quinta-feira, 21 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – José Simão: Lula, Maluf

Essa aliança do Lula com o Maluf não é uma aliança, é uma algema! O Lula achou Maluf antes da Interpol.

José Simão, humorista. Folha de S. Paulo, 20/6/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Cai presidente do Banco do Nordeste
Lula extrapolou e deu um fora, diz Erundina
ONGs rejeitam documento da Rio+20; ONU cobra ambição
Câmara abre brecha para fim de teto de servidor
Demóstenes e Cachoeira viajaram juntos

FOLHA DE S. PAULO
Militares vigiaram Dilma durante o governo Sarney
Grécia forma governo que apoia país na zona do euro
Rio+20: ONU reconhece que documento da cúpula tem pouca ambição
Governo uruguaio quer estatizar venda da maconha
Ex-secretário de Kassab é alvo de investigação

O ESTADO DE S. PAULO
Comissão aprova farra dos salários
Após mais uma recusa, Lula tenta vice de PTB ou PC do B
Dilma defende ‘consenso’ sobre documento final

VALOR ECONÔMICO
Investimento tem forte expansão nas capitais
Camargo fica com Cimpor por € 5 bi
Cai a venda de máquinas para construção
Tecnologia nano vai até o campo
Eleição municipal afasta aliados históricos

CORREIO BRAZILIENSE
Deputados tramam fim do teto salarial
ONGs se rebelam contra a Rio+20
Tortura em Minas foi muito além de Dilma

ESTADO DE MINAS
No limite da irresponsabilidade
Cobrança brasileira
Tempo de horrores
Calote: Brasileiros exageram nos cheques sem fundos em maio
Gasto do SUS com vítimas de motos no país sobe 113%

ZERO HORA (RS
Em meio a críticas, só Brasil confia em sucesso da Rio+20
Governo do Uruguai quer vender maconha
Eleições 2012: Por tempo na TV, alianças esdrúxulas

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Greve do metrô é suspensa
Presidente do BNB é afastado
Motos matam mais do que os carros
PSB vai lançar Geraldo Júlio para prefeito

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Luiza Erundina frustraria por inteiro pragmatismo de Lula no pleito de São Paulo:: Jarbas de Holanda

O projeto original do ex-presidente Lula de uma forte candidatura do seu grupo à prefeitura de São Paulo – capaz de superar a resistência ao petismo predominante na cidade e de encaminhar a disputa como etapa do plano maior de conquista do governo do estado em 2014 – tal projeto, bem como as articulações iniciais dele nesse sentido, passavam pela atração do prefeito Gilberto Kassab, pela indicação de um nome do PT com imagem de “novo” e bem assimilável pelo eleitorado e pela entrega da candidatura a vice a um aliado em condições de cumprir papel semelhante ao do empresário José Alencar na campanha presidencial de 2002 e 2006.

O script começou com o sacrifício da candidata natural do partido, Marta Suplicy, que, segundo a avaliação dele, manteria a polarização política e social verificada nos últimos pleitos, com os resultados conhecidos, bloqueando um avanço do lulismo em direção ao centro. Mas sofreu um duro e inesperado tropeço com a inviabilização da expectativa de aliança com Kassab em decorrência do lançamento da candidatura de José Serra – circunstância, descartada no projeto, que recolocou o prefeito no campo do governador Geraldo Alckmin. E esse roteiro teria de ser completamente deixado à margem no caso da manutenção da deputada Luiza Erundina como companheira de chapa de Haddad, com seu discurso de agudo teor esquerdista. Discurso bem resumido em reportagem da Folha de S. Paulo, de sábado, intitulada “Erundina compara eleição a luta de classes”. Da qual seguem-se alguns trechos: “Ela defendeu a implantação do modelo socialista no país, disse que a classe trabalhadora não deve disputar apenas ‘espaço de poder no estado burguês’ e afirmou que percorrerá ‘favelas e cortiços para pedir votos”. “A ex-prefeita também condenou os meios de comunicação brasileiros e elogiou o governo de Cristina Kirchner na Argentina – que ‘avançou significativamente no enfrentamento dos poderosos da mídia’, segundo ela”. Dois dias depois dessa entrevista, Erundina reagiu irada ao encontro de Lula e Haddad com Paulo Maluf, na casa deste, para chancela do apoio do PP à chapa petista.

Com a desistência de Erundina de participar da disputa, ou mais precisamente com o afastamento dela, conforme resultado do encontro que teve anteontem com a direção nacional do PSB, o substituto ou substituta poderá ser alguém desse partido, que não reivindica mais o cargo de vice, ou de outra legenda da aliança já formada, ou de sua ampliação. A perspectiva de um nome do PC do B, com a desistência da candidatura de Netinho, favoreceria essa ampliação, mas provavelmente não é uma alternativa do agrado de Lula. Para ele, que decerto não se incluiu entre os que apelaram à ex-prefeita para se manter candidata, embora o afastamento dela tenha forte desgaste imediato, sobretudo em áreas de esquerda e nas do PT paulistano vinculadas a Marta Suplicy – que se juntou a Erundina na condenação à aliança com Maluf -, isso será esquecido ou minimizado ao longo da campanha. E poderá ensejar-lhe uma reorientação, ao menos parcial, da chapa de Haddad em direção ao majoritário eleitorado de centro. Pela aposta que ele faz nos ingredientes de ampla coligação de apoio, que propiciará maior tempo de propaganda de TV e rádio, e da promessa de generoso apoio do governo federal a um prefeito do PT.

Amplitude e promessa que de fato poderão levar seu candidato ao 2º turno, mas que provavelmente será insuficiente para garantir-lhe uma vitória na disputa com o tucano José Serra. Até porque, além da boa avaliação do governo Alckmin, e da competitividade de Serra, há outro ingrediente, adverso e significativo, no cenário político-eleitoral do segundo semestre – o julgamento do processo do mensalão.

Jarbas de Holanda é jornalista

Lula extrapolou e deu um fora, diz Erundina

A deputada Luiza Erundina, que desistiu de ser vice de Fernando Haddad depois que Lula tirou foto com Paulo Maluf, disse que o ex-presidente foi longe demais em suas alianças, e que a busca por tempo de TV na eleição não pode "sacrificar a História". "Ele já deve ter percebido o fora que deu."

"Lula já deve ter percebido o fora que deu"

Erundina afirma que ex-presidente passou dos limites ao se aliar a Maluf e diz que tempo de TV não pode "sacrificar a História"

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA . Um dia após desistir da candidatura a vice na chapa do PT na disputa pela prefeitura de São Paulo, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) afirmou ontem que fará campanha para o candidato petista Fernando Haddad, mas não participará de eventos com a presença do presidente estadual do PP, deputado Paulo Maluf. Ela afirmou que Maluf tira credibilidade de Haddad devido à sua participação na ditadura militar, por ser um procurado pela Interpol e pelo que ele representa para a política brasileira.

Mais cedo, ao chegar à Câmara, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou dos limites ao articular o acordo com o adversário histórico para ampliar o tempo de TV na campanha de Haddad.

"Você vai à casa de alguém quando tem intimidade"

A deputada não poupou Lula pela fotografia tirada na casa de Maluf, selando a aliança, e criticou o pragmatismo eleitoral petista. Reconheceu que sabia da possibilidade de aliança com o PP, mas disse não imaginar que seria tão explícita:

- Você vai à casa de alguém quando tem intimidade com ela, amizade, respeito. Eu não acho que o Lula tenha respeito por Maluf nem vice-versa. O tempo de TV é importante, mas não a ponto de sacrificar a imagem, a História, os princípios - disse Erundina. - Aquele encontro na casa foi inadequado pelo simbolismo que aquela figura representa na política brasileira e do estado.

A deputada e ex-prefeita de São Paulo disse acreditar que Lula se arrependeu do gesto. Para Erundina, a política tem um caráter pedagógico e a imagem do ex-presidente de braços dados com Maluf, a quem combateu no passado, não contribui:

- O Lula é sensível, intuitivo, ele já deve ter percebido o fora que deu.

Ao chegar à Câmara, ontem de manhã, a deputada disse que foi muito parabenizada por sua desistência. Indagada se Lula teria passado dos limites ao articular o acordo para ampliar o tempo de TV, respondeu:

- Eu acho. Aquilo lá foi ruim. O preço foi alto por uma coisa pequena. Acho que a mídia é importante, mas não determina de forma absoluta o processo eleitoral - disse, ressalvando que o problema de Lula foi ter ido à casa de Maluf, e não ter se ausentado do anúncio de que ela seria vice de Haddad.

Erundina também lamentou o desfecho do episódio, afirmando que acreditava no projeto:

- Lamento, porque o candidato é bom, com chances reais de vitória, e a militância estava animada com a parceria.

