sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Crise econômica na agenda - Roberto Freire

A presidente Dilma, receosa de que o julgamento do mensalão pelo STF empurre a sua lama para o Planalto e tome conta da agenda política do governo, prepara mais um novo pacote de incentivos à economia em crise, para muito além da marolinha, neste mês de agosto.

A General Motors anunciou o fechamento de sua fábrica de São José dos Campos (SP), o que ocasionará a demissão de 1,5 mil empregados.

O sindicato local prevê ainda a demissão de outros 4 mil trabalhadores da cadeia produtiva.

O governo esperneia porque reduziu o IPI dos carros em troca da manutenção do nível de emprego. No entanto, a medida teve impacto menor do que o esperado, já que o consumidor endividado não está disposto a assumir mais compromissos. O resultado são as demissões.

Completa-se o ciclo vicioso: menos consumo, menos emprego, menor produção industrial.

O governo apresentou vários pacotes de estímulo à economia, como a redução do IPI de carros, da linha branca e móveis, e nada parece surtir efeito.

Como apontamos em diversos artigos, o problema central das medidas governamentais está no diagnóstico sobre a crise.

O modelo de crescimento desenvolvido no governo Lula, baseado na exportação de commodities e na expansão do consumo interno, esgotou-se.

É necessário formular um novo modelo, focado no investimento produtivo e na inovação tecnológica.

Não adianta tentar salvar o crescimento do PIB de 2012, que ficará abaixo dos 2%, conforme previsão do Banco Central.

Para isso é preciso que o governo tenha um horizonte mais amplo, que prepare o país para retomar o crescimento em bases mais sólidas e sustentáveis.

Para agravar tal cenário, Dilma enfrenta ainda outro problema com forte consequência sobre o conjunto da economia como um todo: o baixo nível do investimento público.

Ao tentar retomá-lo, o governo encontra boa parte do funcionalismo em greve ou fazendo operação padrão, o que prejudica a importação de insumos e, consequentemente, a produção industrial.

O governo insiste em negar ao funcionalismo o direito básico previsto na lei trabalhista de não redução salarial.

Com inflação de 6,5% em 2011 e 5,9% em 2010, várias categorias sentem a redução salarial no bolso.

Negar ao menos a recomposição salarial é tolher direitos dos trabalhadores. Essa postura intransigente tem afetado muito a economia nacional, que depende desse investimento para retomar o crescimento.

A verdade é que a presidente Dilma tem se mostrado uma péssima gerente de crise, ao contrário de sua fama. Não consegue controlar a máquina pública. Os investimentos públicos não saem do papel. Não consegue formular uma estratégia de superação da crise. Não avança nas reformas estruturais como a tributária de que o país tanto precisa.

Tão grave quanto é a paralisia que avança nas mais diversas frentes do governo Dilma, desde as obras do PAC, sobretudo a da Olimpíada e da Copa, aos desencontros na área política e os ruídos de sua base no Congresso, até a anomia administrativa, atingindo os diversos serviços prestados pelo governo, com graves prejuízos para a população.

Como diz o slogan do próprio governo, "Brasil, um país de todos" em greve e quase parando.

Deputado federal (SP) e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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