segunda-feira, 2 de abril de 2012

OPINIÃO DO DIA – José de Souza Martins: Cuba e o catolicismo.

"A visita de Bento XVI tem especial significado mais como gesto intencionalmente pastoral do que como gesto político. Cuba pode representar para o papa o território de uma reinvenção do catolicismo como religião popular encarnada, num momento de transição social e política em que a Igreja pode, pela primeira vez na história do país, assumir uma função decisiva na transformação identitária do povo cubano. O comunismo de Estado em Cuba está em crise por falta de renovação e de horizontes, distanciado do próprio Marx que supostamente o inspira. Ninguém ignora que um vazio se abriu em Cuba com o fim da União Soviética. Assim como o Brasil procura ocupar o espaço econômico que os americanos não ocupam, a Igreja procura ocupar o espaço religioso e moral da nova vida cotidiana que está surgindo com a incerteza do regime. Nele há amplo lugar para acolher o discurso anticapitalista do papa, que condena o capitalismo selvagem e o bloqueio a Cuba, como fez nessa viagem. Sem contar as referências explícitas e positivas que já fez à teoria da alienação de Karl Marx, ainda que com objeções ao marxismo."

José de Souza Martins, sociólogo e professor emérito da USP. É autor de ‘A Política do Brasil Lúmpen e Místico` (Contexto 2011).’Oxigenação caribenha’. Aliás/O Estado de S. Paulo, 1/4/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Principais obras do PAC têm atrasos de até quatro anos
DEM já fala em expulsar Demóstenes
BC reduz juro, mas bancos ganham mais
Cruzamento de dados já gira US$ 70 bi
Malvinas: mais perto do Brasil

FOLHA DE S. PAULO
País barra a entrada de 28 estrangeiros por dia
Todos os homens de Cachoeira
Justiça de SP põe fim a 'carteiradas' dadas por políticos
Dilma anuncia amanhã incentivos que podem chegar a R$ 20 bilhões

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma vai anunciar mais R$ 18 bilhões de incentivos à indústria
Demóstenes avalia renunciar ao mandato
Maior rigor para turistas espanhóis começa hoje
Dívidas fazem aumentar o número de usinas à venda

VALOR ECONÔMICO
Múltis promovem o Brasil na rede global da inovação
Começam a faltar produtos na Argentina
País agora atrai bancos chineses
Produtividade cai e pressiona indústria
Plano do PT é avançar nas grandes cidades

CORREIO BRAZILIENSE
Bancos elevam tarifas em 78% e ampliam lucro
Presidente da OAB cobra a renúncia de Demóstenes

ESTADO DE MINAS
Crack se espalha por BH
Deputados na hora da retribuição

ZERO HORA (RS)
Para estancar a crise - DEM dá ultimato a Demóstenes
Governo quer juro menor ao consumidor

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Espanhóis terão regra dura para entrar no Brasil
Governo lança amanhã pacote de recuperação da indústria nacional

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Principais obras do PAC têm atrasos de até quatro anos

Projetos bilionários de infraestrutura com prazos de entrega revistos

Problemas ambientais, de fiscalização, greves e gastos questionados pelo TCU levam as maiores obras de infraestrutura do Programa Nacional de Aceleração (PAC) a atrasos de até quatro anos e meio. A Ferrovia Norte-Sul, que se arrasta desde o governo Sarney, e o eixo leste da transposição do Rio São Francisco estão na lista. Promessa de campanha do então presidente Lula, a Nova TransNordestina, uma obra de R$ 5,3 bilhões, será entregue quatro anos depois da previsão inicial. O levantamento feito pelo GLOBO mostra ainda que em dez chamadas megaobras, que somam R$ 171 bilhões, todas tiveram seus prazos revistos. Os entraves acabam atrasando os investimentos: recursos são reservados, mas ficam sem aplicação efetiva. O governo promete fiscalizar mais de perto as obras.

Grandes obras do PAC atrasam

Alguns dos projetos bilionários do governo estão empacados há mais de quatro anos

Danilo Fariello

Cinco anos após a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as maiores obras de infraestrutura do país têm atraso de até 54 meses em relação ao cronograma original.

É o caso da Ferrovia Norte- Sul e do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco.

Entre as obras com orçamento acima de R$ 5 bilhões, os atrasos são de, pelo menos, um ano. Levantamento feito pelo GLOBO nos balanços do PAC mostrou que em dez megaobras, que somam R$ 171 bilhões, os prazos de conclusão previstos no cronograma inicial foram revistos.

Ontem, O GLOBO mostrou, a partir de um estudo da ONG Trata Brasil, que o atraso é comum também em grandes obras de saneamento, que beneficiariam cidades com mais de 500 mil habitantes. Apenas 7% de 114 obras estavam concluídas, e 60% apareciam como atrasadas, paralisadas ou não iniciadas.

No caso das grandes obras bilionárias, há exceções, como as plataformas da Petrobras e as hidrelétricas do Rio Madeira, que estão com as obras andando no tempo previsto e, em alguns casos, até antecipadas. As usinas de Jirau e Santo Antônio, porém, colocaram seus cronogramas sob reavaliação por greves em seus canteiros na semana passada.

Transnordestina adiada para 2014

Além de greves, ao longo desses cinco anos foram e continuam frequentes alguns poucos motivos que levaram a atrasos nas grandes obras. São eles: questionamentos no processo de licenciamento ambiental — o mais notório foi o da hidrelétrica Belo Monte —, gastos não previstos no projeto executivo que causaram questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU), atrasos em desapropriações ou falta de interesse da iniciativa privada em tocar ou acelerar as obras, caso do trem-bala.

A Nova Transnordestina, obra de R$ 5,3 bilhões, é um grande exemplo dos atrasos. A ampliação da ferrovia foi promessa de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas teve seu cronograma interrompido diversas vezes por problemas, principalmente, de desapropriações. No lançamento do PAC, sua conclusão estava prevista para o último ano do segundo mandato de Lula.

Agora, a entrega está programada para o penúltimo dia do mandato de Dilma Rousseff, no fim de 2014.

Na Ferrovia Norte-Sul, o atraso é de quatro anos e meio.

No caso da Refinaria Premium I, do Maranhão, a obra mais cara do PAC (R$ 40,1 bilhões), o atraso deve- se principalmente ao ritmo da terraplenagem, que já consumiu mais de R$ 1 bilhão e, até o último balanço, estava com apenas 38% do andamento realizados.

O custo da obra de transposição do Rio São Francisco foi novamente questionado pelo TCU na semana passada. O governo federal já teve de relicitar parte dos trechos por conta de reclamações do tribunal, o que colaborou para o adiamento da entrega do Eixo Leste em mais de quatro anos. O custo da transposição disparou nos últimos anos: saiu de R$ 4, 8 bilhões e já está em R$ 7,8 bilhões — um valor também questionado pelo TCU, que indica um custo total de R$ 8,2 bilhões.

Embora a maioria dos atrasos no PAC seja motivada por problemas ambientais, de fiscalização ou gerenciais — ou seja, a princípio, não faltam recursos para as obras —, os entraves acabam atrasando os investimentos financeiros no âmbito do programa, acumulando um elevado volume de recursos já reservados, mas sem aplicação efetiva.

Entre 2007 e 2011, segundo dados da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), do valor total empenhado para o PAC, R$ 125 bilhões, apenas R$ 86,7 bilhões foram gastos no período.

Descontente com tal resultado, a presidente Dilma Rousseff determinou agilidade na execução do programa em 2012 para que esses investimentos, de fato, acelerem o crescimento da economia. Para o ano, a previsão de gastos é de R$ 42,5 bilhões, metade do valor executado nos últimos cinco anos.

Diante de críticas relacionadas aos atrasos, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse no último balanço do PAC, no dia 12 de março, que o trabalho do governo nestes cinco anos tem sido aperfeiçoar o monitoramento das obras e superar os obstáculos que se apresentam para cada uma.

— Esse continuará sendo o nosso trabalho, de monitoramento mais global do PAC. A cada momento, vamos aperfeiçoando. O acompanhamento "in loco" vai ganhar mais relevância no nosso trabalho — disse Miriam.

Os atrasos exigiram do governo agilidade para fiscalizar as obras.

Recentemente, a presidente e ministros viajaram para canteiros da Transnordestina, da transposição do São Francisco, da Norte-Sul e da BR-101 no Nordeste, e planejam novas visitas.

— Essas viagens são muito proveitosas porque todos os envolvidos sentam no campo e repassam o que está acontecendo, onde está pegando e por que está pegando — disse Paulo Passos, ministro dos Transportes.

Restos a pagar se acumulam

A demora nas obras traz uma outra consequência para as contas públicas: o acúmulo dos chamados restos a pagar — despesas contratadas em um exercício para serem pagas nos próximos. Somente no ano passado, dos R$ 28 bilhões efetivamente pagos no âmbito do PAC, R$ 18,6 bilhões referiam- se a "restos a pagar" de anos anteriores. Ou seja, as despesas do passado acabaram ocupando espaço no orçamento do ano do programa.

Em 2009, essa parcela de despesas passadas correspondia a menos da metade dos desembolsos, que somaram R$ 17,9 bilhões. Segundo a SOF, o estoque de restos a pagar acumulado no fim de 2011 era de R$ 36 bilhões.

