sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ministros do Supremo defendem procurador

Os ministros do Supremo Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa afirmaram que o procurador-geral, Roberto Gurgel, não deve ir à CPI do Cachoeira, como defendem governistas. Para Mendes, “pescadores de águas turvas” querem inibir a atuação do procurador no mensalão.

Gurgel disse que recorrerá ao STF caso seja convocado a depor. Já o presidente do PT afirmou que ninguém está acima da lei.

Ministros do STF defendem procurador

Para Gilmar Mendes, "pescadores de águas turvas" querem "inibir" atuação de Gurgel no julgamento do mensalão

Relator da ação contra petistas, Joaquim Barbosa diz que não há motivo para Gurgel ser convocado pela CPI

Felipe Seligman, Lucas Ferraz

BRASÍLIA - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse ontem acreditar que os ataques de parlamentares da bancada governista ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, estão ligados com o julgamento do mensalão.

Ele endossou as declarações feitas por Gurgel anteontem e afirmou que as críticas vêm de pessoas que querem "tirar proveito" e "inibir ações dos órgãos que estão funcionando normalmente".

Questionado se os ataques estariam ligados ao mensalão, Mendes disse: "Eu tenho a impressão que sim. Há uma expectativa em torno disso e pescadores de águas turvas, pessoas que estão interessadas em misturar excitações, [querem] tirar proveito, inibir ações dos órgãos que estão funcionando normalmente."

Gurgel é criticado por petistas por não ter aberto investigação contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) em 2009, quando recebeu as conversas telefônicas entre Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Anteontem, o procurador afirmou que a decisão de não encaminhar nada ao STF naquele momento foi acertada.

Mendes chegou a ser citado em uma conversa entre Demóstenes e Cachoeira, que comemoravam uma decisão do ministro sobre um caso que envolvia a Celg, distribuidora de energia de Goiás.

O ministro disse que sua decisão apenas reconhecia a competência do Supremo para julgar o caso e que nunca tratou disso com o senador.

Ontem, Mendes foi questionado se o procurador deveria ir à CPI, e respondeu: "Claro que não". "Tenho a impressão que há certa excitação em torno disso até mesmo no âmbito da imprensa."

Independência

O ministro Joaquim Barbosa, relator da ação do mesnalão. também saiu em defesa do procurador. "Não há por que convocá-lo para se explicar sobre as suas atribuições que são constitucionais, são legais", afirmou.

"É um agente que goza do mais alto grau da independência funcional, o titular da ação penal. Ninguém mais detém essa prerrogativa."

O ministro Marco Aurélio Mello afirmou ao site "Terra Magazine" não ver nas críticas a Gurgel uma tentativa de intimidar o STF.

"Não vejo um movimento para enfraquecer o julgamento do mensalão, até porque, pelo amor de Deus, o STF não é sensível a pressões."

O advogado José Luis Oliveira Lima, que representa o ex-ministro José Dirceu, um dos réus do mensalão, disse que as declarações do procurador-geral foram "desrespeitosas" com os parlamentares.

"O ex-ministro não tem receio do julgamento do processo do mensalão", disse. "Estou curioso para saber o que o procurador vai ter em sua fala, uma vez que em mais de cinco anos não conseguiu produzir uma prova sequer contra o ex-ministro".

Também ontem, o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que as falas de Roberto Gurgel colocaram "fogo" na comissão.

Colaboraram Rubens Valente e Andreza Matais

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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