terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Campos diz que falta 'rumo estratégico' ao governo de Dilma

Governador de Pernambuco critica política econômica e diz que consumo "por si só" não é suficiente para vencer crise

Presidenciável diz entretanto que não é hora de "eleitoralizar" debate, mas de auxiliar presidente na agenda

SÃO PAULO - Apontado como presidenciável, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) fez duras críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff (PT). Em palestra a empresários, disse ontem que falta "rumo estratégico" às medidas do governo para combater a crise financeira internacional e levar o país a uma agenda de crescimento.

Campos falou em evento promovido pelo jornal "Valor Econômico". O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) também participaram do seminário "Novos ventos da política brasileira".

"O fato é que nós estamos no século 21 com uma pauta do século 20, metidos numa grande crise tentando sair", afirmou. "Sabemos do esforço que a presidente Dilma tem feito de tomar decisões sobre assuntos os mais variados. (...) Mas o fato é que vamos terminar o segundo ano com um crescimento muito aquém do que desejávamos", disse Campos.

Ele afirmou que o estímulo do consumo, "por si só", "não é suficiente" para alavancar o crescimento e defendeu a descentralização de recursos da União.

"Temos que ganhar esse momento na perspectiva do rumo estratégico. E esse estratégico, às vezes, parece ao país que ele está faltando."

Campos é presidente de sua sigla, o PSB. Internamente, sua candidatura à Presidência em 2014 é tratada como certeza. Ele, no entanto, disse ontem que não é tempo de "eleitoralizar" o debate. Hoje, é base do governo.

Durante o evento, o governador disse que em "ciclos" anteriores "lideranças" políticas foram decisivas para inserir o país em agendas estratégicas, e fez referência aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

"Quando o Brasil decidiu por fim ao ciclo inflacionário (...) houve lideranças que souberam expressar esse entendimento. (...) Na hora em que o Brasil viu que com 50 milhões de pessoas na miséria não ia a canto nenhum e que isso era não só política social, mas sobretudo uma política econômica, tivemos esse consenso construído."

Para ele, o momento atual se assemelha a esses anteriores. "Tem que ter estratégia na condução dessa travessia. Se errarmos, vamos ter um ano de 2013 que não será à altura que o Brasil espera."

Ele concluiu dizendo que o país escolheu "ousar" nas eleições municipais e que cabe aos "novos ventos" "cuidar da nova pauta do Brasil".

Fonte: Folha de S. Paulo

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