O coordenador do PAC no Planejamento, Maurício Muniz, esclarece que essas despesas não foram quitadas antes porque o ritmo das obras não permitia o pagamento.

Ocorre que, pela regra do Orçamento, uma despesa com investimento só pode ser paga após a comprovação de que o empreendimento foi realizado, mesmo que por etapas.

— No fim do ano, premiamos quem vai bem e penalizamos quem vai mal — disse Muniz, explicando que o governo tem liberdade para remanejar até 30% do orçamento do PAC todos os anos, destinando mais recursos às obras mais adiantadas.

FONTE: O GLOBO

BC reduz juro, mas bancos ganham mais

Apesar da queda na taxa básica de juros, a Selic, nos últimos anos, os bancos estão aumentando suas margens de lucro nas operações de crédito. Levantamento da consultoria Austin Rating mostra que o ganho já chega a 33%.

BC reduz juros básicos, mas bancos ampliam seus ganhos nas operações

Em sete anos, total do crédito nos bancos sobe de R$ 607 bi para R$ 2,03 tri

Ronaldo D"Ercole

SÃO PAULO. Mesmo com a queda dos juros básicos da economia (Selic) e a forte expansão do crédito nos últimos anos, os bancos brasileiros resistem em reduzir os spreads (diferença entre a remuneração que pagam aos investidores e o que cobram nos financiamentos aos clientes) e, pior, eles vêm aumentando as margens de ganho sobre empréstimos. É o que mostra estudo exclusivo da consultoria Austin Rating.

Com base em informações do Banco Central, a Austin identificou que, enquanto a Selic caiu de 18% ao ano, em dezembro de 2005, para 10,25% em fevereiro deste ano, os spreads médios nos bancos variaram de 28,6 para 28,4 pontos. No entanto, a fatia que vai para o caixa dos bancos (margem líquida) subiu de 29,64% para 32,73%.

Os números compilados pela Austin mostram que os custos administrativos e com compulsórios caíram nesse período, mas em vez de diminuir as taxas para o tomador final, os bancos aumentaram a parte do spread destinada a cobrir impostos, e também elevaram seus ganhos (margem líquida). Para os especialistas, isso contribuiu para os lucros recordes do setor nos últimos anos. Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou por meio de sua assessoria que não se pronunciaria sobre o assunto.

Considerando que a participação da margem líquida no spread cresceu a uma média 0,6 ponto percentual ao ano no período, pode ter alcançado 33,3% no fim de 2011, segundo a Austin.

— Os números mostram que os bancos aumentaram margens de ganho, o que não tem justificativa — diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin.

Nos últimos sete anos, o volume de operações de crédito contratado pelos bancos passou de R$ 607 bilhões para R$ 2,03 trilhões, um avanço de cerca de 250%. Esse movimento fez com que os empréstimos passassem a responder por mais da metade (51,6%) das receitas dos bancos com intermediação financeira e serviços em 2010. Em 2011, com as restrições ao crédito baixadas pelo governo para segurar a inflação, essa fatia recuou para 47,58%, muito superior aos 42,8% de dezembro de 2005.

Dez maiores bancos detêm mais de 90% do crédito

Pesquisa do Banco Central, divulgada semana passada, mostrou que os bancos voltaram a subir juros em fevereiro: a taxa média para empresas e pessoas físicas no crédito livre, sem destinação específica, passou de 38% para 38,1% ao ano. Já, no crédito pessoal foi de 50,3% para 50,6%.

A justificativa para mais essa rodada de elevação nos juros recai sobre a inadimplência em alta. O que é verdade. A taxa de inadimplência nos empréstimos bancários (prestações com atrasos maiores que 90 dias) em fevereiro era de 7,6%, acima dos 7,4% de dois meses antes, e longe ainda dos 5,7% em dezembro de 2010. Indicadores de inadimplência como o da Serasa Experian, que computam os atrasos em pagamentos de toda a economia, já sinalizam uma reversão de tendência. O índice da Serasa vem caindo desde novembro, mas em março ainda estava 17% acima do medido um ano antes.

— Do fim do ano para cá, observamos que há uma queda na inadimplência em geral, que deve começar a aparecer nos indicadores do BC agora, a partir deste mês. Daí, haverá espaço para os juros na ponta do consumidor voltarem a recuar — diz Luiz Rabi, gerente de mercado da Serasa Experian.

A inadimplência, lembrou, obriga as instituições a elevarem provisões contra perdas, e esse custo equivale a quase um terço da taxa adicional que o banco cobra nos empréstimos (spread).

O governo, particularmente o ministro Guido Mantega (Fazenda), vem pressionando os bancos e promete medidas para que os juros caiam mais. Como na crise de 2008, o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal devem ser chamados a atuar mais agressivamente, reduzindo taxas das linhas de crédito.

Especialistas não veem espaço para alívio significativo no bolso dos tomadores de empréstimos no curto prazo. A Selic deve cair mais 0,75 ponto percentual até dezembro. A portabilidade bancária, que permite ao correntista migrar um empréstimo de um banco para outro com juros menores, "não pegou". E não há sinalização efetiva de que o governo aliviará outros custos, como compulsório, encargos fiscais e impostos — mais de 23% dos spreads.

— É preciso atacar cada um dos pontos que pesam nos spreads, mas em condições normais os juros não cairão bruscamente. O que vai contribuir mais para a redução das taxas será o recuo da inadimplência, que não terá queda expressiva — diz Rabi.

A concentração bancária — os dez maiores bancos têm mais de 90% do crédito — é outro entrave para o país deixar o topo do ranking dos países com juros mais altos do mundo, diz o advogado Marcelo Freitas, sócio do escritório Siqueira Castro.

FONTE: O GLOBO

Dia da Mentira e de protesto

Manifestantes ironizam 48º aniversário do golpe

Suzana Inhesta, Ivan Marsiglia

Cerca de 200 pessoas participaram de manifestação ontem, em São Paulo, contra a impunidade de acusados pela tortura e desaparecimento de presos políticos no regime militar.

O protesto foi organizado pelo Cordão da Mentira, grupo de ativistas políticos, companhias de teatro e sambistas de diversas escolas da capital paulista.

A data foi escolhida para coincidir com o Dia da Mentira, ontem, e com o aniversário de 48 anos do golpe militar, ocorrido no dia 31 de março.

"O Brasil é o único país da América Latina que não julgou os criminosos da ditadura", disse uma das organizadoras do protesto, Priscila Oliveira. "Como não tivemos esse julgamento, temos heranças, marcas ainda presentes de repressão e violência contra movimentos sociais e o direito de livre expressão."

Sobre um pequeno trio elétrico, os manifestantes fizeram esquetes de teatro satirizando a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que, 13 dias antes do golpe de 1964, convocava o Exército a se levantar "contra a desordem e a subversão".

A passeata partiu do Cemitério da Consolação e passou pela Rua Maria Antônia, onde foi morto o estudante secundarista José Guimarães, pela sede do jornal Folha de S.Paulo e pela antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Vice em chapa de Serra abre disputa entre aliados

Grupo serrista quer indicar secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, mas DEM, dono de tempo de TV, quer o cargo

Julia Duailibi

A ação de tucanos e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), para emplacar o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD), como candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB) na eleição pela Prefeitura deflagrou uma queda-de-braço entre partidos aliados e integrantes do próprio PSDB.

O DEM ameaça apoiar o pré-candidato do PMDB, Gabriel Chalita, caso o vice seja indicado por Kassab, desafeto dos democratas hoje. Integrantes do DEM já pressionam a direção do partido parar abrir negociações formais com os peemedebistas.

No PSDB, aliados do governador Geraldo Alckmin preferem um vice do DEM. O tucano é fiador do acordo eleitoral PSDB-DEM ao indicar Rodrigo Garcia para a Secretaria de Desenvolvimento Social. Há ainda a avaliação de que o PSD na vice fortalece Kassab, visto como adversário de Alckmin em 2014, quando o governador tenta se reeleger.

Schneider é o nome preferido dos serristas. Ex-tucano, tem como padrinho no PSDB o senador Aloysio Nunes Ferreira. A coluna Radar, da revista Veja desta semana, afirmou que Serra e Kassab já resolveram que ele será o vice. Nas reuniões internas, Serra manifestou ser natural que o PSD fique com o cargo e mandou recado ao DEM dizendo que não aceitaria "veto" a quem escolher, conforme o Estado informou na sexta-feira. Serra chegou a reclamar a Garcia da pressão do DEM. Dono do quarto maior tempo de TV na propaganda eleitoral, o partido diz não abrir mão da indicação. Para serristas, o DEM, enfraquecido nacionalmente, não estaria em condição de demandar a vice, principalmente após escândalo envolvendo o senador Demóstenes Torres (GO). Uma saída, dizem, seria contemplar a sigla com espaços num futuro governo.

"Essa matéria vai ser discutida na época oportuna", afirmou o senador José Agripino Maia, presidente do DEM. "Não há nada fechado. Vamos deixar as coisas caminharem, sem muita pressa. Não é algo para ser definido agora", disse o ex-governador Alberto Goldman (PSDB).

