quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

Empoderar as mulheres rurais:: Michelle Bachelet

No campo, elas trabalham muitas horas e recebem pouca ou nenhuma remuneração, mas produzem grande parte dos alimentos colhidos no mundo

Neste Dia Internacional da Mulher, solidarizo-me com as mulheres do mundo todo pelos direitos humanos, pela a dignidade e pela a igualdade, um sentimento que milhões de pessoas compartilham.

Neste primeiro aniversário da ONU Mulheres, saúdo a todas as pessoas, governos e organizações que trabalham pelo empoderamento das mulheres e pela igualdade de gênero.

A criação da ONU Mulheres coincidiu com profundas mudanças no mundo, que vão desde os crescentes protestos contra a desigualdade até as mobilizações pela liberdade e a democracia no mundo árabe.

Tais eventos reafirmaram nossa convicção de que um futuro sustentável só poderá ser alcançado por mulheres, homens e jovens que desfrutem da igualdade plena.

Desde os governos que modificam leis até empresas que oferecem empregos decentes e remunerações iguais, passando por pais e mães que ensinam seus filhos e filhas que todos os seres humanos têm que ser tratados do mesmo modo, a igualdade depende de cada um de nós.

No século passado, desde que se começou a celebrar o Dia Internacional da Mulher, testemunhamos transformações nos direitos legais, bem como avanços na educação e na participação das mulheres na vida pública. Atualmente, há mais mulheres liderando na política e nos negócios, mais meninas frequentando a escola, mais mulheres sobrevivendo aos partos e podendo planejar suas famílias.

No entanto, apesar dos enormes avanços, nenhum país pode se declarar totalmente livre da discriminação de gênero. Essa desigualdade manifesta-se em persistentes hiatos de gênero nos salários e oportunidades, na baixa representação de mulheres nos postos de liderança, nos casamentos precoces e na violência contínua contra as mulheres, em todas as suas formas.

Em nenhum contexto as disparidades e obstáculos são mais importantes para as mulheres e meninas do que nas áreas rurais. Trabalham muitas horas com pouca ou nenhuma remuneração e produzem uma grande parte dos alimentos colhidos. São agricultoras, empresárias e líderes. Suas contribuições mantêm famílias, comunidades, países e todos nós.

Apesar disto, elas enfrentam algumas das piores desigualdades no acesso aos serviços sociais, à terra e a outros bens de produção. Isso impede a elas e ao mundo o desenvolvimento do seu potencial pleno, o que me leva ao tema principal desde Dia Internacional da Mulher.

Nenhuma solução duradoura será encontrada para as principais mudanças que enfrentamos -desde mudanças climáticas até a instabilidade política e econômica- sem o pleno empoderamento e sem a participação das mulheres do mundo todo.

Sua participação plena na esfera política e econômica é fundamental para a democracia e a justiça. A igualdade de direitos e oportunidades é a base das economias e sociedades saudáveis.

Dar às agricultoras o mesmo acesso aos recursos oferecido aos homens tiraria da fome entre 100 e 150 milhões de pessoas.

Se dessem renda, direito à terra e crédito às mulheres, haveria menos meninas e meninos desnutridos. Estudos demonstram que os maiores níveis de igualdade de gênero guardam uma correlação positiva com números mais elevados de Produto Interno Bruto per capita. Abrir as oportunidades econômicas às mulheres incrementaria o crescimento econômico e reduziria consideravelmente a pobreza.

Hoje, Dia Internacional da Mulher, reafirmemos nosso compromisso com os direitos das mulheres e caminhemos em direção ao futuro com coragem e determinação. Defendamos os direitos humanos, a dignidade e o valor inerente a todas as pessoas, bem como os mesmos direitos para homens e mulheres.

Michelle Bachelet, 60, é diretora-executiva da ONU Mulheres. Foi presidente do Chile (2006-2010)

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

OPINIÃO DO DIA - Floriano Pesaro: mentiras

"Em vez de espalhar mentiras sobre Serra, Chalita poderia escrever um livro explicando as peripécias de passar por três partidos em apenas três anos. Seria um best-seller."

Floriano Pesaro do líder do PSDB na câmara paulistana, Folha de S. Paulo, 8/3/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Sob pressão, BC corta juros além do previsto
Rio tem 949 com contas rejeitadas
Dinheiro do FGTS engorda superávit fiscal
Senado derruba indicação de Dilma

FOLHA DE S. PAULO
BC acelera corte de juros após tombo da indústria
Protesto acaba, mas postos continuam sem gasolina
Rebelado, PMDB veta indicado de Dilma para área dos transportes
Palocci vai ajudar Haddad a arrecadar verba de campanha
Empreiteiros viram réus por suspeitas em dez aeroportos
Em SP, 58% sabem menos matemática do que deveriam

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma promete verba, mas base rejeita diretor de agência
Apesar de multa, desabastecimento se agrava
Um dia após PIB, Copom reduz juro em 0,75 ponto
Planalto cobra plano contra real forte
Dinheiro para habitação infla balanço do PAC
Fifa agora não fala em Valcke no País

VALOR ECONÔMICO
Obras de R$ 166 bi do PAC têm atraso de até 4 anos
Petrobras quer mais térmicas
O risco do protecionismo
Copom reduz taxa de juro para 9,75%
Em rebelião, base derruba diretor da ANTT

CORREIO BRAZILIENSE
Senado votará, enfim, a extinção do 14º e 15º
Racha: BC corta juro, mas pressão abre crise
PMDB impõe derrota a Dilma
As terras suspeitas de Cachoeira no DF

ESTADO DE MINAS
Copom corta juros para 9,75%
Tecnologia usada no tablet ainda é sonho no Brasil
Regalia de BH não existe em outras capitais

ZERO HORA (RS)
Juro básico retorna a um dígito para animar economia e frear real
Brasil à frente no ranking da felicidade

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Aposentadoria do Estado segue mudança nacional
Exército na luta contra a dengue
PIB de Pernambuco cresceu 4,5% e ficou acima da média nacional
Selic cai para 9,75% e volta a ter um só dígito após quase dois anos

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Menos marketing, mais qualidade :: José Serra

Ao fim de nove anos de governo do PT, a política educacional brasileira resultou numa verdadeira sopa de pedras. Não tem consistência e as iniciativas desconexas se vão sucedendo - pedras jogadas na panela aquecida por vultosos recursos públicos produzindo pouca substância. Os Estados e os municípios cuidam da pré-escola, do ensino fundamental e médio. Mas a esfera federal detém capacidade legislativa e normativa, além de recursos em grande escala, para atuar no setor. No ensino superior público, o grande agente é o Ministério da Educação (MEC), com a exceção de uns poucos Estados que têm grandes universidades.

O mais recente exemplo dessa inconsistência é o Plano Nacional de Educação 2011-2020, resumido no Senado pelo novo titular da Educação, Aloizio Mercadante. A superficialidade e a confusão das falas do ministro afligem aqueles que consideram a educação o principal desafio brasileiro neste século.

Nem no plano nem nas falas há nenhuma pista para enfrentar o fato de que o ensino superior público no Brasil, na era petista, foi além da estagnação. Acredite se quiser: em 2010 formou menos 24 mil estudantes do que em 2004, segundo estimativa de Carlos Brito, da Fapesp, destoando da fase de forte expansão no governo Fernando Henrique Cardoso e do ministro Paulo Renato.

No momento, a pedra mais vistosa atirada na sopa são os tablets, a serem distribuídos de graça. Ninguém responsável pode rejeitar a chegada das modernas tecnologias às salas de aula. Mas não passa de mistificação barata - ou muito cara, a depender de como se faça - essa história de que a educação só melhora se cada aluno e cada professor tiverem nas mãos um iPad, como promete o ministro. Rejeitar a adoção de modernas tecnologias seria o mesmo que combater a luz elétrica e a água encanada. Mas um professor mal preparado o será em qualquer circunstância. Um aluno que mal sabe escrever e multiplicar não será redimido por um tablet. A distribuição de material eletrônico sem bons guias curriculares e programas de formação e qualificação dos professores é dessas firulas atrás de manchetes. O governo Lula fez isso em 2005 com laptops - "Um Computador por Aluno", lembram? O fracasso foi retumbante.

Como noticiou este jornal, 3,8 milhões de crianças e jovens não estão na escola; na faixa dos 15 aos 17 anos, nos oito anos de FHC e Paulo Renato, o porcentual fora da escola caiu de 33% para 18%. Depois disso a inclusão se desacelerou e 14% ainda não frequentam nenhuma instituição de ensino. Acredite se quiser: em 2010 houve menos concluintes do ensino médio do que em 2003, com um decréscimo anual de 0,5% ao ano.