A deputada acusou o PT de resgatar o malufismo, que estaria, segundo ela, em decadência. E disse que Maluf vai querer aparecer no horário eleitoral gratuito para tentar limpar sua imagem, além de ter participação na prefeitura, se Haddad vencer:

- Ele (Maluf) quer aparecer com uma outra imagem, que não a de quem está sendo procurado pela Interpol. Ele se higieniza ao lado de forças que não têm nada a ver com o malufismo. Somos o outro lado - disse Erundina. - Ele investiu pesado nesse resgate político. Já estava morto, só faltava enterrar.

No meio da entrevista, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) apareceu para dar um beijo em Erundina, um símbolo dos petistas que também não estão satisfeitos com essa aliança eleitoral. Ela disse que foi um momento "delicado" a decisão "sofrida" de desembarcar da chapa petista, mas resumiu:

- Conviver com essa pessoa (Maluf) não dá.

Um dos parlamentares mais próximos de Erundina na Câmara, o deputado Domingos Dutra (PT-SP) criticou a proximidade de seu partido com Maluf e disse que a socialista agiu corretamente.

Depois de passar a maior parte da entrevista falando mal de Maluf, Erundina caiu em si:

- A gente está perdendo muito tempo falando no Maluf.

E ainda deu mais uma estocada no PT, ao classificar como "babaquice" o slogan que vende Haddad como "o novo":

- Ele (Haddad) tem as melhores condições de estar à frente de um projeto inovador. Não essa babaquice de ter mais idade ou menos idade. Não é isso. O novo é a ousadia na política.

FONTE: O GLOBO

Para Freire, foto de Lula com Maluf choca pelo cinismo e desfaçatez

Freire acredita que apoio de Maluf trará prejuízos eleitorais para o PT

Valéria de Oliveira

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse que não está surpreso com a aliança entre Paulo Maluf e o PT na disputa pela prefeitura de São Paulo porque o ex-presidente Lula governou “com a quase totalidade daqueles que detratou quando estava na oposição”. Entretanto, ele afirmou que a foto de do ex-governador de São Paulo com Lula “choca pelo cinismo, pela desfaçatez e pela desmoralização da atividade política que ela simboliza”.

“Maluf estava no governo Lula desde o começo”, lembrou Roberto Freire. “Alguns menos votados, em termos de impropérios, como Sarney, Jader, Collor, Renan Calheiros e tantos outros também com ele há muito estão”.

Repercussão

Freire não acredita que o eleitor compreenda a aliança. “Apesar de serem aliados há muito tempo, aquela fotografia tem algo de emblemático e creio que provoca uma repulsa generalizada na cidadania”. Para o deputado, superar esse sentimento ao longo da campanha eleitoral dará trabalho porque vai requerer muito esforço. “É muito mais provável que haja perda (por causa da aliança)”.

Na avaliação de Roberto Freire, a atitude da deputada Luiza Erundina de abandonar a candidatura a vice de Haddad é um exemplo disso. “Mesmo sabendo que poderia haver a aliança PT-PP, a fotografia inviabilizou a presença dela na chapa”. Se não tomar cuidado, acrescentou Freire, “o lulopetismo vai acabar inviabilizando a presença dela na campanha”.

PPS lança Soninha no sábado

Em São Paulo, o PPS lança no próximo sábado (23) a candidatura de Soninha Francine à prefeitura da capital. Segundo a última pesquisa Datafolha, a ex-vereadora ocupa o terceiro lugar na disputa, com 8% de intenções de voto, mesmo percentual do petista Fernando Haddad. Lideram a corrida o ex-governador José Serra (PSDB), que tem 30%, seguido de Celso Russomanno (PRB), com 21%.

FONTE: PORTAL DO PPS

Após mais uma recusa, Lula tenta vice de PTB ou PC do B

Em busca do vice para Fernando Haddad, o PT fez convites, recebeu duas respostas negativas e deve deixar a indicação com PTB ou PC do B. Depois do não de Luiza Erundina, o partido ouviu a recusa de Pedro Dallari, também do PSB. Luiz Flávio D"Urso foi convidado, mas o PTB ainda não deu resposta. O ex-presidente Lula deve conversar com o PC do B.

PT sonda aliados e PC do B ganha força para vice

Sem Erundina, correligionários de Haddad buscam nomes em siglas como PTB; Lula quer encontrar Rabelo e fechar aliança com parceiro tradicional

Fernando Gallo, João Domingos, Julia Duailibi e Bruno Boghossian

Em busca de um vice para a chapa de Fernando Haddad, pré-candidato a prefeito de São Paulo, o PT buscou opções em siglas como PSB e PTB, mas tende a deixar a indicação com o PC do B.

"Decidimos dar prioridade à construção da aliança. Após essa consolidação discutiremos a questão da vice", informou o coordenador da campanha, vereador Antônio Donato (PT), que reconheceu: "Temos uma conversa mais avançada com o PC do B". Na terça-feira, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) desistiu de ocupar a vaga em protesto às deferências do PT ao PP, de Paulo Maluf. No mesmo dia, o advogado Pedro Dallari (PSB) foi procurado por colegas de partido, mas também não aceitou.

Na própria terça-feira, deputados estaduais do PT se encontraram com o colega de Assembleia Campos Machado (PTB) e o sondaram sobre a indicação do advogado Luiz Flávio D"Urso (PTB), pré-candidato do partido, para a vice. Campos pediu dois dias para responder e deve dizer não.
"Eu continuo com minha candidatura posta, mas, se o partido vier a tomar decisão diferente, mudaremos o rumo", afirmou D"Urso. Campos se encontrara com petistas no sábado, quando disse que precisava ter candidatura para fortalecer seu partido. O PSDB também corteja o PTB .

O ex-presidente Lula pretende conversar hoje, durante a Rio+20, com o presidente do PC do B, Renato Rabelo. O petista poderá até oferecer a vice ao tradicional aliado, que tem três candidatos à vaga: a deputada Leci Brandão, o vereador Jamil Murad e a presidente da sigla em São Paulo, Nádia Campeão.

Entre os três, o PT manifesta preferência por Nádia. O partido avalia que o eleitor teria dificuldade para aceitar Leci, que nunca ocupou cargo no Executivo, como vice de um candidato novato. Nádia foi secretária na gestão Marta Suplicy (2001-2004).

Ontem, o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, Nádia e dirigentes do PC do B acertaram, em um café da manhã com Haddad, que a aliança deve sair antes da decisão sobre a vice. Depois, reuniram-se entre si, e saíram reafirmando, em público, a candidatura de Netinho de Paula.

Apesar de tudo, vereadores do PSB ainda tentavam indicar o vice de Haddad. Faziam circular os nomes da deputada Keiko Ota e do ex-jogador Marcelinho Carioca. O PT rechaça ambos.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Uma imagem que põe ex-presidente e sua infalibilidade à prova

João Domingos

A fotografia que registrou para a História a aliança entre Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Paulo Maluf derrubou no PT o mito da infalibilidade quase papal do ex-presidente. Amigos de Lula que o acompanham desde os tempos de sindicato afirmam que o encontro com Maluf foi um desastre do qual um político com a experiência do ex-presidente não poderia ser protagonista.

Deu tudo errado, avaliam os petistas. Eles lembram que o encontro não ocorreu num local neutro, mas na casa de Paulo Maluf, e por exigência deste. O gesto pode significar, no raciocínio deles, uma submissão de Lula ao velho adversário que, em 1980, quando governador, mandou as forças do extinto Dops espancar petistas na Freguesia do Ó com pedaços de pau, facas, estiletes, golpes de caratê e bombas de gás lacrimogêneo.

No rastro da foto com Maluf, os petistas enumeram outras atitudes recentes de Lula que criaram problemas. Uma foi o encontro secreto com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, em Brasília. A divulgação do fato - no qual, segundo Mendes, Lula estaria preocupado com o julgamento do mensalão e teria pedido ajuda em troca de blindagem na CPI do Cachoeira - jogou por terra qualquer resquício de esperança entre os petistas que ainda achavam possível um adiamento do caso para depois da eleição.

A própria criação da CPI é dada como um erro de cálculo do ex-presidente que, após eleger a sucessora e deixar o governo com aprovação recorde, não tem encontrado interlocutores dispostos a questioná-lo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Na TV, Jungmann ataca brigas petistas, em Recife

Débora Duque

Nos bastidores, sua candidatura à Prefeitura do Recife é encarada com ceticismo, mas o ex-deputado Raul Jungmann (PPS) deu um tom majoritário às inserções do partido, que serão veiculadas a partir de hoje. Ainda que sem citar nomes, os alvos escolhidos pelo pós-comunista foram o PT e a briga travada por seus integrantes em nome do poder municipal.

Os programas são performático, bem ao estilo do “âncora”. Num pano de fundo preto, o primeiro vídeo mostra uma pessoa recebendo um tapa na cara para ilustrar, segundo a narração feita pelo próprio Jungmann, o “desrespeito” com que “os políticos” estão tratando o cidadão recifense.

Na segunda inserção, o ex-deputado inicia uma fala de lado para a câmera e, aos poucos, gira até ficar cara a cara com o espectador. E aí, é quando solta: “É preciso colocar ordem na desordem que aí está. E o PPS quer fazê-las assim, olho no olho”.