Impasse. Alckmin até defendeu internamente a indicação de um vice do PSDB como saída para o impasse entre DEM-PSD.

O problema é que a chapa puro-sangue alimenta a especulação de que Serra não cumpriria os quatro anos do mandato na Prefeitura. A renúncia dele em 2006, um ano e três meses após eleito prefeito, para disputar o governo do Estado é apontada como um "telhado de vidro" da campanha. Kassab também mencionou como alternativa para o impasse que o vice fosse indicado por outro aliado: PTB ou PSB.

Os tucanos só baterão o martelo sobre o cargo após decisão da Justiça sobre a distribuição do tempo de TV no horário eleitoral. O PSD quer novo critério de rateio da propaganda gratuita, hoje baseado no tamanho da bancada de deputados federais eleita na última eleição, ou seja, em 2010. Criado no ano passado, o PSD tem direito à participação marginal no Fundo Partidário e no tempo de TV e reivindica que o critério passe a ser o tamanho da bancada atual - a sigla é a terceira maior da Câmara. Se vencer a discussão na Justiça, o PSD se fortalece na discussão da vice.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Com Serra preso a SP, Aécio alça voo

Aconselhado por FHC a "esquecer" o ex-governador paulista, presidenciável mineiro vai iniciar estratégia mais ofensiva contra Planalto

Christiane Samarco

BRASÍLIA – Bastou o ex-governador José Serra ganhar a prévia do PSDB para prefeito de São Paulo, com perspectiva de vitória que, ao menos em tese, o amarra à Prefeitura pelos próximos quatro anos, para o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ocupar o espaço de pré-candidato tucano à Presidência da República em 2014.

Aconselhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a "esquecer o Serra" e viajar pelo Brasil, Aécio marcou o início desta nova fase na quarta-feira, com um discurso de críticas e cobranças duras à presidente Dilma Rousseff.

Ele promete não dar sossego ao Palácio do Planalto, intensificando os ataques mais diretos ao desempenho da presidente. "Estamos fazendo alertas claros. Vamos visitar obras inacabadas e vamos, sim, mensalmente, apresentar um balanço das obras do PAC", disse o senador, decidido a aumentar a vigilância sobre o governo para apontar casos de má gestão, obras paradas e desperdício do dinheiro público.

O resultado da fiscalização intensa vai virar discurso, mas a plateia de Aécio não se limitará aos senadores. Na semana passada, ele esteve em Rio Branco, no Acre, e a agenda de viagens Brasil afora já inclui visitas a Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul neste mês, além de um giro pelo Nordeste em maio.

A subida de tom do mineiro na oposição ao Planalto agradou até ao expoente da ala serrista no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), que definiu o discurso como uma "bela tijolada" contra o governo Dilma.

O PT também passou recibo. Nenhum aliado do Planalto contestou as críticas de Aécio. Mas o silêncio dos petistas foi de caso pensado. Eles se recusaram a comentar o discurso do tucano por considerar que não fora o senador, e sim o presidenciável do PSDB, quem subira à tribuna. Os partidários de Dilma se calaram para não amplificar a voz de um possível adversário na corrida presidencial de 2014.

Estratégia. O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, destaca que Aécio aguardou que Serra definisse seu caminho para se movimentar de forma mais ostensiva como presidenciável. Diz que o senador vai "calibrar" suas manifestações e incursões pelo Brasil e fará um "périplo com foco na temática municipalista", e não em um eventual programa de candidato a presidente. A ideia é discutir questões locais como infraestrutura urbana, saneamento, moradia e pacto federativo.

"Ele terá prudência no calendário, com o cuidado de não ir tão rápido que pareça provocação, nem tão devagar que pareça covardia", explica Pestana, certo de que o senador cumprirá seu papel em ritmo crescente, mas dosado e deixando para mais adiante a montagem da tática de campanha.

Os aecistas não cultivam a ilusão de que viagens resolvem o problema da comunicação de um candidato a presidente, mas julgam que elas são positivas porque aumentam o grau de conhecimento junto ao eleitorado. "O desafio da comunicação de massa só se resolve com instrumentos de comunicação de massa. Por isso, não podemos deixar a decisão para 2014", diz Pestana, defensor de prévia para escolher o candidato ao Planalto no primeiro semestre do ano que vem.

"Em 2013, temos de concentrar os instrumentos do partido, o horário partidário e os comerciais de 30 segundos no rádio e na TV, em uma cara só, seja ela de quem for", propõe o deputado, ao lembrar que a lista de presidenciáveis do PSDB inclui os governadores Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR), além do líder no Senado Álvaro Dias (PR) e do próprio Aécio.

Para Aécio, o mais importante das visitas aos Estados é começar a costura política das alianças que poderão lhe dar suporte em 2014, sempre investindo em sua rede de relações pessoais, que passa pelo PSB, PMDB, PP e o novo PSD. Não por acaso, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) foi um dos que recepcionaram Aécio em Rio Branco, dias atrás.

O próximo momento decisivo para Aécio será o da sucessão do Congresso, que vai acirrar a tensão entre o PT e o PMDB. Sabedor da insatisfação de peemedebistas com o PT e a presidente, o tucano tem procurado se aproximar de líderes regionais e governadores do partido. Só com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital, Eduardo Paes, foram mais de uma dezena de encontros ao longo do ano passado, boa parte deles em jantares informais, nas residências oficiais de um e outro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Entrevista: 'Não é tradição Lula ganhar em São Paulo', diz Serra

Depois de vencer prévias, tucano foca na briga pelo seu retorno à Prefeitura da capital paulista

Sonia Racy e Paula Bonelli

Salvo imprevisto, muitos acreditam que haverá um aprofundamento da polarização entre PSDB e PT nesta disputa pela Prefeitura de São Paulo. Tendo como protagonistas José Serra e Fernando Haddad, a briga não se resume a mais uma eleição municipal. O Brasil inteiro estará de olho no resultado deste pleito e tudo mais que ele possa significar.

José Serra resolveu ser candidato há menos de um mês. No início do ano, avisou que não queria mais ser prefeito. "Não queria, mas a necessidade de aumentar a chance de vitória foi posta pelo PSDB e por nossos aliados", justificou em conversa com a coluna, na sua casa no bairro Alto de Pinheiros. Bastante à vontade, falou sobre tudo, até sobre seu escorregão em relação ao "papelzinho". Aqui vão os principais trechos da entrevista:

Seus adversários vão explorar, na campanha, a sua saída da Prefeitura no meio do mandato. Já estão ironizando o "papelzinho" que o sr. assinou. Como vai enfrentar isso?

Quando usei essa palavra eu não quis dar um tom jocoso. Mas é importante dizer que a população de São Paulo apoiou duas vezes a minha decisão. Em 2006, tive mais votos no primeiro turno para governador do que para prefeito em 2004. Em 2010, apesar de ter perdido a eleição nacional, ganhei da Dilma em São Paulo. Quem não tem nada a mostrar só pode acusar. Não funcionou duas vezes e não vai funcionar a terceira. O que nós vamos debater nesta eleição é quem pode fazer mais pela cidade de São Paulo.

O PT fará um grande esforço para entrar no Estado e na capital. O sr. vê algum perigo de uma hegemonia partidária no País, como advertiu o Sérgio Guerra?

É legítimo que o PT queira ganhar, não só a Prefeitura como o Estado. Mas é uma ambição também alimentada pelo fato de querer ser hegemônico. O PT não convive bem com a política, ele tenta controlar até os próprios aliados. O PT não ama a política no sentido de lidar com adversário e compartilhar com aliados. Não me refiro a todos, mas a estratégia petista na internet é da destruição dos adversários, não do debate.

Essa percepção da hegemonia petista foi o gatilho para sua candidatura?

Não é só isso, eu me tornei candidato também pelo gosto de poder administrar novamente a cidade. Um decisão tomada por necessidade, mas sem gosto, é uma decisão muito áspera, difícil. E tomar a decisão só por gosto, sem necessidade, é um tipo de narcisismo, que não está entre os meus defeitos.

O sr. faz análise?

Atualmente, não.

Alguém lhe deu alta?

Não, em análise nunca se tem alta. Se não, não é boa análise. Em matéria de análise sempre fui multinacional. Fiz no Chile, nos EUA e no Brasil.

Que balanço o sr. faz da última eleição? Esta vai ser mais fácil?

Pelo meu temperamento, toda eleição é difícil. Você lida com incertezas e com o espírito das pessoas, que ninguém consegue monitorar.

O Lula está apoiando um candidato em São Paulo...

Sem dúvida. Ele apoiou o Genoino em 2002, perdeu a eleição. Apoiou a Marta em 2004, perdeu. Apoiou a Marta em 2008, perdeu. Apoiou o Mercadante em 2010, perdeu. Apoiou a Dilma em 2010 e eu ganhei em São Paulo, na Capital e no interior. A tradição do Lula é não ganhar dos nossos candidatos em São Paulo. O que não significa que ele não possa ganhar um dia. Estou dizendo, apenas, que não é a tradição até agora.

O que mudou em você da última eleição para cá?

Difícil. Essa é uma pergunta que você poderia responder melhor. Você vê que eu estou, fisicamente, mais descontraído.

Quais os riscos desta vez?

