segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Na Itália, Bersani larga na frente de Monti e Berlusconi

Bersani lidera pesquisas após confirmação de candidaturas rivais

ROMA - Nos últimos meses, o noticiário político italiano girou em torno de duas indefinições: se o premier Mario Monti, líder de um governo tecnocrata não eleito, tentaria se manter no poder pela via eleitoral, e se o ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi tentaria recuperar o cargo que deixou há um ano. Com as duas candidaturas confirmadas, porém, quem largou na frente na corrida para chefiar o governo italiano após as eleições de fevereiro é Pier Luigi Bersani, líder de centro-esquerda legitimado por uma inédita primária na sua coalizão.

Uma pesquisa do instituto Cise divulgada ontem, dois dias após Monti confirmar que vai liderar um bloco de centro nas eleições, mostra Bersani bem à frente na preferência dos italianos, com 36,2% das intenções de voto. Monti aparece em segundo, com 23,3%, seguido por Berlusconi, que tem 21,8%.

Ênfase no crescimento

O Partido Democrático de Bersani fez parte da coalizão de apoio ao governo tecnocrata de Monti, que caiu nas graças da comunidade empresarial italiana e dos parceiros da União Europeia ao adotar medidas de austeridade que reduziram o risco de que o país mergulhasse numa crise aos moldes da vivida pela Grécia, o que representaria uma séria ameaça para a zona do euro. Bersani vem prometendo manter as linhas gerais das reformas promovidas por Monti, mas colocar mais ênfase em medidas que aumentem o crescimento e gerem empregos.

Ontem, Bersani reagiu à entrada de Monti na corrida eleitoral — na sexta, o atual premier disse que era hora de superar a clivagem entre direita e esquerda e avançar na agenda de reformas necessárias.

— Essa aliança centrista têm de explicar exatamente quais são as suas posições. De que lado está Monti? — questionou o líder das pesquisas.

Pier Ferdinando Casini, líder do maior partido centrista da Itália, a União Democrata Cristã, disse que Bersani está acusando de golpe a formação do bloco de centro.

— O Partido Democrático não quer que o centro se una, porque eles preferem a velha polarização com Berlusconi — disse.

Os números das pesquisas indicam, porém, que centro-esquerda e centro terão de buscar algum tipo de composição para garantir a governabilidade. O nome de Monti chegou a ser ventilado como ministro das Finanças em um eventual governo Bersani. Analistas consideram que a missão de Monti, mais do que vencer as eleições, é convencer os demais partidos da necessidade de seguir nos passos tomados no último ano. Desde que entrou na campanha, há cerca de dez dias, Berlusconi já acusou o atual primeiro-ministro de responder a ordens da Alemanha e prometeu “salvar a Itália”, já que, em sua avaliação, o país estaria pior hoje do que quando ele abriu mão do poder.

A decisão do ex-premier de se candidatar apesar do risco de um retumbante fiasco eleitoral, porém, também está ligada aos processos aos quais responde na Justiça, já que o cargo lhe confere imunidade. É esperada para antes das eleições a sentença em primeira instância no caso em que ele é acusado de integrar uma rede de prostituição infantil. E recentemente, ele já foi condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal, embora recorra da sentença em liberdade.

No sábado, Berlusconi acusou Monti e Bersani de terem fechado um acordo secreto que assegura que a atual coalizão continuará no poder após as eleições de 24 e 25 de fevereiro.

Fonte: O Globo

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