Idealizador das filmagens, Jungmann alega que tentou fugir do padrão das inserções, nas quais os candidatos aparecem, de acordo com ele, como “mocinhos”. Ele justifica ter optado por um tom mais agressivo para transmitir ao eleitor a mensagem de inconformismo e indignação com o embate político travado pelos petistas. “É uma crítica ao espetáculo de baixíssimo nível que foi a disputa do PT, voltado ao seu próprio umbigo. Com franqueza, olho no olho, quisemos mostrar que podemos restaurar a ordem na cidade”, argumentou.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO

PSB vai lançar Geraldo Júlio para prefeito do Recife

Eduardo Campos confirmará ex-auxiliar independentemente da conversa de Lula.

PSB vai lançar Geraldo Júlio

Com apoio de quase todos os partidos da aliança, governador decide lançar ex-secretário e isola de vez o PT no Recife

Sheila Borges

O PSB já decidiu: vai lançar mesmo candidato próprio à Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), avalizado pela maioria dos partidos que integram a Frente Popular. O governador Eduardo Campos anuncia amanhã que o nome é o do ex-secretário Geraldo Júlio, que tem agradado a todos os setores da coligação governista com o perfil de “gerentão da cidade”. E isso ocorrerá mesmo que Eduardo não consiga conversar com o ex-presidente Lula sobre a sucessão do Recife e explicar os motivos que levaram o PSB a encabeçar uma chapa alternativa à do PT. Ontem, Eduardo e Lula se encontraram rapidamente no Rio de Janeiro, em um seminário da Conferência Rio+20, mas não trataram do assunto.

O governador, presidente nacional do PSB, voltou ontem ao Recife e hoje tentará, mais uma vez, falar com Lula, por telefone. Se não conseguir, a conversa ficará para a próxima semana. Nesse momento, o mais importante é acalmar a base governista, já que faltam apenas dez dias para o prazo final das convenções que homologam as chapas majoritárias e proporcionais. Além do mais, Eduardo se comprometeu com os aliados que não iria viajar para os Estados Unidos no domingo (24) – para recebe um prêmio –, sem apresentar uma definição para o imbróglio do Recife.

Com Geraldo Júlio, o PSB pretende reproduzir na capital o modelo de gestão do governo do Estado, que tem rendido alta popularidade a Eduardo. Na vice, o PTB é uma opção, mas não se descarta a entrada do PCdoB.

Os comunistas ainda não oficializaram nenhuma posição, mas, nos bastidores, a legenda já estaria de malas prontas para também desembarcar no palanque que está sendo construído por Eduardo. E isso passou por uma longa conversa que o governador manteve terça (19) com o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), candidato à reeleição. A dobradinha PSB-PCdoB, assim, pode ser concretizada no Recife e em Olinda. E isso deixaria o PT completamente isolado com a candidatura do senador Humberto Costa.

FONTE: JOENAL DO COMMERCIO (PE)

Em Recife, oposição se ajustando ao cenário

Com o racha entre PT e PSB no Recife, grupo tenta chegar a uma posição. No entanto, eles ainda buscam consenso

Débora Duque

As incertezas sobre o destino da Frente Popular, com o provável racha entre PT e PSB, contaminaram os partidos de oposição. Cientes de que a estratégia de múltiplas candidaturas pode levar o bloco a exercer um papel coadjuvante na campanha, as lideranças oposicionistas trabalham, às pressas, para se ajustarem ao novo cenário e tentarem chegar a um denominador-comum. Mas ainda não há consenso.

Até porque o grupo prefere esperar da candidatura socialista para anunciar uma nova resolução. Quem assumiu às rédeas das negociações foi o presidente nacional do PSDB e deputado federal, Sérgio Guerra (PSDB). Já na terça-feira (18), ele conversou, em Brasília, com o deputado federal Raul Henry (PMDB) e, ontem, com Mendonça Filho (DEM). Nos encontros, o tucano tem se mostrado inclinado a reavaliar a candidatura do deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) em nome da sobrevivência do bloco.

Porém, nos bastidores, a informação é de que ele não estaria disposto embarcar num projeto com Mendonça, nome que enfrenta a maior resistência dentro do grupo, apesar liderar as intenções de votos entre os prefeituráveis da oposição. No bloco, há o temor de que ele, ao longo da campanha, não cresça o suficiente para chegar ao segundo turno. Apesar de ser alvo do ceticismo dos demais, o democrata, até então, estaria se mostrando irredutível na sua determinação de participar da disputa, o que inviabilizaria a construção da unidade. Ao JC, Mendonça negou estar sendo intransigente. “Eu nunca coloquei o meu nome de forma obsessiva ou impositiva. Evidente que tenho uma ressonância e uma adesão junto à população, mas quero facilitar essa busca pelo consenso”, afirmou.

Dentro das últimas articulações, o nome de Raul Henry ressurgiu como uma via capaz de agregar o bloco. Um dos obstáculos que havia para receber o apoio do PSDB – o rompimento entre Sérgio Guerra e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) – está sendo contornado. Para facilitar o distensionamento, o próprio Raul intermediou um telefonema do tucano a Jarbas, na noite de terça. Ambos conversaram rapidamente sobre o estado de saúde do senador, que foi submetido a uma cirurgia cardiovascular na quinta-feira passada.

Apesar das costuras, o lançamento da candidatura de Raul é colocada em xeque por setores do próprio PMDB. Há quem avalie que seu ingresso na eleição possa atrapalhar os movimentos de reaproximação com o PSB do governador Eduardo Campos, caso o PSB decida mesmo lançar candidato próprio. Ontem, Raul visitou Jarbas Vasconcelos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para atualizá-lo das últimas negociações. Mesmo com os avanços nas movimentações, a expectativa é de que o capítulo final do enredo oposicionista aconteça amanhã, quando as principais lideranças da devem sentar conjuntamente para definir uma posição.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

PT e PSB têm mais embates que alianças no país

Cristian Klein

SÃO PAULO - Aliados históricos, mas com encontro marcado para uma futura disputa de diferentes projetos presidenciais, o PT e o PSB já experimentam nestas eleições municipais um embate que os colocam cada vez mais apartados. O rompimento em Fortaleza, e talvez em Recife - as duas maiores capitais governadas pelo PT -, é apenas a ponta do iceberg de uma base de municípios Brasil afora onde a sigla liderada pelo presidenciável e governador de Pernambuco Eduardo Campos se apresenta como adversária dos petistas.

Levantamento do PT obtido pelo Valor mostra que, nas 118 maiores cidades do país, as duas legendas são aliadas em 42 mas adversárias em 54. Em outras 22, as siglas ainda estão em negociação. O balanço se concentra no conjunto dos municípios com mais de 150 mil votantes e que reúnem mais de 40% do eleitorado brasileiro. É a fatia mais desejada pelos partidos com projetos de poder nacional, pela capacidade de influenciar os demais municípios.

Entre as 42 cidades onde PT e PSB são aliados, em 27 delas os petistas são os cabeças de chapa, enquanto em sete o pré-candidato é pessebista. Nas oito restantes, os dois partidos estão numa coligação apoiando outra legenda. Esses números mostram a tendência hegemônica do PT, o que nos últimos meses foi motivo de uma série de negociações em que o PSB tentou arrancar o apoio do PT.

Por outro lado, quando os petistas cedem, o PSB se mostra como o aliado preferencial. De acordo com o levantamento, no conjunto dos 118 maiores municípios, o PT tem, por enquanto, 86 candidaturas próprias. Em sete, ainda há negociação e em outras 25 o partido decidiu apoiar candidato de outro partido. O PSB é o mais favorecido, ao receber apoio em sete cidades. Em seguida, vêm o PDT (seis), PMDB (quatro), PCdoB, PP, PRB e PTB (duas) e PSD (uma). Coincidência ou não, o PR é o único dos grandes partidos da base aliada que não tem um candidato seu apoiado pelo PT. Desde que o ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, foi demitido pela presidente Dilma Rousseff, o PR mantém relação conflituosa com os petistas.

Sua condição é semelhante à das legendas de oposição ao governo federal. Mas com PSDB, DEM e PPS há proibição do PT em se firmar aliança majoritária, ou seja, com um ou outro como candidato a prefeito ou vice-prefeito. O PT, porém, não recusa apoio das siglas de oposição, desde que nestas condições subalternas ou quando os adversários participam com ele de uma coligação encabeçada por partidos da base aliada.

Os tucanos são os maiores adversários - em 110 das 118 cidades, seguidos pelo DEM (96) e PPS (87) - mas estão juntos com os petistas em quatro delas, número menor que os do DEM (sete) e PPS (14).

Os parceiros mais alinhados ao PT é a trinca liderada pelo PDT, com união em 47 cidades, e que conta ainda com o PCdoB (46) e com o PSB (42). O PMDB, com 29, está no patamar de afinidade das legendas mais à direita, como PP, PTB, PR e PSD, que variam de 26 a 32 cidades em que estão juntos com o PT.

