terça-feira, 11 de dezembro de 2012

As rédeas do PMDB - Tereza Cruvinel

Se a MP que induzirá a queda das tarifas elétricas já era altamente relevante para o governo nesta fase de economia retraída, pelo impacto sobre atividade econômica e a vida das famílias, sua aprovação agora parece ter virado questão de honra para Dilma

Preparando-se para assumir o comando das duas Casas do Congresso, procura o PMDB dar mostras e provas de lealdade à presidente Dilma Rousseff, com os olhos postos em 2014 e na reedição da chapa presidencial vitoriosa em 2010, vale dizer, na manutenção de Michel Temer como candidato a vice-presidente. Presidente em exercício desde domingo, ontem ele deflagrou de seu gabinete a mobilização das bancadas para garantir a aprovação da Medida Provisória do Setor Elétrico, a 579, que tem o senador Renan Calheiros como relator. Na semana passada, Michel entrou em campo, com o ministro petista Fernando Pimentel, para evitar que a seção mineira do PMDB aprovasse a decisão de romper com o governo federal. O que significaria, na prática, optar pela candidatura presidencial do senador Aécio Neves.

Se a MP que induzirá a queda das tarifas elétricas já era altamente relevante para o governo nesta fase de economia retraída, pelo impacto sobre atividade econômica e a vida das famílias, sua aprovação parece ter virado questão de honra para Dilma depois que as geradoras de estados governados pelo PDSB se recusaram a renovar as concessões pelas novas regras tarifárias. Dilma bateu na “insensibilidade” tucana e seu virtual concorrente em 2014, Aécio Neves, respondeu falando em “autoritarismo governamental” e “estelionato eleitoral”. O assunto já foi definitivamente politizado e o governo precisará muito dos votos do PMDB. A insatisfação dos governadores com outros problemas, como o dos royalties do petróleo, pode desaguar na votação da medida. Temer está em campo.

Na semana passada, ele toureou o PMDB mineiro, onde o líder da insurreição é o deputado e ex-ministro Saraiva Felipe. A maior queixa, o fato de o PMDB mineiro não ter um ministro no governo. Disseram eles que nem mesmo Pimentel representa Minas pois estaria no ministério por conta das relações históricas com a presidente. Michel aplicou panos quentes que surtiram efeito, pelo menos temporário. Mas o PMDB mineiro, tal como as seções estaduais do PP, do PR e do PRB mineiros, que integram a base de Dilma, estão mesmo é comprando um ingresso antecipado para o barco eleitoral de Aécio, sem desembarcarem da nau governista. No momento certo, escolheriam a qual tombadilho subir.

Certo é que Michel Temer está tratando de manter o controle sobre o PMDB , do qual depende seu próprio destino. O PMDB, depois da morte de Ulysses Guimarães, tornou-se um partido sem rédeas, com cada seção cuidando de seus interesses. O vice-presidente vem conseguindo impor alguma centralidade ao partido. Ontem, ele foi um dos agraciados com o premio Líderes do Brasil, patrocinado pelos grupos empresariais SBT e Dória.

Cartas abertas. Correu ontem o rumor de que o ministro Joaquim Barbosa, por cautela, deixará para amanhã a declaração de voto do Celso de Mello na questão dos mandatos dos deputados condenados na Ação Penal 470. Queria sentir a força da reação da Câmara. Celso de Mello, no passado, já votou de modo contrário, mas tudo indica que acompanhará Barbosa no entendimento de que o STF pode cassar mandatos, prerrogativa que a Câmara interpreta como sua, a partir do que diz o artigo quinto da Constituição. Não houve nada disso, garante o ministro Marco Aurélio. O suspense foi ditado apenas pelo adiantado da hora.

Mas as cartas já estão na mesa. Agora, é ver no que isso dará.

PSB: o rompimento com Agnelo. Os dois secretários do PSB no governo de Agnelo Queiroz no DF não aceitaram decisão tomada pelo partido no sábado e pediram a desfiliação. A decisão foi tomada pela expressiva maioria de 241 votos a 43, numa indicação de que eles são mesmo minoritários. “Foi uma decisão dolorosa, mas precisava ser tomada. Nosso desconforto é grande. E como não temos filiados de duas categorias, quem não acatá-la deve mesmo deixar o partido”, disse-nos o senador Rodrigo Rollemberg.

Ele acrescentou ainda que a decisão foi “estritamente local”, em nada se relacionando com o apoio do PSB ao governo da presidente Dilma.

Ainda assim, o racha PT-PSB no DF não deixa de levar água para o moinho do rompimento, no plano nacional, da aliança que vem de 1989, abrindo caminho para a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos. Rodrigo, por sua vez, deve ser candidato a governador.

Mínimas. Sagitariana, a presidente Dilma Rousseff completa 65 anos na sexta-feira, dia 14. Ela já estará em Moscou.

Renan Calheiros lavou um tento com a sanção da lei que obriga a impressão da carga de impostos na embalagem dos produtos. O projeto é de iniciativa popular, mas ele foi o relator no Senado.

Fonte: Correio Braziliense

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