Toda eleição tem um risco. Na vida pública vive-se correndo riscos, estou acostumado. Bem jovem, enfrentei riscos imensos na política estudantil. Eu era o principal dirigente estudantil do Brasil na época do golpe de 1964, por exemplo. Paguei um preço altíssimo e depois, no Chile, com o golpe militar, fui preso. Então, eu já corri riscos na vida consideráveis. Já teve astrólogo que disse que eu vou viver assim toda a minha vida. Não estou dizendo que acredito, mas não acho que se faça tudo pela razão, muita coisa eu faço pela intuição.

Perguntado sobre o mensalão, o Haddad comentou que nunca ninguém tinha perguntado ao senhor se o livro Privataria Tucana teria impacto na campanha.

Vou repetir o que já disse. O livro é um lixo. Na última campanha, o PT se especializou em atacar a minha família.

O que achou da experiência da prévia?

É um exercício democrático. Os EUA têm uma tradição longa, aqui não há nenhuma. Lá tem eleição a cada dois anos para deputado, fora eleição para prefeito, governador e presidente. Os partidos são mais enraizados na sociedade. Aqui, tenho a impressão de que foi a primeira vez que se fez uma prévia de maior alcance. Acho positiva, aquece a militância para a campanha. Eu fui talvez o principal proponente de prévia no PSDB, ano passado, muito antes de pensar em ser candidato.

Por que no Brasil nunca houve essa tradição?

Fazer prévia não é fácil. Há o risco de aprofundamento das diferenças. Se não houver uma estrutura adequada, acaba sendo um tiro no pé.

A gestão Serra-Kassab foi um período único?

Acho que houve dois períodos. Quando o Kassab era meu vice, seguiu estritamente o nosso programa de governo. Até onde pôde, foi com a mesma equipe - porque alguns vieram comigo para o Estado, como o Mauro Ricardo, nas Finanças. Reeleito, Kassab montou sua administração, harmoniosa com as parcerias com o Estado.

Faria algo diferente dele?

Não sou de descartar programa de antecessores. Se eu atuasse descartando, não teria feito mais telecentros que a Marta ou dado continuidade aos CEUs. E não teria ampliado o Bilhete Único. Veja que nesses três casos não mudamos o nome, prática usual na política. Nós não fazemos isso.

O senhor é um realizador, mas também tem fama de desagregador. Como explica isso?

Creio que capacidade de realizar e de agregar andam juntas. No governo Montoro, na Prefeitura, no Ministério da Saúde, sempre formei equipes que podem ser consideradas as melhores em cada época, sem qualquer desarmonia interna. Sempre parti de uma base técnica bastante ampla. Já era economista e especialista em algumas questões de gestão pública mesmo antes de ocupar cargo.

Quando percebeu que a política era o seu caminho?

Desde criança. Lia jornais a partir dos sete anos e meus parentes dizem que eu já discutia política, ainda criança. Eu não me lembro. Aos 10 anos já era bastante informado. Quando chegou a TV, não tínhamos dinheiro para comprá-la, então eu lia jornal. Só fui ver TV quando tinha 14 anos.

A sua mãe o incentivou?

Não. Nunca ninguém incentivou. Minha família era muito modesta e despolitizada.

E a fama de hipocondríaco...

Não sou, mas tenho fama. Do ponto de vista político, não é ruim, não. Toda a população achava divertido ter um ministro da Saúde hipocondríaco. Não sei de onde vem essa fama. Sou cuidadoso, mas não gosto de ficar tomando remédio.

Não gosta de hospital?

Não. Eu visitei muito hospital, unidades novas de saúde, lidei com questões importantes de saúde pública no Brasil, mas se ver alguém aplicar uma injeção me dá tontura. Quando fui tirar sangue, jamais fui capaz de olhar.

O que gosta de fazer quando não está trabalhando?

Ficar com meus netos e ir ao cinema. E quando posso, viajar. O que é dificílimo. Ir pro exterior para trabalhar é fácil, mas lazer puro é difícil.

No cinema tem um gênero preferido? Viu Tudo pelo Poder?

Achei regular. O filme é meio simplista, mas gostei. Gosto de filme papo-cabeça, de faroeste, de comédia, enfim, de todo tipo de filme desde que seja um bom espetáculo.

E música?

Gosto de música clássica, mas também de MPB. Lembra do (senador do PSDB) Artur da Távola? Uma vez nós passamos uma tarde, em que o plenário não conseguia se reunir, na minha sala vendo quem sabia mais letras de músicas do Orlando Silva. Empatou. O Artur era um musicólogo. Mas eu também conheço muito de música popular antiga.

O senhor é filho único. Isso teve alguma influência na sua personalidade?

Deve ter tido. É muito difícil sentir isso. Dizem que filho único é autocentrado porque não tem concorrente. Eu vi porque tenho dois filhos. Embora sejam dois filhos únicos, porque meu filho nasceu quatro anos depois da minha filha.

De menino, que tipo de aluno o senhor era?

Embora fosse tímido, era muito falador e não era um modelo de disciplina. Tinha boas notas em aplicação e más notas em comportamento. Mas eram coisas muito ingênuas, se você comparar com certas coisas de agora.

Se fosse dar notas a si mesmo, hoje, daria quanto de aplicação e de comportamento?

De aplicação daria nota 10. Quando tenho algo a cumprir, me dedico totalmente. E de comportamento prefiro não me dar uma nota (risos). Uma vez fui para a aula com uma dor tremenda no pé, pois tinha cortado a unha na noite anterior e cortei um pedaço da carne. Passei a noite com o dedo inflamado. Aí o professor me escolheu para declinar verbos em latim e eu disse: "Professor, eu não estou em condições de declinar esse verbo". E ele: "Mas o que o você tem?". Aí eu expliquei que estava com dor no dedo do pé e a sala inteira caiu na gargalhada.

Há uma crise internacional preocupando todo mundo. Como você vê o panorama?

Acho que a economia brasileira vive, há muitos anos, um processo de empurrar com a barriga a solução de seus problemas. Temos um modelo que está consumindo os preços altos das commodities. A economia está se desindustrialização, mas a população está consumindo bastante porque temos preços de commodities em alta. Só que o modelo primário exportador não é capaz de levar o Brasil, a médio e longo prazo, a um processo de desenvolvimento sustentável. Nosso desafio seria ter em 2030 uma renda por habitante semelhante, hoje, à renda dos países considerados desenvolvidos. Não será pelo caminho da economia primária exportadora que chegaremos lá.

Há pelo menos vinte anos que se bate nesta tecla.

Eu sou o que mais bateu na tecla.

Mas, e o cenário lá fora?

Não acho nada catastrófico, você pode ter surpresas. O Pedro Malan disse outro dia que em economia é difícil até prever o passado. Imagine o futuro! Estou preocupado porque a fase de bonança que vive o Brasil é transitória. Mas, do ponto de vista da economia mundial, depende muito da Europa. E qual é o nó da Europa? É que não é uma crise estritamente econômica. Se a Europa fosse um país federativo, como os EUA ou o Brasil, provavelmente não haveria esse problema. Só que eles criaram uma moeda única numa confederação. Então, o orçamento da União no Brasil é 20% do PIB, nos EUA é outro tanto, na Europa é 1% do PIB. Você não tem mecanismos de compensação. A Europa não é integrada nem no mercado de trabalho, muito menos do ponto de vista fiscal.

As inspirações

Quais foram as grandes influências na sua vida política?

Aqui no Brasil tive uma espécie de segunda mãe: a Madre Cristina, que era do Sedes Sapientiae, uma faculdade só para mulheres que fechou depois do golpe de 64. Ela foi muito importante na minha vida, do ponto de vista pessoal. No Chile, o Aníbal Pinto, que era um economista, um homem do mundo, sempre dissentindo das ideias e comportamentos convencionais. Eu me considero assim também. E o Albert Hirschman , que ainda está vivo, indo para 98 anos. Convivi com ele na minha temporada em Princeton. A obra intelectual deles exerceu uma influência muito grande em minha maneira de pensar.

De que modo eles te influenciaram?

Há uma ideia que o Aníbal tinha, o Hirschman também, e que eu acho que eu tinha desde o nascimento, que é a luta para ampliar os limites do possível. É a ideia das mudanças graduais. De que você sempre pode, em determinada situação, melhorar as coisas sem a ruptura. De que para a mudança não é preciso obrigatoriamente ter a ruptura. Mas esta outra visão foi algo que se cristalizou na esquerda brasileira, que veio da época da oposição ao regime militar e invadiu o período democrático. O governo do Fernando Henrique foi tratado como inimigo exatamente porque não representava a ruptura, mas a mudança gradual. Depois o PT no governo adotou, com menos competência, essa ideia da mudança gradual. Com muito menos competência, porque eles não são bons de serviço em matéria de exercício de governo. Outra influência que eu tive foi o próprio Fernando Henrique, como sociólogo. Convivi com o trabalho intelectual dele no Chile. E o Celso Furtado, embora eu não tenha começado minha vida como economista.

Nenhum político profissional?

