terça-feira, 24 de julho de 2012

País tem menor criação de vagas desde 2009

Caged mostra que, por conta da desaceleração da economia, foram abertos 120,440 empregos formais em junho, descontadas as demissões

Célia Froufe

BRASÍLIA - A geração de emprego com carteira assinada no País sofreu mais um baque em junho. O saldo de contratações ficou 53% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. A desaceleração da economia foi apontada por analistas como a principal causa do desempenho. Ainda assim, especialistas acreditam que o mercado de trabalho vai reagir.

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), descontadas as demissões, foram contratados 120.440 pessoas no mês passado, o pior resultado para meses de junho desde 2009, quando o Brasil vivia o auge da crise financeira internacional. Em junho de 2011, o saldo havia sido de 255,4 mil postos abertos.

A geração líquida de empregos no primeiro semestre foi de 1,05 milhão de vagas, exatamente a metade do resultado de todo o ano de 2011.

Grande parte desse número veio da área de serviços, com a contratação de 469,7 mil postos a mais do que demissões. A construção civil foi a segunda maior empregadora no período, com saldo líquido de 205,9 mil novos postos e o setor agrícola, com 135,4 mil empregos.

Com clara perda de vigor em relação a seu histórico, a indústria da transformação apresentou um saldo de 134 mil novas vagas formais na primeira metade do ano. Já o comércio apresentou um resultado mais modesto, com geração de 56,1 mil postos com carteira assinada na primeira metade do ano.

"Os dados evidenciam o cenário de desaceleração da economia. Como esperado, a diminuição na atividade tem feito sua parte também no mercado de trabalho", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, em relatório para clientes.

Salário. O Caged revelou ainda que os salários médios de admissão no primeiro semestre deste ano registraram aumento real- já descontada a inflação- de 5,90% na comparação com a primeira metade de 2011, passando de R$ 946,79 para 1.002,64. O crescimento foi de 44,62% quando levado em conta o salário de R$ 711,51 pago, em média, no primeiro ano do governo Lula, em 2003.

Especificamente em junho, a indústria revelou um crescimento "modesto", de 9,9 mil postos - houve expansão no setor apenas em 6 dos 12 ramos de atividade da indústria analisados. Já a agricultura foi a que mais contratou no mês passado, um total de 60,1 mil vagas, seguida por Serviços (30,1 mil postos) e comércio (11 mil).

O Estado de Minas Gerais criou 38,5 mil vagas em junho e ultrapassou São Paulo no volume de contratações (25,2 mil postos). Já Espírito Santo e Rio Grande do Sul enxugaram postos de trabalho em junho.

A retomada da atividade deve ter reflexos para o emprego a partir de setembro, segundo o economista da LCA Consultores Caio Machado. "O emprego está chegando num vale e deve voltar a acelerar", afirmou o economista.

A mesma opinião tem o professor de economia do Ibmec, Mauro Rochlin. "Os juros estão em processo de queda e sinalizam para empresários um ambiente melhor para o investimento", disse.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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