar a vereador, também vai integrar o staff da campanha serrista.

Malufe e Montoro devem assumir papéis estratégicos no time de Serra. O atual secretário de Relações Governamentais será o responsável pela campanha dos principais candidatos a vereador da coligação - grupo que inclui os atuais parlamentares e potenciais puxadores de voto. Já Montoro, a convite de Serra, trabalhará com o coordenador da equipe, Edson Aparecido.

A função de Bebetto na campanha ainda não foi definida. A entrada do peemedebista na campanha de Serra deve evidenciar divergências internas no PMDB e constranger o candidato da sigla, Gabriel Chalita, que faz críticas à gestão Serra/Kassab.

Ex-presidente do PMDB paulistano e ligado ao ex-governador Orestes Quércia, Bebetto tornou-se um desafeto dentro do partido após a chegada de Chalita. Ele deixou o comando do diretório municipal, mas se negou a abandonar a gestão Kassab - como o partido exigia, para dar liberdade a Chalita para atacar a gestão do prefeito.

Bebetto resistiu a pressões do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e chegou a sofrer retaliação da nova direção da legenda em acordos políticos firmados por seu grupo. Diz estar "sem ambiente" no partido e estudar propostas para se filiar ao PSD ou outra sigla.

O ex-deputado Walter Feldman (PSDB) é cotado para assumir a Secretaria de Esportes em seu lugar. Ele já comandou a pasta e foi enviado por Kassab a Londres para acompanhar, em 2011, a preparação da cidade inglesa para os Jogos Olímpicos. Feldman enfrenta resistências dentro do PSDB por ter apoiado a reeleição do atual prefeito, em 2008, contra Geraldo Alckmin.

Outras reformas. Quando se concretizar, esta será a terceira troca conjunta de comando nas secretarias, com fins eleitorais. Outras duas ocorreram em abril e junho, por causa dos prazos de desincompatibilização exigidos pela Justiça Eleitoral - para candidatos a vereador e a vice-prefeito.

Kassab já havia exonerado o escolhido para a vice de Serra, Alexandre Schneider (Educação), a atual vice, Alda Marco Antonio (Assistência Social), Miguel Bucalem (Desenvolvimento Urbano) e Marcos Cintra (Desenvolvimento Econômico e Trabalho) - todos do PSD -, Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) e Marcos Belizário (Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida) - ambos do PV.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Milícias: MP propõe vigiar verbas de candidatos

Presidente do TRE convoca eleitores a denunciar irregularidades: "A população tem de ser parceira do tribunal", diz Zveiter

Sérgio Ramalho, Vera Araújo

O procurador regional eleitoral do Ministério Público Federal (MPF), Maurício da Rocha Ribeiro, defendeu ontem o monitoramento sistemático da arrecadação e dos gastos de campanha de candidatos suspeitos de ligação com grupos paramilitares, como forma de evitar a utilização de recursos ilegais arrecadados pelas milícias para eleger seus aliados.

A estratégia, segundo o procurador, foi um dos principais pilares da Operação Mãos Limpas, posta em prática na Itália na década de 1990, que comprovou a ligação de partidos políticos com grupos mafiosos.

Ribeiro admitiu que a realização deste tipo de trabalho depende de uma ação conjunta envolvendo representantes de diferentes órgãos de controle do estado, como foi proposto pelo presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter. Conforme O GLOBO noticiou ontem, a força-tarefa vai reunir representantes da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Federal, do Comando Militar do Leste (CML) e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Apesar de favorável à proposta, o procurador disse não ter sido convidado a participar do grupo especial.

Para Ribeiro, o rastreamento das fontes de financiamento de campanha de candidatos supostamente ligados às milícias pode levar à cassação do registro de campanha ou à perda do mandato, no caso de candidatos eleitos:

- Sem dúvida, é um trabalho que demanda tempo e estrutura de investigação, mas é possível, sim, impedir que um candidato apoiado por esses grupos assuma um cargo eletivo, desde que população e autoridades trabalhem conjuntamente - disse o procurador.