Nesta política de alianças, no entanto, é a relação com o PSB a que mais desgasta e causa preocupação ao PT. Tanto é verdade que o PSB é o único partido a ter um levantamento próprio. O balanço entrou na mesa de negociações que já duram mais de cinco meses.

O processo foi iniciado quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao amigo e aliado Eduardo Campos o apoio do PSB a seu candidato em São Paulo, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Em contrapartida, o governador de Pernambuco pediu o apoio de petistas numa série de municípios.

O PT cedeu em cidades como Mossoró (RN), Duque de Caxias (RJ), Boa Vista (RR), Macapá (AP), numa lógica que seguiu a pressão da bancada de deputados federais do PSB sobre Eduardo Campos.

A relação com o PT se mostra tumultuada, no entanto, mesmo quando tudo parece caminhar bem. É o caso da aliança em São Paulo. Na semana passada, o PSB confirmou o apoio a Haddad e ofereceu a deputada federal Luiza Erundina como vice, numa cerimônia festejada por ambos os lados. Três dias depois, Erundina desistiu em reação à aliança firmada entre o PT e o PP do ex-prefeito Paulo Maluf, tradicional adversário dos militantes da esquerda em São Paulo. A desistência da pessebista e suas fortes declarações, nas quais criticou a visita de Lula e Haddad à casa de Maluf, onde os três se deixaram fotografar, causou constrangimento e fez Campos preferir até não indicar um substituto para o lugar de Erundina, para não prejudicar ainda mais a relação.

No conjunto das 86 cidades onde o PT terá candidatura própria, o PSB será adversário em 42 delas, seja com candidato próprio ou apoiando um terceiro partido. Em 27, os pessebistas apoiam chapa encabeçada pelo PT - enquanto o apoio inverso, de petistas a candidatos do PSB, se restringe a sete municípios.

A avaliação no PT é que Eduardo Campos tem preparado o tabuleiro municipal para se fortalecer em seu projeto presidencial, já que a bancada do PSB, que elegeu 34 deputados federais, ainda não rivaliza com a do PT, que tem 88, nem com a de outros partidos da coalizão, como o PMDB. Um dos planos seria a de desbancar o pemedebista e vice-presidente Michel Temer da possível chapa à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

Um dos pontos delicados desse projeto está no próprio quintal do governador. Há duas semanas, com a confusão causada pela briga entre os pré-candidatos do PT no Recife, Campos desincompatibilizou quatro secretários como opções do PSB à prefeitura. O PT, por intermédio de Lula, tenta demovê-lo da ideia.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Em Niterói, Comte diz que ainda está no jogo e Felipe Peixoto nega ser vice. Jorge Roberto deve anunciar como será sucessão

Wellington Serrano

Ainda não foi dessa vez que o prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) definiu se tentará ou não a reeleição. Na quarta-feira, ele adiou mais uma vez o anúncio de sua possível candidatura. Segundo aliados políticos, o prefeito passou o dia de ontem se reunindo com lideranças políticas para costurar apoio tanto ao seu nome, quanto ao que ele indicar, caso não venha candidato. Um dos nomes cotados entre os aliados para suceder Jorge Roberto em caso da desistência do prefeito, o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), garantiu ontem que ainda está no jogo, referindo-se a uma possível candidatura.

“Sempre estive no jogo. O prefeito Jorge Roberto Silveira sempre foi um político muito forte e respeitado por todos. Então, o conjunto todo gira em torno do nome dele. Se ele sair do páreo, é natural que um partido queira mais espaço do que o outro, faz parte da conjuntura política. Nós temos que ter serenidade para deixar o processo fluir”, declarou Comte.

À noite, ainda segundo aliados, o prefeito teria se reunido com o deputado estadual pedetista Felipe Peixoto, que mais cedo havia declarado que não aceitaria ser candidato a vice. Enquanto pegam fogo as negociações em torno da sucessão em Niterói, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ainda sonha com uma chapa encabeçada pelo seu partido na cidade.

“Ainda não chegou nenhuma fumaça deste fogo todo. O comportamento de Jorge Roberto é como a famosa Avenida do Contorno. Ele vai contornando todo mundo”, brincou.

Especulações - Nos últimos dias, vários boatos circulavam pelos corredores da Prefeitura e da Câmara. Um deles dava conta de que a ex-secretária municipal de Acessibilidade, Tânia Rodrigues (PDT), seria uma alternativa como vice em uma chapa não encabeçada por Jorge Roberto ou Felipe Peixoto, para não deixar os pedetistas fora da chapa majoritária. Tânia, porém, negou ontem que tivesse sido sondada, afirmando que se lançará como vereadora.

Disputa - Para Comte Bittencourt, a corrida à prefeitura de Niterói de fato começará com a definição do candidato do governo.

“As duas principais candidaturas, tanto de Rodrigo Neves (PT) como a de Sérgio Zveiter (PSD), já foram colocadas desde o início do ano. O fato novo do processo sucessório agora é o candidato do governo, e seja ele quem for, vem muito competitivo. Neste momento se estabelecerá o tabuleiro da sucessão. Aí sim, o jogo vai começar”, declarou Comte.

Adiamento - O encontro com vereadores da base aliada que havia sido convocado pelo prefeito e estava marcado para quarta à noite foi adiado para esta quinta. Carlos Macedo (PRP), líder do governo na Câmara, confirmou que o adiamento ocorreu porque o prefeito ainda precisava conversar com outros aliados políticos.

“O prefeito disse que precisava ouvir algumas pessoas e finalizar conversas e, assim, poder estar preparado para anunciar hoje a sua decisão”.

FONTE: O FLUMINENSE

Eleições e Democracia:: Alberto Aggio

Se a democracia não se restringe ao voto ela também não pode viver sem ele. Para ser legitima, representativa e participativa, a democracia tem que existir num clima de liberdade. Como construção permanente, a democracia envolve conteúdos e formalizações, já que ela é o suporte tanto de uma sociedade democrática quanto das instituições do Estado democrático de direito.

Pensar os conteúdos da política democrática é se voltar para a construção de uma grande orientação que esteja sustentada na liberdade, na equidade, na justiça social e na decência com a "coisa pública". Nos dias atuais outra dimensão aparece também como essencial: a sustentabilidade ambiental.

As próximas eleições estarão voltadas para os assuntos da cidade. A política local é aquela que proporciona o mais efetivo exercício da democracia. É na cidade que se desenrola o cotidiano das pessoas em busca de uma melhor qualidade de vida. Em cada cidade, a política da democracia precisa ser traduzida num projeto de transformação voltado para a construção de uma cidade mais moderna, progressista e solidária.

Este projeto deve estar desenhado para colocar em prática os preceitos da transparência, a abertura para o acompanhamento das políticas públicas bem como seu controle social. Deve buscar também a conjunção entre sensibilidade político-social com a profissionalização da gestão e da competência técnica.

Para que o atual crescimento brasileiro não se assente em “pés de barro”, o município deve se esmerar no sentido de garantir uma educação infantil e um ensino fundamental de qualidade. O compromisso com a cidadania começa a partir deste ponto e se estende a outros, especialmente à melhoria do transporte público e à mobilidade urbana bem como ao acesso a um sistema de saúde pública de qualidade.

A perspectiva do “bem-viver” amplia-se hoje a partir de um compromisso com as práticas do chamado desenvolvimento sustentável, o que envolve cuidado, responsabilidade e competência com a limpeza urbana, a destinação final de resíduos sólidos, do saneamento e despoluição dos cursos d’água bem como o estímulo ao uso de energias limpas.

Mas, devem ser as pessoas de carne e osso a maior preocupação. Elas esperam dos gestores municipais uma ação permanente e combinada com os governos federal e estadual em favor da geração de emprego e renda antes que políticas compensatórias, necessárias apenas em alguns casos. Esperam ações voltadas para a qualificação profissional e a reinserção no mercado de trabalho. É este o núcleo central do combate às desigualdades e o que gera segurança para o futuro.

Superar desigualdades e assegurar as diferenças fazendo o possível para garantir políticas de inserção social que superem todo e qualquer grau de exclusão, independentemente de raça, gênero, opção sexual ou situação de renda. A democracia deve se encontrar com o tema da emancipação e se desdobrar do social para o político por meio de um compromisso de afastar quaisquer tipos de exclusão. Em suma, a democracia, na sua dimensão local também deve ser universalizadora, deve continuar a perseguir a unificação do gênero humano!

Alberto Aggio é professor de História da UNESP e presidente do PPS Franca

FONTE: COMÉRCIO DA FRANCA, 21/06/2012

Ayres Britto reafirma que julgamento mensalão acaba em agosto

Presidente do STF acredita que é possível chegar à conclusão em um mês, se "tudo correr normalmente e dentro do cronograma"

Tiago Rogero

RIO - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, enfatizou ontem que acredita na conclusão do julgamento do processo do mensalão ainda em agosto.

