sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Gato e sapato - Eliane Cantanhêde

Há tempos os governos fazem do Congresso gato e sapato, mas, agora, há uma diferença. Quando se lê que os "líderes governistas" maquinam isso ou aquilo, a referência não é, necessariamente, aos líderes do governo Dilma, e sim aos amigos do ex-presidente Lula.

O fato é que esses líderes faziam e continuam fazendo tudo o que seu mestre Lula mandar. Daí o enorme poder de Rosemary Noronha, a Rose, que manteve imenso poder por causa de Lula, não por delegação de Dilma.

Com a mesma dedicação com que deram um jeito de empurrar Paulo Vieira goela abaixo da ANA (a agência de águas), mesmo depois de rejeitado duas vezes, esses líderes atuam agora para impedir que o tal Paulo Vieira dê explicações ao Congresso Nacional e à sociedade brasileira.

Alguém -adivinhe quem?- não vê nenhuma graça em que Vieira possa falar sobre os poderes extraterrenos de Rose, os tentáculos dele próprio em águas turvas federais e o aparelhamento das agências reguladoras (nem elas escapam). Além da ANA, sabe-se até aqui que o esquema infiltrou-se na Anac (aviação civil) e na Antaq (transportes aquaviários). Pode ter mais...

É também com a mesma imensa dedicação, aliás, que os líderes e os jovens parlamentares governistas mergulharam fundo na CPI do Cachoeira, não para investigar e desvendar, mas para cumprir as ordens do seu mestre e fustigar opositores e adversários, chegando ao cúmulo de perseguirem até o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Mas, se os governistas se adequam ao papel de gatos, é mais incompreensível como os oposicionistas se conformam em serem sapatos.

Afora o onipresente líder tucano no Senado, Álvaro Dias, quem é que se opõe às nomeações impostas por Rose, às manobras para impedir o depoimento de Paulo Vieira, à lambança da CPI? Dizem que há até presidenciáveis no Senado. Se há, não estão visíveis a olho nu. Ou não sabem fazer oposição, ou têm medo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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