Primeira reunião da força-tarefa será hoje

Hoje, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio promove a primeira reunião com integrantes dos setores de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Federal, do Comando Militar do Leste e da Polícia Rodoviária Federal. O objetivo é traçar um plano para evitar que o crime organizado controle os votos em seus redutos. O presidente do TRE, Luiz Zveiter, convocou a população a denunciar quem tentar interferir no processo eleitoral:

- As pessoas devem denunciar eventuais problemas que tenham na sua região - disse Zveiter. - O Disque-Denúncia do TRE (3513-8144) está à disposição dos eleitores. A população tem que ser parceira do tribunal neste momento em que se inicia o processo eleitoral. Ela não pode ser coadjuvante.

Segundo Zveiter, o grupo dependerá de informações sobre irregularidades que, eventualmente, sejam praticadas:

- O eleitor não pode votar naqueles que descumprem a lei e tentam burlá-la. Depois de eleito, com certeza, ele vai continuar burlando a vontade do eleitor, descumprindo com suas propostas - disse Zveiter.

FONTE: O GLOBO

No Rio de Janeiro, candidatos pedem mais integração

Aspásia diz que já topou com milicianos e traficantes; falta de segurança preocupa

Candidatos à prefeitura do Rio defenderam ontem mais integração no combate aos grupos que tentam transformar regiões da cidade em currais eleitorais. Para a candidata do PV, Aspásia Camargo, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, também deveria informar oficialmente aos candidatos as áreas sob domínio desses grupos, para evitar problemas:

- Estou circulando por vários pontos da cidade e, em alguns, foi possível notar a presença desses grupos, não apenas composto por milicianos, mas também por traficantes. Não negocio a compra de votos - disse Aspásia.

Para Marcelo Freixo (PSOL) a Justiça Eleitoral precisa ter um planejamento específico para o Rio, atuando de forma integrada com Secretaria de Segurança e Polícia Federal, para que os serviços de inteligência possam interagir e combater a esses currais eleitorais.

O candidato da coligação DEM-PR, Rodrigo Maia, defendeu que o planejamento de segurança proposto pelo TRE para o período eleitoral se estenda aos cidadãos do Rio:

- Espero que as boas intenções do TRE se espalhem para toda a cidade de janeiro a janeiro, pois a falta de segurança é uma das principais reclamações que escuto. Ainda não fiz campanha em nenhuma comunidade, e espero não ter problemas com a falta de segurança nessas áreas.

O prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição, não retornou as ligações.

FONTE: O GLOBO

Em Recife, Humberto vê no mensalão “jogo” para prejudicá-lo

Perto do julgamento do Mensalão, petista vê como estratégia dos adversários as versões de que José Dirceu teria apadrinhado o seu nome e enviado emissários ao Recife

Débora Duque

Às vésperas do julgamento do Mensalão, marcado para 2 de agosto, o senador Humberto Costa (PT) aponta a existência de uma estratégia, montada por seus adversários, para tentar vinculá-lo à imagem do ex-ministro José Dirceu (PT), acusado de chefiar o esquema de compra de votos no Congresso. O petista está incomodado com a versão que tem sido propagada pela imprensa de que Dirceu teria “apadrinhado” a sua candidatura no PT nacional e, de quebra, enviado emissários para atuar na campanha à Prefeitura.

No PT local, permanece vivo o “fantasma” de 2006, quando as acusações de envolvimento na Máfia dos Vampiros terminaram por tirar Humberto do segundo turno da disputa pelo governo. Absolvido dois anos depois, ele teme que as tentativas de associá-lo a Dirceu provoquem, agora, um desgaste eleitoral semelhante.