O cronograma do STF prevê o início do julgamento no primeiro dia de agosto, desde que o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, libere a tempo a ação penal para a pauta do Supremo. Ayres Britto, que participou de evento na Rio+20, afirmou que não teme nenhum tipo de atraso.

"É possível que o julgamento termine no próprio mês de agosto, se tudo correr normalmente e dentro do cronograma que estabelecemos. Aquele calendário estabelecido já levou em consideração a complexidade do caso", afirmou o ministro. Lewandowski já disse que pretende liberar o processo ainda em junho.

O planejamento do STF prevê sessões diárias de cinco horas, entre 1 e 14 de agosto, para ouvir a acusação do Ministério Público Federal e as defesas dos 38 acusados. A partir do dia 15 começam a ser revelados os votos dos 11 ministros.

Pressão. O presidente do Supremo voltou a afirmar que o julgamento não será pautado por nenhum tipo de pressão. "Por mais intensa ou densa que seja a ambiência política de um processo, o julgamento só pode ser técnico, em cima da prova dos autos. Isto é um dever do juiz. Se não for assim, ele se deslegitima e trai a sua própria função", explicou Ayres Britto.

No início do mês, o ex-ministro José Dirceu convocou líderes estudantis e movimentos sociais a irem às ruas em defesa dos réus do mensalão.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mensalão: procuradores querem saída de Toffoli

Grupo mandou a Gurgel motivos que tornariam ministro impedido de julgar caso, como elo com PT

Júnia Gama

BRASÍLIA. Procuradores da República estão pressionando o procurador-geral, Roberto Gurgel, para que peça o impedimento do ministro José Antônio Dias Toffoli no julgamento do mensalão. O grupo já preparou uma sustentação teórica defendendo que Toffoli deve ser declarado impedido e manda recados para que Gurgel interceda. Os procuradores manifestam incômodo com a atitude do procurador-geral no caso, porque avaliam que ele deveria ter atuado nesse sentido, já que a permanência de Toffoli, na avaliação deles, pode prejudicar o julgamento.

O GLOBO teve acesso a e-mails trocados pelos procuradores em um sistema de rede interna do Ministério Público. Nas mensagens, procuradores enumeram fatos jurídicos para sustentar o impedimento de Toffoli.

Para uma procuradora ouvida pelo GLOBO, apesar do que já saiu na imprensa, Toffoli parece não se constranger. Essa integrante do MPF diz que Gurgel tem ciência dessa discussão entre os colegas, porque participa da rede de e-mails que discute os mais variados assuntos.

- Esperamos que ele atenda o nosso pedido de provocar a suspeição do ministro neste julgamento - disse a procuradora da República, que pediu para não ser identificada.

Entre os pontos destacados pelos procuradores está a atuação de Toffoli como advogado do PT à época em que ocorreram os primeiros fatos denunciados - os empréstimos feitos por Marcos Valério para saldar dívidas do PT. Depois de ser advogado do partido, Toffoli foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, em uma sala contígua à do então ministro José Dirceu, hoje réu no processo.

O terceiro fator de suspeição seria a atuação da namorada do ministro, a advogada Roberta Rangel, na defesa de réus do processo do mensalão. Os procuradores apontam "vastas provas da ligação visceral de Toffoli com José Dirceu e outros réus também integrantes da cúpula".

"De todos os ministros indicados por Lula para o Supremo, Toffoli é o que tem mais proximidade política e ideológica com o presidente e o partido. Sua carreira confunde-se com a trajetória de militante petista. Essa simbiose é, ao fundo e ao cabo, a única justificativa para encaminhá-lo ao Supremo", diz uma das mensagens.

- É preciso uma decisão rápida sobre a participação do ministro Dias Toffoli no julgamento do mensalão, para que sejam afastadas as sombras de especulações de se tratar de um julgamento político. Em prol da boa técnica de um julgamento isento, esse é um tema sobre o qual o Supremo Tribunal Federal precisa ostensivamente decidir - afirma o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho.

Toffoli tem dito que não decidirá agora se vai ou não se declarar impedido. Gurgel não comentou as cobranças dos colegas.

FONTE: O GLOBO

Banco diz que Brasil vai crescer 1,5% neste ano e irrita governo

Mantega chamou a nova projeção do Credit Suisse de piada

Denise Luna, Mariana Schreiber

RIO, SÃO PAULO - O banco Credit Suisse reduziu ontem sua projeção para o crescimento do Brasil em 2012 de 2% para 1,5%. A mudança irritou o governo.

Ao deixar seu hotel no Rio de Janeiro em direção à conferência Rio+20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a nova projeção: "É uma piada, vai ser muito mais que isso", afirmou.

Também na Rio+20, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que essa é a visão de um banco europeu e que é preciso levar em consideração a "crise em que eles estão mergulhados".

"Nós, brasileiros, somos um pouco mais otimistas. Estamos vendo dinamismo da nossa economia e acho que as medidas que o governo tomou estão destravando os investimentos para o segundo semestre. Nós vamos crescer mais do que isso", afirmou, sem citar números.

O Credit Suisse não quis comentar as declarações do governo. O banco informou apenas que o relatório foi elaborado pelo brasileiro Nilson Teixeira, economista-chefe responsável pela divisão de mercados emergentes do Credit Suisse Brasil.

As projeções de crescimento para o Brasil em 2012 vêm recuando desde o ano passado, mas passaram a cair com mais força há um mês, diante dos sinais de que a economia segue muito fraca.

Consultorias brasileiras também apontam para um crescimento inferior a 2% neste ano. A Tendências vê uma expansão de 1,9%, enquanto a MB Associados está revendo sua projeção.

"Vamos revisar nossa projeção de 2%, provavelmente para um número próximo de 1,5%", contou o economista-chefe da MB, Sérgio Vale.

Esses cortes se devem principalmente à queda dos investimentos, diz Vale. Segundo ele, os empresários estão temerosos em investir por causa da grande incerteza gerada pela crise na Europa.

"Até a crise se resolver, é difícil estimular a economia. O PIB de 2012 está praticamente perdido. Não dá para dizer que é piada", afirmou.

Além da piora dos investimentos, o relatório do Credit Suisse aponta o fraco desempenho da indústria e a expansão menor do consumo interno e do setor de serviços como fatores que justificam o corte na projeção para o PIB.

Entra na conta também a retração do setor agropecuário, afetado por problemas climáticos no início do ano.

O governo já adotou várias medidas de estímulo desde agosto, como cortes de impostos e na taxa de juros.

Isso deve acelerar o crescimento econômico no segundo semestre do ano, observa o economista-chefe da corretora CGD, Mauro Schneider.

Apesar disso, ele também prevê um crescimento modesto no ano, de apenas 1,8%.

"Juros menores estimulam a economia, mas outros problemas limitam o crescimento, como tributos altos e infraestrutura ruim", disse.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Coração ateu- Fernanda Cunha e Ze Carlos

O passado assombra:: Merval Pereira

A coincidência não deve agradar a Lula, mas dificilmente será possível dizer que se trata de mais um golpe dos reacionários contra o governo popular do PT. Aliás, o noticiário criminal envolvendo o PT indica que o partido há muito vem se metendo em enrascadas.

Às vésperas do julgamento do mensalão, desta vez a Justiça reavivou o escândalo dos aloprados, que na eleição de 2006 tentaram comprar um dossiê que supostamente continha denúncias contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, o mesmo que hoje Lula tenta derrotar com o auxílio de Paulo Maluf, na disputa para a prefeitura de São Paulo.

Naquela ocasião, Serra venceu o candidato petista Aloizio Mercadante no primeiro turno. Um dia depois do escândalo provocado pela exibição despudorada de intimidade entre o ex-presidente e Maluf, um dos brasileiros relacionados na lista de alerta vermelho da Interpol dos criminosos mais procurados do mundo, a Justiça de Mato Grosso aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra nove dos envolvidos.

Dois deles, Jorge Lorenzetti, petista de Santa Catarina que era também churrasqueiro extraoficial da Granja do Torto no primeiro governo Lula, e o advogado Gedimar Pereira Passos, que supervisionava a segurança do comitê da campanha de reeleição, eram ligados diretamente ao ex-presidente, que, no entanto, como sói acontecer, declarou desconhecer o assunto e ainda fez-se de indignado, classificando os membros do grupo de "aloprados".

Preso na Polícia Federal, Gedimar incluiu no grupo um segurança particular da primeira-dama Letícia Maria de nome Freud (que não se perca pelo nome) Godoy, que o teria chamado para avaliar se o tal dossiê continha mesmo fatos que comprometiam Serra. Freud acabou desaparecendo do noticiário, assim como uma coincidência reveladora: o ex-ministro José Dirceu (sempre ele), antes mesmo que fosse divulgado o conteúdo do dossiê, escreveu que as acusações seriam "a pá de cal na campanha do picolé de chuchu", como se referia ao candidato tucano à presidência Geraldo Alckmin.

Gedimar Passos, assessor da campanha de Lula, negociava a aquisição do dossiê com Valdebran Padilha, empresário filiado ao PT. A PF prendeu a dupla em flagrante com 1,7 milhão de reais que seria usado na compra do material forjado.