Com ou sem tablets - eles são uma ferramenta, não uma política pública em si -, o governo federal deveria empenhar-se em pôr na escola essa imensa fatia da juventude e elevar o padrão de ensino, em especial expandindo o ensino profissionalizante. Não é o que se vê. Tome-se o Pronatec, programa copiado do Protec, proposta nossa durante a campanha de 2010, tão combatida pelos petistas. Além do atraso para dar início ao programa, foram excluídas as bolsas em escolas técnicas particulares, precisamente as que atendem jovens mais pobres. Isso exclui cerca de 50% dos alunos dessas escolas.

Em São Paulo, em 11 anos, foram criadas 104 escolas técnicas de nível médio, abrindo 150 mil vagas adicionais. É preciso pensar mais no estudante e menos nas manchetes, mais em dar uma resposta aos problemas reais dos alunos e de suas famílias e menos em soluções marcadas pela publicidade e pelo açodamento. A improvisação é tanta que a capacitação técnica de professores e o método pedagógico que deveriam orientar a utilização dos milhões de tablets prometidos só estão previstos para depois da chegada dos aparelhos!

Outra pedra atirada na sopa da educação petista foi a tentativa de transformar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) numa prova de acesso à universidade. Sob o pretexto de pôr fim ao vestibular nas universidades federais, criou-se o maior vestibular do mundo ocidental. Assistiu-se a um festival de trapalhadas, injustiças, arbitrariedade, subjetivismo e falta de critério na correção das provas. No fim, o aluno nem sabe direito por que tirou essa ou aquela nota. Pior: as críticas corretas e sensatas foram consideradas tentativas de sabotagem. A incompetência flerta frequentemente com o autoritarismo.

Ao abordar as dificuldades do Enem como "vestibulão", o novo ministro produziu mais uma pérola, dizendo que os problemas decorrem do fato de o Brasil ser muito grande, e alegou que isso não é culpa do MEC. Será que o PT vai esperar que o País encolha para começar a governá-lo com competência? Ou, quem sabe, seus ministros possam candidatar-se ao cargo de gestor na Escandinávia, cujos países são bem menores que o Brasil e solicitam menos dos homens públicos, pois muitas das condições que ainda infelicitam o nosso povo já estão resolvidas por lá. É sempre bom lembrar que o Brasil, afinal de contas, já tinha esse tamanho antes de o PT chegar ao poder.

Em 2009, 65 nações participaram do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que verifica o conhecimento de estudantes de 15 anos em Matemática, leitura e Ciências. O resultado é vexaminoso: o Brasil obteve o 54.º lugar, junto com Panamá e Azerbaijão, atrás de países como Bulgária, Romênia, México, Chile e Uruguai.

O que nos falta? Tablets? Sem uma política pública consequente de valorização e qualificação do professor eles são inúteis. Servem à propaganda, não aos estudantes; servem à demagogia, não à elevação das sofríveis condições de ensino no País.

É possível, sim, mudar essa realidade, desde que se façam as escolhas certas. As autoridades nacionais da área educacional precisam perseguir menos a publicidade e mais a qualidade. Se o fizerem, as notícias fatalmente os alcançarão.

Ex-governador, ex-prefeito de São Paulo

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma promete verba, mas base rejeita diretor de agência

Pressionada pelos partidos da base, incluindo o PMDB, a presidente Dilma Rousseff mandou liberar verbas na tentativa de agradar a aliados insatisfeitos com o controle sobre gastos dos ministérios e com o aperto imposto à liberação de emendas dos parlamentares. O movimento não foi capaz de abafar a rebelião e impôs a primeira derrota de Dilma neste ano no Congresso. O Senado rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo à presidência da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Figueiredo era avaliado pela presidente por ser um petista que coordena o projeto do trem-bala. Ela pretende agora entrar pessoalmente em ação, para se reafirmar como interlocutora da base

Dilma decide abrir cofre para conter base, mas sofre revés no Congresso

Christiane Samarco, Tania Monteiro, João Domingos

BRASÍLIA – Pressionada pelos partidos da base, a presidente Dilma Rousseff mandou abrir o cofre na tentativa de pacificar os aliados insatisfeitos com o controle sobre os gastos dos ministérios e com o arrocho imposto à liberação das emendas dos parlamentares em ano eleitoral. O movimento veio tarde e não foi capaz de abafar a rebelião da base, sobretudo do PMDB. O maior sinal do forte desgaste na relação com o Planalto foi a rejeição ontem à tarde da recondução de Bernardo Figueiredo para a presidência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Figueiredo era avalizado pela presidente por ser um petista que coordena o projeto do trem-bala, prioridade do Planalto (leia texto abaixo). Irritada com a derrota, Dilma recuou e mandou segurar, na noite de ontem, a negociação para liberação das emendas.

"Foi um posicionamento político de pessoas que estão insatisfeitas. Existem insatisfações em vários partidos manifestadas no voto secreto. A gente tem que entender o recado, aprofundar as relações políticas e acabar com as defecções", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a respeito da rejeição ao indicado da presidente da República. "Foram vários recados, do PMDB principalmente", completou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O primeiro gesto de pacificação da base dado pela presidente Dilma foi determinar à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que se reunisse ontem à tarde com a colega do Planejamento, Miriam Belchior, para tratar da liberação de recursos para emendas orçamentárias de parlamentares que têm pressa de atender as bases eleitorais.

A presidente também pretende entrar pessoalmente em ação, para se reafirmar como interlocutora da base - papel que até então evitava assumir -, e não apenas do PT. Dilma vai participar mais regularmente de reuniões com parlamentares.

Em campo. A decisão de entrar em campo e abrir negociação para pacificar os partidos rebelados veio no embalo do manifesto do PMDB contra o tratamento "privilegiado" do conjunto do governo ao PT, o que, para peemedebistas, põe em risco a eleição de prefeitos da sigla.

Na véspera, em reunião com o vice-presidente da República, Michel Temer, descontentes do PMDB das cinco regiões do País queixaram-se da "falta de instrumentos e autonomia" dos ministérios para atender as bases.

"O pagamento das emendas não é favor: é direito nosso e está na lei orçamentária", protestou o líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "O que o partido vai dizer na sua base? Em outubro houve um acordo com o governo para a liberação das emendas. Mas nada disso aconteceu. Pelo contrário, contingenciaram tudo."

Segundo Henrique Alves, os ministérios não cumpriram de 30% a 40% dos empenhos autorizados pela própria presidente. Agora, Dilma determinou que sejam refeitos os cálculos para que as emendas sejam liberadas.

Coube ao PMDB aparecer como o pai da rebelião. Mas há insatisfação em todos os partidos da base, até mesmo do PT. Prova disso é que na reunião de líderes governistas, ontem, o apoio ao manifesto do PMDB foi geral. "Todos os líderes da base disseram que queriam assinar o documento", assegurou Alves.

É diante deste cenário que Temer e os líderes peemedebistas deverão participar de uma reunião, ainda hoje com o Planalto.

Henrique Alves admite que a queixa geral na bancada é de que ministros do PMDB não têm autonomia para liberar um centavo. "Estamos discutindo a relação com o governo e queremos tratamento equânime: o que derem ao PT, tem que ser dado ao PMDB", protesta o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

BC acelera corte de juros após tombo da indústria

Horas após a divulgação do resultado ruim da indústria em janeiro deste ano e um dia depois da notícia do PIB fraco de 2011, o Banco Central decidiu acelerar o corte dos juros, reduzindo a taxa em 0,75 ponto.

A Selic, agora em 9,75% ao ano, não ficava abaixo de dois dígitos desde 2010.
Em janeiro, a indústria caiu 2,1%, pior resultado em três anos.

BC acelera corte dos juros para reanimar a economia

Banco Central reduz taxa básica para 9,75% e atende à expectativa de Dilma

PIB fraco em 2011 e tombo da indústria no início do ano ampliam pressão para adoção de estímulo doméstico

Sheila D’Amorim e Valdo cruz

BRASÍLIA - O Banco Central decidiu acelerar a redução dos juros para estimular a retomada da atividade econômica, que perdeu o fôlego no fim do ano e continua sofrendo com a crise mundial e a valorização do real em relação ao dólar.

O BC reduziu a taxa básica de juros da economia de 10,5% para 9,75% ao ano. Foi o quinto corte consecutivo desde agosto, quando o BC começou a diminuir os juros para reerguer a economia.

A decisão de cortar 0,75 ponto porcentual, e não 0,5 ponto como nas outras vezes, foi aprovada por 5 dos 7 diretores do BC que integram o Copom (Comitê de Política Monetária). Os outros dois votaram por 0,5 ponto.

O resultado atendeu às expectativas da presidente Dilma Rousseff, que contava com uma ação mais ousada do Banco Central diante da série de notícias ruins sobre a conjuntura econômica divulgadas nos últimos dias.

