sábado, 20 de outubro de 2012

Haddad em clima de "já ganhou"


Comício do candidato do PT, em São Paulo, terá Dilma Rousseff, Lula e muitos ministros. No PSDB, a estratégia de ligar o adversário à Ação Penal 470 não deu certo e rejeição de José Serra já ultrapassa a marca de 50%

Paulo de Tarso Lyra, Felipe Seffrin

SÃO PAULO E BRASÍLIA A presidente Dilma Rousseff participa hoje do maior comício de Fernando Haddad no segundo turno das eleições municipais. Depois de ter sido considerada pela cúpula partidária e pelo comando de campanha petista como um reforço “crucial”, Dilma retorna ao palanque ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Existe a expectativa da presença de vários ministros, como Miriam Belchior (Planejamento), Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura). “Precisamos ganhar São Paulo por que (a cidade) tem um significado nacional importantíssimo”, disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão. 

Perguntado se a derrota de Serra significaria o fim da carreira política do tucano, que já está com 70 anos, Falcão respondeu: “Não cabe a mim decretar o fim de ninguém. O que importa é que nós temos uma candidatura com ótima aprovação. Não escolhemos adversários.”

A pedido do ex-presidente Lula, Dilma ampliou a sua agenda de participações nas disputas incluindo Campinas, onde participará de um ato público ao lado do candidato petista Márcio Pocchmann. O adversário do PT é Jonas Donizete, do PSB. Mas, nesse caso, Dilma não considera que esteja interferindo em uma disputa entre dois representantes da base aliada. O PSB paulista é mais próximo do PSDB de Geraldo Alckmin do que do PT. A presidente esteve ontem em Salvador, no palanque de Nelson Pelegrino, e estará segunda-feira em Manaus, para apoiar a comunista Vanessa Grazziotin.

A presença de Lula e Dilma acontece um dia depois da divulgação da pesquisa Datafolha, que mostra Haddad cada vez mais consolidado na liderança do segundo turno. O candidato aparece com 49% das intenções de voto contra 32% do candidato do PSDB, José Serra. O que mais chamou a atenção dos analistas foi o altíssimo índice de rejeição do tucano: 52%.

Mensalão não colou

Nos últimos dias, os estrategistas do PSDB se dedicaram ao desarme de dois temas explosivos: o rótulo de conservador que colou em Serra após o apoio do pastor evangélico Silas Malafaia e a má repercussão dos ataques ao “kit gay” do Ministério da Educação. 

O PSDB tentou aproveitar o julgamento do mensalão no STF para vincular Haddad aos condenados José Genoíno, Delúbio Soares e, sobretudo, José Dirceu. Mas a tática não deu certo. Pesquisas qualitativas feitas pelo PSDB mostraram que o eleitorado não aceitou bem essa estratégia. O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso demonstrou incômodo com o fato de o ex-ministro da Saúde estar “flertando com o conservadorismo”. O comando de campanha não gostou das críticas, mas, para evitar mais ruídos nessa reta final de campanha, tenta convencer FHC a participar de um evento de rua, ao lado da militância social-democrata.

Se está de olho em São Paulo, o PT não se descuida das outras disputas que ainda enfrenta. A Executiva Nacional do partido reuniu-se ontem em São Paulo para avaliar os resultados do primeiro turno das eleições municipais e traçar estratégias para o segundo turno. De acordo com o presidente Rui Falcão, a expectativa é que o PT saia vitorioso na maioria das 22 prefeituras em que a legenda tem candidato próprios ou está coligada. “Vamos ganhar em mais da metade”, projetou. “As eleições parecem definidas em João Pessoa, Santo André e São Paulo. Em São Paulo estamos em voo de cruzeiro”, comemorou o petista que, mesmo sem disfarçar o otimismo.


Fonte: Correio Braziliense

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