Em política, tive influências mais difusas. Há homens que eu admiro, figuras do século passado como Churchill, Roosevelt.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO/ CADERNO 2

PT disputa em mais de 70% das grandes cidades

Cristian Klein

SÃO PAULO - Depois de várias conversas informais e de bastidores, o PT fará hoje com o PSB a primeira reunião partidária oficial com um aliado do governo federal para discutir trocas de apoio para a disputa de outubro. Os petistas chegam ao encontro munidos de um amplo mapeamento do cenário eleitoral. A legenda, desde o ano passado, acompanha de perto qual a política de aliança em andamento no grupo de 118 municípios acima de 150 mil eleitores - considerados, mais do que uma prioridade, "uma necessidade". É o grupo de cidades mais relevantes, que reúne 55,5 milhões de eleitores, cerca de 41% do total do país. São polos de formação de opinião, por contarem com universidades e retransmissoras de TV, e onde despontam os líderes com projeção nacional.

O levantamento mostra que, até o momento, o PT decidiu que terá candidato próprio em 86 (73%) destas grandes cidades. Em 75 já há definição do nome e nas outras 11 o partido ainda precisa escolher quem disputará o cargo. A sigla dará apoio a outras legendas em 13 municípios; nos 19 restantes debate se sai ou não como cabeça de chapa.

PMDB e PDT são os aliados aos quais os petistas estão fazendo mais concessões nos grandes centros. Com os pemedebistas, há alianças em quatro municípios, o que pode chegar a dez. Com os pedetistas, são três, podendo totalizar nove. A quantidade de acordos está ligada ao peso destes partidos no G-118. Enquanto o PT é o líder no número de grandes prefeituras, 33 (28%), o PMDB, com 20 (17%), e o PDT, com 16 (13,5%), vêm em seguida.

Em seu resumo, o levantamento mostra surpresa pelo desempenho do PDT. "Chama a atenção o crescimento do PDT, que ultrapassou o PSDB, governando atualmente 16 cidades". Outra constatação é o definhamento do DEM, em virtude da debandada ocorrida com a criação do PSD, pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no ano passado. "Principalmente devido à migração de seus quadros para o PSD, o DEM desidratou-se e governa atualmente apenas a cidade de Mossoró (RN)", aponta o relatório.

O PT é apenas o terceiro colocado no ranking geral dos 5.565 municípios. Elegeu 560 prefeitos (10%), atrás dos 790 (14%) do PSDB e menos da metade dos 1.199 (21,5%) do PMDB. Mas rivaliza com os pemedebistas no total de votos recebidos, por se concentrar em poucos municípios, mas com grandes colégios eleitorais. Em 2004, foi o líder do ranking, ao receber 16,3 milhões de votos a prefeito (17,2%). Em 2008, porém, com 16,5 milhões (16,6%), ficou em segundo e foi desbancado pelo PMDB, que cresceu quase 30% e conseguiu 18,4 milhões de votos (18,5%). Foi uma diferença de quase 2 milhões de votos. Ou seja, o bom desempenho nas maiores cidades é fundamental para garantir a volta ao topo.

Para o secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi, o resultado nas eleições municipais terá um efeito direto na correlação de forças entre os partidos que se acotovelam por espaço na ampla base da presidente Dilma Rousseff. Ele poderá aumentar ou diminuir o poder de reivindicação e mudar, por exemplo, acordos já feitos, como o que dá preferência ao PMDB na eleição do comando da Câmara e do Senado. "Por outro lado, a palavra de ordem é cuidado", diz Frateschi, questionado se o PT planeja avançar sobre prefeituras de siglas aliadas.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Siglas do bloquinho são as que mais apoiam os petistas

SÃO PAULO - As alianças ainda não ocorreram em São Paulo, onde o candidato petista, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, está isolado. Mas o balanço do PT mostra que as legendas que mais apoiam seus candidatos nas grandes cidades são os aliados históricos do campo da esquerda - o chamado "bloquinho", pela atuação conjunta que já tiveram no Congresso. O PCdoB é a sigla mais generosa. Já acertou apoio em 32 cidades, podendo chegar a 49, o que daria 41% do total de 118 municípios. O PSB e o PDT vêm praticamente juntos em seguida, com 22 apoios (com potencial de atingir 37) e 24 (podendo alcançar 36). Até o DEM, adversário tradicional dos petistas, dá sua colaboração. Fechou aliança em dois municípios, na capital do Maranhão, São Luís, e em Carapicuíba (SP), e negociam em mais duas: Praia Grande (SP) e Divinópolis (MG).

Em São Paulo, no entanto, a situação tem gerado preocupação para os petistas. O objetivo da cúpula é fazer com que o PSB seja o primeiro a declarar logo apoio a Haddad para se criar um fato político e facilitar também uma coligação com o PCdoB e o PDT - esta mais difícil.

O PSB, contudo, está dividido. A direção nacional é favorável a uma coligação com o PT, mas os paulistas preferem apoiar o ex-governador tucano José Serra. O dirigente regional do partido, Márcio França, é secretário estadual de Turismo do governador Geraldo Alckmin.

Ao mesmo tempo em que procura ganhar tempo para convencer França a desistir dos tucanos, o presidente nacional do partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, tenta tirar vantagem da pressa do PT nas negociações.

Será esse seu objetivo na reunião de hoje, em Brasília, na qual o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e o secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, colocarão sobre a mesa municípios que podem entrar como moeda de troca para a coligação com Haddad.

De acordo com o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, a legenda quer como contrapartida que o PT apoie seus candidatos em cidades como Campinas (SP), Aracaju (SE), João Pessoa (PE), Duque de Caxias (RJ), Ferraz de Vasconcelos (SP), Suzano (SP), Mossoró (RN) e capitais onde o PT não tiver nomes fortes. "Campinas é uma questão importantíssima. Nosso candidato [o deputado federal Jonas Donizete] está em primeiro lugar nas pesquisas."

Frateschi, por sua vez, afirma ter dificuldade de se comprometer a incluir Campinas na negociação. Ele cita o apoio de Donizete ao grupo que levou à cassação do então prefeito petista Demétrio Vilagra. "Só se o Lula atuar e zerar o jogo", afirma, lembrando que há previsão de prévia entre o ex-secretário municipal Tiãozinho e o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

Pelo levantamento do PT das alianças no Estado de São Paulo, o PSB já acertou apoio a seus candidatos em nove cidades, enquanto apenas cinco para o PSDB. Por outro lado, o PT só cedeu em uma (São Vicente) ao passo que os tucanos oferecem apoio em Campinas e São José do Rio Preto, onde o prefeito do PSB tem direito à reeleição. (CK)

FONTE: VALOR ECONÔMICO

PSDB lança candidato próprio no Rio

Raymundo Costa

BRASÍLIA - Há 12 anos fora do governo estadual e sem nunca ter eleito um prefeito do Rio de Janeiro, o PSDB decidiu fazer a aposta de candidatura própria na cidade, nas eleições municipais de 2012. Trata-se do deputado federal Otávio Leite, escolhido pela executiva nacional do partido para uma missão considerada quase impossível: tornar competitivo os tucanos numa disputa entre dois grandes e tradicionais conglomerados políticos. A candidatura de Leite foi decidida pela executiva nacional do PSDB, contrariando outras correntes locais do partido.

O primeiro conglomerado, considerado favorito, é formado pela dupla pemedebista Sérgio Cabral (governador) e Eduardo Paes (atual prefeito) e o PT, à frente de uma coligação de 19 partidos. O núcleo do outro conglomerado é político-familiar, constituído pelo ex-governador Anthony Garotinho, hoje no PR, e o três vezes ex-prefeito Cesar Maia, hoje no DEM, depois de trafegar do PMDB ao PDT e PTB. Rodrigo, filho de Maia será o cabeça da chapa. Clarissa, filha de Garotinho e Rosinha (também ex-governadora), a candidata a vice-prefeito.

O próprio Leite foi da juventude pedetista, na eleição disputada por Brizola a presidente em 1989. Afilhado do presidente Juscelino Kubitschek, autor do projeto que tornou obrigatório o registro do programa de governo dos candidatos a presidente, Otávio Leite contará com a presença de renomados tucanos em sua campanha para tentar abrir passagem entre a candidatura favorita de Eduardo Paes, o prefeito candidato à reeleição, e a de Rodrigo Maia. Ele deve lançar a candidatura no dia 20 com as presenças do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e da dupla rival tucana Aécio Neves (MG) e José Serra (SP).

Visto em retrospecto, o apoio dos caciques tucanos ainda pode ser considerado pouco para o tamanho da empreitada. Desde o restabelecimento das eleições diretas nos três níveis do Executivo (em 1982 para os governos estaduais e em 1985 para os municipais), apenas dois candidatos do PSDB passaram bem pelas urnas do Rio: ex-governador Marcello Alencar, eleito em 1994 pela legenda, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no mesmo ano, tendo como abre-alas o Plano Real. Alencar era um tucano saído do brizolismo.

Com breves intervalos, como Moreira Franco, eleito para o governo estadual em 1986, desde o restabelecimento das diretas os palácios do Rio de Janeiro sempre tiveram como inquilino um antigo correligionário de Leonel Brizola, eleito em 1982 - Brizola voltou em 1990, depois do intervalo Moreira Franco, foi sucedido por Marcello Alencar e, na sequência, por Anthony Garotinho (1998), sua mulher, Rosinha Matheus (2002), até a chegada do grupo que hoje controla o PMDB do Rio com forte influência no PMDB nacional.