“Alguém está querendo divulgar uma mentira. Estão querendo fazer um jogo para quando chegar o julgamento execrarem José Dirceu e dizer que eu sou ligado a ele. Esse tipo de baixaria é a única coisa que pode me tirar da disputa. Agora, tem gente que só sabe jogar assim”, afirmou, sem citar nomes. Ao negar a interferência do ex-ministro na campanha, o petista disse que só trata de “eleição” com Lula, Dilma e Rui Falcão, presidente nacional do PT.

As declarações foram dadas, ontem, antes de Humberto participar de um encontro com as mulheres do partido. Ainda que de modo cauteloso, ele voltou a insinuar que o governador Eduardo Campos (PSB) descumpriu o acordo firmado com o PT ao lançar uma candidatura do PSB na capital. “Foi ele quem pediu para João da Costa ser substituído. Ele disse várias vezes que achava que o prefeito não ganharia a eleição e chegou a dizer que apoiaria qualquer candidato do PT. O presidente Lula confirmou isso”, frisou, evitando prolongar a polêmica com o PSB. Hoje, ele vai a Brasília, onde articulará a participação de ministros na campanha.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Mestre e aprendiz:: Eliane Cantanhêde

Tanto a cúpula nacional do PMDB quanto a do PSD correram afoitamente para quebrar um galho para Dilma: encorpar a candidatura do petista Patrus Ananias em Belo Horizonte. Mas a forma e os resultados foram muito diferentes. Enquanto o vice-presidente Michel Temer foi cirúrgico, o prefeito Gilberto Kassab foi barbeiro.

Temer recebeu a incumbência numa segunda-feira, e em 24 horas o serviço estava feito, sem dor, sem sangue, sem barulho: o PMDB retirou a candidatura própria, entregou a cabeça do ex-candidato de bandeja para Dilma e, unido, apoiou Patrus.

Já Kassab, além de ter ido dormir apoiando o petista Fernando Haddad e ter acordado aliado ao tucano José Serra em São Paulo, desarticulou o PSD de Minas ao lhe impor o candidato do PT em Belo Horizonte.

Em entrevista à Folha, no domingo, Temer falou como vitorioso. Enalteceu o apoio do PMDB ao PT em BH, desdenhou dos arroubos nacionais do governador Eduardo Campos (PSB) e contou, à sua maneira, que saiu do imbróglio com um troféu: se Dilma resistia ao nome de Henrique Eduardo Alves para a presidência da Câmara, não resiste mais. Em troca do apoio ao PT em BH, o PMDB vai levar Câmara e Senado em 2013. "Desprendimento" custa caro.

Também em entrevista à Folha, ontem, a senadora e líder ruralista Kátia Abreu (PSD) reclamou do "centralismo e autoritarismo" de Kassab, criticou o personalismo dele em São Paulo e em Belo Horizonte e lamentou a saída de Roberto Brant do partido. Ela está brava e ameaça claramente sair do novo partido.

A diferença: o PMDB é um partido com história, enraizado em todo o país e comandado por uma profusão de líderes, e Temer é hoje sua maior estrela, enquanto o PSD e Kassab estão apenas engatinhando.

PS - O líder na Câmara, Arlindo Chinaglia, pode ser o último dos moicanos do PT-SP no mapa político de Dilma e seu governo. Está para cair.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Prova material:: Dora Kramer

De modo geral, as análises sobre o destino da CPI do Cachoeira depois da cassação de Demóstenes Torres convergiram para a conclusão de que um mandato de senador saciaria os apetites punitivos e, com isso, a tendência seria o esvaziamento dos trabalhos da comissão.

É uma maneira de ver as coisas. Um tanto apressada por se basear na opinião anônima de uma maioria interessada em mudar de assunto o quanto antes, desconsiderar o papel do público e, por isso mesmo, talvez equivocada.

