sábado, 5 de maio de 2012

Em Paris e sem constrangimento

Primeiro secretário a falar do caso, Julio Lopes diz que viagem foi importante

Cássio Bruno, Natanael Damasceno

O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, disse ontem não ter se sentido constrangido com as fotos e os vídeos divulgados pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR). Antes de participar da cerimônia de homenagem ao ex-presidente Lula promovida por universidades públicas, no Rio, Lopes afirmou que o grupo liderado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) em viagem a Paris, em 2009, estava fazendo um trabalho importante. Lopes, Cabral e outros secretários aparecem ao lado de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções.

- Não fiquei constrangido. De forma alguma. Não me parece que eu estivesse em um momento constrangedor. Nós estávamos fazendo um trabalho importante para a divulgação da cidade e para o próprio desenvolvimento do estado - afirmou Lopes, o primeiro integrante da caravana do governo a se manifestar publicamente sobre o caso.
Em uma das fotos, Lopes e o chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, estão abraçados com Cavendish. Fichtner é o responsável pela auditoria anunciada pelo governo nos contratos assinados com a Delta, investigada na CPI do Cachoeira.

- Estávamos em um evento muito importante, com os maiores empresários franceses. Ele (Garotinho) esqueceu de citar que também estavam lá (em Paris) os presidentes da Federação das Indústrias da França e do Rio. Ou seja: muitas autoridades - destacou Lopes.

Cabral argumentou que foi a Paris em missão oficial em setembro de 2009. Outros integrantes do governo não falaram sobre o assunto. Sorridente enquanto esperava na fila de convidados para entrar no teatro, o secretário estadual de Governo, Wilson Carlos, que também estava nas fotos, foi um deles.

- Falo com você depois - disse Carlos ao GLOBO.

Já um dos ministros de Dilma Rousseff revelou que Cabral encomendou pesquisa para avaliar o estrago provocado pelo episódio. Segundo ele, o resultado foi o pior possível:

- O episódio provocou um choque na administração. Foi declarada guerra (a Garotinho) - disse o ministro.
Cabral, novamente, não deu entrevistas no evento de homenagem a Lula. Aliados do governador afirmaram que ele pediu cautela. A ordem é esperar o caso esfriar para só então contra-atacar. Além da tropa de choque do governo, Cabral já recrutou deputados estaduais da base aliada. A avaliação é de que, ao menos no Rio, a oposição não conseguirá abrir uma CPI para investigar o caso.

O vice-governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, saiu em defesa de Cabral e disse que o governador tem recebido solidariedade:

- Mas o clima agora está melhorando. Todos os líderes de partidos no país ligaram para o Sérgio, prestando solidariedade. Todos. Lula e a presidente Dilma também.

Na avaliação do vice-governador, o desgaste provocado pelas fotos faz parte da política.

Colaborou Antônio Werneck

FONTE: O GLOBO

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