sábado, 16 de junho de 2012

País já começou o segundo trimestre estagnado

Gabriela Valente

BRASÍLIA — O Brasil cresceu 0,22% em abril na comparação com março. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na sexta-feira, veio dentro do esperado pelos analistas do mercado financeiro e foi o primeiro resultado mensal que apontou um leve crescimento da economia neste ano, mas ainda assim não contribuiu para melhorar as expectativas em relação ao futuro da economia. Ao contrário, alguns economistas já admitem que o crescimento pode ficar abaixo de 2% neste ano. O IBC-Br é uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) que o BC usa para tomar as suas decisões. O BC ainda revisou para baixo o dado de março. A queda foi quase o dobro do que foi anunciado no mês passado: 0,61% de retração da atividade em vez de uma queda de 0,35%.

Para Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, os indicadores disponíveis do segundo trimestre não apontam para uma forte aceleração da atividade no futuro:

— Acreditamos na perspectiva de um declínio na produção industrial e no IBC-Br de maio. Isso aumenta significativamente o risco de crescimento no segundo trimestre menor do que a nossa projeção de 0,8% e, portanto, de uma expansão em 2012 também menor que a nossa previsão atual de 2%.

Na opinião do economista-chefe do Itaú, Ilan Golfajn, a crise pode se estender e fazer o Brasil crescer menos por um período maior que o previsto com consequências para a economia real:

— Baixo crescimento aumenta o risco de o mercado de trabalho se enfraquecer.

Nos últimos 12 meses, o IBC-Br acumula alta de 1,55%. O governo aposta que a economia vai reagir no segundo semestre. O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, tem a mesma opinião.

— O resultado positivo de abril, sustentado pelo bom desempenho do consumo das famílias, conforme apontado pelas vendas no varejo, reforça nossa expectativa de uma retomada gradual mais à frente da atividade econômica — afirma, em relatório do banco.

Já o analista da Corretora Votorantim Roberto Padovani afirmou que o impacto da crise já está sendo sentido e é mais forte do que se imaginava e enfraquece qualquer previsão.

— Ninguém sabe ao certo o impacto porque ninguém consegue traçar com clareza o cenário externo e nem mesmo como a crise vai afetar a confiança das pessoas.

Já a inadimplência do consumidor, outro freio ao consumo, subiu 21,4% em maio frente ao mesmo período do ano passado, segundo o Serasa Experian. Na comparação com abril, que teve dois dias úteis a menos, a inadimplência foi 6,2%, na terceira alta seguida.

FONTE: O GLOBO

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