A lógica diz justamente o contrário: cassado Demóstenes, comprovado ficou que na interpretação do Senado há realmente infiltração do crime organizado no ambiente político, o que por si já é motivo suficiente não para enfraquecer, mas para fortalecer o objetivo da CPI de investigar as relações do chamado esquema Cachoeira com agentes públicos e privados.

Aliás, se não fosse a repercussão que a comissão de inquérito deu ao caso, o desfecho da votação da semana passada no Senado poderia ter sido outro.

A realidade também informa que será preciso mais que um sofisma – aquele segundo o qual a retirada de Demóstenes de cena levaria a CPI a perder o sentido – para dar o dito pelo não dito.

A dificuldade para se levar a termo a tese do esvaziamento é que a comissão não é senhora dos fatos. Há o inquérito da Polícia Federal cujo conteúdo todos os dias fornece uma revelação que renova a necessidade de o Congresso levar adiante o que começou.

A mais recente envolvendo o governador de Goiás, Marconi Perillo, pode ser verdadeira ou não, mas precisa ser esclarecida. Afinal, a Polícia Federal está dizendo que um chefe de Executivo estadual vendeu um imóvel a um acusado de comandar organização criminosa que pagou a ele com dinheiro de uma empreiteira em troca da liberação de pagamentos referentes a contratos com o governo.

Em português claro, acusa-se Perillo de ter recebido propina da Construtora Delta. Empresa que depositava dinheiro em empresas fantasmas para, segundo as suspeitas, irrigar dutos de corrupção e caixa dois de campanhas eleitorais.

Não bastasse, um prefeito (de Palmas) foi filmado combinando troca de favores com Carlos Cachoeira, outro governador (do Distrito Federal) mantinha em seu gabinete gente de relações estreitas tanto com o bicheiro quanto com a empreiteira e resta ainda esclarecer até que ponto a amizade do governador do Rio de Janeiro com o dono da Delta respeitou ou não a fronteira entre o público e o privado.

Tudo isso ganhou destaque por causa da CPI. Arquitetada com objetivos baixos, acabou tomando o rumo do inesperado, prestando-se a propósitos mais altos.

No ponto em que se chegou fica impossível promover um recuo à estaca zero. Simplesmente porque essa decisão não está nas mãos de nenhum partido, não depende da vontade dos senadores e deputados, não é um brinquedo a ser posto de lado por decreto parlamentar.

Querendo ou não, a única opção de suas excelências é prosseguir. Até porque já está patente que as informações originadas na Polícia Federal não deixarão que seja diferente.

Empurra. O publicitário Duda Mendonça acusa o colega Marcos Valério, que chama atenção para a responsabilidade dos "protagonistas políticos", entre os quais José Dirceu, que, por sua vez, joga culpa no ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Eis o que resumidamente se conhece até agora das alegações das defesas desses três réus do processo do mensalão, indicando que juridicamente faz-se insustentável a versão disseminada no campo político de negar os fatos para transformar um escândalo de corrupção em conspiração golpista contra Lula e o PT.

Do exposto até agora pelos advogados, portanto, há admissão de que crimes houve, restando apenas estabelecer quem os cometeu. A partir desse pressuposto é que a desunião entre os acusados pode fazer prevalecer a força dos relatos contidos nos autos.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Pibinho de Dilma já parece com o de FHC:: Raymundo Costa

A presidente Dilma Rousseff, ao contrário de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, pode acabar seu primeiro mandato, em dezembro de 2013, com índices tucanos de crescimento econômico. A última previsão do mercado é de 1,9% de crescimento do PIB, em 2012. Na média, a previsão para os dois primeiros anos de Dilma está próxima à média dos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, o primeiro e único presidente do PSDB a ocupar o Palácio do Planalto.

A confirmação das dificuldades por que passa a economia brasileira veio semana passada, com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado espécie de prévia do PIB, que registrou queda de 0,02% na comparação com abril. O mercado já trabalha com um crescimento de 1,9% para 2012, o que deixará Dilma com algo na faixa definitivamente tucana de 2,3%, na média de seus dois primeiros anos de mandato.

