quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dirceu pede que petistas reajam à mídia e à Justiça

Em reunião fechada com a direção nacional do PT, em São Paulo, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex- presidente do partido José Genoino, condenados por corrupção ativa no processo do mensalão, estimularam os petistas a reagirem à Justiça e à mídia, a quem acusaram de perseguição.

Dirceu disse que a prioridade agora é vencer a eleição no maior número possível de cidades e que foi o partido, e não ele, o principal condenado pelo STF. Genoino demitiu-se de cargo no Ministério da Defesa.

Dirceu prega reação à mídia e ao Judiciário

Ex-ministro reaparece e estimula direção do PT a reagir, mas diz que o importante agora é vencer eleições municipais

Condenado pelo STF, petista defende que partido se concentre no 2º turno e pede esforço especial por Haddad

Catia Seabra, Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - Em reunião fechada com a direção nacional do PT, o ex-ministro José Dirceu, condenado por corrupção ativa no processo do mensalão, pregou ontem que o partido reaja à Justiça e à mídia, a quem acusou de perseguição.

Ele pediu que a ofensiva seja deixada para depois do segundo turno das eleições municipais, para evitar prejuízos a candidatos petistas.

Disse que a prioridade agora é vencer no maior número possível de cidades, e pediu esforço especial por Fernando Haddad em São Paulo.

Para estimular os petistas, o ex-ministro afirmou que foi o partido, e não ele, o principal réu condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

"Mais importante do que discutir o julgamento é ganhar a eleição", disse, segundo relatos de petistas. "Vencer as eleições é a melhor resposta aos nossos adversários.

O discurso seguiu roteiro acertado na véspera com o ex-presidente Lula: o fundamental agora, para o PT, é ampliar as vitórias eleitorais.

Quatro horas mais tarde, depois de um inflamado discurso do ex-deputado José Genoino, que também foi condenado pelo Supremo, Dirceu retomou a palavra.

Disse concordar com a avaliação do colega de que o julgamento do mensalão refletiu a luta de classes no país e pregou a criação de controles para a mídia e o Judiciário.

Ele não detalhou seus planos de intervenções, mas deixou claro que considera a imprensa e a Justiça comandadas pela oposição.

Dirceu defendeu ainda que os petistas se lançassem numa campanha pela reforma política como instrumento para combater "a direita".

"Se não aprovarmos o financiamento público, estaremos mortos", disse, ainda segundo relato de petistas participantes da reunião.

O PT divulgou documento em que que diz ter sido diz ter sido vítima de "hipocrisia" e "intolerância" no primeiro turno das eleições, que coincidiu com a primeira parte do julgamento do mensalão.

A sigla afirma ter enfrentado "intensa campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia".

"Não é a primeira vez, nem será a última, que os setores conservadores demonstram sua intolerância, sua falta de vocação democrática, sua hipocrisia, dois pesos, duas medidas", diz a nota, que foi antecipada pelo site da Folha.

Genoino propôs a única alteração no texto original apresentado pela cúpula petista, pregando "defesa enfática" do PT. "Aos ataques e manipulações, contraporemos a defesa enfática de nosso projeto estratégico", diz o trecho redigido por ele.

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, propôs uma manifestação em solidariedade aos condenados, mas o PT optou por esperar a eleição. Em nota, a central acusou o STF de julgar "a serviço dos conservadores".

Dirceu foi à sede do partido em carro com vidros escuros e tentou se esconder dos jornalistas. Na saída, o veículo foi cercado por PMs da reserva, que o chamaram de "ladrão". "Não adianta ir para a cadeia. Tem que devolver o dinheiro", gritou o subtenente Clovis de Oliveira, 71.

José Dirceu:

"Mais importante do que discutir o julgamento é ganhar a eleição"

"Vencer as eleições é a melhor resposta aos nossos adversários"

"O condenado [no julgamento do mensalão] não fui eu, mas o PT"

José Genoino:

"Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes"

"A corte errou. A corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um inocente"

"O julgamento da população sempre nos favorecerá"

Fonte: Folha de S. Paulo

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