quinta-feira, 31 de maio de 2012

Investimento do governo cai 3,5% até abril

Adriana Fernandes, Eduardo Cucolo

BRASÍLIA – Apesar das cobranças da presidente Dilma Rousseff, os investimentos do governo federal ainda patinam este ano, em meio ao cenário de desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira. O Tesouro Nacional divulgou ontem dados que mostram quadro nada animador: queda de 3,5% dos gastos nos investimentos de janeiro a abril.

Esses dados não levam em consideração as despesas que o Tesouro tem com o pagamento de subsídios do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Contabilizados esses gastos, que somaram R$ 7,1 bilhões no quadrimestre, os investimentos registraram, no período, expansão de 28,9%.

Há, no entanto, controvérsia técnica em relação à decisão de inflar os investimentos com os subsídios do programa habitacional que, para muitos especialistas, são gastos de custeio. Desde o início do ano, os gastos do Minha Casa passaram a ser incluídos na contabilidade das despesas com investimentos.

O resultado do chamado governo central, que reúne as contas do Tesouro, Previdência e Banco Central, mostrou que o governo pagou apenas R$ 1,51 bilhão dos investimentos previstos no Orçamento deste ano. O restante das despesas pagas - R$ 19,57 bilhões - foi de investimentos do Orçamento de 2011, transferidos para este início de ano como "restos a pagar" de 2011.

A dificuldade da máquina administrativa em acelerar o investimento ajudou as contas do governo central a fecharem com superávit primário de R$ 45 bilhões no primeiro quadrimestre, alta de 9,2%. O superávit primário é a economia que o governo faz para pagar gastos com juros da dívida pública. Até agora, o governo já cumpriu 46,5% da meta anual.

As despesas, de janeiro a abril, cresceram mais do que as receitas: 13,1%, ante 12,3%. Em abril, o superávit primário foi de R$ 11,21 bilhões, queda de 27,86% em relação ao mesmo mês de 2011, mas alta de 47% ante março de 2012.

Aceleração. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, reconheceu que o desempenho dos investimentos não é o "ideal", mas prometeu aceleração nos próximos meses. O Estado informou ontem que a presidente Dilma encomendou um "choque" nos investimentos. "O aumento do investimento é elemento indutor do crescimento econômico", afirmou Augustin.

Segundo ele, o resultado fiscal até abril dá tranquilidade para o cumprimento da meta integral de superávit, sem a necessidade de abatimentos. Para Augustin, o aumento dos investimentos não é incompatível com o cumprimento da meta.

Ele negou que o governo vá reduzir o esforço fiscal para acelerar o crescimento. Mas disse que o governo fará sempre ações necessárias para dar o maior impulso possível à economia. No sábado, o Estado mostrou que o governo pode reduzir o superávit em caso de agravamento da crise. "A fórmula que o Brasil vem adotando é bem-sucedida e vamos mantê-la. Vamos abrir espaço para a política monetária".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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