FHC ganhou a reeleição no primeiro turno, em 1998, mas perdeu para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio. Em 2002, com Serra, o PSDB foi ao fundo do poço, com pouco mais de 360 mil votos. À época havia um nome regional e competitivo na disputa presidencial - justamente Garotinho, que dividiu com Lula a maior fatia do eleitorado carioca.

Terceiro e quarto maiores colégios eleitorais do país, respectivamente, Rio de Janeiro e Salvador são duas cidades em que o PSDB é muito vulnerável, portanto, são posições que a cúpula tucana julga necessário reforçar, se quiser manter vivo o projeto de reconquistar a Presidência da República. A Executiva recomendou que os caciques prestigiem os candidatos no maior número possível de capitais e grandes cidades, o que não é tarefa fácil: Serra estará empenhado na própria eleição, enquanto Aécio Neves precisa assegurar para os tucanos os maiores colégios eleitorais mineiros, se não quiser comprometer seu projeto presidencial de 2014.

A aposta de Otávio Leite é que o eleitorado esteja cansado do que chama de "mexicanização da política do Rio". Num primeiro momento, com o desmembramento do brizolismo- Marcello Alencar, Garotinho, Cesar Maia e o ex-prefeito Saturnino Braga - e agora o "cabralismo", núcleo constituído pelo PMDB desde que Sérgio Cabral era presidente da Assembleia Legislativa. Ele conta - ou sonha - com o ingrediente nacional, a polarização entre PT e PSDB, na cidade que ainda hoje guarda ares de capital da República.

O candidato tem currículo modesto, mas vencedor: vereador logo na primeira eleição que disputou, ampliou progressivamente seu eleitorado até 2006, quando teve mais de 90 mil votos para deputado federal. Foi eleito vice-prefeito de Cesar Maia, em 2004, mas em 2010 não passou dos 86 mil votos, novamente, para deputado federal. Agora está empenhado em aprovar uma emenda que julga bem do gosto do carioca: proibir a antecipação de feriados. Leite acha que a antecipação da comemoração do dia do servidor público, nas últimas eleições, aumentou em cerca de oito pontos a abstenção na Zona Sul do Rio, onde supõe se situar o maior foco de oposição à "mexicanização da política do Rio".

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Recife: Rands quer relançar a 'marca petista'

PT X PT

Um dos pré-candidatos petistas à PCR, Maurício Rands prestigia evento do PSD e ensaia críticas à gestão João da Costa, afirmando querer “relançar o modo petista de gestão”

Débora Duque

Se o argumento para tentar impedir que o prefeito João da Costa (PT) dispute a reeleição era apenas de ordem política, o mais novo pré-candidato do PT à Prefeitura do Recife sinalizou que também pretende investir nas críticas – ainda que suaves – à administração do correligionário. O secretário estadual de Governo, Maurício Rands (PT), afirmou que, caso passe pelas prévias internas e venha a ser eleito, em outubro, irá “relançar” a marca petista de governar. “Vamos relançar o modo petista de gestão. Muitas coisas foram preservadas pela atual administração, mas outras precisam ser aperfeiçoadas”, provocou.

A afirmação de Rands pode ser encarada como uma resposta aos questionamentos já feitos por João da Costa. Em ocasiões anteriores, o prefeito, sem aceitar o racha no partido, incitou os aliados a “provarem” que não havia seguido à risca o projeto de governo do PT. De acordo com Rands, a mudança na candidatura do partido faz-se necessária para a “preservação” da unidade da Frente Popular.

As declarações do petista foram dadas no sábado, após o encontro regional do PSD, que teve a presença do presidente nacional do recém-criado partido, Gilberto Kassab. Caso sua candidatura seja consolidada, Rands espera atrair a legenda – que, até então, se mantém distante da gestão de João da Costa – à sua base de apoio. O presidente estadual do PSD, André de Paula disse, no entanto, que irá esperar a definição interna do PT para se posicionar.

Esta não foi a primeira vez que Maurício Rands fez críticas à gestão petista no Recife. Apesar de ter sido secretário de Assuntos Jurídicos da PCR na primeira gestão de João Paulo, durante a campanha para a prefeitura em 2008 – quando o ex-prefeito apoiou seu hoje desafeto João da Costa –, Rands também deu suas alfinetadas. Na época, chegou a afirmar que o modelo gerencial do Recife estava ultrapassado.

Exaltação

Durante o evento do PSD, mais do que fazer deferências à própria sigla, as lideranças pessedistas fizeram questão de exaltar o nome do governador Eduardo Campos (PSB), presente na ocasião, e o seu “projeto nacional”. A começar por Kassab, prefeito de São Paulo, que afirmou que o caminho do PSD é da “parceria com o PSB, levando o País a um dia ser presidido pelo governador”. O dirigente ainda acrescentou que as duas legendas são “irmãs” que contam com o mesmo “líder”: Eduardo Campos.

O presidente estadual do partido, André de Paula também não poupou o socialista de elogios, alçando-o à condição de “líder maior” da aliança. “Nosso projeto nacional tem nome e ele se chama Eduardo Campos”, reforçou. De acordo com ele, a união firmada entre PSB e PSD tem “peso político” porque dispõe de “complementaridade geográfica”. “Onde o PSB tem fragilidade, o PSD completa”, disse.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Indicação de Ibsen como vice ganha força

Com apoio de lideranças do PP e do PTB, cresce entre os peemedebistas o movimento de indicação de Ibsen Pinheiro (PMDB) para a vaga de vice na chapa de José Fortunati (PDT), que concorrerá à reeleição à prefeitura de Porto Alegre.

As articulações, que poderão retirar do páreo o vereador Sebastião Melo (PMDB) – favorito até então –, foram intensificadas no sábado à noite, quando alguns líderes do PP e do PMDB se reuniram na Capital.

O deputado do PP Pedro Westphalen e o presidente estadual do partido, Celso Bernardi, teriam sugerido aos peemedebistas que a indicação de Ibsen facilitaria o ingresso do PP na chapa de Fortunati – a sigla ainda negocia uma aliança com Manuela D"Ávila (PC do B). Nesse encontro de sábado, o prefeito de Santa Maria, Cézar Schirmer, influente liderança do PMDB, engrossou o coro a favor de Ibsen.

Entre os peemedebistas, o argumento é de que o ex-presidente da Câmara dos Deputados daria mais visibilidade à sigla devido ao seu histórico político. Já entre progressistas e petebistas, o argumento principal é de que Ibsen, em razão da idade mais avançada, não seria um candidato natural para a eventual sucessão de Fortunati em 2016. Ele também desfrutaria de maior simpatia junto aos líderes de PP, PTB e PDT.

FONTE: ZERO HORA (RS)

A corrida do PT por aliados

Partido luta para angariar apoio na disputa pela prefeitura paulistana, mas encontra resistência por lançar nomes próprios nas capitais em vez de ajudar outras legendas

Paulo de Tarso Lyra

BRASÍLIA – Isolado em São Paulo e com dificuldade para encontrar parceiros que alavanquem a pré-candidatura de Fernando Haddad à prefeitura paulistana, o PT corre para buscar, entre os aliados no plano federal, quem esteja disposto a emprestar o tempo de tevê e o capital político a Fernando Haddad, candidato que patina nos 3% de intenção de voto a oito meses das eleições. Mas o partido esbarra na própria autossuficiência que apresenta em outras cidades importantes.

Em apenas 11 das 26 capitais que elegerão novos prefeitos em outubro o PT aceita não ser cabeça de chapa. Dessas 11, apenas Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba contam com mais de 1 milhão de eleitores. No Rio, a parceria é estratégica com o PMDB de Eduardo Paes, e na capital mineira a decisão de permanecer ao lado de Marcio Lacerda (PSB) só será confirmada dia 15. Semana passada, os delegados da legenda em Belo Horizonte votaram uma resolução em que confirmam apoio ao socialista, mas pedem que seja colocada em pauta a exclusão dos tucanos, o que foi entendido por parte do PT como um veto. Na interpretação de outros, foi apenas uma recomendação.

Em Curitiba, a possibilidade de apoiar o pedetista Gustavo Fruet deve-se mais à falta de opções internas do que à simpatia pelo ex-deputado federal e ex-tucano, uma das vozes mais ativas contra o PT durante a CPI do Mensalão. E Manaus não é, exatamente, uma joia da coroa cobiçada pela direção nacional petista.

O ressentimento dos aliados não é segredo. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse a interlocutores próximos que não aceitará coligar-se com o PT nos municípios. "O único pedido que fizemos foi o apoio à Manuela (deputada federal Manuela D"Ávila, candidata à Prefeitura de Porto Alegre) e eles lançaram um nome que não tem sequer peso eleitoral", reclamou o comunista, referindo-se ao deputado estadual Adão Villaverde.

Outro aliado que está na berlinda com os petistas é o PSB. O secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, fazem a primeira reunião, hoje, para definir em quais cidades as legendas poderão estar juntas em outubro. O PT está desesperado para convencer os socialistas a apoiar Haddad em São Paulo. O presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reuniu-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada e prometeu que o PSB não vai ajudar o tucano José Serra, mas não assegurou que estará ao lado de Haddad, adiando a resposta para junho.

