quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A reta final - Tereza Cruvinel


São grandes as chances de que a presidente Dilma, que chegou ontem de Nova York, agende para o próximo sábado sua participação em um ato de campanha de Haddad
Na reta final da campanha começam a ocorrer, como sempre acontece, significativos deslocamentos do eleitorado, exceto em São Paulo, onde Celso Russomanno mantém-se na liderança, surrando os candidatos José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Essa é a disputa que parece ter sofrido o impacto mais importante do julgamento do caso mensalão pelo STF. O movimento de ascensão do candidato petista foi interrompido a partir do início do julgamento do chamado núcleo político do esquema do valerioduto. Entretanto, não beneficiou o candidato do maior partido de oposição, mas Russomanno, que não é peixe nem é carne, embora seu partido seja da base governista.

São grandes as chances de que a presidente Dilma, que chegou ontem de Nova York, agende para o próximo sábado sua participação em um ato de campanha de Haddad. Será sua última oportunidade de fazer isso antes do pleito. Menos provável é sua ida a Belo Horizonte, depois que o candidato do PSB/PSDB, Marcio Lacerda, ampliou sua vantagem em relação ao petista Patrus Ananias. É difícil, entretanto, prever o efeito positivo que a presença dela na campanha de Haddad teria seu desempenho.

Dilma, segundo a pesquisa CNI-Ibope, continua com a popularidade em alta. Embora o assunto mensalão seja a notícia mais lembrada pelos entrevistados, o índice de aprovação ao governo subiu de 59% para 62%, em sinal de que o julgamento não respingou nela. Dilma pode estar vivendo sua fase "tefal", aquela em que nada gruda no governante, mas a mesma proteção que lhe dá blindagem, limita a transferência de prestígio para terceiros. No imaginário popular, nesta fase, o governante bem avaliado paira acima das misérias da política.

Se a disputa paulistana parece caminhar para um desfecho quase surrealista, nos estados acontecem movimentos indicadores de que o eleitorado agora está se definindo para valer. O PT vai particularmente mal em algumas capitais, como Fortaleza e Recife, onde tem as prefeituras, mais por conta dos erros pré-eleitorais do que por conta do julgamento.

Em Fortaleza, o candidato Moroni Torgan, que liderava a disputa, despencou, segundo pesquisa Vox Populi, abrindo caminho para a subida simultânea do petista Elmano e do socialista Ricardo Claudio, agora empatados na liderança com algo em torno de 20 pontos porcentuais. Em Recife, há algumas semanas, o petista Humberto Costa tinha 40 pontos e o demista Mendonça Filho, 20. Juntos, tinham 60% de preferência. Geraldo Julio, o candidato do governador Eduardo Campos, do PSB, tinha meros 5%. Humberto agora tem 15% e Mendoncinha, 4%. Geraldo Julio, segundo a maioria dos institutos, aproxima-se dos 40%. Há empate técnico neste momento em João Pessoa e em Manaus, onde devem ser fortes os movimentos de chegada. A radicalização e a violência já levaram mais de 400 prefeituras a pedir reforços federais. As contendas locais devem ser a causa principal, mas a radicalização no plano nacional deve estar contribuindo.

Congresso x Ministério Público


Um exemplo do avanço do Judiciário e do Ministério Público sobre as atribuições do Congresso, tema de coluna desta semana, é o impasse que cerca a recondução do advogado e cientista político Luiz Moreira ao Conselho Nacional do Ministério Público. Em março, ele foi indicado pela Câmara para cumprir um segundo mandato, embora o procurador-geral Roberto Gurgel tenha proposto o nome do professor da PUC-SP André Ramos. Começou então a guerra. No primeiro mandato, Moreira contrariou a nobreza do Ministério Público com algumas iniciativas. Representou contra o secretário-executivo de Gurgel, José Abécio, pelo fato de ocupar o cargo sem residir em Brasília, contrariando o regimento; questionou o fato de a sede da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) funcionar nas dependências da Procuradoria Geral da República; e o direito dos procuradores ao vale-alimentaçao e ao plano de saúde corportivo, alegando que a lei fixou para os procuradores um subsídio único. O nome de Moreira foi aprovado por 359 votos na Câmara e encaminhado ao Senado. Antes da sabatina, chegou aos senadores uma denúncia anônima com várias acusações, mas seu nome foi aprovado. Circularam a seguir e-mails trocados entre procuradores combinando nova estratégia para derrotá-lo no Senado. A seguir, os senadores Pedro Taques, Pedro Simon, Alvaro Dias e José Agripino apresentaram pedido de adiamento da votação em plenário para que alguns procuradores pudessem ser ouvidos. Criou-se o impasse, veio o recesso e assunto empacou, como queriam os procuradores insatisfeitos.


Algumas. Para refrescar algumas memórias: o ministro Luiz Fux tomou posse no meio do julgamento da Lei da Ficha Limpa. Como pode acontecer com Teori Zavascki.

Quem tem indicado nomes para tribunais e colegiados, como a Comissão de Ética Pública, é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A presidente debitará na conta dele a crise com Sepúlveda Pertence, que renunciou porque teve suas indicações ignoradas.


O pior desempenho do governo Dilma, segundo a pesquisa CNI-Ibope, é na área da Saúde: 65% negativos. Nem por isso, ela pensa em trocar o ministro Alexandre Padilha.

Dilma já pensa em deixar para depois da eleição das Mesas do Congresso os ajustes em seu ministério.


Fonte: Correio Braziliense

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