terça-feira, 24 de julho de 2012

Dobram as alianças PT-PMDB em grandes cidades

Cristiane Agostine

SÃO PAULO - Estratégicas para os partidos, as 85 maiores cidades do país - com mais de 200 mil eleitores e as capitais - revelam articulações políticas distintas entre PMDB e PSB, com vistas a 2014. Nesses municípios, que concentram um terço dos eleitores do país, o PMDB dobrou as alianças com candidatos do PT em relação à eleição de 2008. Ao mesmo tempo, o partido reduziu acordos com o PSDB e lançou menos candidatos. Já o PSB diminuiu o número de apoios a petistas, manteve negociações com o PSDB e PSD e apostou no lançamento de nomes próprios, que cresceu 73% na comparação com a disputa municipal passada.

Em 2008, o PMDB apoiou dez candidatos do PT nesse grupo de cidades. Nesta eleição, esse número aumentou para 20. As alianças com petistas se refletiram na redução de candidaturas pemedebistas: em 2008 foram 41 e em 2012, 35.

A colaboração do PT com candidatos do PMDB foi mais modesta: os petistas deixaram de lançar um nome para apoiar um pemedebista em três cidades. Na eleição passada, o PT apoiou o PMDB em seis.

A aproximação do PMDB ao PT nas disputas dos maiores colégios eleitorais pode ser explicada pela participação do partido no governo federal. Entre as disputas de 2008 e 2012 o partido conquistou a vaga de vice da presidente Dilma Rousseff e cinco ministérios no governo. Agora, a legenda tenta mostrar-se como principal aliada da presidente e busca manter-se na vice em uma eventual chapa de reeleição em 2014.

Com estratégia eleitoral diferente, o PSB fez menos acordos com petistas: há quatro anos, apoiou 40% dos postulantes do PT; neste ano foram 31%. Ao mesmo tempo, o PSB recebeu mais apoio do PSDB nessas cidades. Os tucanos abriram mão de candidatura própria para apoiar escolhidos do PSB em sete cidades e os petistas, em cinco.

Na tentativa de fortalecer-se eleitoralmente, o PSB aumentou as candidaturas próprias e passou de 15 para 26 postulantes no grupo das 85 cidades estratégicas. O partido terá candidatos em 30% desses municípios. Há quatro anos lançou candidatos próprios em 18% das maiores cidades.

O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, disse que "não existe uma aproximação com PSDB" e que a aliança com o PT "vai muito bem". Segundo Amaral, o aumento das candidaturas próprias de seu partido está relacionado com o crescimento da sigla em 2010, quando elegeu seis governadores. "O número de governos estaduais determina um número maior de candidatos neste ano nessas cidades", afirmou.

Amaral disse que o PSB tenta crescer nesta eleição e preparar-se para 2014. Na próxima disputa eleitoral o partido planeja manter os seis governadores que elegeu em 2010 e aumentar o tamanho da bancada na Câmara dos Deputados. O vice-presidente do PSB, no entanto, desconversou sobre as articulações do partido com vistas à Presidência.

Dirigentes partidários analisam que a quantidade de votos recebidos por uma legenda na eleição para prefeito está relacionada ao número de deputados federais que conseguirá eleger dois anos depois. Os maiores partidos concentram seus esforços nos colégios eleitorais com segundo turno e nas capitais para aumentar o número total de votos em e ampliar a bancada federal na disputa eleitoral seguinte.

Os 85 municípios são polos estratégicos não só porque têm 36% do eleitorado nacional, mas também porque o resultado da eleição nessas localidades influencia a disputa política em cidades vizinhas.

O PT foi o partido que mais lançou postulantes nessas cidades: terá 63 candidaturas próprias, em 74% desse grupo de municípios. Em seis cidades o partido disputará sem nenhum aliado.

O PSD, que disputa sua primeira eleição este ano, lançou 14 candidatos. Nas alianças, o partido apoiou um número semelhante de postulantes do PT, PSDB e PSB, mostrando que as três legendas são opções viáveis de parceria nas próximas disputas eleitorais. Foram 12 do PT, 11 do PSDB, 11 do PSB e 7 do PMDB.

O partido que mais abriu mão de uma candidatura própria para apoiar o PT foi o PCdoB. Em 2008 os comunistas apoiaram os petistas em 32 cidades e nesta eleição, em 29. O PT, no entanto, só apoiará um candidato do PCdoB em três cidades.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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