Expedito Veloso, outro dos envolvidos, denunciou meses mais tarde que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ex-governador de São Paulo já falecido Orestes Quércia foram os mandantes. Mesmo que entre os acusados estivesse Hamilton Lacerda, então assessor de Mercadante, e que ele fosse o maior beneficiado, o candidato petista não foi arrolado como partícipe do golpe.

O centro da conspiração estava no "Núcleo de Informação e Inteligência" da campanha de reeleição de Lula, e quem chefiava a equipe de "analistas de informação" era o petista histórico Jorge Lorenzetti, ex-dirigente da CUT, enfermeiro de profissão, diretor financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina e churrasqueiro do presidente nas horas vagas.

Lorenzetti chefiava Gedimar Pereira Passos na tarefa de contrainformação eleitoral, e foi nessa qualidade que teria sido enviado para analisar o dossiê contra os tucanos.

A descoberta do plano revelou a existência de uma equipe dentro da campanha de reeleição que se envolve em falcatruas variadas, uma maneira de atuar politicamente que vem das batalhas sindicais do ABC, as quais Lula conhece bem com que armas se disputam.

Esse mesmo esquema provocou uma crise no comitê da candidata Dilma Rousseff, quando foi descoberto que havia um grupo recrutado para fazer espionagem, inclusive o jornalista Amaury Ribeiro Filho que levou para o grupo o hoje nacionalmente conhecido Dadá, o grampeador oficial do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Os protagonistas do chamado escândalo dos aloprados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.

Segundo a denúncia do Ministério Público, eles "se associaram subjetiva e objetivamente, de forma estável e permanente, para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro, que tinha por fim a desestabilização da campanha eleitoral de 2006 do governo de São Paulo".

O Ministério Público, embora as investigações tenham rastreado todo o caminho do dinheiro, não conseguiu definir sua origem, um dos grandes mistérios desse caso.

A fotografia da montanha de dinheiro apreendido acabou sendo divulgada às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, e os petistas atribuem ao impacto da imagem a ida da eleição para o segundo turno.

Passou despercebida, mas uma declaração do ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, em entrevista recente na televisão a Monica Bergamo e ao cientista político Antonio Lavareda, admite claramente a existência do mensalão, ele que é advogado de um dos réus. Disse Thomaz Bastos a certa altura, falando sobre a corrupção do Brasil: "Vamos chegar a um ponto em que a democracia, por sua própria prática, vai resolver isso. Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns, no Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão da época. O que não impediu que a Inglaterra se tornasse um país altamente democratizado. Isso dá a esperança de que, pela reiteração dos usos, possamos encontrar isso, um outro patamar de regime democrático".

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, parece enxergar longe. Em voto favorável à punição de Lula por propaganda antecipada, na campanha para eleger Dilma Rousseff, classificou de "antirrepublicano" projeto de poder que inclui eleger o sucessor: "Quem se empenha em fazer o seu sucessor, de ordinário, pensa em se tornar ele mesmo o sucessor de seu sucessor". Outro dia Lula admitiu que "se Dilma não quiser", ele se dispõe a ser candidato novamente...

FONTE: O GLOBO

O fato em foto:: Dora Kramer

Uma fotografia às vezes conta uma história e desperta sentimentos, como contou e despertou a imagem da menina em chamas durante a guerra do Vietnã.

A deputada Luiza Erundina mesmo disse que pesou mais em sua decisão de recusar a indicação para vice de Fernando Haddad a foto da confraternização "chez" Paulo Maluf que propriamente o fato de PP e PT se juntarem na disputa municipal de São Paulo.

A julgar por suas declarações, ela repudiou a forma, mas não impôs reparos ao conteúdo. Nem poderia sem incorrer em tropeços de argumentação, dado o banimento do fator identificação programática na formação de coalizões partidárias.

A pá de cal sobre qualquer resquício de ordenamento foi posta pelo Congresso em 2006, quando aprovou emenda constitucional para enterrar a interpretação do Supremo Tribunal Federal segundo a qual a lei maior obrigava os partidos a seguir regras de isonomia para alianças nacionais e regionais.

A chamada "verticalização" ruiu e com ela caiu a última barreira à anarquia geral. Talvez a penúltima, se o eleitorado resolver dar sentido prático às ondas de indignação que vêm quando ocorre um episódio gritante e vão quando é substituído por outro pior.

A despeito da reação negativa em setores engajados da vida, não é possível avaliar com alguma chance de precisão se a reconciliação entre Lula e Maluf resultará em prejuízo para a candidatura do PT em São Paulo ou se simpatizantes do partido e "antipatizantes" do PSDB tratarão a cena como a materialização pragmática do mal necessário.

Por necessário entenda-se a meta a ser atingida no jogo de perde-ganha entre o PT e seu único adversário ainda na posse de competitividade eleitoral e não, como seria aconselhável, na perspectiva do cotejo de projetos, biografias, trajetórias e capacidade profissional dos candidatos.

Se o desgaste é evidente - embora talvez não permanente - junto ao eleitorado para o qual a ética ainda é uma referência, de outro a celeuma dá publicidade a um candidato cuja tarefa primeira é tornar-se conhecido da massa em cujo espírito Lula incentiva o lema de que princípios não enchem barriga. Nem urnas, é a "lição" subjacente.

A aliança pode ou não ser uma jogada eficiente, o que será visto mais adiante. Por enquanto, contudo, há um vencedor inquestionável: Maluf, mais um cliente da clínica de reabilitação dos combalidos da política a serviço do PT.

De qualquer maneira a vida obviamente não anda fácil para o partido na capital paulista. Lula não está na forma física em que esperava estar, a aliança com o PSB que era para ser solução virou um problema e a última pesquisa do Instituto Datafolha registra queda de dez pontos porcentuais em seu poder de influenciar o voto do paulistano.

Além disso, nunca foi tão contrariado: a senadora Marta Suplicy mostrou que só se dobra à vontade do ex-presidente quem quer e Erundina passou-lhe reprimenda pública ao dizer que "passou dos limites".

Apenas poderia tê-lo feito enquanto ainda havia limites a serem respeitados.

Tudo isso dificulta a execução do plano original, mas não define o quadro. Há possibilidade de vitória apesar de todos os pesares? Evidentemente.

O problema é que os percalços subtraem de Haddad vantagens e proteções e o deixam cada vez mais exposto a si mesmo. Quando a campanha ganhar corpo dependerá dele conquistar o eleitorado e mostrar se Lula acertou ou se foi vítima da fantasia da onipotência ao escolhê-lo candidato.

Outro modo. Candidato a prefeito de Salvador depois de ter administrado a cidade por duas vezes, o radialista Mário Kertész resolveu não fazer aliança com partido cujo papel seja o de barriga de aluguel de tempo de televisão.

Kertész desautorizou negociações em curso no PMDB baiano e explica por que: "Se não é possível montar uma coalizão de peso, melhor seguir na base do puro sangue para não repetir velhos erros dos quais a sociedade anda farta".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

O crime compensa?:: Eliane Cantanhêde

Há uma enorme perplexidade, sobretudo em Brasília, diante dos sucessivos erros de Lula depois de sair da Presidência e assistir, da planície, ao sucesso de Dilma no Planalto e nas pesquisas.

A aliança de Lula com Paulo Maluf, porém, tem uma lógica eleitoral (certa ou errada) e combina perfeitamente com todos os movimentos de Lula durante seus oito anos na Presidência, resumidos numa frase: vale tudo pelo poder.

Ao juntar-se a Maluf e anunciar a aliança no "bunker" malufista, diante de uma multidão de fotógrafos, Lula sobrepôs o que considera ganhos eleitorais (quantitativos) a inevitáveis perdas políticas (qualitativas).

Explico: ele vendeu o PT a Maluf por um minuto e meio e pelo ainda forte capital de votos de Maluf em setores conservadores e na periferia da capital paulista. E deu de ombros para a evidente reação de petistas, tucanos ou marcianos.

Fazendo o cálculo, Lula concluiu que valia a pena prestar-se ao que Luiza Erundina chamou ontem de "higienização" de Maluf. A imagem do PT? Já não anda lá essas coisas mesmo desde o mensalão...

Pragmatismo em puríssimo estado, tão ao gosto de quem se atirou com tanto prazer nos braços de Collor, de Sarney, de tantos outros inimigos históricos do PT. E, quando se fala de Maluf, a questão não é ideológica, programática, política. A questão é visceralmente ética.

Registre-se, de quebra, o protagonismo de Lula e a inexpressividade do próprio candidato Fernando Haddad. Em todos os episódios, com Marta, Kassab, Maluf, Erundina, ele parece um mero figurante, de cabelo novo, roupa nova, sorriso novo e completamente dispensável -seria deselegante falar em marionete.