O PSB espera uma contrapartida do PT. Em João Pessoa, por exemplo, a legenda governa a cidade, com Luciano Agra, mas os petistas lançaram o nome do deputado estadual Luciano Cartaxo, rompendo a parceria – a Paraíba também é governada pelo PSB. Outros aliados procurados pelo PT também estão na muda. "Não dá para tomar nenhuma decisão sem definir nossa situação nacionalmente. Saímos do Ministério (dos Transportes) como bandidos. É a vida de nosso partido que está em jogo. Como ficaremos?", indagou o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM).

Sem egoísmo O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, não acha que o partido esteja sendo egoísta ao pleitear a cabeça de chapa nas principais capitais. Ele lembra que a legenda, durante as eleições de 2010, fez um gesto de abrir mão de várias candidaturas aos governos estaduais, na Câmara e no Senado para garantir a vaga de Dilma Rousseff na Presidência e eleger uma base de sustentação mais confortável no Congresso. Segundo ele, no início de 2011, quando os partidos aliados começaram a conversar sobre as eleições de outubro deste ano, todos manifestaram o desejo de ampliar os poderes políticos. Frateschi afirmou que os planos do partido, agora, também passam pela maior inserção nos municípios.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Gal Costa - Samba do avião - (Tom Jobim)

Jaz insepulto:: Ricardo Noblat

"Realmente, os políticos estão perdendo a vergonha na cara." (Senador Demóstenes Torres em 2007)

A esta altura, quem são as mais ostensivas vítimas do senador Demóstenes Torres(DEM-GO), acusado pela Polícia Federal de ser sócio do exbicheiro Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos ilegais em Goiás? São os 44 senadores estúpidos que hipotecaram solidariedade a ele quando Demóstenes ocupou a tribuna do Senado para jurar inocência.

Reagiram como sempre. E da boca deles saíram as costumeiras palavras de desagravo com as quais socorrem amiúde colegas em dificuldades. Foram feitos de bobo por um ator de primeira linha. Tamanho era o seu talento que, ao ser desmascarado, admitiu, apare n t a n d o re s i g n ação e traindo uma ponta de melancolia: "Eu não sou mais o Demóstenes.". Qual? O que imaginávamos que existia?

Enganou o distinto público numa atuação soberba como político acima de qualquer suspeita. E também a nós, jornalistas, céticos por obrigação. Em momento algum nos perguntamos: poderá haver político tão ficha- limpa? Era uma preciosa fonte de informações. E isso basta para amolecer o coração do mais duro entre nós. O mensalão ocorreu nas nossas barbas. E se não fosse Roberto Jefferson...

O Senado é um luxuoso e exclusivo clube frequentado por 81 privilegiados cidadãos.

Todos ali se protegem apesar das diferenças políticas. Todos ali praticam os mesmos crimes. Os que não praticam sabem quem o faz, mas fingem não ver. Em 188 anos de funcionamento do Senado, somente um senador foi cassado – Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF), acusado de mentir aos seus pares.

Com a experiência de exchefe do Ministério Público de Goiás, Demóstenes mentia com engenho e arte. Há pouco, mentiu da tribuna do Senado grosseiramente.

É por isso que morreu e sabe disso. Mas ainda jaz insepulto. Resta-lhe ganhar tempo e torcer para que o acaso faça uma surpresa. Aos que pensam que renunciará ao mandato para abreviar a própria agonia, digo: esqueçam a hipótese.

Se renunciasse, baixaria à sepultura. Pior: na condição de ex-senador, não mais seria julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ficaria ao alcance de decisões de qualquer juiz da primeira instância. Demóstenes coleciona inimigos em toda parte. Foram presas 30 pessoas suspeitas de integrar a quadrilha comandada por Cachoeira.

Uma vez sem mandato, por que ele não acabaria preso pela mesma razão? Existe uma boa chance de o STF declarar nulas as provas apresentadas pela polícia contra Demóstenes. O grampeado foi Cachoeira.

Mas o que ele disse ou ouviu de Demóstenes só poderia ser usado contra Demóstenes com a prévia autorização do STF. Há duas semanas, Demóstenes acalentava a esperança de não ser julgado pelo Senado. O julgamento ali é político. Tem a ver com as idiossincrasias dos senadores.

Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, comunicou a gente de sua confiança no Congresso que o governo não tinha interesse na cassação do mandato de Demóstenes. Era preferível continuar convivendo com ele de crista baixa a correr o risco de agitar os ânimos no Senado. Os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) se ofereceram para ajudar Demóstenes. Não deu certo.

Jayme Campos (DEM), senador por Mato Grosso, é o presidente em exercício do Conselho de Ética do Senado. O PSOL pediu a cassação de Demóstenes. Jayme poderia arquivar o pedido, empurrando o problema com a barriga. Não topou. Pedro Taques (PDT), outro senador por Mato Grosso, é voto certo pela cassação de Demóstenes. Jayme e ele podem disputar o governo do estado em 2014.

Do início da última semana para cá, abriu-se a torneira das revelações capazes de embaraçar Demóstenes ainda mais. Resultado: a banda sadia do Senado largou- o de mão. E o DEM anunciou que irá expulsálo. Diante disso, fazer o quê? Então o governo recuou de sua intenção inicial. O PT pediu a cabeça de Demóstenes. E Sarney e Renan deram o caso por perdido. Cumpram-se os trâmites previstos para tais ocasiões.

FONTE: O GLOBO

Paquidérmico :: Aécio Neves

Afinal, o que é o PAC?

Vendido à sociedade brasileira como um esforço inovador, concentrado e articulado do governo federal para fortalecer e modernizar a infraestrutura nacional, o programa surpreende quem se dispõe a conhecê-lo mais de perto.

Sob o guarda-chuva da propaganda oficial, quase tudo virou PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ações rotineiras de muitos governos e investimentos que compõem a agenda das empresas estatais, e que ocorrem há décadas no país, se transmudaram em PAC. Projetos sob responsabilidade da iniciativa privada ou de empresas públicas dos Estados também entram na conta federal.

E, pasme, o seu dinheiro também pode ter virado PAC...

É que o governo federal soma na conta de investimentos do programa os recursos usados para o financiamento da casa própria. É isso mesmo!

Se você for aos bancos oficiais e fizer um financiamento habitacional, também estará fazendo PAC, já que o financiamento é apresentado como resultado do programa. Mesmo se for para comprar um imóvel usado ou para realizar uma simples reforma!

Poucos programas federais expõem a tibieza e a crônica inapetência executiva do governo federal como esse.

Os números são reveladores: apenas 7% das obras do PAC 2 foram concluídas até dezembro de 2010, sendo que outras, cujas inaugurações chegaram a ser anunciadas para o fim daquele ano, quando o presidente Lula deixaria o governo, correm o sério risco de não ficarem prontas sequer ao final desta gestão da presidente Dilma, em 2014.

Os saldos do programa denunciam apropriação indevida de investimentos de toda ordem: para os que ainda não sabem, apenas cerca de 10% dos recursos aplicados em 2011 saíram diretamente do Orçamento Geral da União. R$ 75,1 bilhões referem-se a financiamentos imobiliários -ou seja, dinheiro do bolso dos cidadãos que pagam pelos empréstimos habitacionais.

As empresas estatais investiram R$ 60,2 bilhões, especialmente a Petrobras, em suas especificidades; o setor privado se responsabilizou por R$ 35 bilhões e R$ 10 bilhões vieram do programa Minha Casa, Minha Vida.

Dos cofres do governo federal, conta-se no Siafi apenas cerca de R$ 16 bilhões, dos quais perto de um terço refere-se a compromissos de anos anteriores não cumpridos.

Em resumo: as empresas privadas respondem pelo dobro do total dos recursos que verdadeiramente saíram do orçamento da União, as estatais pelo triplo e a população, quatro vezes mais.

A valer a criatividade da contabilidade oficial, constata-se que o PAC existe desde os anos 50/60 do século passado, quando nasceram a Petrobras e o finado BNH. A gente tinha PAC e nem sabia!

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Relacionamento por baixo:: Wilson Figueiredo

É melhor entender a entrevista da presidente Dilma Rousseff a Veja como a última página do primeiro ano de governo e não a primeira do segundo ano, ainda sob os efeitos do presidencialismo de coalizão. Que, na verdade, se explica por si mesmo, mas não resolve a contradição maior entre os seus termos. Ou bem um, ou melhor a outra. A parolagem não passa de arranjo de ocasião. É indispensável respeitar as palavras. E, como válvula de interesses indefensáveis, o presidencialismo se envenena com o que se passa dentro do próprio gabinete presidencial.

Ela própria, a presidente, não se vacinou mas, pisando em ovos, conviveu com o vírus da dificuldade institucional por 15 meses. A entrevista, que foi a prova oral na passagem ao segundo ano do seu mandato, pode – sem favor – ser considerada, até agora, a melhor de todas. Mesmo sem garantir a redução da distância entre as palavras e os atos do seu governo.

