segunda-feira, 5 de novembro de 2012

PSDB de Minas busca candidato ao governo

Marcos de Moura e Souza

BELO HORIZONTE - Aécio: senador manteve hegemonia nas urnas, com o PSDB e partidos que estiveram na base dele, quando governador, elegendo 80% dos prefeitos de Minas

Os tucanos mineiros estão em busca de um candidato. Passadas as eleições municipais, o partido precisa de um nome para concorrer com chances reais de vitória às eleições para o governo do Estado em 2014. O atual governador, Antonio Anastasia (PSDB), não pode se candidatar novamente e o partido não tem um herdeiro natural para o seu lugar. Se para o PSDB é importante continuar no comando do Estado, para o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é fundamental contar com um nome forte em casa no ano que deverá estar dedicado à sua primeira campanha presidencial. Mas hoje sua lista de opções realmente competitivas para Minas é escassa.

Analistas e pessoas próximas ao governador dizem que o nome mais forte hoje seria o do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. O PSDB cortejou-o diversas vezes durante seu primeiro mandato com a proposta de disputar 2014. Há, no entanto, pelo menos dois problemas em relação a ele: Lacerda teria de abandonar seu segundo mandato no meio e, acima de tudo, ele não é tucano, mas do PSB. "A não ser que haja um acordo costurado por Eduardo Campos [presidente nacional do PSB] e Aécio, dificilmente Aécio aceitaria colocar Lacerda na condição de candidato a governador", diz Malco Camargos, doutor em Ciência Política e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG).

O PSB é um dos partidos da base da presidente Dilma Rousseff, do PT, e Campos, um aliado do governo. Mas nas eleições municipais, esteve ao lado algumas vezes de Aécio em campanha pelo Brasil apoiando candidatos em comum. Além disso, impôs algumas derrotas marcantes ao PT, uma delas em Belo Horizonte. Campos é tido como um potencial candidato a presidente, mas caso se mantenha na órbita de Dilma não faria sentido para os tucanos "dar" o governo do Estado a um partido adversário. O PSDB está desde 2002 no governo.

O vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) aparece entre os nomes citados por tucanos como possível candidato a governador. Os tucanos repetiriam o roteiro de 2010, quando Aécio deixou o cargo de governador para se candidatar ao Senado e elegeu seu vice, Anastasia, para o cargo. Mas, como diz o professor Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Anastasia era visto como a "cabeça" do governo Aécio, alguém responsável pelo dia a dia do Estado e pelas medidas mais importantes do ponto de vista de gestão. Era um técnico de prestígio assumindo o governo que, para muitos, ele de fato tocou quando Aécio era o titular. Coelho não tem esse papel e não tem o prestígio que Anastasia tinha.

Outro nome que vem sendo especulado é o do atual presidente da Assembleia Legislativa de Minas, o deputado Diniz Pinheiro (PSDB). Há quem fale no secretário-geral do PSDB, o deputado federal, Rodrigo de Castro. Ambos tucanos, emergentes e jovens.

A tese do círculo de Aécio dentro do PSDB de Minas é que se o senador disputar a Presidência ele fará sem maiores dificuldades o candidato de Minas. É o que diz, por exemplo, um veterano da política mineira, o secretário de Governo de Anastasia, Danilo de Castro - pai de Rodrigo de Castro.

O presidente do diretório estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, fez as contas e disse dias atrás que o partido está "muito bem posicionado em termos de apoio para as eleições de 2014 para o governo do Estado".

O PSDB elegeu 143 prefeitos neste ano. Menos do que nas eleições anteriores, quando o escore tucano foi de 158. Pestana diz que isso se deveu à decisão do partido de ceder candidaturas a partidos aliados. A oposição petista e de parte do PMDB afirma que o desempenho tucano revela perda de prestígio do partido de Aécio.

Mas a julgar pelo resultado conjunto do PSDB e de seus partidos aliados - legendas que estiveram na base de Aécio, quando governador, e que estão na base de Anastasia -, a hegemonia aecista parece incontestável nas urnas. Segundo Pestana, essas siglas ganharam 80% das 853 prefeituras de Minas. "Aécio sai com sua liderança inconteste em Minas, revigorada, e o PSDB criou bases sólidas, raízes profundas para as eleições de 2014", escreveu o deputado nesta semana.

Para Ranulfo, ainda que não conte agora com um nome na manga, Aécio está numa situação favorável em Minas. "Há uma enorme aliança em torno dele no meio empresarial, financeiro e na imprensa local", diz. Mas a falta de um nome claro e a necessidade que Aécio terá de se concentrar na campanha presidencial - e não na disputa em Minas - tornará a situação do senador em casa menos confortável do que foi na eleição para governador de 2010, diz Camargos. E além disso, tenderá a ter um PT mais unido e um candidato bem mais forte na oposição: o ex-prefeito de BH e atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel e não Hélio Costa (PMDB), candidato derrotado em 2010.

Fonte: Valor Econômico

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