sexta-feira, 22 de junho de 2012

Desemprego e salário caíram em maio. Analistas temem piora à frente

Taxa baixou de 6% para 5,8%, a menor desocupação para o mês em 10 anos

Marcio Beck

Ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas, a taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país recuou de 6% em abril para 5,8% em maio. O índice é o menor para maio desde 2002, quando foi iniciada a série histórica. Já o rendimento médio do trabalhador teve a segunda queda seguida, de 0,1%, alcançando R$ 1.725,60, depois de cair 1,2% de março para abril.

O resultado foi considerado positivo, mas especialistas alertam que a desaceleração da economia deverá aparecer na pesquisa nos próximos meses. O gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, destacou que, em ambas as bases de comparação, o crescimento do emprego foi superior à entrada de novos trabalhadores na força de trabalho.

- O mercado está contratando mais do que está entrando gente (no mercado de trabalho), dando conta de parte do passivo de desempregados. Estamos nos aproximando dos 23 milhões de pessoas ocupadas, que é um recorde histórico. Esse crescimento, é importante lembrar, também é de qualidade. Observamos queda consistente no emprego sem carteira e aumento das vagas com carteira assinada - explicou.

Diante do cenário internacional desfavorável e do desaquecimento da economia brasileira, diz o professor da Unicamp Cláudio Dedecca, a PME mostra uma geração de empregos (119 mil vagas a mais que abril) "nada desprezível".

- Por esse lado, foi até surpreendente. Mas há uma percepção geral de que a deterioração das condições para o crescimento do país foi muito acentuada e rápida, e está para chegar uma inversão dessa queda do desemprego - afirmou Dedecca.

Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências concorda:

- São novas contratações, mesmo em um momento de incerteza, o que é muito importante diante do cenário de atividade econômica mais fraca. Mas é de se esperar alguma diminuição no ritmo, a julgar pelos outros indicadores da economia que estão demorando a se refletir no emprego - disse Bacciotti.

Por regiões, São Paulo liderou a criação de vagas com alta de 163 mil postos de trabalho, ou 1,7% de aumento em relação ao mês anterior. Já Porto Alegre, disse Azeredo, teve queda expressiva na ocupação na indústria (15 mil postos de trabalho a menos, ou 3,7% em relação a abril) e redução de 1,2% no rendimento médio real.

- Os resultados de Porto Alegre vieram muito abaixo do habitual. Precisaremos fazer outros trabalhos para investigar melhor o que está acontecendo lá - afirmou.

Construção civil cortou vagas em maio

Segundo o IBGE, seis segmentos registraram alta nas contratações em maio sobre abril, com destaque para o de Educação, Saúde e Administração Pública, com alta de 2,7%. Construção civil foi o segmento que mais cortou vagas, com queda de 2,9% de abril para maio.

A leve queda no rendimento dos trabalhadores de 0,1% foi explicada pelos especialistas como um esgotamento do "efeito da alta do salário mínimo".

- A alta do salário, em janeiro, está se refletindo apenas nos salários das novas contratações e não mais sobre o estoque de empregados - analisa o economista Caio Machado, da LCA Consultores.

FONTE: O GLOBO

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