Na terça-feira, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu apenas 2,7% no ano passado. Ontem, o instituto revelou que a produção da indústria nacional despencou 2,1% em janeiro.

O BC acredita que o cenário internacional permite manter a inflação sob controle mesmo com os estímulos ao mercado doméstico, que devem ser combinados com reduções de tributos e outras medidas prometidas pelo governo para o setor produtivo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo adotará medidas "toda semana" para estimular o crescimento, a indústria e as exportações.

"As dificuldades para a economia vão continuar, o que exige de nossa parte empenho maior e medidas mais amplas", disse. "Toda semana vamos tomando medidas para calibrar a economia."

O BC começou a reduzir os juros em agosto do ano passado, quando surpreendeu o mercado ao decidir cortar a taxa básica mesmo com a inflação muito acima da meta estabelecida pelo governo.

A inflação atingiu no ano passado 6,5%, limite superior da meta oficial. O BC promete reaproximá-la neste ano para o centro da meta, de 4,5%, mas a maioria dos analistas do mercado financeiro acha que ela deve chegar ao fim do ano mais perto de 5%.

Na lógica dos diretores do BC, se for preciso ajustar mais adiante o ritmo de crescimento para evitar pressões inflacionárias, será possível usar instrumentos alternativos como medidas de caráter regulatório para restringir a oferta de crédito nos bancos.

Isso permitiria conter a inflação sem precisar interromper a redução dos juros e abrindo caminho para que as taxas continuem caindo.

O fraco resultado do PIB em 2011 reforçou a percepção no governo de que a equipe econômica está no caminho certo por vários motivos.

O mais importante é que a redução dos juros ajuda a manter em alta o consumo das famílias, principal motor da atividade econômica nos últimos meses.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Sob pressão, BC corta juros além do previsto

Um dia após a divulgação de que a economia brasileira cresceu só 2,7% em 2011, o Comitê de Política Monetária (Copom) aprovou uma redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, que ficou agora em 9,75%. Mas a decisão não foi unânime. A medida foi aprovada por cinco votos a dois. Os dissidentes queriam cortar apenas 0,5 ponto, como apostava a maior parte dos analistas econômicos. Apesar do anúncio – importante para impulsionar a retomada econômica em 2012 -, o Brasil continua com o maior juro real (descontada a inflação) do mundo. Além do corte nos juros, o governo prepara medidas para estimular a indústria a conter a valorização do real, considerada um empecilho para elevar as exportações do país. Ontem, o IBGE divulgou retração de 2,1% na indústria em janeiro. Foi o maior tombo desde dezembro de 2008

BC aperta o passo

Dividida, diretoria do Banco Central reduz juros a 9,75% para estimular a economia

Gabriela Valente

DO PIBÃO AO PIBINHO

Um dia após a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 - que cresceu apenas 2,7% - o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que caiu de 10,5% para 9,75% ao ano, mudando o plano de voo que mantinha desde meados do ano passado, com cortes seguidos de 0,5 ponto. A decisão tem o objetivo claro de estimular um crescimento mais robusto da economia. A queda dos juros barateia o crédito e amplia o consumo das famílias.

Com o corte anunciado ontem, o BC antecipou o cumprimento da promessa, feita em janeiro, de que o país teria taxa de um dígito. Mas a decisão não foi unânime. Cinco diretores da instituição defenderam um corte mais agressivo, enquanto os dois com votos vencidos pela maioria queriam manter um ritmo de corte de 0,5 ponto. Com a redução, a Selic atinge o menor percentual desde junho de 2010.

A reunião foi um pouco mais demorada do que o usual. No entanto, foi o comunicado que mais chamou a atenção: foi o mais seco da gestão do presidente Alexandre Tombini e não deu dicas dos próximos passos.

"Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a Taxa Selic para 9,75% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da Taxa Selic em 0,5 ponto percentual", diz a nota divulgada após o encontro.

De acordo com economista do Banco Votorantim, Leonardo Sapienza, isso foi uma estratégia para não gerar ruídos no mercado, que vai demorar para digerir a decisão.

Nos últimos dias cresceram as apostas no mercado financeiro de um corte maior na taxa. Alguns analistas falavam em até em um ponto percentual. No mercado de juros futuros, porém, os contratos mais importantes foram sendo negociados com uma aposta de corte de 0,75 ponto percentual. Essas perspectivas de corte mais agressivo ganharam força nas últimas semanas.

Inflação ainda gera temor

Os argumentos a favor de uma "radicalização" imediata surgiram por causa do apelidado "tsunami monetária", ou seja, a vultosa quantia de dólares que sobra no mundo e vem para o Brasil lucrar com os juros mais altos do planeta. Mesmo com a redução de ontem, o Brasil se mantém no topo do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação). À frente de Rússia, Indonésia, China e Colômbia, com 4,2% anuais, o país só deixaria a primeira colocação se o corte tivesse sido de 1,75 ponto. Reforçou o discurso dos defensores de um corte maior o crescimento aquém do que previa o governo em 2011.

A rapidez no cumprimento da promessa de juros de um dígito surpreendeu, embora os sinais emitidos pelo BC nos últimos dias tenham sido nessa linha. Uma pesquisa da autarquia mostrou que os diretores enxergavam espaço para uma queda da taxa, sem afetar a inflação. Na semana passada, Tombini afirmou que neste momento de crise vários países trabalham com juros num patamar menor do que o recomendado para estimular suas economias e sair da crise.

- Com certeza, o maior motivo da decisão é a entrada de dólares no país - diz Sapienza.

No entanto, vários economistas dizem que, mesmo com tantas razões para o Copom apertar o passo, o BC errou, porque começam a surgir sinais de que a inflação poderá sair do controle no ano que vem.

Os economistas do banco Santander lembram que o trabalho do BC de controlar a inflação ainda tem uma ajuda com a mudança do cálculo do índice. Com novos pesos para os gastos, a tendência é que o IPCA fique menor.

Já o economista da NGO Corretorra, Sidney Nehme, apostava em um corte mais audacioso, de até um ponto percentual, por ser a melhor forma de desestimular o ingresso de capitais estrangeiros especulativos, combater a crise - que em sua opinião deve se agravar - e estimular a economia.

- Os efeitos da crise internacional, acreditamos, repercutirão na nossa economia de forma efetiva neste ano de 2012, quando não há muito espaço para reerguermos a indústria no campo das exportações. O fato é que o Brasil precisará mais do que substantivo corte na taxa de juros para construir um PIB melhor em 2012 - diz.

Para o analista da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira, autor do trabalho, ainda é cedo para comemorar o corte de ontem, já que a economia mal começa a sentir os efeitos dos primeiros cortes iniciados em agosto do ano passado.

- Ainda não dá para comemorar. É preciso ponderar e esperar o que vai acontecer no futuro próximo, quando esses cortes forem assimilados pela economia - afirmou.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota após o anúncio da decisão considerando o corte indispensável para enfrentar o baixo desempenho da economia e o enfraquecimento da indústria. Já a Fiesp, que reúne as indústrias paulistas, considerou o corte "tardio e insuficiente" e, também em nota, cobrou "um conjunto de medidas que seja capaz de mudar a situação de competitividade do Brasil".

Colaborou Lino Rodrigues

O GLOBO

É um condor? Uma águia? Não: é a galinha do PT

Eduardo Graeff,07/3/2012

O mundo começa a se desiludir com as perspectivas de crescimento do Brasil de Lula e Dilma Rousseff.

Traduzo o Financial Times de hoje:

Enquanto o crescimento econômico da China segue o padrão de um condor, alçando-se a grandes altitudes nas correntes ascendentes mesmo ao passar pelo que se considera uma desaceleração, o do Brasil nos últimos anos parece o vôo interrompido de uma galinha.

Justamente quando a economia do Brasil parece prestes a decolar, ela despenca novamente na medida em que o superaquecimento obriga o banco central a acionar os freios.

Isso é o que mostram os números do PIB de 2011. No fim de 2010, a economia brasileira estava crescente a uma taxa anualisada de 7,5%. O crescimento era alimentado por medidas de estímulo tomadas pelo governo em 2009 para se contrapor à recessão da crise financeira global. A isso se seguiu a prodigalidade política em 2010, ano de eleições presidenciais.

Mas com o crescimento veio a inflação. O banco central foi obrigado a jogar os juros para cima rapidamente, somente para descobrir, no meio do ano, que a economia, que parecia tão forte há apenas seis meses, de repente estava perdendo sustentação. A interrupção abrupta do crescimento decorreu de uma mistura de altas taxas de juros, taxa de câmbio apreciada em relação ao dólar que derrubava a indústria local ao estimular importações baratas, e o sentimento negativo da crise do euro.

A galinha, que começara a parecer quase confiante em vôo em 2010, mergulhou no terceiro trimestre de 2011, quando a economia se contraiu ligeiramente.

A Goldman Sachs, citada pelo FT, não aposta na recuperação esperada por Dilma Rousseff e o PT em 2012. Acaba de reduzir sua previsão de crescimento do PIB brasileiro de 3,5% para 3,1%.

A galinha pode um dia virar condor, ou pelo menos uma águia? A resposta é não - pelo menos por enquanto. As ineficiências do Brasil, como seu orçamento público inchado que não consegue investir apesar de todo o gasto, impedirão o país de crescer a taxas mais altas até que alguém comece a pensar em reformas.

Em resumo, burocracia e impostos vão manter as asas da galinha cortadas.

Desgraça das desgraças: ultimamente, o PT e seu governo nem ao menos conseguem cacarejar tão bem…

ECONOMIA•BRASIL, CHINA, CRESCIMENTO

FONTE: Blog eAgorabr

A celebração do fiasco – Editorial: O Estado de S. Paulo

O governo fez um balanço triunfal de mais um fiasco - o primeiro ano do PAC 2 - e reiterou o compromisso de elevar o investimento e conduzir a economia a uma expansão de 4,5% neste ano. A exibição de otimismo contrastou com mais uma notícia ruim divulgada poucas horas antes: em janeiro, a indústria produziu 2,1% menos que em dezembro. O grande assunto do dia anterior havia sido o pífio desempenho da economia nacional no ano passado. Mas tudo será melhor a partir de agora, apesar da crise internacional, garantiram os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior.

Foram feitos investimentos de R$ 204,4 bilhões em 2011, primeiro ano da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento. Esse é o total das operações realizadas pelos envolvidos no PAC 2 - administração direta, estatais e setor privado. Esse valor corresponde a 21% do previsto para os anos de 2011 a 2014. Mas, como em todo balanço desse programa, o bolo apresentado como investimento é um tanto inflado. Uma parcela de R$ 75,1 bilhões - 36,7% do total - corresponde a financiamentos para habitação. Além disso, a maior parte do dinheiro investido pelas estatais foi aplicada, como em outros anos, por um único grupo - o da Petrobrás.

O chamado PAC orçamentário, incluído no Orçamento-Geral da União e financiado diretamente pelo Tesouro, ficou, de novo, longe da meta fixada para o período. O desembolso, de R$ 28 bilhões, foi maior que o de 2010, mas correspondeu a apenas 69,3% da verba autorizada para o ano, de R$ 40,4 bilhões.

Nenhum ministro deu atenção a esse detalhe nem se dispôs a discutir a enorme parcela de restos a pagar incluída nos desembolsos de cada ano. No ano passado, por exemplo, os restos corresponderam a R$ 18,6 bilhões, dois terços dos R$ 28 bilhões desembolsados. A maior parte da verba aplicada em 2011 destinou-se, portanto, a liquidar compromissos do PAC 1. Para este ano foram transferidos R$ 39,6 bilhões de compromissos assumidos e não quitados.

Apesar da execução medíocre, o PAC 2 foi apresentado no balanço como barreira protetora contra os impactos da crise internacional. É um evidente exagero, até porque, em 2011, o investimento das estatais da União, responsáveis pela maior parte do PAC, foi menor que em 2010.

Mas os dois ministros mantiveram quase sem mudança o discurso otimista e as promessas do ano passado. O Brasil, segundo o ministro da Fazenda, terá condições para um crescimento econômico bem maior que o de 2011. O governo dispõe de meios para enfrentar a enorme onda monetária criada nos países desenvolvidos e assim evitar a valorização excessiva do real. Essa valorização é nociva para a economia nacional porque torna os produtos brasileiros muito caros em moeda estrangeira. O ministro prometeu ficar atento e pronto, o tempo todo, para tomar as medidas necessárias para defender a indústria e animar a economia. Até esse ponto, nenhuma novidade.

Mas ele anunciou, na mesma cerimônia, a redução de uma das metas fixadas para 2012 - um volume de investimento produtivo equivalente a 20,8% do Produto Interno Bruto (PIB). O alvo foi baixado para 20,4%, porque a proporção alcançada em 2011 ficou em 19,3%, segundo as contas divulgadas no dia anterior. O governo havia estimado uns 19,6% ou 19,7%. A nova meta, explicou o ministro, foi calculada sobre uma base mais baixa que a anterior.

Muito mais importante que esse palavrório é o problema real. O Brasil investe muito menos que o necessário para sustentar um crescimento igual ou superior a 5% por vários anos. Para isso seria preciso investir uns 24% do PIB.

Para investir aqueles 24%, seria preciso elevar a poupança nacional. Isso depende, em primeiro lugar, de uma gestão pública mais eficiente e de uma ampla desoneração do setor privado. Mas o governo continua apostando em benefícios fiscais paliativos, programas oficiais de baixo grau de execução e financiamentos especiais aos beneficiários de sempre - um número pequeno de grandes grupos. O fracasso dessa estratégia está mais que provado. Juros menores podem ajudar, segundo o ministro, mas juros dependem também do gasto público.

Palocci vai ajudar Haddad a arrecadar verba de campanha

O ex-ministro Antonio Palocci foi escalado para atuar, informalmente, na arrecadação da campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. Ficará encarregado de "abrir portas" com os financiadores.

Para ajudar, o prefeito de Osasco (SP), Emidio de Souza, aliado de Palocci, foi convidado para assumir formalmente o cargo.

Palocci atuará como tesoureiro informal de Haddad em SP

Ex-ministro terá a missão de "abrir portas" para doadores; prefeito de Osasco seria o coordenador formal das finanças

Emidio de Souza tem bom relacionamento com Palocci e com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto

Catia Seabra

BRASÍLIA - O ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci foi escalado para atuar, informalmente, na arrecadação da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo.

Segundo integrantes da coordenação do petista, Palocci irá "abrir portas" com os potenciais colaboradores.

Para ajudar na participação do ex-ministro, o prefeito de Osasco (SP), Emidio de Souza, foi convidado para assumir a coordenação de finanças do comitê eleitoral.

O convite foi formalizado pelo presidente estadual do PT, Edinho Silva, anteontem.

A afinidade com Palocci pesou para a escolha de Emidio. A ideia é que o ex-titular da Casa Civil aborde possíveis doadores e recomende Emidio como representante formal.

Além de Palocci, Emidio tem bom relacionamento com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que deve contribuir com Haddad. Em 2010, Emidio exerceu papel de interlocutor com o empresariado na campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista.

Segundo petistas, Emidio ainda não foi oficialmente convidado por Haddad, mas já admitiu que não poderia recusar um pedido de Lula.

Antes dele, Vaccari e o deputado José de Fillipi foram sondados. Fillipi queria trabalhar no programa, e Vaccari achou difícil compatibilizar essa função com a de tesoureiro do PT, segundo petistas.

Coordenador da campanha de Dilma, Palocci deixou o cargo após a Folha revelar sua evolução patrimonial.

Haddad

Em evento em São Paulo, Haddad alfinetou o ex-governador José Serra (PSDB): "Os políticos tradicionais são de dois tipos: aqueles que procuram fugir de compromissos e aqueles que assumem e não os cumprem". Em 2004, Serra assinou compromisso de que ficaria na Prefeitura de SP por todo o mandato.

Colaborou Uirá machado

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Pré-campanhas municipais acentuam tensões na relação governo/Congresso - Jarbas de Holanda

Embora tenham concentrado as preocupações do Palácio do Planalto relativas ao pleito municipal de 2012 – logo traduzidas na entrega do ministério da Pesca ao PRB de Marcelo Crivella – os problemas da disputa na capital paulista constituem apenas um dos muitos semelhantes, em vários estados, que estão tendo efeitos bastante negativos no relacionamento do governo Dilma com o Congresso. E que vão pondo em xeque a continuidade da ampla base de apoio da presidente Dilma Rousseff montada pelo antecessor Lula. Eis o argumento básico do manifesto da maioria dos deputados do PMDB (entregue ontem ao presidente Michel Temer) com a cobrança de autonomia do partido diante do Executivo: a utilização da máquina governamental pelo PT no desencadeamento das campanhas para as eleições municipais. Tratada textualmente assim no manifesto: “Estamos vivendo uma encruzilhada, onde o PT se prepara com ampla estrutura governamental para tirar o PMDB do protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido de base municipal”.

Outra implicação, esta imediata, da postura crítica de peemedebistas diante do governo é o adiamento (decidido ontem) da votação final esta semana na Câmara do projeto do Código Florestal. Por causa do risco de derrota do empenho do Planalto para aprovação completa do texto deliberado no Senado. Contra o que o deputado Paulo Piau (PMDB-MG) preparou um relatório, que terminou não apresentando, com várias mudanças apoiadas pelos ruralistas.

 E os conflitos do PT com o PMDB, bem como com mais partidos da base governista em torno de candidaturas a prefeito, todos estes procurando resistir ao rolo compressor do lulopetismo, generalizam-se em várias capitais e outros municípios dos diversos estados. Seguem- se alguns exemplos desses conflitos. Na Bahia, Geddel Vieira Lima, líder do PMDB estadual e dirigente nacional da legenda, está aliando-se a ACM Neto, do DEM, contra o candidato petista do governador Jaques Wagner. No Pará, os peemedebistas de Jader Barbalho colocam-se em campo oposto ao da ex-governadora do PT, Ana Júlia Carepa, no pleito de Belém. Em Porto Alegre, o PT recusou apoio à candidata do PC do B, deputada federal Manuela d’Ávila; bem melhor situada nas pesquisas do que o nome lançado pelos petistas.

O exemplo mais significativo do uso do pleito por partidos da base governista federal para reagirem à postura hegemônica do PT é o oferecido pela disputa paulistana. O PMDB, o PRB (mesmo depois da nomeação de Crivella para o ministério) e o PC do B reagem às pressões para a retirada das candidaturas, respectivamente, de Gabriel Chalita, Celso Russomano e Netinho de Paula. Enquanto o PSB, o PP e o PDT seguem caminhando para o apoio ao tucano José Serra.

 E esta semana começou com uma coincidência bem negativa para os esforços do PT e do Planalto em favor da candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad: a divulgação de pesquisa do Datafolha e nova internação hospitalar do ex-presidente Lula. Entre os dados da pesquisa destacam-se o crescimento de José Serra, de 21% para 30% das intenções de voto, logo após o anúncio da aceitação por ele da candidatura a prefeito, e a persistência do baixíssimo índice do petista Haddad, que até caiu de 4% para 3%. Índice que, podendo ser amplamente revertido com a associação do nome ao de Lula, obstrui aqueles esforços na fase de definições partidárias para a montagem de alianças. Na qual, ademais do favoritismo que Serra ganhou, os candidatos dos partidos pressionados a apoiarem o petista Haddad, aparecem na pesquisa com índices bem superiores aos deste – Celso Russomano, com 19% (2% a mais que em pesquisa anterior); Netinho de Paula, com 10%; Gabriel Chalita, com 7% (crescimento de 2%).

Esse cenário também dificulta, ou quase inviabiliza, no plano das alianças, outro objetivo considerado relevante pelo lulopetismo para fortalecer a campanha de Haddad e debilitar a de Serra: a conquista do apoio do PSB. Cuja direção estadual integra o governo Geraldo Alckmin e tende a se posicionar em favor do candidato do PSDB, com respaldo dos dirigentes do diretório da capital, que são vinculados ao prefeito Gilberto Kassab. O que está levando o presidente nacional dos socialistas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a resistir a pressões do PT e do Planalto para uma intervenção nos dois órgãos a fim de compeli-los a apoiar Haddad. A composição de ampla aliança em torno dele, com grande tempo de propaganda “gratuita” na TV e no rádio, é avaliada como essencial para viabilizar a vinculação do seu nome ao de Lula.

Jarbas de Holanda é jornalista

Peemedebistas se juntarão à oposição em 12 capitais

Simone Iglesias, Maria Clara Cabral

BRASÍLIA - Apesar de aliado nacionalmente ao PT, o PMDB se juntará à oposição ao governo Dilma Rousseff em 12 capitais nas eleições de outubro.

Levantamento da Folha indica que em São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Natal, Vitória, Belém, Cuiabá, Campo Grande, Porto Velho e Macapá os peemedebistas estão em negociação com DEM e PSDB.

Em meio à crise com os petistas, o PMDB anunciou ontem que terá "comissões de acompanhamento" nos Estados para tentar impedir que os candidatos petistas se apropriem de temas nacionais, usando eventuais avanços do governo federal nas disputas municipais.

Peemedebistas reclamam que ministros do PT vão aos Estados tendo o que mostrar a seus eleitores, enquanto os ministros do PMDB não conseguem dividendos políticos, seja por falta de liberação de verbas ou por estarem em pastas de pouca visibilidade.

São Paulo é um caso emblemático da briga: Gabriel Chalita (PMDB) e Fernando Haddad (PT) dizem que não vão abrir mão de suas candidaturas. E as negociações para que Rodrigo Garcia (DEM) seja vice de Chalita pioram ainda mais a relação.

A influência do Planalto na disputa acirrou os ânimos. Com o objetivo de blindar Haddad contra críticas dos evangélicos, foi nomeado ministro da Pesca Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso.

Em Salvador (BA), PMDB, DEM e PSDB devem concorrer em aliança única. ACM Neto (DEM), pré-candidato à prefeitura, possivelmente contará com o apoio de um dos principais peemedebistas, Geddel Vieira Lima, contra o candidato do governador petista, Jaques Wagner.

Em Porto Alegre, PSDB, DEM e PPS podem se unir ao PMDB se o partido lançar Ibsen Pinheiro.

Outro exemplo da divergência é Porto Velho (RO). Lá, dois peemedebistas são cotados como candidatos: Abelardo Castro e David Chiquilito. O que for escolhido terá o apoio de PSDB e DEM.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Rio tem 949 com contas rejeitadas

O Estado do Rio tem 949 políticos (38% dos que concorreram em 2010) que podem não disputar as eleições em outubro porque tiveram as últimas contas de campanha rejeitadas, como decidiu o TSE.

Contas reprovadas no Rio

Quase 40% dos candidatos erraram na contabilidade em 2010 e podem ser barrados na eleição deste ano

Cássio Bruno

Levantamento do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) apontou que, dos 2.527 candidatos a deputados estadual e federal, governador e senador no estado nas eleições de 2010, 949, o equivalente a 38%, tiveram as contas de campanha rejeitadas. Além disso, outros 541 não prestaram informações sobre a contabilidade ao tribunal. A soma (1.490) representa 59% do total de políticos fluminenses que disputaram o pleito naquele ano. Alguns deles são pré-candidatos a prefeito ou a vereador em outubro. Com isso, eles correm o risco de ser barrados. Decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da última quinta-feira condiciona os registros de candidaturas para este ano à aprovação das contas relativas a 2010. Quem também deixou de enviar os números ao TRE-RJ estará impedido de concorrer, como já previa a regra anterior. Os pré-candidatos podem recorrer da rejeição das contas.

O percentual da contabilidade de campanha não aprovada é alto em todo o país. De acordo com a Justiça Eleitoral, há um cadastro de pelo menos 21 mil contas de campanha rejeitadas. Não se sabe, no entanto, quantos são os candidatos que estariam impedidos de disputar o pleito deste ano.

- Não vamos analisar os processos de nenhum candidato. Tudo já foi julgado e rejeitado. Acabou. Pela nova resolução do TSE, esses candidatos não poderão disputar - afirmou o presidente do TRE-RJ, Luiz Zveiter.

Entre os 949 candidatos em 2010 que tiveram as contas rejeitadas estão ex-prefeitos, ex-deputados, vereadores, e um candidato a governador. Vereador na Câmara Municipal do Rio, o médico Paulo Pinheiro, que disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa (Alerj) pelo PPS (hoje ele está no PSOL), teve as contas de campanha não aprovadas. De acordo com o vereador, houve um erro contábil que foi corrigido posteriormente.

- Nosso contador errou na prestação de contas, e já conseguimos uma certidão de quitação eleitoral com o TRE. O erro representou uma quantia pequena, 8% do total gasto na campanha, que foi de cerca de R$ 120 mil. Essa quantia foi gasta com a compra de bicicletas. Compramos o material num supermercado e encaminhamos a nota. Já recorri da reprovação e aguardo a resposta - explica o vereador, que tentará novo mandato.

Críticas à decisão do Tribunal

Ex-vereador e pré-candidato a prefeito no município de Niterói pelo PSOL, Paulo Eduardo Gomes tropeçou na contabilidade quando foi candidato a deputado federal. Gomes desconhece onde houve o erro e alega que, até o momento, o TRE-RJ não enviou qualquer notificação sobre o caso.

- A prestação de contas foi feita. O TRE-RJ pediu esclarecimentos e eu encaminhei as informações necessárias. Em nenhum momento, recebi a notificação sobre a reprovação. Se não fui notificado, eu não sei o motivo da não aprovação. Os advogados do PSOL vão entrar com uma representação no TRE-RJ para descobrir por que a conta foi rejeitada - disse Gomes.

O pré-candidato do PSOL criticou a decisão do TSE:

- Na minha avaliação, estamos em 2012 e, mais uma vez, o TSE surpreendeu com uma interpretação das regras. O TSE está impondo uma penalidade. Não gastei mais de R$ 50 mil na minha campanha. Todos os doadores estão informados lá. Não tem empreiteiras, estaleiros, nada.

- A legislação não fala em datas e a resolução do TSE deixa margens a contestação - acrescenta Pinheiro.

Entre os nomes citados no levantamento do TRE-RJ com as contas reprovadas estão: o ex-prefeito de Volta Redonda, no Sul Fluminense, Gothardo Netto (PSB), pré-candidato a prefeito ou a vereador na cidade; o ex-deputado federal Bernardo Ariston (PMDB); o candidato a governador em 2010 pelo PCB, Eduardo Serra; o ex-prefeito de Paracambi, na Baixada Fluminense, Flávio Campos (PR), que pretende disputar novamente a prefeitura em outubro; a ex-prefeita de Magé, também da Baixada, Narriman Felicidade Zito dos Santos (PRB), pré-candidata à prefeitura do município; e o ex-vereador da capital Paulo Cerri (PSD), pré-candidato a vereador. Outro incluído na relação é o ex-líder comunitário William da Rocinha, que foi preso em dezembro do ano passado sob acusação de suposto envolvimento com o tráfico. Ele pretendia concorrer este ano uma vaga na Câmara do Rio.

Já na lista dos políticos que não prestaram contas aparecem, entre outros, a ex-deputada federal pelo PPS Marina Maggessi e os candidatos a governador e vice pelo PCO na eleição passada Antônio Carlos Silva e Jorge Eduardo Borges da Rocha, respectivamente. Também do PCO, a puxadora de legenda do partido,Thelma Maria Bastos, se candidatou a deputada federal e não encaminhou a contabilidade da campanha, segundo o TRE-RJ.

FONTE: O GLOBO

Caetano Veloso e Maria Gadú - Sampa

Togliatti, o stalinismo e a democracia, em Recife

A. Veiga Fialho

No Recife, por ocasião do lançamento do livro de Marco Mondaini, Do stalinismo à democracia; Palmiro Togliatti e a construção da via italiana ao socialismo, o autor e Michel Zaidan, ambos professores da UFPE, promovem a palestra/debate “As esquerdas e a democracia”. O livro de Mondaini, coeditado pela Fundação Astrojildo Pereira, Ed. Contraponto e o site Gramsci e o Brasil, parte da especificidade do comunismo italiano e de Palmiro Togliatti, um dos mais destacados dirigentes do antigo PCI. Um dos pressupostos do trabalho de Mondaini é que tanto o PCI quanto Togliatti, em meio às duras contradições de um “tempo de ferro e fogo”, lançaram as bases de um pensamento democrático de esquerda, ainda em desenvolvimento nas novas condições do século XXI.

Dia 13 de março, às 19h, no auditório da Livraria Cultura (Paço Alfândega – R. Madre de Deus, s/n – Recife).

FONTE: GRAMSCI E O BRASIL.

Diferenças:: Merval Pereira

No momento em que as estatísticas mostram o Brasil em sexto lugar entre os maiores PIBs mundiais e a China como segunda economia, fazendo sombra aos Estados Unidos, um trabalho do economista José Tavares de Araújo Jr; diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), constata que as diferenças entre os atuais estilos de inserção internacional do Brasil e da China derivam fundamentalmente de dois fatores: a fragmentação dos processos produtivos contemporâneos, que faz com que o comércio de partes e peãs cresça mais rapidamente do que o de bens finais; e a importância da geografia econômica e da infraestrutura de transportes na conformação das vantagens comparativas de cada país.

São estilos de inserção internacional radicalmente distintos, mas não é possível concluir, diz José Tavares, que um seta superior ao outro, embora a- China esteja podendo tirar mais proveito que o Brasil dessa revolução nas tecnologias de informação, que, para os especialistas, reduziu drasticamente os custos de transação, ampliou o grau de transparência dos mercados e estimulou novas estratégias empresariais baseadas na subcontratação de bens e serviços, e na formação de parcerias estáveis entre fornecedores e compradores de insumos e componentes industriais.

O economista pega a produção de iPhones como exemplar desse novo modelo: cerca de 90% dos componentes são fabricados fora dos Estados Unidos. O aparelho é montado na China e distribuído para as lojas da Apple no mundo inteiro. Apenas algumas atividades são realizadas nos Estados Unidos, como software, estratégia de publicidade e determinados semicondutores, produzidos no Texas pela coreana Samsung.


Tavares ressalta que o grau de integração das economias asiáticas já era alto em 1992, por exemplo, quando os membros da Asean (associação criada em 1967 por Cingapura, Filipinas, Indonésia, Malásia e Tailândia), Austrália, Coréia do Sul e Hong Kong destinaram aos países vizinhos parcelas da ordem de 40% a 60% de suas exportações. Naquele momento, os dois principais centros do comércio regional eram o Japão e a Asean, que mais tarde foi ampliada com a adesão da Birmânia, do Brunei Darussalam, do Camboja, do Laos e do Vietnã Japão e Índia, contudo, destinavam mais de 70% de suas exportações ao resto do mundo, perfil similar ao da China, com grande parte de seu comércio de longa distância realizada através de Hong Kong.

A importância da infraestrutura de transportes nesse processo dificilmente poderia ser exagerada, lembra Tavares. Hoje, entre os oito paises líderes mundiais na movimentação . de contêineres, seis são asiáticos, em contraste com a situação da América do Sul. Em 2008, a movimentação de contêineres nos portos brasileiros foi inferior à metade do volume da Malásia, que ocupa o último lugar na Ásia. A diferença relativa entre Brasil e Chile, segundo colocado na América do Sul, é da mesma ordem.

Outro fator que contribuiu para reduzir os custos de transação foi a convergência das políticas comerciais. Para Tavares, esse crescimento exponencial foi devido em grande parte à divisão regional do trabalho. Assim, a principal função da China nesse processo é o de servir como plataforma de exportação para os países vizinhos. As perspectivas de crescimento do comércio regional continuam elevadas, dada a probabilidade de que a Índia venha a estreitar suas relações econômicas com os países vizinhos. Já a participação da América do Sul nas exportações e nas importações brasileiras nas duas últimas décadas passa por altos e baixos.

Entre 1990 e 1998, as exportações brasileiras para o continente registraram dinamismo inédito na História da região, tendo saltado de 9% para 24% do total exportado pelo pais.
O crescimento relativo das importações vindas da região foi menor: de 16% para 20%. Essas mudanças resultaram das reformas comerciais unilaterais no Brasil e em outros países no início daquela década, bem como do lançamento do Mercado Comum do Sul (Mercosul) em 1991.

Entretanto, na década seguinte, os níveis de integração regrediram. Em 2002, a parcela das exportações caiu para 12%, devido basicamente à crise argentina, e a partir de 2005, estabilizou-se num patamar de 19%. Do lado das importações, a parcela declinou lentamente ao longo da década e, desde 2004, tem oscilado em torno de 15%.

Em síntese, diz Tavares, o Brasil não tem condições de exercer na América do Sul um appel similar àquele exercido pela China na Ásia. Além de não ter vizinhos com as características das economias do Sudeste Asiático, falta a logística de transporte.

Visando enfrentar essa situação, em agosto de 2000 os governos dos 12 países do continente lançaram a iniciativa para a integração da infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que constitui um conjunto de projetos organizados a partir do conceito de eixos de integração.

Não obstante seus méritos conceituais, Tavares frisa que a principal fragilidade da IIRSA é sua dependência de investimentos estatais, pois obras públicas de longo prazo raramente são executadas conforme os cronogramas originais, que podem ser alterados ou interrompidos em virtude de restrições fiscais ou da eleição de novos governantes com prioridades distintas daquelas adotadas pelos antecessores. José Tavares ressalta no seu estudo que, em contraste com o voluntarismo e a complexidade da América do Sul, os acordos firmados pelos países asiáticos se caracterizam por progmatismo e simplicidade.

Da mesma forma, não há, até o presente, registros de resistência protecionistas que tenham impedido o bom funcionamento dos compromissos firmados, como é usual no Mercosul.

FONTE: O GLOBO

Questão de justiça, só isso :: Eliane Cantanhêde

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, que é hoje, o Congresso resolveu brindar as trabalhadoras nesta semana com leis de ampla repercussão na minha, na sua e na nossa vida. E na deles -dos nossos companheiros, companheiras, filhos e filhas.

A primeira estabelece multas para patrões que pagarem remunerações diferentes para mulheres e homens que exerçam as mesmas funções.