Esses números parecem deixar constrangida a presidente da República, tanto que Dilma tratou de minimizar as expectativas sobre o crescimento do PIB. "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o Produto Interno Bruto", disse a presidente durante uma conferência sobre os direitos da criança e dos adolescentes.

Isso foi na quinta-feira. No dia seguinte, ao discursar na cerimônia de batismo de uma plataforma da Petrobras, na Bahia, a presidente talvez tenha colocado o problema em uma perspectiva mais realista, muito além do cerco imposto ao debate pela disputa PT-PSDB. "Meu governo está atento para garantir que nosso país, diante dessa situação internacional, tenha um desempenho o melhor possível, e saia dessa crise aproveitando oportunidades que sempre uma crise traz".

A tabela abaixo, compilada pelo Valor Data, deixa claro que independentemente do erros de cada governo, as crises internacionais não distinguem o PT do PSDB. Dilma é hoje tão vítima da crise financeira desencadeada em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers, e da crise na zona do euro, como foi FHC em quatro grandes crises externas, na segunda metade dos anos 1990: México, Asiática, Russa e Argentina.

Crises econômicas mundiais são iguais para PT e PSDB

A crise mexicana começou em 1994 e pegou FHC no seu primeiro ano de mandato, 1995. O chamado "Efeito Tequila" desencadeou uma onda de desconfiança nos mercados, sobretudo nos países em desenvolvimento. FHC ainda conseguiu navegar nas ondas do Plano Real, baixado no ano anterior, o país cresceu 4,2% em 1995, mas já em 1996 caiu para 2,2%, tomou algum fôlego em 1997 (3,4%) e despencou para zero no ano da reeleição do presidente.

No primeiro ano (1999) do segundo mandato do tucano o país cresceu 0,3%, e o governo FHC também entrou na lista de responsáveis pelas grandes crises do período com a desvalorização do real, encapsulado durante os primeiros quatro anos do PSDB no Palácio do Planalto.

A crise monetária do sudeste asiático ocorreu em 1997; no ano seguinte sobreveio a crise da Rússia. Mas nem só a ela deve ser debitado a ausência de crescimento do PIB. Àquela altura já era evidente que FHC mantinha o câmbio sob rédeas curtas à espera da reeleição em outubro.

Os anos 2000 começaram com a crise da Argentina, gestada desde a década anterior, que se estendeu até 2002, quando chegou a registrar uma forte recessão, após a qual entrou em rota acelerada de recuperação. No Brasil, o sindicalista Lula e o PT conseguiram, por fim, conquistar a Presidência da República, após quatro tentativas.

O reducionismo do debate partidário PT-PSDB, em geral distante da crítica honesta, joga nas costas de um certo "efeito Lula" o baixo crescimento do primeiro ano do novo presidente. De fato, à época, Lula ainda despertava temores no mercado e na classe média (basta lembrar de Regina "eu tenho medo" Duarte na televisão). Mas já era um Lula domesticado que estava na Presidência. Sob a batuta de Antonio Palocci ele fez o forte ajuste que já em 2004 levaria o país a crescer 5,7%. Lula navegou uma época favorável da economia externa, seu maior problema, em 2005, foi interno, o escândalo do mensalão - este mesmo que irá a julgamento No Supremo Tribunal Federal, em agosto.

No fim de 2008, Lula tripudiou da crise financeira mundial. A conta da "marolinha" chegou em 2009, com o PIB negativo (- 0,3%). Dilma assumiu a conta da farra de gastos de 2010 (para sua eleição) e da crise mundial. PT e PSDB talvez divirjam efetivamente sobre o remédio para as crises, mas o país é vulnerável a cataclismas econômico-financeiros mundiais, não importa qual deles é o plantonista.

FONTE: VALOR ECONÔMICO