Ao fim e ao cabo, como em bom português se arremata o que se pensa, o que se apresenta como presidencialismo de coalizão tende cada vez mais a criar oportunidades de fomentar crises de relacionamento. Por baixo do pano, esse presidencialismo tem um viés que o distancia a passos largos do objetivo alegado e, cada vez mais, caracteriza o que se assiste como prática de bullying nas relações turbulentas entre a representação política e o Poder Executivo. Pois tal presidencialismo de ocasião já não engana, de vez que não passa de mecanismo de pressão interna, com requintes mórbidos para intimidar a primeira presidente da República com sombras do passado.

A coalizão por baixo veio a ser a maneira de identificar a presidente com a sombra do seu antecessor e a reeleição com o pecado mortal de plantão na República. À reeleição cabe o papel da maçã, que o próprio Lula, fantasiado de Adão, terá à mão . Só falta escolher quem fará a serpente.

A coalizão de interesses convergentes e divergentes não passa de fantasia para disfarçar - à esquerda e também à direita – o que se esvaziou de sentido social e reforçou a promiscuidade de tendências dispostas a qualquer negócio. Claro, tudo em nome e no interesse do salvo-conduto que se pagou para chegar à democracia pelo caminho mais longo. Fundada sobre a quantidade de partidos, sem considerar a qualidade política de cada um, cada vez a governabilidade deixa mais a desejar.

Ainda sem a definição do método conhecido popularmente como toma lá, dá ca, iniciou-se, à sombra desta governabilidade, o presidencialismo de circunstância que bafejou a República, mas só depois, como um dia ficará demonstrado, juntaram-se eufemisticamente a fome e a vontade de comer sob a proteção do presidencialismo de coalizão. Com Fernando Henrique se esboçou a parceria de convivência e, com Lula, se expandiu o presidencialismo paleolítico, em nome da governabilidade, mas com muito menos resultados do que prometia. Criou-se o mensalão. O presidencialismo de ocasião caiu no colo da presidente Dilma e bem pode ser a esfinge do seu primeiro mandato: decifre-a sem demora ou é certo que não haverá segundo mandato com o refrão do toma lá, dá ca.

O primeiro ano do governo Dilma Rousseff não correspondeu ao que ela queria e os brasileiros esperaram. O saldo foi a defenestração de oito ministros, uma proeza republicana histórica. Como não há efeito sem causa, Lula já se contenta em parecer patrono da prática que precedeu a teoria mas, à medida que as conseqüências se multiplicaram, pelo menos o nome de batismo ficou impróprio: Presidencialismo de coalizão é o o fim da picada . Dá ca, toma lá, passou a ser um jogo perigoso que recorre, fagueira e impunemente, ao sadismo do bullying em nível presidencial.

Jornalista

FONTE: JORNAL DO BRASIL

Duas caras :: Melchiades Filho

Não são raros os exemplos de contradição entre a imagem que o político busca projetar e suas práticas, cedo ou tarde reveladas.

O presidente eleito graças a promessas de moralização e austeridade na verdade se alimentava de um esquema predatório de desvio de dinheiro público. O senador que posava de líder e estrategista do maior partido do Congresso se ocupava de coletar recursos repassados a laranjas e pagar as despesas da amante. O governador que se vendia como gestor moderno contava pessoalmente a grana da propina.

O caso de Demóstenes Torres, porém, é peculiar. Não se trata propriamente de descompasso, mas de um divórcio que beira a patologia.

Em nove anos de mandato, o senador do DEM goiano apresentou-se ao público como a palmatória da República. Em toda entrevista e discurso, fazia questão de apontar os malfeitos do governo federal, quando não alertar para os riscos de "crise institucional". Estava sempre a postos para oferecer aspas indignadas, tão úteis à imprensa.

Agora, grampo após grampo, fica claro que, durante todo esse tempo, o paladino da Justiça não passava de despachante de luxo dos interesses de um contraventor.

A distância entre reputação e realidade é abismal, como se um Demóstenes fosse o negativo do outro. O fenômeno ficou evidente no único e desastroso pronunciamento do senador pós-escândalo, no qual afirmou ser apenas "amigo" de Carlinhos Cachoeira. Em sã consciência, ele deveria ter antevisto que seus inúmeros préstimos ao bicheiro tinham caído nas escutas da PF.

Existe uma máxima segundo a qual os políticos não morrem. Sempre dão jeito de contornar derrotas, denúncias e condenações. Collor, Renan e Arruda estão aí para mostrar.

Mas para Demóstenes não haverá esse "dia seguinte". Desmoralizadas suas duas caras, quem vai querer comprar uma terceira?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Zona que balança:: José Roberto de Toledo

Quem percorre os 20 quilômetros da avenida Sapopemba, cortando a zona leste da cidade de São Paulo, desde os limites da Mooca até os confins de São Rafael, assiste a uma paulatina mudança de paisagem urbana: marcas famosas vão sumindo das fachadas do comércio, construções perdem o acabamento e os anos de uso dos carros em circulação se tornam proporcionais à quantidade de lombadas e buracos interpostos pelo caminho.

Enquanto rodam dígitos no hodômetro, terrenos baldios intercalam conjuntos habitacionais e casas cada vez mais modestas. O mato invade o espaço que seria das calçadas e até uma multicolorida lona surge na tangente de uma curva à esquerda: "Circo de Cuba". A coincidência assume ares premonitórios.

Entre a esquina com a avenida Salim Farah Maluf e a encruzilhada com a estrada do Rio Claro, o conteúdo das urnas eletrônicas sofre um câmbio tão radical quanto a substituição do falar italianado - típico dos moradores de bairros adjacentes ao começo do trajeto - pelo sotaque nordestino, de quem vive no extremo oposto.

São dois territórios com preferências partidárias arraigadas e muito diferentes entre si. No 2.º turno da eleição presidencial de 2010, José Serra (PSDB) teve 72% dos votos na 4.ª Zona Eleitoral, a da Mooca. Mas a proporção mudava a cada quilômetro adiante, até Dilma Rousseff (PT) alcançar 65% da votação na zona eleitoral de São Mateus.

O voto do paulistano está relacionado ao bairro onde ele mora. O PT tem seus maiores redutos na região periférica da cidade, enquanto o PSDB é forte no centro expandido. Esse padrão se repete desde os anos 90 em todas as votações - para vereador ou presidente, passando por prefeito, deputado e governador.

O determinismo geográfico do voto reflete uma divisão de classe. A explosão demográfica de São Paulo centrifugou imigrantes e trabalhadores de baixa renda entre os anos 40 e 80 do século passado. Em regra, quanto mais longe a moradia, mais pobre o morador. Quanto mais periferia, menos calçamento, iluminação e hospitais.

O PT reforçou o geovoto durante os governos de Luiza Erundina (1989 a 1992) e Marta Suplicy (2001 a 2004). Canalizou investimentos, programas assistenciais e assistencialistas para as regiões mais pobres e distantes das zonas sul e leste da cidade. Cativou seu eleitorado em Parelheiros e Guaianases, por exemplo, mas alienou eleitores dos bairros mais centrais que se sentiram preteridos com a mudança de prioridade.

O PSDB é menos organizado que o PT, como provou o baixo quórum das prévias tucanas na cidade. Mas, se faltam militantes, seu eleitorado é tão fiel quanto o petista. Em 2008, PT e PSDB lideraram, juntos, os votos de legenda para vereador em São Paulo: 21% para cada partido. A divisão se repetiu em 2010 na eleição para deputado federal. A legenda do PT recebeu 22%, e a do PSDB ficou com 19% - bem à frente dos demais partidos.

A concentração do eleitorado tucano é proporcional à riqueza dos moradores. No centro expandido, varia de 82% no homogêneo Jardim Paulista a 68% no Butantã, uma zona eleitoral que mescla bairros ricos como Cidade Jardim e Morumbi com comunidades pobres, como Jardim Jaqueline e Morro da Fumaça.

Em décadas passadas, a outra parte do eleitorado antipetista foi janista e malufista. É o segmento que se concentra numa faixa contínua, desde o Jaçanã e a Vila Maria, ao norte, até a Vila Prudente, onde a zona leste faz esquina com a zona sul. Decepcionado e/ou desamparado por seus líderes, esse eleitor voltou-se para quem tem mais chances de derrotar os petistas. Votou em Serra em 2004 e em Gilberto Kassab (então no DEM) em 2008.

Nesses pedaços da cidade, só muda a intensidade da vitória, mas o vencedor é sempre o mesmo: petistas na extrema periferia e tucanos no centro expandido e no colar janio-malufista. Por isso, tornou-se estratégico o meio do caminho entre o petismo e o antipetismo. São as zonas eleitorais que oscilam de um partido a outro de eleição para eleição. É também uma zona de transição social, de emergência da nova classe média, que muda de hábitos de consumo e pode mudar também de partido.

Na zona leste, os termômetros que indicarão para qual lado a eleição vai virar são Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista, Vila Jacuí, Ponte Rasa, Vila Matilde, Itaquera, Conjunto José Bonifácio e Sapopemba. Na zona sul: Jardim São Luís, Socorro e Campo Limpo. Juntos, eles somam 1 milhão de votos válidos. O futuro prefeito de São Paulo deve sair de para onde essa zona balançar.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO