terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O astral tucano - Tereza Cruvinel

Aproveitando um dos piores momentos do governo, marcado por um escândalo e uma decepção com a economia, o PSDB fez ontem um de seus melhores encontros. Diante de mais de 500 prefeitos eleitos, reunidos para receber diretrizes políticas e apoio técnico para a governança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do partido, deputado Sergio Guerra, lançaram a candidatura do senador Aécio Neves à presidência da República, apontando-o como nome consensual e portador das qualidades para a empreitada.

O noticiário on-line destacou muito ontem o fato de Aécio ter, aparentemente, tangenciado a candidatura, afirmando que ainda é cedo e que a hora ideal para um lançamento será "no amanhecer de 2014". E mais: "antes da candidatura a presidente, temos que apresentar ao Brasil uma nova agenda para os próximos 20 anos". Mas, no fundo, o que houve foi um jogo bem combinado. Os dirigentes lançaram seu nome ao partido, preparando sua eleição para a presidência da sigla, o que lhe servirá de carruagem vistosa para transitar até 2014, acumulando forças para a disputa. Aécio, por sua vez, fez o discurso da cautela, evitando expor-se ao sereno e aos ataques muito antes da hora. Não é mineiro por acaso.

Uma ausência e uma presença chamaram a atenção. O ex-governador José Serra não participou porque está nos Estados Unidos, em compromissos pessoais. Sabe-se, porém, que Serra observa a massaranduba do tempo admitindo até mesmo afastar-se do partido. A presença que se destacou na festa tucana foi a de Fernando Henrique, que volta a se mover com desenvoltura na arena partidária. Dela andou afastado, entre outros motivos, porque nos últimos 10 anos, o do reinado de Lula, o PSDB não fez uma defesa consistente de seu legado. E Serra é quem mais poderia tê-la feito, por ter sido o candidato do partido nas disputas mais importantes deste período. Em entrevista, FHC fez-lhe os elogios de praxe, mas sugeriu que ele agora se dedique mais às conferências, ao debate e à reflexão. Em conversas com tucanos, arrancou risadas ao comparar ex-presidentes a vasos chineses: são bonitos, mas como são muito grandes, ninguém sabe onde colocá-los. Mas o PSDB, pelo visto ontem, já reservou um bom lugar para seu vaso chinês na nova fase. É o que o sugere o deputado Marcus Pestana, quando diz: "A renovaçao do PSDB não deve ser etária. Tanto é que, aos 81 anos, Fernando Henrique é a nossa cabeça mais jovem, a mais antenada com o século 21. Sua presença mais intensa na vida partidária não traduz um olhar para o passado mas em direção a novos e possíveis horizontes".

Algumas. A deputada Rose de Freitas (ES) avisou a seu partido, o PMDB: vai até o fim com sua candidatura a presidente da Câmara, disposta a bater chapa com o líder de seu partido, Henrique Eduardo Alves (RN). Ela calcula existirem quase 200 deputados que não votariam nele.

Já o deputado Júlio Delgado (MG), do PSB, está matutando sobre a orientação do presidente de seu partido, governador Eduardo Campos: "2013 é ano de ajudarmos a presidente Dilma".

Do senador Fernando Collor (PRB-AL) sobre o relator Odair Cunha, que retirou um jornalista e o procurador-geral do relatório final da CPI do Cachoeira: "Ele vai ter que nos explicar como foi que, em poucas horas, suas convicções sofreram tão grande alteração". O relatório desidratado será apreciado amanhã pela moribunda CPI.

Fonte: Correio Braziliense

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