Um efeito prático no grave erro político do abraço a Maluf, portanto, é que Haddad vai aumentar e Lula vai reduzir a presença em cena. Nos bastidores, porém, continuará ensinando ao pupilo que o crime compensa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Mais um refresco:: Celso Ming

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu ontem ampliar em alguma coisa a chamada Operação Twist, que se destina a achatar os juros de longo prazo e, assim, continuar a estimular a retomada da economia dos Estados Unidos.

Essa operação não envolve despejo de mais moeda. O Fed vai vender títulos do Tesouro de curto prazo e recomprar títulos de longo prazo. O efeito prático pretendido é a redução dos juros de longo prazo: se entra como comprador, o Fed acaba por aumentar a demanda por esses títulos, seu preço sobe e seu rendimento (yield) cai na mesma proporção.

Juros de longo prazo mais baixos, por sua vez, devem concorrer para baixar também os juros dos empréstimos para investimentos e os juros cobrados nos financiamentos imobiliários garantidos por hipotecas.

Um dos maiores obstáculos à retomada da economia dos Estados Unidos ainda é consequência do estouro da bolha imobiliária ocorrida em 2007. Por falta de compradores, os preços dos imóveis desabaram abaixo das próprias garantias hipotecárias. Esse problema provocou dois efeitos: derrubou em mais de 60% o patrimônio familiar do americano médio, amarrado ao valor de mercado da casa própria; e provocou forte deterioração das garantias dos créditos em poder dos bancos que, em seguida, passaram a ser chamados ativos tóxicos ou ativos podres. O empobrecimento do consumidor americano e a perda da capacidade de concessão de crédito dos bancos paralisaram a economia.

Para reativar a locomotiva, o Fed vem atuando na fronteira do que separa a responsabilidade da irresponsabilidade. Ainda no auge da crise, emitiu US$ 1,7 trilhão para recomprar ativos privados e, desta forma, livrar alguns bancos do naufrágio. Em dezembro de 2008, colocou em marcha a operação Afrouxamento Quantitativo (Quantitative Easing - QE1), pela qual despejou US$ 300 bilhões na recompra de títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Em novembro de 2010, com o mesmo objetivo, lançou o QE2, dessa vez com o calibre de US$ 600 bilhões.

Apesar desse esforço, em meados do segundo semestre do ano passado, a economia americana continuava travada. O consumidor permanecia relutante em sacar seu cartão de crédito; os bancos, retraídos no crédito; o setor produtivo, semiparalisado; e o desemprego batendo recorde após recorde.

Foi por isso que, em setembro, o Fed tentou mais uma respiração boca a boca. Anunciou a primeira Operação Twist, de US$ 400 bilhões, não mais para irrigar a economia com moeda emitida, mas para trocar títulos de curto prazo por títulos de longo prazo. Agora, às vésperas do vencimento dessa primeira operação, lançou a segunda, desta vez, de US$ 267 bilhões, que será concluída no final do ano.

Vai funcionar? Não dá para afirmar que o esforço anterior tenha sido inútil. Imagine-se o que seria da economia dos Estados Unidos se o jogo pesado não tivesse sido posto em marcha. O fato é que a retomada continua insatisfatória e o desemprego segue aumentando. Muitos observadores vinham pedindo mais do que saiu ontem. Pediam mais uma alentada rodada de afrouxamento quantitativo, o tal QE3. O Fed não ousou partir para mais essa. Mas seu presidente, Ben Bernanke, avisou que mantém o trunfo prontinho para usar se for preciso. Provavelmente será preciso.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

História do futuro próximo:: Vinicius Torres Freire

A julgar pela perspectiva do Fed, crise mundial completará uma década e morrerá de velha; se morrer

A economia dos Estados Unidos vai estar entre adoentada e convalescente até 2015. É pelo menos o que deram a entender os diretores do banco central americano, o Fed.

A política de taxa de juro zero (Zirp, na sigla em inglês) continua pelo menos até 2014 ou 2015. A Zirp começou no fim de 2008. Vai fazer seis anos.

Juro zero por tanto tempo assim significa que muita gente está desempregada ou endividada demais para consumir e que muita gente está com medo de consumir e de investir (em aumento da produção). Oferta-se dinheiro à vontade, mas a coisa não anda.

Para completar, o Fed anunciou que continuará até o fim do ano as operações de recompra de títulos da dívida pública de longo prazo.

Trocando em miúdos, continua a pôr dinheiro na praça para tentar baixar taxas de financiamentos longos, como a da casa própria. Mas a economia reage devagar, quase parando quando leva susto da Europa.

A crise americana começou já em 2007. Mesmo que os EUA voltem à "normalidade" em 2014 ou 2015, a Europa ainda estará com lama pelos joelhos.

Nas estimativas mais otimistas, a economia europeia volta a ser o que era em 2007 lá por 2017, 2018. Se o caso de Grécia, Portugal, Espanha ou Itália não der em besteira grave.

Portanto, a crise vai chegar a dez aninhos.

Ou será que a "crise" e seus desdobramentos serão o "normal" daqui por diante? Não se trata de dizer que o tumulto financeiro e econômico será eterno, mas de imaginar que o tombo de 2008 foi um episódio crítico de processo maior de mudança e que tal tombo deixará sequelas.

Talvez o mundo euroamericano não possa nem consiga (ou mesmo deva) crescer a um ritmo forte. Porque talvez não consiga é assunto para outro dia e para mais espaço. Mas, a esse respeito, note-se que o mundo rico vive de bolhas financeiras faz uns 20 anos. Não vinha crescendo a não ser com anabolizantes.

Porque não deve crescer mais é o assunto do momento, pois estamos no meio da Rio+20, a conferência ambiental, e o assunto lá, em última instância, é como equilibrar o crescimento mundial (mais nos lugares mais pobres, menos nos mais ricos) e como dividir a conta do investimento em melhoria ambiental.

O problema maior (e talvez insolúvel) é, claro, como coordenar o rebalanceamento (quem vai querer segurar seu crescimento?), como dividir a conta sem guerra e como reduzir a desigualdade em cada país, mesmo rico. Entenda-se: o esteio social e político de uma programa de "crescimento menor" depende de melhoria na distribuição de renda.

EUA ou Europa Ocidental ainda precisam crescer rápido? O esforço de solução da crise deles deve ter esse objetivo? E a eventual retomada deve se apoiar em que setor?

Note-se que o consumo per capita de energia nos EUA é o dobro do britânico, 85% maior que o alemão, num mundo em que bilhões ainda passam fome e frio.

Note-se que o "plano" europeu de recuperação econômica em última instância se baseia na depressão de rendas (de salários e benefícios), em aumento da desigualdade, para que se mantenha a "competitividade" da economia tradicional deles, assolada pela concorrência asiática. Isso não vai dar certo. Talvez nem seja possível.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Desenvolvimento empresarial :: Carlos Lessa

Desenvolvimento sustentável é um dos temas a respeito dos quais coleciono perplexidades. Segundo sua definição oficiosa (Relatório Brundtland, 1987), "desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades". A definição é magnífica, pois sublinha o antropocêntrico. Pela boa leitura, é um desdobramento do mundo pós-Segunda Guerra Mundial, que aprovou, com a descolonização, a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana e sugere que, com a paz mundial, os Cavaleiros do Apocalipse recolheriam seus cavalos ao estábulo. Porém, por uma linha maliciosa, introduz o geocentrismo.

Aprendi um velho provérbio turco: "Se quereis vender um tordo, pinte-o de rouxinol". A quadratura do círculo ressurge. Lancemos mão dos dicionaristas brasileiros. Aurélio define sustentável como "1. que se pode sustentar. 2. capaz de se manter mais ou menos constante ou estável por longo período". Houaiss complementa: "1. algo que se mantém; 2. o que pode ser sustentado; passível de sustentação". As perplexidades nascem da combinação dessas qualificações com desenvolvimento.

Desenvolvimento, para os economistas, é avanço quantitativo e qualitativo das forças produtivas. Para outras ciências sociais, é o mesmo avanço das instituições jurídicas, políticas, sociais, culturais etc. Desenvolvimento econômico, como síntese do desejo das populações periféricas atingirem padrões próximos aos dos países centrais, ganhou força após a Segunda Guerra Mundial. A qualificação era "nacional". O desejo periférico não se circunscrevia aos bens materiais, mas aspirava a outras dimensões do processo civilizatório - e a ONU garantia que, com a paz mundial, seria alcançável. Suas agências FAO, Unesco, Unicef, OIT, OMS e o Pnud se desdobraram nas preliminares para o mundo da paz. Com o término da Guerra Fria, reapareceram, aquecidas, velhas e novas linhas de atrito; a maior potência mundial não reduziu gastos militares.