De acordo com o Banco Mundial, a participação da mulher no mercado de trabalho aumentou 22% no Brasil desde 1980, mas há uma defasagem entre os salários: a trabalhadora ganha em torno de 27% a menos que o trabalhador em cargos iguais.

Com a lei, a mulher que se sentir discriminada pode entrar na Justiça e reivindicar o pagamento de uma multa de cinco vezes a diferença entre os salários, durante todo o tempo em que ela estiver empregada.

Só não vale, claro, usar a lei para tirar vantagem indevida, alegando discriminação por gênero, quando, na verdade, há diferenças de qualificação profissional, de qualidade técnica do trabalho, de produtividade, de empenho. Fazer isso é trabalhar contra a mulher, não a favor dela.

Dilma não apenas decidiu que vai sancionar a lei, assim que for definitivamente aprovada, como irá pessoalmente ao Congresso para formalizar a sanção. A simbologia é boa.

Outros dois projetos têm o objetivo de aumentar a licença maternidade de 120 para 180 dias. Nada mais justo. Ah, se já houvesse essa regra quando minhas filhas eram bebês...

Para setores patronais, projetos assim são "demagógicos", penalizam as empresas e vão dificultar a contratação de mulheres. É chororô de derrotados. Deixe para lá.

Nós queremos ser a quinta economia do mundo só para inglês ver? Ou queremos ser, de fato, um país mais moderno, mais justo, mais igual?

PS - O veto a Bernardo Figueiredo para a ANTT (a agência de transportes terrestres) foi uma derrota pessoal de Dilma no Senado. A primeira.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Aparências enganam:: Dora Kramer

As aparências, sabemos, não são confiáveis. Mostram uma coisa, mas não necessariamente querem dizer a mesma coisa.

Tomemos o caso da eleição municipal de São Paulo, exemplo recorrente, mas expressivo por causa do caráter decisivo para o quadro político nacional.

Aparentemente os petistas estão ávidos pela retirada da candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo e, aparentemente, a resistência do PMDB prejudica os planos do PT.

Aparentemente os correligionários do ainda pré-candidato Fernando Haddad fazem de tudo - até abrir mão de um ministério - para que Celso Russomanno, do PRB, desista da candidatura e, aparentemente, a resistência do partido do novo ministro da Pesca sinaliza fracasso na manobra.

No caso da entrega da pasta ao senador Marcelo Crivella, não é apressado pensar que o gesto não tenha tido como objetivo tirar Russomanno da disputa, mas precisamente mantê-lo nela.

Tenta-se matar dois coelhos: acenar com a disposição de dirimir conflitos com o eleitorado evangélico (Crivella foi eleito na condição de bispo da Igreja Universal) e, assim, entre outros benefícios, poder contar com mais uma voz no campo de batalha de ataques a José Serra, do PSDB.

Nesse cenário, atua também Gabriel Chalita, conforme mostram suas declarações iniciais.

Já foi interessante para o PT a retirada dele. Hoje não é mais. Por dois fatores: um, porque nessa altura não há o que o governo possa oferecer ao PMDB para forçar um recuo que deixaria o vice-presidente numa situação periclitante, justamente no momento em que Michel Temer tenta administrar a contestação interna.

Chalita ocupou espaço no programa de TV nacional do partido, retirando de cena lideranças regionais que cederam -a contragosto - ao argumento de que a candidatura era ponto de honra do PMDB contra a hegemonia do PT.

Agora vai dizer que deixou de ser? E o manifesto assinado por 70% da bancada na Câmara ao qual Temer emprestou apoio?

O outro fator que leva o PT a não mais enxergar vantagem na retirada é o reforço que Chalita dará no primeiro turno ao contingente de combate à aliança Serra/Gilberto Kassab.

Por motivos diversos, os interesses convergem e atendem às circunstâncias.

Sempre se pode argumentar que a desistência dos candidatos da base nacional do governo - PMDB, PRB e até o PC do B de Netinho de Paula - daria ao PT um tempo de televisão no horário eleitoral obrigatório (não gratuito, pois custam milhões em renúncia fiscal) mais confortável.

Em termos. Se seguirem a mesma linha de discurso, a divisão dos fatores não altera o resultado, pois todos os programas serão direcionados contra o mesmo alvo.

Com a vantagem adicional de tornar remota a hipótese de uma vitória do PSDB no primeiro turno e a união das tropas no segundo.

Barrados. A lista de políticos atingidos pela Lei da Ficha Limpa organizada pelo site Congresso em Foco já tem mais de 30 nomes relacionados.

Há gente conhecida como Severino Cavalcanti, que não poderá concorrer à reeleição para a Prefeitura de João Alfredo (PE) porque renunciou ao mandato de deputado quando era presidente da Câmara, para evitar processo de cassação por quebra de decoro.

Foi acusado de receber propina na época em que ocupava a primeira-secretaria.

Na listagem constam cinco ex-governadores, dois ex-prefeitos, quatro ex-presidentes de assembleias legislativas e três ex-senadores. Os deputados e ex-deputados são os campeões da ficha suja: 18.

A conferir. Pelo andar da carruagem conduzida por petistas que já reclamam uso mais eficaz da máquina federal em favor de Fernando Haddad, a presidente Dilma ainda acabará sendo apontada como responsável caso a candidatura à Prefeitura de São Paulo não deslanche.

Mais fácil que responsabilizar Lula pela escolha, se vier a se revelar equivocada.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Recuperação retardada:: Vinicius Torres Freire

Número horrível de janeiro deve estimular o governo a colocar mais esparadrapos em setores da indústria

Rumores rumorosos E declarações enfáticas da presidente e seus ministros indicam que o governo pretende remediar dores da indústria com transferências de renda pontuais e emergenciais. Quer dizer, o governo deve tomar providências que no fim das contas transferem renda do consumidor e de impostos para setores industriais.

O resultado da produção industrial de janeiro, pavoroso, deve ter assanhado tais pensamentos.

Do que se trata?

O câmbio está ruim para muito produtor nacional, o real está forte, produtos brasileiros ficam caros. O governo avisa que tem um "arsenal infinito" para desvalorizar o real.

Digamos que tenha. Por vários caminhos, o real desvalorizado encarece os produtos aqui no Brasil, para o consumidor final (começando por barrar a competição externa).

Além do câmbio ruim, falta mercado lá fora (o mundo anda devagar) e, pois, os preços estão baixos; há o subfaturamento de exportações de empresas de outros países (que querem desovar seus estoques).

O governo promete então mais medidas de proteção contra importados, o que enfim encarece os produtos aqui dentro, outra vez. Ou reduz os impostos para este ou aquele setor da indústria.

Se funcionarem, tais providências tendem a melhorar a rentabilidade de alguns setores da indústria, ao custo de alguma inflação e "gasto" extras.

Em certas condições, manter uma indústria grande e diversificada pode ser de interesse geral. Tentar fazê-lo apenas por meio de medidas pontuais e de curto prazo custa caro e não resolve nosso problema.

Pior ainda é que talvez a preocupação mais imediata do governo nem seja a de criar condições para a indústria sobreviver, ser mais produtiva ou "competitiva". Mas apenas de agregar mais meio ponto percentual no crescimento do PIB.

Decerto a economia mundial vive tempos bem extravagantes, que redundam numa taxa de câmbio muito ruim para parte relevante da indústria brasileira. Além do mais, não se resolvem do dia para a noite problemas como energia cara, transporte caro e ruim, burocracia e impostos excessivos (e ruins) ou escassez e carestia de mão de obra.

Porém, ainda que seja aceitável o argumento da emergência e da excepcionalidade destes tempos na economia mundial, não existe urgência no tratamento dos problemas "estruturais".

Do que se trata?

O governo não vai investir mais e/ou reduzir impostos e/ou reduzir sua dívida de modo relevante se a maior parte do aumento da receita federal for gasta em transferências sociais de renda e despesas correntes (salário, máquina), como acontece faz tanto tempo, décadas.

O governo não vai aumentar o investimento em infraestrutura na rapidez necessária, pois não tem dinheiro, competência e, "naturalmente", é mais lerdo, dados os obstáculos da administração e do direito públicos. Precisa privatizar. E transferir a atuação do Estado para outros lugares, novos (ciência, tecnologia). Precisa "sair da frente", limpando a burocracia. Etc.

Sem mudança, "reformas" ("liberais" e "desenvolvimentistas"), ficaremos atolados nessa discussão de "meio ponto" (de PIB, de juros, disso, daquilo), em discussões dramáticas de medidazinhas pontuais.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Falta projeto:: Míriam Leitão

A política econômica tem atendido a emergências, quando deveria ter um rumo; ameaça com arsenal de medidas quando deveria implementar reformas que tirassem do caminho os obstáculos ao crescimento; distribui favores quando deveria melhorar o ambiente de negócios. O risco é continuar prisioneiro da briga juros-câmbio-inflação quando o mais acertado é plantar as bases de um novo ciclo de desenvolvimento.

