segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mensalão condenado - Roberto Freire


O Supremo Tribunal julgou e condenou os crimes praticados no esquema do mensalão, que Lula e o PT exaustivamente diziam que era uma invenção da imprensa golpista. Foram condenados políticos de diversos partidos por corrupção passiva e outros crimes comuns.

O presidente do Partido dos Trabalha-dores e o seu tesoureiro à época dos fatos, Genoíno e Delúbio, foram condenados por corrupção ativa, bem como pelo mesmo crime o ex-ministro chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu.

Agora, pronunciada a instância máxima de nosso Judiciário, são oficialmente corruptores que fraudaram o sistema democrático por meio de compra de votos de deputados para compor a base aliada do governo Lula. A verdade dos autos, portanto a verdade juridicamente válida, é que o mensalão existiu e este não é mais um fato controverso.

A corrupção é um mal endêmico no país. Seu combate precisa avançar para além desta condenação. O dano causado à sociedade pela corrupção é maior que o dano causado pelos crimes comuns que não envolvem o Estado.

Um homicídio causa um dano irreparável a uma pequena parcela da sociedade, os familiares e amigos da vítima. A corrupção afeta a sociedade toda. Suas consequências são pessoas mortas por falta de atendimento nos hospi-tais que não foram construídos porque o dinheiro se esvaiu ilicitamente; crianças que não terão oportunidades no futuro por falta de educação; mais violência porque o dinheiro para o combate ao crime também não estava disponível. Há criminosos que matam com armas em punho. Há criminosos que matam com canetas nas mãos.

Precisamos construir um sistema penal, cuja discussão sobre um novo código está na pauta do Congresso, em que a pena seja proporcional ao dano causado à sociedade. O combate à corrupção passa também por uma mudança cultural.

Como salientou em seu voto a Ministra Carmem Lúcia, confessar um crime como o caixa dois de campanha eleitoral na tribuna do Supremo como se fosse algo corriqueiro e menor é uma agressão à sociedade. O respeito às leis precisa se tornar a base da moral de cada cidadão. É na afirmação diária do respeito às leis que poderemos cobrar de nossos governantes o mesmo. A ética precisa deixar de ser discurso de diferenciação entre partidos e candidatos para se tornar pressuposto da ação política.

O julgamento do mensalão pode ser um marco de moralização da política e uma oportunidade para o seu resgate como atividade fundamental de exercício da cidadania.

 Depende das atitudes efetivas dos atores envolvidos. O principal ator que pode operar reais mudanças é o cidadão no momento do voto. É o eleitor que possui o poder de extirpar da política essas práticas, considerando o histórico dos candidatos ao votar.

Afinal, se políticos corruptos estão no poder é porque conseguiram conquistar votos. As pessoas precisam deixar de apenas reclamar e agir responsavelmente. O poder não fica vago e por isso é necessário que as pessoas resgatem a vontade de fazer a boa política e doem parte de seu tempo para a sociedade, não só no momento do voto, mas também na construção de partidos e alternativas.

Deputado federal (SP) e presidente do PPS

Fonte: Brasil Econômico

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