No Rio, a erva de passarinho destrói a arborização das ruas e botânicos xenófobos eliminam jaqueiras

No plano midiático, o adjetivo nacional foi sendo atrofiado e substituído pelo tema da vulnerabilidade ecológica. Após o compromisso de um mundo de paz e de exequibilidade do programa de civilização desenvolvido pela ONU, foram feitas variadas tentativas de reedição do alarme malthusiano contra o crescimento demográfico e a ampliação do consumo. Sem qualquer sutileza, o Clube de Roma falou da ameaça ao planeta. McNamara, em "A essência da segurança", culpa a pobreza pela potencialidade do conflito nuclear. Prosperam as teses de controle demográfico e técnicas de planejamento de recursos humanos. A componente geocêntrica embutida no painel de desenvolvimento sustentável suaviza o descompromisso com o nacional, e alguém poderia pensar que abre caminho para sustentabilidade, mas o desenvolvimento como processo de transformações, se for contínuo, dificilmente é estável, a não ser que a estabilidade passe a ser o objetivo central de um peculiar projeto de desenvolvimento.

Um mérito pode ser atribuído à ideia do sustentável: difundiu a tese de poupar energia e restringir consumo. Sinais podem ser percebidos pelo planeta e é imensa a boa vontade em relação ao que se qualifica ou atribui como uma ação pró-sustentabilidade. Nada tenho contra, a não ser sublinhar sua componente ingênua. Por outro lado, soube, pela "Revista Globo" (n. 410) que a empresa Acesa desenvolveu o projeto-piloto de biogás para a Estação da Alegria; seus sócios exaltam uma empresa que "atinge o tripé econômico/ambiental/social. A jovem Clara Klabin fundou uma empresa de reflorestamento e declarou "é um negócio como outro qualquer, mas é um bom negócio que te faz bem".

Segundo "O Globo" (18.06), a Prefeitura do Rio defenderá a redução de 12% dos gases-estufa nos próximos quatro anos para 58 metrópoles do mundo. Qual é a posição do "desenvolvimento sustentável" em relação à frota de veículos automotores crescendo 9,5% ao ano há mais de uma década no Brasil? Reduzir a frota? Qual é a posição em defesa do jumento e do cavalo como animais de trabalho e de transporte sendo substituídos por motocicletas (do capim para o derivado do petróleo)?

O Brasil irá abrir mão de exportações crescentes de carne bovina e de soja para preservar os ecossistemas? O boi verde come a bioenergia que antes era absorvida pela floresta. O projeto de desenvolvimento sustentável brasileiro é converter o Brasil em "celeiro" ou "pulmão" do mundo? O Pnuma estimou que, nas últimas duas décadas, o Brasil perdeu 25% de suas riquezas naturais. Continuaremos com brasileiros famintos em metrópoles cada vez mais entupidas de veículos? Desviaremos energia hidrelétrica da Amazônia para as cidades nordestinas ou ali instalaremos termelétricas consumidoras de combustíveis fósseis? Reservaremos os depósitos do pré-sal para gerações futuras de brasileiros ou ajudaremos a sustentar com exportações de petróleo brasileiro o padrão tecnológico e existencial do primeiro mundo?

Amo meu país e adoro o Rio, onde a erva de passarinho está destruindo a arborização das ruas e botânicos xenófobos eliminam jaqueiras na Mata da Tijuca. É bonito o trabalho da Eko Florestal, plantando 2,3 mil m2 com mudas de restingas em locais próximos aos centros comerciais da Barra da Tijuca, porém o marketing dos centros comerciais pode amplificar o deslocamento motorizado para visita ao replantio.

Qualquer que seja o malabarismo semântico não creio que a geopolítica mundial opere uma opção pelas tecnologias que minimizam o desperdício. É sabido que a empresa sempre opta pela tecnologia do desperdício, pois quanto menos durável for um objeto, maior é o mercado à disposição da empresa. Só há um contraponto possível: colocar limites fortes ao livre jogo das empresas. Por exemplo, tecnicamente é fácil aumentar a durabilidade de objetos e coisas. Se a ideia fosse reduzir a ação entrópica sobre os recursos existentes e melhor aproveitar a energia que recebemos do sol, teríamos que modificar substantivamente o jogo econômico. Como não acredito em governo mundial, somente o Estado nacional é capaz de colocar em prática, em seu território, uma orientação global da atividade produtiva em direção à sustentabilidade. Desenvolvimento nacional sustentável seria a expressão adequada. O monstro seria o desenvolvimento imperial sustentável mediante a redução sistêmica do padrão de vida dos periféricos. Não creio que a Rio+20 identifique o que se propõe ser sustentado, tampouco duvido que amplie a definição de quem será beneficiário e de quem garantirá a manutenção das regras acordadas.

Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Países precisam ser mais solidários :: Edgar Morin

ENTREVISTA/Edgar Morin. Sociólogo francês e professor da Universidade Paris VIII defende o resgate do valor da solidariedade e o exercício da democracia para combater a pobreza

Aos 93 anos, Edgar Morin é contundente ao dizer que a erradicação da pobreza passa pelo resgate de um valor que precisa ser acordado nos seres humanos: o da solidariedade. Para o sociólogo francês, presidente do Institut Internacional de Recherche Politique de Civilisation (IIRPC), é preciso haver, de um lado, solidariedade entre as nações e, de outro, o incentivo à criação do que ele chama de democracia direta. Ou, como explicou ao GLOBO, fóruns regionais que amplifiquem a voz das populações pobres e funcionem como um elo entre elas e os governantes.

Martha Neiva Moreira

O GLOBO: A erradicação da pobreza é um dos desafios para se atingir o desenvolvimento sustentável. Ainda hoje há povos em situação de pobreza extrema e as nações não conseguem solucionar. Por quê?

EDGAR MORIN: É uma lacuna. Não se pode isolar a questão ecológica da questão social. A pobreza é um problema mundial e pressupõe a adoção de políticas que combatam a exclusão. Mas as nações parecem que estão isoladas umas das outras e não conseguem se aliar para enfrentar questões globais como esta.

Por quê?

MORIN: Por um lado, não temos ainda uma realidade supranacional capaz de impor medidas adequadas aos Estados. Por outro, os Estados estão atrelados à especulação financeira. É preciso uma reforma política para que Estados exerçam o papel para o qual foram criados: o de garantir os direitos básicos à população.

O que falta para isso?

MORIN: Mudar o modelo de civilização para suscitar o surgimento de uma nova via política para as nações e a Humanidade. Para enfrentar a pobreza e a pobreza extrema, tanto no campo quanto na cidade, é necessário uma democracia direta.

Como assim?

MORIN: É preciso criar conselhos regionais com a participação da população pobre e de profissionais de várias áreas. Os pobres não têm voz, ficam isolados na hora de decidir seus destinos. Ao incentivar a criação desses fóruns, que discutirão temas regionais, os governos estarão dando voz a essas populações e criando um elo entre o Estado e os que sofrem com a pobreza. Isso é respeito.

Há diferença entre a pobreza dos países do Norte e os do Sul?

MORIN: Os atuais pobres dos países do Norte são os que já fizeram parte do sistema industrial. Eles estavam incluídos no sistema econômico formal e agora, por causa da crise econômica, estão à margem. Mesmo à margem, é uma pobreza assistida, que conta com alguma proteção assistencial dos governos. Os pobres dos países do Sul, ao contrário, jamais foram incluídos no sistema formal. Eles nasceram excluídos, não contam com assistência e não têm acesso aos direitos básicos.

Um dos instrumentos de combate à pobreza é a participação popular. O brasileiro ocupa os espaços de participação?

MORIN: Participar da vida social é um exercício e o meio mais legítimo de fazer pressão nos governos. Mas exige prática e conhecimento das formas de participação. A democracia no Brasil é recente e ainda é preciso vencer o medo de falar. As minorias, em geral, estão frequentemente ausentes das assembleias de participação. Por isso que digo que a prática da democracia direta deve fazer parte da educação do cidadão. Só assim aprendemos, aos poucos, a tomar a palavra.

Como incentivar a participação?

MORIN: Com um modelo de educação que ensine as crianças a viver, a ter mais compreensão dos outros, entender o significado do valor do conhecimento para enfrentar as questões que se impõem. As crianças e jovens precisam pensar o que significa ser humano no contexto de sua época para que fiquem aptos a pensar soluções para os desafios que virão. Esses ensinamentos ajudam a constituir o valor da solidariedade e, hoje, para combater a pobreza, é preciso ser solidário. Falo de solidariedade entre pessoas e, sobretudo, entre países.

As nações ricas alegam que a crise econômica os impede de ajudar os países pobres...

MORIN: Há países ricos em crise, mas ainda assim eles têm meios de ajudar os pobres parando de explorar as riquezas do solo e subsolo dessas nações com suas multinacionais.

Como a Economia Verde pode resolver as desigualdades sociais?

 MORIN: A água é um bem comum e não tenho que pagar por ela. Economia Verde é a que oferece uma energia limpa, que favorece pequenos agricultores, a agricultura menos nociva ao meio ambiente, que protege a biodiversidade, mas é também aquela que deve dar trabalho para muitas pessoas.

Qual o desafio do Brasil para erradicar a pobreza?

MORIN: O Brasil é complexo. Há questões que requerem micropolíticas públicas regionais e uma dose de solidariedade entre os seres humanos.

FONTE: O GLOBO