O Brasil deu o salto nos últimos anos porque trabalhou para isso. O país fez reformas, como o Plano Real, a privatização, a nova regulação, o saneamento parcial das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a autonomia e as metas do Banco Central. Tudo isso mudou a economia e abriu novos horizontes. A queda da inflação e a redução do percentual de pobres ajudaram a elevar o patamar de consumo criando o círculo virtuoso da ampliação da classe média. Mas o combate à pobreza ficou mais eficiente exatamente porque o país venceu a hiperinflação. A queda dos juros permitiu a ampliação do crédito que é outro elemento importante do crescimento recente.

A disputa política pela paternidade dos bons frutos é um debate medíocre. Esforços de governos diferentes foram complementares; mas é indiscutível que a pedra fundamental desse novo momento seja a estabilização. É falsa a divisão entre neoliberais e desenvolvimentistas. Primeiro porque não há neoliberais no Brasil, e segundo porque não haveria desenvolvimento sem a estabilização.

Agora é hora de plantar o próximo ciclo e tudo o que o governo tem feito é apagar incêndios, agir em emergências e ficar da mão para a boca, reagindo ao número de cada dia. O dado que preocupou esta semana foi a alta medíocre do PIB, e dentro dele a estagnação da indústria, que ainda caiu 2,1% em janeiro.

Quando o ministro Guido Mantega fala que tem um arsenal de medidas cambiais para desvalorizar o real, ele acaba, no curto prazo, elevando o incentivo a que se traga mais dólares antes que seja disparado o tal arsenal. Isso derruba mais o dólar. Fala-se também em dar mais dinheiro ao BNDES. A dúvida é o que o banco fará com o dinheiro. Nos últimos tempos, tem posto mais dinheiro subsidiado na velha economia do que na nova; em setores poentes, em vez dos emergentes.

Ser desenvolvimentista não é apenas gostar de desenvolvimento. Isso todo mundo quer, independentemente da corrente de pensamento econômico com a qual a pessoa se identifique. A pergunta relevante é que tipo de avanço está sendo projetado pelas decisões tomadas agora.

Para crescer de forma sustentada o Brasil precisa qualificar brasileiros, reduzir o peso dos impostos sobre o emprego, aumentar a poupança, incentivar investimentos principalmente nos setores de ponta, melhorar a eficiência logística, reduzir a balbúrdia tributária. A lista é conhecida e permanece intocada.
O Ministério da Fazenda e o Banco Central estão prisioneiros do imediatismo. Quando a inflação sobe, os juros são elevados, isso azeda a relação entre os dois órgãos. Os juros altos derrubam a taxa de inflação, mas valorizam mais a moeda brasileira. A indústria pede socorro aos ministros da Fazenda e do Desenvolvimento e eles reabrem o balcão que distribui vantagens setoriais ou adotam barreiras ao comércio. O Tesouro pensa estar induzindo o investimento de longo prazo transferindo recursos não contabilizados como gastos para o BNDES. O BNDES pensa estar fazendo política industrial despejando volumes extravagantes dos recursos no projeto de formação de grandes conglomerados. Tudo isso dá a impressão de que há um projeto. Não há. O país não está induzindo o próximo ciclo de desenvolvimento.

A briga com a China mostra bem isso. Quando a indústria reclama dos desequilíbrios provocados pelos produtos chineses, o Brasil ameaça adotar barreiras. Não se dá conta de dois pontos: primeiro, a China é nosso maior superávit comercial; segundo, não se pergunta o que o país que mais cresce no mundo tem feito de certo. Eles estão investindo fortemente em educação, inovação, e na nova energia, por exemplo. O Brasil deve fazer sua lista de que áreas tocar para aumentar a competitividade, mas tanto a indústria quanto o governo esperam que a taxa de câmbio dê de presente essa competitividade.

O arsenal de incentivos que qualquer governo dispõe serve para apontar os caminhos que a economia deve seguir. Os Estados Unidos não conseguiram ainda retomar o ritmo adequado de crescimento, mas os empregos criados na era Obama são principalmente na transição para a indústria de baixo carbono.

Frequentemente o governo anuncia incentivos fiscais para a indústria automobilística. Não há vantagem para a indústria investir num novo motor de baixo carbono, na inovação, no carro elétrico. Os carros flex, que foram o grande avanço das últimas décadas, são inúteis porque a política de preços dos combustíveis privilegia o combustível fóssil, em vez do etanol.

A formação dos grandes conglomerados da carne não produziu nada palpável. O Brasil continua fora dos mercados de qualidade, não houve aumento na exportação do produto. As empresas favorecidas não foram forçadas a exigir que a cadeia produtiva adotasse novas práticas ambientais e sociais. As empresas apenas ficaram maiores e agora entram em novas áreas.

Os juros caíram, isso dará um alívio temporário, mas o país continua sem projeto, sem lista de tarefas a executar, sem meta de onde quer chegar. O Brasil continua perdendo o que não pode mais perder: tempo.

FONTE: O GLOBO

Mudou de patamar:: Celso Ming

A política de juros já havia mudado de patamar em agosto do ano passado e agora mudou outra vez.

Depois de quatro cortes seguidos de meio ponto porcentual por vez, ontem o Comitê de Política Econômica (Copom) aumentou a dose para 0,75 ponto porcentual. Os juros básicos (Selic) são agora de 9,75% ao ano. Em princípio, prosseguirá essa toada por mais uma ou duas reuniões, dependendo de como se comportar a inflação.

O discurso mais agressivo da presidente Dilma Rousseff nos últimos seis dias já preparava os espíritos para uma tacada mais forte - supostamente para responder à política monetária excessivamente expansionista dos grandes bancos centrais - a mesma que vem gerando os tais tsunamis de moeda estrangeira sobre os países emergentes, inclusive sobre o Brasil.

Aparentemente, essa derrubada mais pesada da Selic seria o modo mais adequada de desestimular operações de arbitragem com juros. Um tanto simplificadamente, isso se dá quando investidores daqui ou do exterior tomam crédito barato lá fora e mandam dólares para cá - para tirar proveito, no mole, dos juros bem melhores que aqui vicejam. Um dos impactos disso é a queda das cotações do dólar no câmbio interno (valorização do real), que tira competitividade da indústria.

No entanto, autoridades do Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, já diziam que não há sinais de que esse jogo especulativo seja relevante. E, ontem, em resposta a analistas que pedem mais controle na entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED), o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que o governo federal está monitorando afluxos de moeda estrangeira para farejar alguma coisa esquisita. Mas "parece que não tem arbitragem", admitiu.

Então, se não é para coibir entrada de capitais especulativos, o acirramento da velocidade da queda dos juros poderia ter a ver com a pressa do governo federal em chegar logo aos tais juros de um dígito (abaixo de 10% ao ano). Se for isso, o objetivo está alcançado. Mas é improvável que o Copom dê os trâmites por findos. Se a dose do remédio aumentou, então se espera que continue o procedimento médico por mais algumas vezes.

O comunicado divulgado logo após o encerramento da reunião do Copom foi seco e gélido. Não avançou nem sequer uma das razões da decisão tomada. É preciso agora esperar pela Ata do Copom, que sairá na próxima quinta-feira, para procurar indicações dos novos passos.

Outro efeito é o aumento da atratividade da caderneta de poupança diante das demais opções de renda pós-fixada. Como pagam TR mais juros de 6,17% ao ano e não cobram Imposto de Renda, o rendimento da caderneta tende agora a suplantar o dos fundos DI.
Há quem argumente que, em 2009, a Selic se situava em um dígito, à altura dos 8,75% ao ano, sem que então se notasse migração significativa das aplicações financeiras para a caderneta. Ocorre que, naquele ano, a inflação embicava para a meta de 4,5%. Neste ano de 2012, o patamar de inflação gira ao redor dos 6,0% ao ano. E essa diferença de inflação, a mesma que corrói o capital aplicado e redefine o juro real, vai pedir mais pressa do governo federal nas mudanças das regras da caderneta.

CONFIRA

No gráfico, a evolução dos juros básicos (Selic) desde 2008.

Pedreira. Mais de três horas de reunião e dois votos (em sete) contra a queda maior dos juros mostram que a decisão do Copom não foi fácil.

Sem pistas. O comunicado foi de um laconismo atroz. Não deu nem uma única pista sequer sobre os argumentos que serão evocados para essa derrubada. Muito provavelmente, o mau desempenho da indústria, escrachado nesta quarta-feira pelo IBGE, foi fator decisivo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO